Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)
Ouça este artigo:
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte está localizada no sudoeste do estado do Pará, na bacia hidrográfica do rio Xingu, e abrange os municípios de Altamira, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio. A ideia de construção da usina remonta de 1975, com o início dos Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu, desenvolvidos pela Eletronorte. Os anos que se seguiram foram marcados por muitas controvérsias, conflitos, concessões e suspensões dos estudos para a construção da UHE de Belo Monte.
Em 2009 o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impactos Ambientais (EIA-RIMA) de Belo Monte foram finalizados e em 2011 as obras foram iniciadas. Em 2016 a usina começou a funcionar parcialmente com a liberação das Unidades Geradoras 01 das Casas de Força Principal e Complementar. Seguiram em fase de montagem as outras unidades geradoras que foram concluídas e acionadas gradativamente. Em 2019 entrou em operação comercial a Unidade Geradora 18 da Casa de Força Principal. Hoje a usina é composta pela Casa de Força Principal (UHE Belo Monte), que possui 18 unidades geradoras, e pela Casa de Força Complementar (UHE Pimental), com seis unidades geradoras.
Com capacidade instalada de 11.233,1 megawatts (MW) de potência e geração média anual de 4.571 MW, a UHE Belo Monte é a maior usina hidrelétrica 100% brasileira. Conta com dois reservatórios, o principal está localizado na própria calha do rio Xingu. Esse reservatório atinge os municípios de Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo. O segundo reservatório é o Intermediário, que está localizado entre os braços da Volta Grande, no município de Vitória do Xingu. Os dois reservatórios possuem área total de 478 km². A energia gerada pela UHE Belo Monte é destinada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio de cinco linhas de transmissão. Essa energia é comercializada da seguinte forma: 70% no mercado regulado para 17 estados, 10% para autoprodutores e 20% para o mercado livre.
Desde a sua idealização, o projeto e a construção da UHE Belo Monte são marcados por protestos, controvérsias e conflitos, sendo que em várias ocasiões as obras e o funcionamento da usina foram suspensos. O projeto sempre foi alvo de forte oposição por parte de grupos organizadores, como indígenas, ribeirinhos e ambientalistas. Em 1989, em Altamira, foi realizado o 1º Encontro de Povos Indígenas do Xingu, um evento organizado por lideranças indígenas e outros grupos contrários à construção da Belo Monte. Esse encontro contou com a presença intensa da mídia nacional e estrangeira.
Impactos ambientais
Os questionamentos e protestos em torno da construção da usina estão relacionados aos impactos ambientais e sociais negativos causados por ela e também sobre o EIA/RIMA, que não conseguiu tratar de maneira adequada todos os problemas causados pelo empreendimento. A usina desviou grande parte da vazão hídrica do rio Xingu para o reservatório, causou a mortalidade de toneladas de peixes, inundou grandes áreas de floresta nativa, causando impactos desastrosos à fauna e flora da região, contribuiu para o desmatamento de terras indígenas protegidas, causou mudanças drásticas nos traços culturais de muitos povos indígenas e causou diminuição dos níveis da água em alguns trechos do rio. Ribeirinhos e indígenas relatam que não é mais possível sobreviver da pesca na região. Além disso, milhares de pessoas tiveram que sair de suas moradias e muitas não foram indenizadas. Também houve um aumento considerável dos casos de violência na região de Altamira.
Com relação aos impactos positivos, os principais aspectos apontados são:
- desenvolvimento das cidades localizadas no entorno da usina;
- a usina atende a crescente necessidade de energia elétrica do Brasil;
- houve uma reestruturação de áreas antes ocupadas por moradias precárias, que foram substituídas por áreas verdes e estruturas de lazer;
- Para as famílias que foram reassentadas houve a criação de áreas de loteamento urbano preparadas com fornecimento de energia elétrica, abastecimento de água, sistema de tratamento de esgoto e coleta de lixo.
Referências Bibliográficas:
Freire, L. M. Lima, J. S. Silva, E. V.Belo Monte: fatos e impactos envolvidos na implantação da usina hidrelétrica na região Amazônica Paraense. Sociedade e Natureza, Uberlândia, v.30, n.3, 2018.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/geografia/usina-hidreletrica-de-belo-monte/
A Bacia Tocantins-Araguaia é uma das bacias hidrográficas do Brasil.
Recebe esse nome uma vez que os principais rios que formam a bacia são os rios Tocantins (com 2.416 km) e Araguaia (com 2.115 km).
Se levarmos em conta que ela está inserida somente no Brasil, ela é considerada a maior bacia hidrográfica totalmente brasileira.
Principais características
A Bacia Tocantins-Araguaia tem uma configuração alongada e está localizada em diversas partes do país:
- na região norte, nos estados do Pará e do Tocantins;
- na região centro oeste, nos estados de Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal;
- na região nordeste, no estado do Maranhão.
Com uma área de 960 mil km² aproximadamente, ela drena cerca de 11% do território nacional sendo a segunda bacia hidrográfica em produção de energia do país, com presença de hidrelétricas.
Destacam-se a Usina hidrelétrica de Tucuruí, localizada no rio Tocantins, no estado do Pará, e a Usina Hidrelétrica de Lajeado, no Tocantins.
Ela está presente nos Biomas do Cerrado (ao sul), no qual está localizada a maior parte da bacia, e da Amazônia (ao norte).
A maioria de seus rios são navegáveis, possuindo grande importância econômica para a região, sobretudo para o transporte de produtos agrícolas.
Além disso, é um importante meio de comunicação e transporte para as populações que ali vivem com destaque para a Hidrovia Tocantins-Araguaia.
A exploração de minérios (minério de ferro, manganês, cobre, ouro, níquel, dentre outros) e a expansão de atividade agropecuária na região da Bacia do Tocantins-Araguaia vem sofrendo com o desmatamento, a extração de madeira, a caça e pesca predatória, o assoreamento dos rios e a poluição das águas, principalmente pelos produtos químicos utilizados na extração de minérios.
Saiba mais nos artigos: Bacia Hidrográfica e Hidrografia do Brasil.
Principais rios
Formado por diversos rios, os principais rios que formam a Bacia Tocantins-Araguaia são:
- Rio Tocantins
- Rio Araguaia
- Rio das Almas
- Rio Formoso
- Rio Garças
- Rio Bagagem
- Rio Tocantinzinho
- Rio Paraná
- Rio Manuel Alves Grande
- Rio Sono
- Rio Santa Tereza
- Rio Cana Brava
- Rio Santa Clara
- Rio dos Patos
- Rio Uru
- Rio Cacau
- Rio Claro
- Rio Cristalino
- Rio Caiapó
- Rio Crixá-açu