A Confederação do Equador foi um movimento político ocorrido em 1824 no nordeste brasileiro. Começando em Pernambuco, ampliou-se rapidamente para outras províncias da região, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em síntese, a Confederação do Equador - que ganhou esse nome em referência à proximidade do centro do conflito com a linha do Equador - foi um movimento contrário à centralização do poder imperial. Daí, portanto, seu caráter revolucionário e, no extremo, seu aspecto independentista com relação ao Brasil. Show O movimento tinha ligações com outros dois episódios importantes ocorridos na mesma região, embora destes não fosse mero reflexo: a Revolução Pernambucana de 1817e o Movimento Constitucionalista de 1821. Juntos, os dois haviam ajudado a concretizar em práticas políticas e sociais o ideário liberal - que se contrapunha à centralização do poder imperial - e a luta pela independência, num contraponto ao domínio exercido pelo Rio de Janeiro sobre as demais províncias. Contra a centralização e o autoritarismo Naquele início de século 19, Pernambuco expressava bem os interesses político-econômicos ligados, de um lado, à manutenção da influência portuguesa sobre o Brasil, e, de outro, ao afastamento do segundo em relação ao primeiro. A elite agrária produtora de cana-de-açúcar, por exemplo, queria garantir a continuidade das relações com Portugal. Em contraste, a aristocracia rural, ligada ao cultivo do algodão e articulada ao processo da Revolução Industrial, era favorável às medidas liberalizantes. A transferência da Corte para o Brasil, em 1808, e as medidas tomadas a partir de então, favoreceram esse segundo grupo. O ponto alto dessa separação entre Brasil e Portugal foi a declaração da Independência, em 1822. Contudo, o processo de elaboração da primeira constituição brasileira mostrou não apenas a grande influência que os portugueses ainda tinham sobre a vida política brasileira - a começar pelo fato de o primeiro imperador ser português - como também revelou a tendência à centralização do poder, ao invés de sua partilha. O ideário liberal perdia espaço. O fechamento da Assembleia Nacional Constituintee a outorga da Carta Magna de 1824 por D. Pedro 1° foram expressões desse processo. Logo após a Independência, formou-se um novo governo em Pernambuco, chamado de "Junta dos Matutos", que contava com a participação dos dois grupos da elite rural pernambucana. Após a dissolução da Assembleia Constituinte, um dos membros da Junta, Francisco Paes Barreto, foi nomeado pelo imperador para o cargo de governador. Ocorre que outro político, Manuel Carvalho Pais de Andrade, já havia sido eleito pela província. Estava aberto, assim, o conflito entre o Império e Pernambuco. Ampliação e derrota do movimento A revolta explodiu depois de sucessivos episódios ocorridos após a outorga da Constituição, em março de 1824. Em julho do mesmo ano, Pais de Andrade lançou um manifesto de caráter revolucionário. Em Pernambuco, o movimento teve um aspecto popular e fundamentalmente urbano. Contou também com o apoio da intelectualidade local. As ideias e propostas expressas pelo movimento logo ganharam apoio de outras províncias do Nordeste, inseridas, por sua vez, num quadro político-social muito semelhante ao de Pernambuco. A Confederação do Equador se formou quando aos pernambucanos se juntaram as províncias do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Entre as medidas tomadas pela Confederação do Equador estava a convocação de uma Assembleia Constituinte, a elaboração de um projeto constitucional com base na Carta colombiana (então considerada uma das mais liberais da região), a proposta de extinção do tráfico negreiro e a organização de forças populares de resistência à repressão imperial. A formação de um governo independente expressava o descontentamento com o centralismo nos primeiros anos pós-Independência. As medidas tomadas pela Confederação, contudo, acabaram levando à divisão do próprio movimento. Por outro lado, a dura repressão articulada pelo poder central foi decisiva para que o movimento tivesse vida curta. Vários líderes da Confederação do Equador foram condenados ao fuzilamento - caso de Frei Caneca. Outros, como Cipriano Barata, continuaram presos durante algum tempo. Ainda assim, a Confederação do Equador foi um movimento importante na história do Brasil, pois extrapolou a simples conspiração, existindo concretamente (ainda que por pouco tempo), e se diferenciou dos outros movimentos independentistas da época pela ampla participação popular que registrou. Saiba mais sobre essa revolução emancipacionista e liberal que ocorreu em Pernambuco em 1824Frei Caneca: líder da Confederação do Equador aguardando execução O que foi A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário, ocorrido