Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
As leis de cercamento se referem ao cerco de campos abertos e terras comuns, a partir do século XVII, na Inglaterra e no País de Gales, criando direitos de propriedade sobre a terra anteriormente de uso comum. Entre 1604 e 1914, mais de 5.200 leis individuais de cercamento foram aprovados, totalizando 28 000 km2 [1]
A política de cercamento de terras foi fruto do contexto econômico inglês do século XVIII. As terras comuns aos senhores e servos, provenientes da antiga relação feudo-vassálica, transformaram-se em pastos para as ovelhas, pois a lã era, juntamente com o carvão e o ferro, um dos pilares da economia do país, durante a Primeira Revolução Industrial.
Com a permissão do governo, os camponeses sem terra foram compelidos a deixar o campo e migrar, em massa, para as cidades, em busca de trabalho. Assim se garantia a oferta de mão-de-obra abundante e barata para a indústria. Outros emigravam para as colônias inglesas na América, em busca de trabalho.
Nas cidades inglesas, os antigos servos transformaram–se em uma nova classe, o proletariado, enquanto as antigas terras comuns passavam às mãos de grandes criadores ovinos e produtores de algodão, que abasteceriam a indústria. Assim a expansão da política de cercamentos, com a ocupação das terras comunais e quebra dos contratos de arrendamento, estimulou também o fortalecimento de um capitalismo agrário na Inglaterra.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Cercamentos
- Workhouse
Referências
- ↑ «Enclosing the Land». www.parliament.uk
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Por meio dos cercamentos (em inglês, enclosures ou, na grafia antiga, inclosure), as terras de uso comum, na Inglaterra, passaram a ser propriedade privada. Essa prática teve início ainda no século XII mas intensificou-se no período Tudor, no século XVI, quando foi criticada por Tomás Morus, em sua obra Utopia (1516).
Os cercamentos suscitaram várias rebeliões, destacando-se a Rebelião de Kett, em 1547, e a Revolta das Terras Médias, em 1607.[1] O cercamento era realizado mediante autorização da Coroa, em favor do solicitante, que assim se apropriava das terras comuns, convertendo-as em propriedade privada. A privação do acesso à terra provocou o êxodo, em massa, dos camponeses e, por vezes, causou o desaparecimento de aldeias inteiras. Grande parte dessas terras cercadas deixou de ser destinada à lavoura, convertendo-se em pasto, geralmente para a criação de ovelhas, dado que, nos séculos XV e XVI, havia um acelerado crescimento da demanda externa por lã.
Uma vez que a pecuária exige um número de trabalhadores muito menor do que a agricultura, a conversão de áreas de cultivo em pastos provocou um grande desemprego na cadeia produtiva da agricultura.[2] Além disso, teve como consequência a redução de áreas destinadas à produção de alimentos. O declínio da produção doméstica de grãos, apesar do recurso às importações, provocou aumento dos preços dos alimentos e fome, especialmente nas situações de guerra.
A partir da segunda metade do Século XVIII, durante a Revolução Industrial, grande parte dos camponeses deslocados para as cidades passou a ser empregada como mão de obra abundante e barata.[3] Todavia, muitos outros não conseguiam emprego nas fábricas ou não resistiam às condições de superexploração do trabalho. Famintos e doentes, recorriam à mendicância ou a atividades ilícitas e acabavam nas prisões.
Por outro lado, desde o século XV foram instituídas leis para restringir os cercamentos, sendo que a primeira delas foi promulgada em 1489, sob Henrique VII, e previa que, quando o cercamento resultasse na destruição de casas, metade dos lucros provenientes da exploração da terra iria para o Conde do lugar, até que as casas fossem reconstruídas. Nos 150 anos seguintes, foram aprovadas 11 leis sobre o assunto. Em 1536, uma nova lei permitiu o repasse dos lucros para a Coroa, quando houvesse omissão do Conde.[4]
Devidos aos problemas sociais gerados, a prática do cercamento foi denunciada pela Igreja. No entanto, sob a influência dos interesses do capitalismo nascente, a prática dos cercamentos permaneceu definitivamente.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Bens comuns
Referências
- ↑ The Annales, or Generall Chronicle of England, em inglês, acesso em 17/02/2020.
- ↑ Os moleiros também foram prejudicados pela redução da produção de grãos, em muitas regiões da Grã Bretanha. Fynes Moryson's Itinerary: A Sixteenth Century English Traveller's Observations on Bohemia, its Reformation, and its Liturgy (em inglês). Acesso em 17 de fevereiro de 2020.
- ↑ Industrial Revolution, em inglês acesso em 17 de fevereiro de 2020.
- ↑ The Lost Villages of England (Revised ed.):Sutton. Maurice Beresford (1998).