Como a obesidade impacta negativamente o sistema de saúde brasileiro?

Autores

  • Vinicius Cordeiro de Almeida Faculdade de Saúde Pública - USP
  • Lucia Guerra Universidade de São Paulo - Faculdade de Saúde Pública

DOI:

https://doi.org/10.14295/jmphc.v14.1257

Palavras-chave:

Obesidade, Economia, Doença Crônica, Custo de Doença, Saúde Pública, Sistemas de Saúde

Resumo

A obesidade é um desafio à saúde pública, sendo uma condição complexa que não é plenamente reconhecida pela sociedade e profissionais da saúde. Apesar de causar um grande impacto social e econômico, sendo um fator de risco no desenvolvimento de diversas outras doenças, a obesidade ainda é estigmatizada. Está relacionada com o desenvolvimento de comorbidades como diabetes tipo 2, câncer, doenças cardiovasculares, asma, doenças biliares, osteoartrite, dor nas costas crônica etc. No Brasil, aproximadamente 26% da população brasileira adulta têm obesidade (~30 milhões de pessoas), enquanto o número de pessoas com sobrepeso chega a quase 100 milhões. A prevalência do excesso de peso e obesidade cresceu significativamente na última década e a prevalência global da obesidade triplicou entre 1975 e 2016. A Organização Mundial da Saúde – OMS define a obesidade pelo acúmulo anormal de gordura que pode prejudicar a saúde do portador, se caracterizando pelo Índice de Massa Corporal – IMC acima de 30. A obesidade é uma doença crônica não transmissível decorrente de um desequilíbrio metabólico que vai além de hábitos alimentares ou atividade física. É uma doença multifatorial influenciada por sete pilares: a cadeia de produção de alimentos, consumo de alimentos, fisiologia, psicologia individual, psicologia social, prática de exercícios físicos e se o ambiente do indivíduo permite a prática de exercícios. Esses pilares contêm mais de cem fatores diferentes que influenciam no balanço energético do metabolismo de um indivíduo, incluindo estilo de vida, estresse, sono, fatores genéticos, infecções, disruptores endócrinos, exposição à poluição e outros, demonstrando a complexidade da doença. Apesar de ser reconhecida como doença, a obesidade não costuma ser tratada como tal, ocorrendo uma falta de acompanhamento após diagnóstico. Existe um forte estigma da sociedade sobre a pessoa com obesidade, sendo o indivíduo com essa condição mais propenso a sofrer discriminação. Esses indivíduos são vítimas de preconceito na sua vida pessoal e no ambiente de trabalho e tendem a possuir uma estrutura de apoio insuficiente, favorecendo o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Os veículos de comunicação perpetuam essa estigmatização construindo um padrão de senso estético com no peso corporal, corroborando com a associação de um peso elevado a prejuízos em saúde e falta de cuidado. O tratamento da obesidade tem como objetivo a redução dos riscos e melhora da saúde do paciente, além da perda de peso. Uma perda de peso modesta de até 10% do peso inicial com modificação do estilo de vida já trazem benefícios clínicos significativos. No Brasil, é competência do Sistema Único de Saúde – SUS realizar a vigilância alimentar da população, realizar ações de promoção de saúde e prevenção do sobrepeso e obesidade, prestando assistência terapêutica multiprofissional aos adultos portadores, por uma mudança no estilo de vida e práticas alimentares, e em caso de obesidade grave (IMC ≥30 com comorbidades ou IMC ≥35) a realização de procedimento cirúrgico e a assistência de todos os cuidados operatórios necessários. Dessa forma uma grande parcela de pacientes com obesidade fica desassistida, existindo uma grande lacuna no seu tratamento entre o paciente que inicia uma terapia baseada em dieta e exercícios e o paciente com obesidade grave com indicação para intervenção cirúrgica. A combinação da alta prevalência da obesidade e sua complexidade, dificuldade no tratamento e desdobramento em outras comorbidades causam um aumento nos gastos em saúde no mundo, ameaçando a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo levantar e analisar o que literatura científica discute sobre o aumento de gastos em saúde causado pelo aumento da prevalência da obesidade no Brasil. Este estudo é uma revisão integrativa da literatura científica, que tem como base inicial a decomposição da pergunta de pesquisa: “O que a literatura discute sobre o impacto econômico causado pela obesidade na saúde pública e nos sistemas de saúde?”, nos seguintes termos de busca: “Obesidade”, “Impacto econômico” e “Saúde pública e sistemas de saúde”. O mapeamento dos descritores derivados desses termos se deu a partir do Descritores em Ciências da Saúde – DeCS da Biblioteca Virtual de Saúde – BVS e Medical Subject Headings – MeSH) para identificação da terminologia padronizada. Com base nisso, a estratégia de busca a seguir foi criada, sendo que os mesmos foram unidos na estratégia final de busca pelas operações booleanas “AND” e “OR”: (Obesidade e termos relacionados) AND (impacto econômico e termos relacionados) AND (Sistemas de saúde/saúde pública e termos relacionados). As bases de dados utilizadas para a busca foram PubMed, Scopus, Web of Science, BVS, LILACS e Cochrane, chegando em 1.486 trabalhos de 2012 até 13 de março de 2022. 550 artigos duplicados foram excluídos por repetição, chegando em 936 artigos para análise de títulos. A leitura de títulos e resumos foi realizada uma nova etapa de exclusão, chegando em 59 artigos incluídos para leitura e inclusão no trabalho. Os critérios de exclusão aplicados foram: artigos que utilizam simulações para estimar impacto econômico, artigos sem escopo econômico, peças de opinião, artigos que não incluem obesidade no escopo, artigos indisponíveis, artigos que não estejam nas línguas inglesa, portuguesa ou espanhola e artigos publicados antes de 2012. Em análise exploratória desses artigos observou-se que a obesidade é um problema de saúde pública em todos os países identificados (Canadá, Tailândia, Brasil, Itália, Alemanha, Estados Unidos, China, Austrália etc.) com uma prevalência crescente nos últimos anos, com preocupação importante do impacto desse crescimento nos gastos para o seu tratamento ou tratamento de suas comorbidades. Espera-se com este estudo sintetizar e sistematizar os resultados da busca realizada, identificando os impactos econômicos nos países estudados, a importância dos impactos econômicos das comorbidades relacionadas à obesidade, e o custo atribuível à obesidade nesses casos, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento sobre este tema e identificação das lacunas ainda presentes na discussão desse assunto.

