Qual a importância da taxa de natalidade nos estudos demográficos?

O problema econômico criado pela redução da taxa de natalidade

Data: 27 de fevereiro de 2015

[Época]  Nascem menos bebês, o que esfriará a economia – a não ser que cada um faça, no futuro, o trabalho de muitos.

Bruno Monteiro começa sua jornada de bebê às 7h30, com o pai, enquanto espera a babá chegar. Brinca, chora, faz cocô e outras coisas de neném. Ele nem sabe andar, mas já está em curso um intenso debate sobre como ele trabalhará no futuro. A maioria dos economistas e demógrafos acredita que temos um problema pela frente. O número de filhos por casal vem caindo, e a geração de Bruno será menos numerosa que o necessário para garantir que a economia global cresça. Menor produção global significa mais dificuldade para que a humanidade vença a miséria. Por essa perspectiva, os bebês de hoje, por melhores trabalhadores que sejam, não conseguirão produzir o bastante para assegurar boa vida à sociedade toda. Mas um pequeno grupo de otimistas desafia esse prognóstico sombrio.

Entre os otimistas estão os pesquisadores austríacos Erich Striessnig, do Centro Wittgenstein para Demografia e Capital Humano Global, e Wolfgang Lutz, do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicada. Num estudo feito em 2014, eles concluíram que os adultos do futuro, graças à educação e à tecnologia, poderão se tornar tão mais produtivos que compensarão a pequena quantidade de braços para trabalhar. Combinada a outros fatores, essa altíssima produtividade garantirá o desenvolvimento global. Hoje, vários governos, como o do Japão, preocupam-se porque os nascimentos ocorrem abaixo da taxa de reposição, de 2,1 filhos por casal – o suficiente para compensar mortes precoces e manter a população estável. Os pesquisadores austríacos acham que essa preocupação é exagerada. “Geralmente, os níveis mais altos de bem-estar são alcançados por educação de alto nível, combinada com aposentadorias públicas relativamente baixas e taxas de fertilidade bem inferiores ao nível de reposição”, afirma o estudo. No modelo proposto por Lutz e Striessnig, a taxa de natalidade ideal estaria em torno de 1,5 filho por casal. “Para encontrar a melhor taxa, não basta olhar o número de crianças necessárias para manter constante a população. É preciso olhar para as características dessas crianças”, diz Striessnig. “Uma população que passou mais anos na escola tem um maior capital humano e tende a ser mais produtiva.”

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A consultoria McKinsey endossa a visão otimista num estudo divulgado neste mês. Segundo o relatório, a quantidade relativamente pequena de pessoas em idade de trabalhar, ao longo do século XXI, poderá ser compensada. Para isso, a produtividade de cada indivíduo terá de aumentar, nas décadas à frente, em ritmo 80% mais rápido que o avanço atual. “Concluímos que é possível – embora extremamente desafiador – aumentar a produtividade nesse ritmo”, afirmam os autores do estudo Crescimento global: a produtividade pode salvar um mundo que envelhece?.

Há motivos para que a maioria dos pesquisadores duvide desse cenário otimista. A média de filhos por casal caiu, no Brasil, de seis para menos de dois, desde os anos 1970, numa redução impressionante. A queda é boa notícia no presente – significa maior cuidado com cada criança, mais saúde e maior autonomia para as mulheres, entre outros sinais positivos. A preocupação é com o futuro. O índice dá sinais de continuar a encolher. O IBGE prevê que chegará a 1,5 filho por casal em 2030. No mundo, a queda foi menos radical, de 3,8 para 2,5 filhos por casal desde os anos 1970, mas também impressiona. No Japão, com taxa de fertilidade de 1,3, o governo alerta que metade dos municípios poderá sumir até 2040. Para evitar a implosão demográfica, vários governos investem no incentivo à natalidade. O do Japão promove festas para jovens, a fim de formar casais. Na Rússia, casais recebem cerca de US$ 12 mil para ter ou adotar um segundo filho. Striessnig e Lutz afirmam que esses gastos são desperdício de recursos públicos. Argumentam que, se o dinheiro for investido em educação, bebês como Bruno se tornarão adultos muito mais eficientes e inovadores. Criarão novas formas de trabalhar e novas tecnologias.

Ninguém duvida da importância da educação e da inovação tecnológica, mas seus resultados na produtividade ocorrem de forma irregular (no Brasil, a produtividade avança em ritmo muito aquém do desejável). A comunidade científica critica o modelo dos austríacos, porque ele confia em avanços imprevisíveis. “As análises de Lutz e Striessnig são abstratas e podem não funcionar na prática”, diz André Caetano, professor de ciências sociais da PUC de Minas Gerais e doutor em demografia pela Universidade do Texas. Muita coisa pode dar errado. O custo de educar os jovens cresce velozmente, mas não se sabe quanto tempo demora para essa educação mostrar resultados. George Psacharopoulos, doutor em economia pela Universidade de Chicago, diz que investimentos em educação podem chegar a um ponto de saturação. A partir daí, será difícil obter novos ganhos de produtividade de cada indivíduo, por mais que ele estude e treine.

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Também não há como prever quanto tempo demora para que novas tecnologias se difundam. O economista brasileiro Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B, resumiu essa expectativa sombria num relatório, em novembro. “A demografia será um peso para o crescimento global”, afirma. “Para as regiões mais desenvolvidas, uma parcela significativa (do crescimento) já foi cortada. E, para o resto do mundo, as perdas de crescimento mais substanciais estão à frente.” Cabe a cada sociedade zelar para que bebês como Bruno tenham educação primorosa – um desafio que o Brasil, até o momento, não conseguiu superar. 

Por Marcelo Moura, com Aline Imercio

Qual é a importância da taxa de natalidade?

A taxa de natalidade e a taxa de mortalidade são indicadores de desenvolvimento humano. Essas taxas auxiliam na compreensão da dinâmica populacional de um determinado lugar. As taxas de natalidade e de mortalidade são indicadores sociais que auxiliam na compreensão da dinâmica populacional.

Qual a importância das taxas de natalidade e mortalidade?

A taxa de natalidade e mortalidade são dados estatísticos segundo o número de nascidos e o número de mortes e, por isso, eles determinam o crescimento demográfico da população.

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A demografia possui uma importância fundamental na análise dos padrões populacionais de uma determinada localidade. A partir dela, é possível identificar e analisar as características da população local. Sendo assim, a demografia é o principal mecanismo de disseminação de informações sobre a população.

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Os indicadores demográficos apresentam o número de habitantes dos municípios, bem como as principais características da população, informações de extrema importância para o conhecimento da comunidade e para subsidiar o planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas.

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