Claro e oi são a mesma empresa

A aprovação da venda da operação móvel da Oi pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta quarta-feira vai promover um crescimento das três operadoras concorrentes Vivo, Claro e Tim.

Antes da venda, a Oi ocupava o quarto lugar na posição da divisão do mercado, com 16,4% dos usuários. A líder era a Vivo, com 33%, seguida pela Claro, com 27,7%, e pela TIM com 20,6%. Os dados são da consultoria Teleco.

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Depois que a venda for concluída, os usuários da Oi vão ser migrados para a operadora concorrente que tiver o menor tamanho naquela região de DDD. Em todo o estado do Rio de Janeiro, por exemplo, eles vão para a TIM. Em São Paulo, depende. No Vale do Paraíba, os antigos clientes da Oi, por exemplo, vão migrar para a Vivo. Na capital, vão para a TIM.

Como a TIM era a menor operadora, ficará com 39,5% dos 41,3 milhões de celulares da Oi no rateio, mais que a Claro (30,6%) e a Vivo (29,8%).

Assim, vai haver um crescimento de todas as três operadoras, mas a ordem do ranking não muda.

Para seguir com seus negócios e manter o plano de recuperação judicial desenhado há seis anos, a Oi precisava vender sua divisão móvel.

O negócio, que foi fechado em dezembro, e contará com a compra dessa rede pelas concorrentes Vivo, Claro e TIM, vale R$ 16 bilhões e era crucial para a empresa não quebrar.

No entanto, não houve unanimidade justamente porque há críticas quanto ao risco de a cobertura da rede móvel de telefonia no Brasil ficar com a concorrência menor.

O Grupo Oi foi formado da Telemar, concessionária de telefonia fixa privatizada em 1998. Na recuperação judicial solicitada em 2016, as dívidas da empresa foram projetadas em R$ 65 bilhões, mas o plano de recuperação conseguiu renegociá-las para R$ 29,9 bilhões. Agora, com a venda bilionária da operação móvel, a empresa deve conseguir seguir o plano.

Apesar de as posições seguirem inalteradas, a consultoria de inteligência do mercado Teleco destaca que a TIM conseguirá diminuir a distância entre ela e a segunda colocada Claro, mudando a um pouco a dinâmica de concorrência entre ambas.

Após a aprovação do Cade nesta quarta-feira, as ações da Oi operam em alta.

Em um leilão organizado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) nesta segunda-feira (14), um consórcio formado pelas operadoras Vivo, Claro e TIM comprou, por R$ 16,5 bilhões, as operações de telefonia móvel da Oi.

Com uma dívida bilionária e em recuperação judicial desde 2016, a Oi vem desde 2019 leiloando seus principais setores. O setor móvel, responsável pelos chips de internet e telefonia para celulares, agora vai ser dividido entre as rivais, que disputaram um leilão sem concorrentes.

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A vitória do consórcio não foi uma surpresa. Outra possível candidata, a Highline do Brasil, chegou a apresentar uma proposta antes do leilão, mas o valor apresentado teria sido superado pelo trio de operadoras.

No entanto, a venda ainda deve demorar para se concretizar, já que precisa passar pela aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Oi espera que isso só aconteça no final de 2021. Até lá, nada muda para quem é cliente da operadora.

Segundo fontes próximas ao negócio, usuários da telefonia e internet móvel da Oi continuarão com seus planos normalmente. Após a aprovação das autoridades, a Oi vai começar a comunicar os seus clientes e a conta deles vai ser passada para uma das operadoras envolvidas na operação.

Com seus 36,5 milhões de linhas celulares, a Oi é responsável por 15,9% do mercado de telefonia móvel brasileiro, atrás da TIM (22,3%), Claro (26,6%) e Vivo (33,6%). Os clientes da Oi serão distribuídos entre as novas donas da seguinte maneira:

  • Tim ficará com 14,5 milhões de contas, correspondendo a 40% do total;
  • Vivo ficará com 10,5 milhões, 28% do total;
  • Claro ficará com 11,5 milhões de contas, 32% do total.

O valor oferecido pelo trio de operadoras é R$ 1,5 bilhão maior do que o pedido pela Oi na divulgação do seu plano estratégico de reestruturação, em 2019. A empresa precificou sua operação de telefonia e internet móvel em R$ 15 bilhões. A conta também foi dividida proporcionalmente entre as operadoras que pegaram mais ou menos clientes. Segundo os documentos divulgados pelas companhias, a divisão (de forma arredondada) foi feita da seguinte forma:

  • A Tim pagará R$ 7,3 bilhões, ou 44% do valor total;
  • A Vivo pagará R$ 5,5 bilhões, 33% do total;
  • E a Claro pagará R$ 3,7 bilhões, correspondentes a 22%.

Além disso, as operadoras vão se unir para pagar o custo da transição, que deve ficar em torno de R$ 756 milhões. Ainda não se sabe, porém, como será feita essa transição em detalhes, mas ela só deve começar após a aprovação do negócio pelo Cade e Anatel.

Para analistas do mercado ouvidos por Tilt, porém, o fim de uma concorrente e a concentração de poder na mão de três operadoras não levanta temores de formação de um oligopólio. "A divisão será feita de forma milimétrica, de maneira a evitar a criação de posições dominantes e privilegiar a rivalidade e a concorrência entre as teles. O consumidor vai sair ganhando", disse uma fonte próxima ao assunto.

"A consolidação de mercado é um caminho natural neste ramo, mas o interessante é a possibilidade de compartilhamento de rede, que é uma tendência que a gente vai chegar ao nível de ter as redes totalmente comandadas por software", disse Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria em telecom da IDC Brasil.

Para ele, esta movimentação pode trazer benefícios ao consumidor. "Hoje em dia existe uma comoditização, pois as empresas oferecem serviços semelhantes. Com o compartilhamento de rede, companhias podem se basear em SLA [Acordo de Nível de Serviço]. Então, poderá haver contratos, por exemplo, que ofereçam mais banda, maior disponibilidade e menor latência."

Sem a telefonia móvel e as operações de torres e datacenters, vendidos em outros leilões desde o ano passado, o que sobrou da Oi deve focar agora em internet residencial de fibra ótica. O setor de TV por assinatura também deve ser leiloado em 2021.

*colaborou Guilherme Tagiaroli

Quem comprou a Claro?

A Claro publicou um comunicado nesta quarta-feira (20), confirmando a conclusão da operação de compra da rede móvel da Oi, que foi fatiada entre TIM, Vivo e Claro. Mais cedo, as demais empresas já haviam anunciado o fechamento da transação e seus desembolsos no negócio.

Quais empresas fazem parte do grupo Oi?

Empresas do grupo.
Oi. Oi Móvel (comunicações móveis) Oi Fixo (comunicações fixas) Oi Velox (Internet de banda larga) Oi TV (televisão por assinatura) Oi Internet (Internet) Oi Voip (transmissão de dados, imagens e videoconferência).
Brasilcel..
Contax..

Quem vai assumir a Oi?

Os clientes da Oi serão transferidos para Claro, Vivo ou TIM, de acordo com o seu DDD. A migração se dará dentro de 12 meses. Nesse período, as 3 empresas contrataram a Oi para continuar a fornecer os serviços aos usuários, mantendo os canais de atendimento.

Qual operadora comprou a maior parte da Oi?

O processo de compra da divisão móvel da operadora Oi pelo "consórcio" que reuniu a TIM, Claro e Vivo foi finalmente concluído nesta quarta-feira (20) com a assinatura dos contratos após um longo processo de regulamentação e autorizações. O preço de fechamento da operação ficou em R$ 15,9 bilhões.