No que diz respeito a história da educação dos surdos no Brasil, este trabalho visa comentar sobre esse período histórico e como se deu esse processo, uma vez que essa língua se desenvolveu a partir da criação e fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos, quando a convite de D. Pedro II, o professor francês Ernest Huet veio para o Brasil ensinar surdos.
Para a realização deste trabalho foi utilizado o método dedutivo com o objetivo de investigar o processo histórico da educação dos surdos no Brasil.
No nosso país, a história da educação dos surdos teve seu início no período do segundo império, que era liderado por Dom Pedro II, quando ele, em 1855, convidou o conde e professor francês Eduard Huet para vir ao Brasil com a missão de ensinar uma metodologia já adotada na França, e grande parte da Europa, para a educação das pessoas surdas.
Em decorrência do brilhante trabalho de Huet, com os surdos, foi fundado no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos. Essa fundação ocorreu no ano de 1857 e foi um dos grandes marcos para a história dos surdos brasileiros.
Atualmente, o instituto criado por Eduard Huet recebe o nome de Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES).
Na década de 70, o instituto já disponibilizava um tratamento adequado e diferenciado para bebês que apresentavam surdez e, posteriormente, na década de 80, o INES reforçou as pesquisas com relação à LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).
Além disso, o INES dedicou-se ainda mais a pesquisas e estudos sobre as metodologias e processos utilizados na educação de surdos e com o reconhecimento da LIBRAS tornou-se uma realidade em 2002, com a lei nº 10.436, o que se tornou marco, uma vez que foi uma das mais importantes conquistas da comunidade surda brasileira.
A educação dos surdos no Brasil é reconhecida dentro do cenário da inclusão escolar, que segundo Sassaki (1997, p. 81), postula uma reestruturação do sistema de ensino, com o objetivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para o trabalho com todos os educandos.
Durante a história da educação dos surdos, essa educação passou por duas fases: a primeira, Oralista, tinha como objetivo a recuperação dos surdos, não permitindo que os mesmos utilizassem a língua de sinais em nenhum ambiente, mesmo sendo usuários dessa língua. A segunda fase foi o Bimodalismo, ou Comunicação total, como é conhecida, em que era permitido o uso da língua de sinais e oral ao mesmo tempo, tendo como principal objetivo o ensino da Língua Portuguesa. Assim, desrespeitando a língua materna do surdo, pois nessa comunicação se rege pelas regras da Língua Portuguesa. Atualmente, a grande luta da comunidade surda é a proposta da educação bilíngue, sendo essa a nova fase da educação dos surdos. Essa proposta tem como objetivo uma educação de qualidade, onde os conteúdos são ensinados na primeira língua do surdo (L1) – Língua de Sinais – LIBRAS e a Língua Portuguesa como segunda língua (L2).
A proposta bilíngue, segundo Quadros (1997; p. 32 e 33), consiste em trabalhar todos os conteúdos na língua nativa das crianças surdas, ou seja, LIBRAS, e trabalhar a língua portuguesa em momentos específicos das aulas, com leitura e escrita da língua.
O bilinguismo é a proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar. [...] essa proposta é apontada como a mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como a língua natural e parte do pressuposto para o ensino da língua escrita (QUADROS, 1997, p.27).
O pressuposto do bilinguismo é que o surdo deve adquirir a língua de sinais como língua materna, ou seja, como língua natural, e a língua oficial do país como segunda língua (GOLDFELD, 2001). Nesse sentido, Quadros contribui dizendo que: “Quando me refiro ao bilinguismo, não estou estabelecendo uma dicotomia, mas sim reconhecendo as línguas envolvidas no cotidiano dos surdos, ou seja, a Língua Brasileira de Sinais e o Português no contexto mais comum do Brasil.” (2000, p.54).
Nessa perspectiva, a educação bilíngue, de acordo com Karnopp (2000), inclui, no mínimo, a contar pelas palavras que compõem essa expressão, duas grandes áreas: Educação e Linguística. Ainda conforme a autora, a expressão “estar sendo bilíngue” parece mais adequada, já que aproxima o bilinguismo à condição de uso ou de contextos de uso de duas ou mais línguas em contato; também não determina uma condição inerente e permanente do sujeito.
Mesmo depois de vinte anos, é possível observar que a LIBRAS é pouco difundida, e também são raros os educadores que têm domínio sobre a língua de sinais, o que representa uma grande limitação e barreira para a comunicação com os surdos.
Portanto, para que os surdos possam ter melhores condições de vida, é preciso incluí-los na sociedade, interesse não apenas em difundir a língua de sinais, mais também aprendê-la, pois só assim teremos um Brasil mais justo e humano alicerçado na educação.
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LAURA TATIANY SOUSA LUCIANO GODOI- Graduada em Pedagogia (UFR); Especialista em Altas Habilidades (FAVENI) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.
LIDIANE DA SILVA XAVIER - Graduada em Pedagogia; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.
NOEMI BRAGA DE REZENDE- Graduada em Pedagogia e História (FALBE e UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNIGRAN) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.
RAQUEL SANTOS SILVA - Graduada em Letras; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.
ROSANGELA ALVES DA SILVA ARAÚJO- Graduação em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagógico Afirmativo e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.
VALQUIRIA RODRIGUES DIAS- Graduada em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNISERRA) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.