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Como Citar

1.

Cordeiro de Almeida V, Guerra L. O impacto econômico da obesidade nos sistemas de saúde. J Manag Prim Health Care [Internet]. 14º de outubro de 2022 [citado 11º de novembro de 2022];14(spec):e033. Disponível em: https://www.jmphc.com.br/jmphc/article/view/1257

Edição

Seção

Seminários, Simpósios e Mesas Redondas

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Copyright (c) 2022 JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750

Como a obesidade impacta negativamente o sistema de saúde brasileiro?

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Como a obesidade afeta a saúde?

Pessoas obesas têm maior probabilidade de desenvolver doenças como pressão alta, diabetes, problemas nas articulações, dificuldades respiratórias, gota, pedras na vesícula e até algumas formas de câncer.

Quais os impactos da obesidade no Brasil?

O crescimento da obesidade é um dos fatores que podem ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não transmissíveis que pioram a condição de vida do brasileiro e podem até levar à morte.

Quais os efeitos negativos da obesidade na saúde e na qualidade de vida?

As consequências da obesidade são: pressão alta, diabetes, aumento do colesterol, doenças do coração e da circulação, doenças nas articulações.

Como a obesidade impacta a população?

“Nosso estudo mostra que a obesidade está associada a um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares, incluindo doença cardíaca e acidente vascular cerebral, e diabetes, que, em média, reduzem drasticamente a expectativa de vida de um indivíduo”, disse o professor Steven Grover, da Universidade de Montreal.