Comer pimenta sem fazer careta é uma tarefa para poucos. Enquanto alguns conseguem tolerar o ardor com mais facilidade, inclusive participando de competições de quem consegue comer mais dessas plantas, outras pessoas não resistem à ardência do fruto.
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Que muitas pessoas têm essa capacidade, nós já sabemos, mas você já parou para se perguntar se o consumo das pimentas mais ardidas podem fazer mal à saúde? Em curto prazo, os sintomas da ingestão de pimenta são bastante desconfortáveis: inchaço, náusea, vômitos, diarreia, dor abdominal, azia, refluxo e dores de cabeça.
Quando comemos pimenta, não estamos nos queimando de verdade, mas o corpo se convence do contrário. Então, sentimos os efeitos colaterais provocados pela capsaicina, o principal composto ativo das pimentas. Felizmente, o componente não traz danos reais às nossas células, uma vez que estão apenas enganando o nosso organismo, e também não há evidências de qualquer lesão grave provocada pelo consumo equilibrado ou moderado.
Atualmente, existe apenas uma fraca correlação entre a ingestão de pimenta e o declínio cognitivo. Para chegar a essa resposta, voluntários de um estudo precisaram ingerir uma quantidade de mais de 50 gramas de pimenta, equivalente a 3,5 colheres de sopa. Os resultados mostraram que as pessoas que mais comeram a pimenta apresentaram mais perda de memória do que as outras. No entanto, esses dados foram feitos pelos próprios participantes e não foram feitas pesquisas adicionais.
Curiosamente, esses efeitos são sentidos apenas por mamíferos, mas não por animais, permitindo que essas pequenas aves possam se alimentar do fruto e das sementes, e impedindo a aproximação dos animais maiores. Apesar da sensação desagradável, a pimenta é uma ótima fonte de antioxidantes. Além disso, quanto mais você ingere, menos sensível você se torna, já que as papilas gustativas e os nervos de dor conseguem tolerar mais as reações.
Fonte: Canaltech
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Comer pimenta ainda não é um hábito disseminado por todo o Brasil, mas em muitas regiões – como Norte e Nordeste – esse é um alimento indispensável à mesa. Para destacar os benefícios da pimenta e esclarecer os mitos e verdades sobre ela, o cirurgião do aparelho digestivo Fábio Atui e a agrônoma Claudia Ribeiro estiveram presentes no estúdio do Bem Estar desta quinta-feira (20).
Os especialistas falaram sobre os diferentes tipos de pimenta – malagueta, jalapeño, dedo-de-moça, biquinho, murupi – e mostraram as várias formas de preparo: em conserva, geleia, no molho, em grão ou pó.
Em geral, as pimentas têm propriedades nutritivas e fazem bem ao organismo, mas, no Brasil, o consumo é tão baixo que seus valores nutritivos não fazem tanta diferença. Em excesso, porém, a pimenta pode causar irritações na boca, no estômago e no intestino. Para se ter uma ideia em questão de quantidade, os coreanos e os tailandeses consomem cerca de 8 gramas do fruto por dia. Já os brasileiros ingerem meio grama.
É importante ressaltar que as qualidades nutricionais da pimenta também são encontradas em outras frutas e legumes, por isso o consumo dela não é obrigatório. Quem come pimenta é porque realmente gosta do sabor, e não pela questão nutricional que ela pode agregar. Mantendo uma ingestão moderada, a pimenta não representa risco ao organismo.
Como a pimenta se dissolve na gordura, o mais indicado é que se tome leite – de preferência, integral – para acabar com a ardência. A água pode ajudar momentaneamente, mas depois a ardência volta.
Comer pão também é indicado, pois ele absorve a pimenta. Além disso, ingerir algo ácido antes da pimenta pode diminuir a ardência. Isso porque a acidez eleva a salivação e lava as papilas salivares, aliviando essa sensação ruim.
