História do Brasil nos Jogos Paralímpicos
País percorreu um longo caminho para ser uma das potências do esporte paralímpico no planeta
Por Almeno Campos
Sobre os Jogos Paralímpicos
A história dos Jogos Paralímpicos começou em 1948, quando o médico alemão Ludwig Guttmann organizou um torneio de tiro com arco com cadeirantes durante as Olimpíadas de Londres. Dezesseis militares participaram da prova, entre homens e mulheres, que tinham algum tipo de lesão. Guttmann batizou a competição de “Jogos de Stoke Mandeville” porque em 1944, Guttmann criou um hospital nos arredores de Londres que tinha o mesmo nome.
Ludwig Guttmann era médico e foi quem colocou a semente para o que viria a ser os Jogos Paralímpicos (Foto: Bettmann/Corbis)Em 1952, militares holandeses também passaram a disputar a prova, que se tornou internacional. Porém, os Jogos Paralímpicos com o atual formato começaram a ser realizados apenas em 1960, em Roma, com 400 inscritos de 23 países.
História do Brasil nas Paralimpíadas
O Brasil participou pela primeira em 1972, em Heidelberg, na Alemanha, levando 20 atletas, todos homens, mas não conseguiu nenhuma medalha das quatro competições que disputou: tiro com arco, atletismo, natação e basquete com cadeira de rodas.
O país subiria ao pódio pela primeira vez quatro anos depois, em 1976, em Toronto, no Canadá, com Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos “Curtinho”, que conquistaram a prata no Lawn Bowls, uma espécie de bocha na grama. Robson, inclusive, foi o pioneiro do movimento paralímpico no Brasil. Ele, junto com Aldo Miccolis, foram responsáveis por trazer para o país o esporte como meio de reabilitação em 1958, quando fundaram o Clube do Otimismo no Rio de Janeiro.
Ao longo de 11 edições, o Brasil conquistou 226 medalhas (71 ouros, 83 pratas e 72 bronzes), sendo a 21ª nação a ganhar mais medalhas na história das Paralimpíadas. A seguir, uma lista com as modalidades mais vitoriosas para os brasileiros nos Jogos.
Quadro geral de medalhas do Brasil nas Paralimpíadas por modalidade (Gráfico: Almeno Campos)1º — Atletismo
O atletismo foi a modalidade que mais deu medalhas ao Brasil nos Jogos Paralímpicos. Foram 109 no total (32 ouros, 47 pratas e 30 bronzes). Luiz Cláudio Pereira é o maior medalhista deste esportes, com 9 conquistas, sendo seis ouros e três pratas no arremessos de peso e nos lançamentos de dardo e disco em Stoke Mandeville-1984, Seul-1988 e Barcelona-1992.
2º — Natação
Depois do atletismo, a natação é a segunda modalidade a faturar mais medalhas para o Brasil, com o total de 83 (28 ouros, 27 pratas e 28 bronzes). Vale destacar que três nadadores formam o pódio dos atletas brasileiros que mais vezes subiram ao pódio. Daniel Dias é o primeiro, com 15 medalhas (10 ouros, 4 pratas e 1 bronze) em Pequim-2008 e Londres-2012. Em seguida, vem Clodoaldo Silva, com 13 (6 ouros, 5 pratas e 2 bronzes) e em terceiro está André Brasil, que faturou 10 (7 ouros e 3 pratas).
Daniel Dias é o paratleta brasileiro com mais medalhas na história, com 15 em duas Paralimpíadas disputadas (Foto: Gareth Copley/Getty Images Europe)3º — Judô
Praticada por atletas com deficiência visual, o judô conseguiu 18 medalhas (4 ouros, 5 pratas e 9 bronzes). A primeira veio em 1988, em Seul, Coreia do Sul, e desde Atlanta-1996, o Brasil não ficou de fora do pódio na modalidade. O maior medalhista é Antônio Tenório. Natural de São José do Rio Preto, São Paulo, ganhou 5 medalhas (4 ouros e 1 bronze) nos Jogos de Atlanta, Sydeney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012.
Antônio Tenório ganhou cinco medalhas no judô nas Paralimpíadas (Foto: Fernando Maia — CPB)4º — Bocha
Modalidade responsável por dar a primeira medalha brasileira na história dos Jogos Paralímpicos, em 1976, em Toronto, com Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos “Curtinho”, na Lawn Bowls (bocha na grama, que não está mais no programa olímpico), a bocha foi responsável por dar seis medalhas ao país. O esporte, que está atualmente nos Jogos Paralímpicos, começou a ser disputado em 1984, em Stoke Mandeville, na Inglaterra. Os brasileiros subiram ao pódio pela primeira vez nas edições de 2008 e 2012.
Dirceu Pinto e Eliseu dos Santos comemoram a medalha de ouro conquistada na bocha em Londres-2012 (Foto: Guilherme Taboada/CPB)5º — Futebol de 5
O Futebol de 5 entrou no programa dos Jogos Paralímpicos em Atenas-2004, e só o Brasil conquistou ouros na modalidade, com 3. A seleção brasileira vai em busca do tetracampeonato em 2016, no Rio.
O Brasil é tricampeão paralímpico, sendo o único país a conquistar medalhas de ouro na modalidade (Foto: Reuters)6º — Futebol de 7
O Futebol de 7 é mais antigo, tendo a sua primeira disputa em 1984. O Brasil ganhou duas medalhas: 1 de prata em Atenas-2004, perdendo na decisão para a Ucrânia, e 1 de bronze em Sydney-2000.
