(Mackenzie) (...) Resta enfim a inatividade sagrada: a vida terrestre do homem é uma prova que, em caso de sucesso, conduz à felicidade eterna; o culto de Deus e dos santos é, portanto, uma atividade espiritual mais importante que o trabalho material. Este é imposto ao homem como resgate do pecado e como meio de santificação, mas não tem por fim senão a subsistência do homem. Nem o trabalho nem o produto do trabalho são um fim em si. O calendário litúrgico impunha, pois, aos fiéis a cessação de toda atividade laboriosa por ocasião de um grande número de festas, a fim de que eles se consagrassem inteiramente ao culto. Assim, em razão do número de festas e de vigílias, a duração média do trabalho semanal não parece ter sido superior a quatro dias! No século XV suprimiu-se um bom número de festas com folga, mas no século XVI contavam-se ainda, anualmente, além dos domingos, uma sessenta delas. É evidente que a mentalidade medieval ignorava a obsessão pelo trabalho e pela produtividade, que seria rigorosa na época mercantilista (…). Guy Antonetti - “A economia medieval”.
Segundo o trecho acima, sobre a Idade Média, é correto afirmar que:
a) a economia, naquela época, conheceu períodos de profunda estagnação em razão do absoluto desinteresse dos homens pelo trabalho material e pelo lucro, haja vista que estavam preocupados apenas com o culto de Deus e dos santos.
b) um traço próprio da mentalidade medieval, quando comparada à de uma época posterior, é a ausência da obsessão pelo trabalho material e sua produtividade.
c) o excessivo número de festas religiosas imposto pela Igreja reduzia drasticamente os dias úteis de trabalho, provocando períodos de escassez de alimentos e, em consequência, uma maior preocupação dos homens com a vida eterna.
d) o anseio por resgatar-se do pecado original e por santificar-se levou o homem medieval a considerar o trabalho e seu produto um bem em si, ou seja, o caminho único que conduziria à felicidade eterna.
e) na época mercantilista, a supressão de um bom número de feriados religiosos foi a causa de ter nascido nos homens a obsessão pelo trabalho e pela produtividade, bem própria da mentalidade capitalista então nascente.
Os povos germânicos são etnias indo-europeias originalmente estabelecidas na Europa setentrional.
A maior fonte de conhecimento que temos dos germânicos data do governo de Júlio César (100 a.C - 44 a.C), quando o imperador romano empreendeu várias guerras contra estes povos.
Origem
Os povos germânicos habitavam o norte da Europa, onde hoje estão localizados países como a Alemanha, Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Reino Unido e parte da França.
Como não possuíam alfabeto, não há fontes escritas pelas próprias tribos germânicas. Por isso, as evidências arqueológicas são essenciais para descobrir como viviam ditos povos.
Confira no mapa abaixo onde se localizavam os principais reinos germânicos:
Tribos Germânicas
As principais tribos germânicas são:
- Alamanos
- Alanos
- Bávaros
- Francos
- Frísios
- Lombardos
- Normandos
- Ostrogodos
- Saxões
- Suevos
- Vândalos
- Vikings
- Visigodos
Organização Social
Encontramos a divisão de trabalho por sexo com a mulher sendo responsável pelo trabalho no campo, na casa e por tecer. Usavam roupas de lã ou pano, que podia ser branca, negra e até tingidas de vermelho.
Os homens, por sua vez, se ocupavam do pastoreio, da caça e da guerra. Esta era uma atividade constante, pois as tribos viviam guerreando entre si.
Apesar da divisão de trabalho entre sexos, as mulheres ocupavam um lugar especial dentro da hierarquia tribal, pois eram sacerdotisas, curandeiras, parteiras e videntes.
Organização Política
Antes da consolidação dos Reinos Germânicos – após a queda do Império Romano – a organização das tribos não possuía uma hierarquia rígida.
Os reis, os chefes de guerra e os sacerdotes, tinham um poder circunstancial e baseado no consenso. Era comum as decisões serem tomadas por unanimidade através de aclamações em assembleias de homens livres.
O grupo familiar era muito solidário e responsável coletivamente, especialmente para exercer a vingança ou pagamento do wergeld.
Este consistia numa característica marcante do direito germânico. Se uma pessoa fosse morta ou sofresse algum ferimento, o clã poderia fazer o mesmo com o agressor. Caso o wergeld não fosse concretizado, as tribos contraíam uma dívida de sangue com o outro clã.
Casas e Alimentação
As tribos germânicas viviam em casas comunais, construídas de madeira e barro, onde viviam homens e animais. Uma tribo não tinha mais que 20 casas.
Alimentavam-se de nozes, raízes e tubérculos. Sua atividade principal era o pastoreio, mas raras vezes comiam carne.
Os povos germânicos praticavam a agricultura e deixavam grandes espaços de terreno livre ao redor de suas tribos, que lhes serviam de pasto para o gado.
Mitologia Germânica
A mitologia germânica é muito semelhante à mitologia nórdica, a ponto de alguns estudiosos usarem os termos como sinônimos.
Eles adoravam vários deuses que personificavam a natureza, virtudes e defeitos dos homens como era costume no paganismo.
Por esta razão, encontramos as Valquírias, e os deuses Odin, Thor e Freya, tal como existem nas lendas escandinavas.
Contato com o Império Romano
As primeiras fontes escritas sobre os germânicos vêm da observação do Imperador Júlio César e do historiador Tácito, autor do livro "Germânia".
O imperador Júlio César descreveu os Suevos desta maneira:
Os germânicos são incrivelmente altos e incrivelmente valentes; habilidosos com suas armas e seu olhar, inclusive, é insuportável de encarar.
Foi César que chamou a todos os habitantes do leste do rio Reno de "germânicos". No entanto, as tribos germânicas estavam longe de ser um bloco homogêneo e algumas eram até inimigas entre si.
Queda do Império Romano
Apesar das constantes guerras e invasões, algumas tribos germânicas fizeram parte do Império Romano como membros federados ou eram contratados como mercenários.
No entanto, o enfraquecimento do Exército romano e a própria expansão das tribos germânicas, acabam por derrotar o Império quando Roma é conquistada no ano de 476.
Cada tribo se instala em diversos pontos do antigo império, adaptam o direito romano à sua realidade e pouco a pouco são cristianizadas. Esta fusão vai dar origem ao Sacro Império Romano Germânico.
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.