Na propriedade de vicente foram produzidas

O que foi este lugar?

A expedição de Martim Afonso de Souza e a fundação da Vila de São Vicente, em 1532, marcam o início da manufatura açucareira de larga escala no Brasil. A construção deste e de outros engenhos de açúcar na região testemunham esse propósito. Em sociedade com comerciantes portugueses e flamengos, Martim Afonso, então Governador da Capitania de São Vicente, mandou construir um engenho, inicialmente conhecido como Engenho do Governador ou Engenho do Trato. Em 1540, foi vendido a Erasmo Schetz, que distribuía seus produtos por toda a Europa e tinha ligações de caráter comercial com italianos, holandeses, franceses, portugueses e alemães. O período de apogeu do Engenho foi sob a direção da família Schetz. Católicos e ligados aos jesuítas, os Schetz ergueram neste engenho uma capela dedicada a São Jorge. O Engenho passou, então, a ser conhecido como “dos Erasmos” ou “São Jorge dos Erasmos”. Vários fatores contribuíram para a decadência do Engenho, vendido em 1620: a concorrência do açúcar do Nordeste e os sucessivos ataques piratas, foram determinantes. Em menor escala, continuou produzindo açúcar para exportação, além de rapadura e aguardente para consumo interno. O Engenho provavelmente funcionou até o século XVIII.

Já no século XX, os terrenos com as ruínas foram adquiridos por Otávio Ribeiro de Araújo, que loteou a propriedade e doou o Engenho São Jorge dos Erasmos à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, no ano de 1958. Deu-se início aos processos de tombamento do sítio nas três esferas: Nacional (1963), Estadual (1974) e Municipal (1990).

Desde a década de 1960, quando o arquiteto Luís Saia, chefe do 4º Distrito da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, definiu o partido arquitetônico como de “modelo açoriano, tipo real e movido à água”, acentuou que “diante da originalidade histórica dessas Ruínas, projetos que incentivem a preservação deste bem cultural se relevam não só pela necessidade premente de sua salvaguarda, mas, sobretudo, devido à possibilidade de se reconstituir a identidade de parte significativa do início de nossa história enquanto povo brasileiro”.

Nas décadas de 1990 e 2000 escavações arqueológicas evidenciaram partes significativas das ruínas, ajudando a construir novos conhecimentos acerca da ocupação humana na região.

O que é, hoje, o Engenho São Jorge dos Erasmos?

    • É um Monumento Nacional, porque essas ruínas constituem relevante conjunto histórico/arquitetônico, um dos poucos testemunhos do inicio da ocupação europeia no território americano e do contato do colonizador com indígenas e africanos escravizados, em princípios do século XVI.
    • É um sítio arqueológico, pois contém significativa quantidade de cultura material produzida ao longo dos últimos séculos (conjunto de objetos do cotidiano, restos mortais e artefatos os mais diversos) que ajuda a compreender as relações sociais construídas neste antigo engenho de açúcar.
    • É ainda um centro de pesquisa, cultura e extensão universitária, porque produz e difunde conhecimento e projetos de extensão cultural/comunitária que têm como objetivos ampliar o acesso e estimular a apropriação deste espaço por parte das comunidades interessadas.
    • É um espaço turístico-cultural, pois oferece um calendário de atividades gratuitas, para todas as idades como: saraus, oficinas, cursos certificados, palestras, concertos, dentre outras manifestações artísticas. Nesse sentido, as ruínas desse antigo engenho de açúcar, bem como a Base Avançada de Cultura e Extensão Universitária da USP, são hoje espaços privilegiados de difusão e produção cultural.
    • É, portanto, um patrimônio singular, que ajuda a compreender e fortalecer a identidade plural deste país.

Ouça este artigo:

O ciclo da cana-de-açúcar representa para a história econômica brasileira o segundo ciclo econômico de grande importância, dirigindo os rumos da economia brasileira e portuguesa durante os séculos XVI a XVIII. Também quanto à colonização, esse cultivo foi extremamente importante, uma vez que estimulou o povoamento da colônia e a ocupação de seu vasto litoral.

O cultivo da cana-de-açúcar se deu por várias razões favoráveis. O solo do litoral brasileiro é formado por uma composição denominada “massapê”. Esse tipo de solo é mais propício para o cultivo da cana de açúcar. O clima do Brasil também favorecia a planta, permitindo que se desenvolvesse o cultivo em larga escala.

