Literatura carece de mais estudos; cuidados precisam de planejamento para redução do risco
Foram listados como eventos adversos graves parada cardíaca, extubação acidental, dessaturação de oxigênio e/ou formação de rolha de muco, hipotensão, arritmia, agitação que requer intervenção terapêutica, dor aguda, desconexão acidental e/ou disfunção de equipamentos, e queda do paciente exigindo assistência adicional.
Para fazer essa análise, foram incluídos no estudo 253 pacientes internados em 24 UTIs há menos de 72 horas e que utilizavam ventilação invasiva ou não invasiva, medicação vasopressora, ou oxigenoterapia de alto fluxo. Assim, foram observados 1.529 procedimentos de enfermagem (com duração entre 11 e 20 minutos) realizados entre 1º de maio de 2018 e 31 de julho do mesmo ano.
Além de compreender que 56% dos pacientes foram impactados, o estudo apontou que dos 1.529 procedimentos realizados, 19% foram complicados por um evento adverso grave. Entre os fatores associados a esse incidente estão utilização de protocolo específico, traqueostomia, administração de opioides e o tempo de duração dos cuidados.
No Brasil os pesquisadores também estão atentos à necessidade de implementação de protocolos para aumentar a segurança dos pacientes durante processos de higienização corporal nas UTIs, visto que o banho no leito ajuda a estimular a circulação sanguínea e proporciona um leve exercício à pacientes sem mobilidade, gerando conforto e, inclusive, permitindo uma avaliação do quadro do paciente principalmente quanto a condição da pele, mobilidade articular e força muscular.
Assim, uma revisão sistemática (2) realizada no Rio de Janeiro propõe algumas ações para redução dos riscos. Sugere ser indispensável a elaboração de um planejamento de acordo com as necessidades pontuais de cada paciente visando, sempre, mantê-lo em decúbito lateral pelo menor tempo possível. O tempo, inclusive, soa como um fator de risco e a revisão aponta que todo o procedimento deve durar, no máximo, 20 minutos.
Quando o paciente utiliza algum dispositivo de ventilação, o estudo sugere que o procedimento seja feito em cinco etapas a fim de evitar movimentos bruscos com a cabeça desencadeando a retirada do tubo. As etapas são:
1. Higiene do rosto e da boca
2. Higiene do couro cabeludo
3. Higiene do corpo
4. Higiene das mãos
5. Higiene da genitália
Outro ponto abordado pela revisão está em manter a monitorização dos sinais vitais mesmo diante do banho, visto que alguns pacientes podem apresentar variações: 52% apresentam alternância da frequência cardíaca entre 0 a 10 batimentos por minuto (bpm), em 30% a variação chegou a 20 bpm e em 18% ultrapassou os 20 bpm. Quanto à frequência respiratória, 54% dos pacientes apresentaram diferença menor que 10 incursões respiratórias por minuto (irpm), em 38% a variação foi entre 10 e 20 irpm e em 8% foi acima de 20 irpm.
O texto também faz uma importante menção à privacidade. Ao ser despido para o banho, esse paciente pode se sentir extremamente desconfortável, aumentando seu estresse.
Considerando que a atenção dos profissionais de saúde é um dos principais mecanismos de redução dos incidentes, outro estudo (3) brasileiro apontou que o esgotamento da equipe de enfermagem pode ser fator de risco para problemas ocorridos durante o banho no leito principalmente porque esse procedimento exige esforço físico. Assim, indica ser indispensável uma boa divisão da carga horária das equipes de enfermagem e sugere que os banhos sejam preferencialmente realizados em duplas ou por mais profissionais caso o paciente demande esse esforço conjunto.
Referências:
(1) Adverse Events in Intensive Care and Continuing Care Units During Bed-Bath Procedures: The Prospective Observational NURSIng during critical carE (NURSIE) Study
(2) Patient safety in personal hygiene of ICU patients: systematic literature review for a clinical protocol
(3) Bed Baths: Nursing staff workload and patient safety
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