Pimenta x hemorroida
É bastante comum as pessoas acharem que pimenta
causa hemorroida, mas isso é um mito. O que a pimenta faz é irritar o problema que já existe, portanto, se o indivíduo tem hemorroida ou uma fissura na região anal, quando a pimenta passar por ali vai arder. Porém, se a pessoa não tiver nada, não vai sentir esse efeito.
Propriedades nutricionais
As pimentas do gênero Capsicum são ricas em vitaminas C e E. As pimentas também são fontes de pró-vitamina A, como alfacaroteno, betacaroteno, gamacaroteno e
betacriptoxantina, que são transformadas em vitamina A no fígado.
Todas as variedades de pimentas contêm pouca caloria: entre 22 kcal e 105 kcal em 100 gramas de pimentas maduras.
Por que o brasileiro come pouco?
O brasileiro ainda come pouca pimenta, primeiro pelo hábito alimentar, porque a pimenta mascara o sabor dos alimentos. Além disso, de maneira geral, gostamos de sentir o gosto da comida e não tanto do tempero.
Ainda falta conhecimento da população sobre as pimentas, pois muitos acham que elas podem causar problemas de saúde.
Pungência
O fascínio exercido pelas pimentas em seus admiradores pode ser explicado pela sensação de prazer que a ingestão desse condimento proporciona ao organismo, após a "queimação" sentida na boca. Esse ardor é provocado por substâncias alcaloides denominadas capsaicinoides, exclusivos das pimentas do gênero Capsicum.
A pungência é o ardor, o "picante" da pimenta, sua principal característica. Os princípios pungentes são produzidos em glândulas localizadas na placenta dos frutos (onde ficam as sementes), não na polpa ou dentro das sementes.
O nível de pungência de uma pimenta é expresso por uma escala conhecida como SHU (Unidades de Calor Scoville), e os valores variam de zero a mais de 300 mil. Essa propriedade do fruto pode determinar seu destino, como uso em molhos, geleia, pó, etc.
A pimenta-de-cheiro (varia em relação ao ardor de zero a 100 mil) e a biquinho (zero) são as mais suaves e doces. As recordistas brasileiras em pungência são a pimenta-murupi (223 mil) e a cumari-do-Pará (210 mil).
Lado bom
De acordo com estudos, a pimenta tem muitos benefícios para o organismo. Ela é termogênica, acelera o metabolismo, mas não se pode afirmar que emagrece. Também possui ação anti-inflamatória, ou seja, pode amenizar a dor de algumas doenças, como a fibromialgia, que é uma dor muscular
generalizada.
A pimenta ainda impede ou combate a formação e o desenvolvimento de tumores (assim como o brócolis e o tomate), é antioxidante e melhora o fluxo sanguíneo. O fruto também tem bastante vitamina e, geralmente, os mais ardidos são os que mais concentram essa propriedade, porque depende da presença de capsaicina.
Lado ruim
Por outro lado, as pimentas muito ardidas podem causar inflamação e agressão ao aparelho digestivo. Na boca, os tecidos ficam
irritados e, por isso, há a ardência. Com o consumo em excesso de pimentas fortes, pode ocorrer uma gastrite química (quando há presença de uma substância no estômago que leva à irritação), mas isso não é comum porque não temos a cultura de consumir tanta pimenta assim.
Além disso, quando se ingere algo muito apimentado, a água da parede do intestino se solta, o que faz as fezes ficarem mais líquidas, mas isso não é comum.
Consumo por região
- As preferidas no
Norte são: pimenta-de-cheiro, murupi, cumari-do-Pará, peixe-boi, olho-de-ganso e murici, entre outras saborosas e aromáticas
- Nordeste: malagueta
- Sudeste: as mais comuns são dedo-de-moça, cambuci (chapéu-de-frade) e cumari verdadeira, também conhecida como pimenta-de-passarinho
- Centro-Oeste: destacam-se a pimenta-de-cheiro, bode, cumari-do-Pará e fidalga
- Sul: é a região que menos usa pimentas do gênero Capsicum na culinária. Mesmo assim, há produtores de pimenta
dedo-de-moça e chifre-de-veado, usadas principalmente na fabricação de "pimenta calabresa" (pimenta desidratada em flocos).