O Futebol de 7 brasileiro tem duas medalhas conquistadas nos Jogos Paralímpicos (Foto: Divulgação/Comitê Paralímpico Brasileiro)6º Hipismo
O Brasil tem duas medalhas de bronze no Hipismo, ambas conquistadas por Marcos Fernandes Alves, o Joca, na edição de Pequim-2008.
7º — Goalball e Tênis de mesa
As duas modalidades têm uma medalha cada. O Brasil estreou no Goalball em Jogos Paraolímpicos na edição de Pequim-2008. Em Londres-2012 viria a primeira medalha, que foi de prata, conquistada pela equipe masculina que, na final, acabou derrotada pela Finlândia. Já no Tênis de Mesa a única medalha foi garantida em Pequim, também de prata, pela dupla Luiz Algacir da Silva e Welder Camargo Knaf na disputa por equipes na classe C3 (para cadeirantes).
Goalball brasileiro foi prata em Londres-2012 (Foto: Getty Images)Critério de classificação de algumas categorias:
Futebol de 5
B1: Cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância. B2: Atletas com percepção de vultos. B3: Atletas que conseguem definir imagens.
Os atletas brasileiros da categoria
Cássio
Lopes dos Reis — “Cássio” — 26 anos — Fixo/Ala — Classe Visual: B1
Damião Robson de Souza Ramos — “Damião” — 41 anos — Fixo — Classe Visual: B1
Jeferson da Conceição Gonçalves — “Jefinho” — 26 anos — Ala/Pivô — Classe Visual: B1
Liwisgton da Silva Costa — “Bob” — 25 anos — Ala — Classe Visual: B1
Luan de Lacerda Gonçalves — “Luan” — 22 anos — Goleiro
Marcos José Alves Felipe — “Marquinhos” — 34 anos — Ala — Classe Visual: B1
Raimundo Nonato Alves Mendes — “Nonato” — 28 anos —
Ala/Pivô — Classe Visual: B1
Ricardo Steinmetz Alves — “Ricardinho” — 26 anos — Ala/Pivô — Classe Visual: B1
Tiago da Silva — “Tiago Paraná” — 20 anos — Ala — Classe Visual: B1 Vinícius Tranchezzi Holzsauer — “Vini” — 22 anos — Goleiro
Natação: Quanto maior a deficiência, menor o número da classe (S — swimming; SB — nado peito; SM — nado medley).
S1 a S10 / SB1 a SB9 / SM1 a SM10: Atletas com limitações físico-motoras; S11, SB11, SM11, S12, SB12, SM12, S13, SB13, SM13: Atletas com deficiência visual (classificação segue como a do judô e do futebol de cinco); S14, SB14, SM14: Atletas com deficiência intelectual.
Destaque: Daniel Dias
27 anos
Altura: 1,71m
Peso: 58kg
Classes: S5, SM5, SB4
Provas: 50m e 100m
livres, 50m e 100m peito, 200m medley, 50m e 100m costas, 50m borboleta.
O nadador de Campinas, São Paulo, nasceu com má formação dos membros superiores e da perna direita. A natação entrou para a vida do paulista apenas aos 16 anos, quando ele assistiu, pela televisão, as conquistas de Clodoaldo Silva em Atenas-2004. A inspiração deu certo. Sua primeira Olimpíada foi em 2008, em Pequim, e em apenas duas edições, se tornou o maior medalhista da história do esporte paralímpico brasileiro.
Atletismo
F — Field (campo): provas de arremesso, lançamentos e saltos
F11 a F13: deficientes visuais F20: deficientes mentais F31 a F38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para ambulantes) F40: anões F41 a F46: amputados e outros (les autres) F51 a F58: cadeirantes (sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações)
T — Track (pista): provas de corrida (velocidade e fundo)
T11 a T13: deficientes visuais T20: deficientes mentais T31 a T38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para ambulantes) T41 a T46: amputados e outros (les autres) T51 a T54: cadeirantes (sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações)
Destaque: Terezinha Guilhermina
37 anos
Altura: 1,65m
Peso: 58kg
Classe: T11
Provas: 100 metros, 200 metros e 400 metros rasos.
Principais conquistas: Bronze nos 400m rasos em Atenas-2004; ouro nos 200m rasos em Pequim-2008; prata nos 100m rasos em Pequim-2008; bronze nos 400m rasos em Pequim-2008; ouro nos 100m rasos em Londres-2012; ouro nos 200m rasos em Londres-2012.
Natural de Esmeraldas, Minas Gerais, a velocista de nasceu com retinose pigmentar, doença congênita que provoca a perda gradual da visão. Quando iniciou a carreira, teve que trocar o atletismo pela natação por não possuir um par de tênis para correr. Em 2000, ganhou os tênis de presente da irmã e voltou a se dedicar às pistas. A partir daí, começou uma história muito vitoriosa, culminando com o primeiro ouro olímpico em 2008, nos 200m rasos. Em Londres-2012, Terezinha brilhou no Estádio Olímpico ao vencer as provas dos 100m e dos 200m, se tornando uma das maiores vencedoras do país no esporte paralímpico.
Terezinha Guilhermina é um dos destaques do atletismo paralímpico brasileiro (Foto: Daniel Zappe/CPB/MPIX)Para saber dos critérios de classificação em outros esportes, clique nas modalidades.
Basquete em cadeira de
rodas
Bocha
Canoagem
Ciclismo
Esgrima em cadeira de
rodas
Futebol de
7
Goalball
Halterofilismo
Hipismo
Judô
Remo
Rúgbi
Tênis de
mesa
Tênis em cadeiras de rodas
Tiro com
arco
Tiro Esportivo
Triatlo
Vela
Vôlei sentado