Outro motivo importante que levou os portugueses a adotarem a cana-de-açúcar como carro chefe da economia era o alto valor do produto final da cana, o açúcar, no mercado internacional. Privilégio das classes mais altas da Europa, o açúcar possibilitava à ainda iniciante economia brasileira uma grande margem de lucros na exportação para o mercado externo, principalmente europeu.

Originário da Ilha da Madeira, território português, o cultivo da cana era praticado por Portugal já há tempos antes de ser trazido ao Brasil. Foi Martim Afonso de Souza que trouxe ao país as primeiras mudas de cana de açúcar para experimentar cultivá-la aqui, seguindo o preceito de Pero Vaz de Caminha, que dizia que “aqui se plantando, tudo dá”.

O cultivo se iniciou em São Vicente, em 1533, quando o primeiro engenho foi montado. Logo se percebeu o sucesso do cultivo, a boa adaptação da planta ao ambiente brasileiro e o modelo de exploração da cana de açúcar se espalhou pelo litoral brasileiro. O pioneirismo coube ao Nordeste, principalmente as regiões de Pernambuco e Bahia. Nesses locais, os engenhos se espalharam e obtiveram grande crescimento econômico.

Além de contar com um ambiente propício, outros fatores também foram importantes para o sucesso da empreitada açucareira. Com a localização privilegiada dos engenhos, próximo à costa, havia uma óbvia vantagem logística, pois a produção, o escoamento e exportação do produto eram feitos de modo rápido e eficiente.

Todas essas vantagens e o crescimento rápido desse ciclo econômico transformaram a cana-de-açúcar no alicerce econômico português nos séculos XVI e XVII.

Para trabalhar no cultivo da cana, os colonos portugueses fizeram tentativas de uso de mão de obra indígena nativa, feita escrava. Com o fracasso desse modelo, por variados motivos, os portugueses recorreram ao comércio e à escravidão de africanos.

Com a nova mão de obra, a sociedade colonial estava formada.

Dentro do engenho, acima de todos, havia o dono de engenho, proprietário da terra, dos meios de produção e da mão de obra. Abaixo dele, os feitores, que cuidavam da produção e garantiam o trabalho efetivo dos escravos. Havia também trabalhadores livres que visavam suprir toda a demanda por outros produtos que mantivessem a subsistência da colônia, num sistema de diferentes culturas de produtos essenciais.

Um engenho, em geral, era dividido entre a Casa Grande, lar do senhor de engenho, de sua família e de alguns criados; a senzala, onde ficavam os escravos, um prédio adjacente, muitas vezes sem as mínimas condições de habitação; a capela, onde se faziam os ofícios religiosos, importantes à época e a moenda, local onde a cana era devidamente moída e onde eram produzidos o açúcar e os demais produtos derivados da cana.

Observando o sucesso dos esforços portugueses no comércio do açúcar, a Holanda iniciou uma campanha agressiva para se aproveitar desse comércio. Os holandeses, liderados por Maurício de Nassau, invadiram a colônia em 1630, ocupando a região de Pernambuco, grande produtor e exportador de açúcar.

Ali, os holandeses conseguiram permanecer por certo tempo e, enquanto isto, conseguiram acumular experiência no cultivo e na lida com a cana de açúcar, até serem expulsos da colônia.

Após serem expulsos do Brasil por tropas portuguesas e por indígenas, os holandeses se dedicaram ao cultivo da cana de açúcar nas Antilhas, ali se utilizando das técnicas aprendidas, tornando-se um concorrente de peso no mercado do açúcar na Europa. A supremacia holandesa desmancha a economia açucareira brasileira no século XVIII, abrindo espaço para um novo ciclo econômico brasileiro, que se inicia com a descoberta de ouro na região das Minas Gerais.

Com isso, encerra-se o ciclo econômico da cana de açúcar e se inicia a economia mineradora como pilar econômico brasileiro.

Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia/ciclo-da-cana-de-acucar/

A expansão da cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul é revestida de questões políticas, econômicas e ambientais controversas. Em relação a essa atividade agrícola, assinale a(s) proposição(ões) correta(s).

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