em Pernambuco, no ano de 1824. Esse movimento tinha caráter separatista, republicano, liberal e emancipacionista. Embora Pernambuco tenha sido o centro e berço do movimento, ele se espalhou por outras províncias nordestinas. Em muitos aspectos, esse movimento foi uma continuação (espécie de segunda fase) da Revolução Pernambucana de 1817. Principais causas e contexto histórico: - Desaprovação ao sistema político centralizador implementado por Dom Pedro I, após a promulgação da Constituição de 1824. - Descontentamento com a influência e participação de aristocratas portugueses no governo imperial brasileiro. Havia muitos privilégios, dados pelo governo, para esses portugueses. - Muitos proprietários rurais da região Norte e Nordeste não concordavam com a centralização política, que dava poderes aos aristocratas portugueses em detrimento dos brasileiros. - Muitos profissionais liberais, comerciantes e membros da aristocracia brasileira foram influenciados pelo liberalismo, que era contrário à centralização política pregada pelo imperador brasileiro. - Muitos pernambucanos, principalmente da elite agrária (dos setores de algodão e açúcar), tinham receio de que Dom Pedro I, através de sua política centralizadora e a presença de portugueses em seu governo, pudesse recolonizar o Brasil. - Havia também, na região Nordeste, uma elevada insatisfação popular com o governo imperial. Muitos esperavam uma melhoria na qualidade de vida após a Independência do Brasil (1822). Porém, a pobreza e as dificuldades sociais permaneceram e atingiram grande parte da população nordestina. Principais objetivos dos revolucionários: - Os revolucionários exigiam a convocação de uma nova Assembleia Constituinte, para que houvesse a elaboração de uma nova Constituição. Essa deveria ser descentralizadora e ter caráter liberal. - Diminuição da interferência do governo federal nas questões regionais (provinciais e municipais) e fim do autoritarismo de D. Pedro I. - Defendiam a abolição do tráfico de escravos. - Como era um movimento separatista, almejava a criação de um governo independente na região Nordeste. A capital desse Estado independente seria a cidade de Recife. Principais lideranças da Confederação do Equador: - Frei Caneca: religioso católico, jornalista e político Pernambuco. - Manoel de Carvalho: político pernambucano. - João Guilherme Ratcliff: político luso-brasileiro. Como foi a revolução: principais fatos, acontecimentos e como terminou O movimento teve início em Recife, em 2 de julho de 1824, após Manoel de Carvalho declarar a independência da província de Pernambuco. Ele também convidou as outras províncias nortistas e nordestinas para fazerem parte, junto com Pernambuco, de um novo país, que seria a Confederação do Equador. Embora houvesse muitos habitantes dessas províncias interessados na revolução e fundação de um novo Estado republicano, não houve adesão significativa dessas outras províncias. Em pouco tempo, a revolução se espalhou pelas províncias do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, porém poucas pessoas aderiram ao movimento. Em 12 de setembro de 1824, o governo imperial enviou tropas ao Nordeste. Recife foi cercada e a maior parte dos revolucionários foram presos ou fugiram. Entre os fugitivos estava Manoel da Nobrega. Alguns que enfrentaram as tropas do governo morreram em combate. Assim, a revolta foi rapidamente sufocada em 29 de novembro de 1824. Frei Caneca foi preso e, junto com outros participantes, condenado a morte. Ele foi executado, aos 45 anos, em 13 de janeiro de 1825.
Curiosidades históricas: - O líder das forças imperiais brasileiras, que foram enviadas para Pernambuco para acabar com a revolta, foi um político e mercenário francês chamado Thomas Cochrane. - Além de Frei Caneca, outro sacerdote católico participou da liderança do movimento. Foi o Padre Mororó, que também foi preso, no final da revolução, e executado em 1825.
Artigo publicado em: 29/07/2021 Por Jefferson Evandro Machado Ramos Você também pode gostar de:
Pequena História da Confederação do Equador Autor: Porto, Costa Editora: Recife Fontes de referência do artigo: - FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2015. - PRIORE, Mary del; VENANCIO, Renato. Uma breve História do Brasil. São Paulo: Planeta, 2010. Em qual Estado brasileiro aconteceu a Confederação do Equador movimento revolucionário de caráter separatista?A Confederação do Equador foi um movimento político ocorrido em 1824 no nordeste brasileiro. Começando em Pernambuco, ampliou-se rapidamente para outras províncias da região, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Em que estado brasileiro aconteceu a Confederação Brasileira?
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