Quando pensamos em cinema italiano, muito provavelmente A Vida é Bela é o filme que nos vem à mente de forma imediata. Show
Sendo uma das películas mais aclamadas mundo afora – inclusive nos Estados Unidos – esse filme trata de temas sutis e que ainda perturbam, de uma forma que diverte, faz rir, emociona, choca. No entanto, ao mesmo tempo, traz uma forte mensagem de esperança. Com atuação impactante e direção bem feita, Roberto Benigni acertou em cheio em trazer um retrato do Holocausto tão diferente do habitual, que estamos acostumados a ver na maioria das vezes. Lançado no ano de 1997 – e com lançamento mundial apenas em 1998 e 1999 – A Vida é Bela é um filme atemporal, que nos ensina muito. Não apenas sobre história, mas também sobre como podemos fazer tudo, se realmente tivermos vontade. Veja também: Quem são os personagens de A Vida é BelaO filme traz diversos personagens na sua primeira metade, tendo então como principais, Guido, interpretado por Roberto Benigni, Dora, uma professora que ele conhece por acaso, e seu amigo Ferruccio, que viaja com ele para a cidade de Arezzo, em busca de trabalho no hotel de seu tio. Alguns outros personagens também aparecem de forma recorrente nessa primeira metade. Podemos citar como exemplo o tio de Guido, dono do Hotel, o atual namorado de Dora, que hostiliza Guido por um encontro nada agradável e mais alguns outros. Na segunda metade do filme, o foco fica quase que totalmente em Guido e em Giosué, o filho do casal. Guido, um homem que vê a vida com outros olhosDesde o início, demonstra um humor apurado, conseguindo lidar com diversas situações graças a sua espirituosidade. Sendo assim, Guido consegue cativar Dora, a professora de família rica, com seu maravilhoso modo de ser. Todas as características de Guido que o tornam um homem interessante e espirituoso, o ajudam a enfrentar todo o terror que está por vir em sua vida dali para frente. Dora, a professoraDora é uma professora de família rica, que tem certa simpatia com o regime fascista. Ela atua numa escola com regras rígidas. Ela e Guido se conhecem de uma forma inusitada. Dali em diante os encontros por acidente continuam a acontecer, ajudando-a a ficar cada vez mais cativada pelo rapaz. GiosuéInocente, o menino acaba sendo levado para um dos campos de concentração junto com seu pai Guido. Sendo um dos dois personagens centrais da segunda parte da trama, e também aquele que motiva todas as ações de Guido, ele tem grande importância no filme. Giosué, guiado pela imaginação do pai, irá enfrentar tudo o que vier pela frente com o desejo de um belo prêmio ao final do que estão vivenciando. AmbientaçãoO filme é ambientado na cidade de Arezzo, na Itália, e primeiramente inicia no ano de 1939, ainda antes da Guerra, mas onde já notamos os ideais fascistas e a crescente onda de ódio que vai se disseminando pelo país. Na segunda metade do filme, a história se desenrola dentro do campo de concentração onde pai e filho se encontram presos. A Vida é Bela: sobre o que é exatamente este filme?Seria uma afirmação muito pobre dizer que A Vida é Bela é um filme sobre o Holocausto simplesmente. Seu pano de fundo principal é sim, todo o terror que houve durante a Segunda Guerra Mundial e os campos de concentração. Mas seria muito mais correto dizer que A Vida é Bela é um filme sobre esperança, vontade de viver, e positividade em meio a um cenário adverso. Contando a história de Guido, um judeu italiano que foi morar na cidade de Arezzo para trabalhar como garçom no hotel de seu tio, o filme retrata toda a espirituosidade e bom humor do rapaz. Com um começo leve e romântico, A Vida é Bela traz o início do romance de Guido e Dora, que apesar de viverem em mundos diferentes, se apaixonam naturalmente em meio a um cenário de confusões cômicas e inusitadas. Veja também: Em pano de fundo, já aparece a situação conturbada que se desenha, com cenas que não nos deixam esquecer a época em que o filme é retratado. A cena em que Guido se faz passar por inspetor para encontrar novamente com Dora, é um clássico exemplo de tudo o que está acontecendo. Passando-se por um enviado para explicar as crianças sobre a superioridade da raça ariana, Guido age com humor e imaginação. Sendo um judeu, a cena é característica pelo fato de demonstrar que mesmo não sendo ariano, não foi descoberto pelos outros funcionários da escola e nem pelas crianças. Somos todos iguais. Uma nova realidade se formaCom o desenrolar do filme, o romance iniciado entre Dora e Guido finalmente alcança o ponto alto, com uma cena curiosa do rapaz indo busca-la de um jantar num cavalo pichado com dizeres contra judeus. A moça então larga tudo para ficar com Guido, embarcando numa nova vida, mais simples, mas com muito amor. O filme retrata a partir daí, um jogo criado por Guido para que Giosué não perceba todo o horror em que estão inseridos. Com um “jogo” inventado pelo rapaz, ele ajuda Giosué a continuar vivo e fora do radar dos soldados alemães. Roberto Benigni e sua facilidade em transmitir emoçõesO grande diferencial da obra como um todo, é a atuação e direção características de Roberto Benigni. Trazendo uma atuação impressionante, o ator e diretor italiano interpreta com maestria o personagem. Mesmo tendo um ar mais caricato no início do filme, principalmente durante toda a primeira metade, acreditamos que esse é um dos pontos que faz o filme ser tão singular. A facilidade de Benigni de mesclar o peso de toda a situação com a comédia e a leveza, fazem com que a obra seja totalmente inesquecível. É uma obra marcante, portanto, para quem quer que a veja. Tanta é a sua genialidade na interpretação, que lhe rendeu um Oscar de melhor ator no ano de 1999. A sutil troca entre a comédia e o drama em A Vida é BelaÉ nítido, como já dissemos, o quanto a comédia e o drama permeiam o filme de uma maneira única e muito interessante. Enquanto que na primeira metade esse tom mais cômico e leve permanece bem pronunciado, mesmo quando a história muda para o campo de concentração, é possível perceber o tom leve que Guido tenta trazer para que Giosué se sinta bem. A todo momento, durante situações potencialmente perigosas e de vida ou morte, Guido mantém a comédia presente, no entanto, sem transformar o filme num pastelão. É uma temática pesada e terrível, adornada com toques de sutileza e esperança. Veja também: A primeira metade do filme, uma comédia agradávelA primeira metade de A Vida é Bela trata-se de uma comédia muito agradável e divertida, quase um pastelão em alguns momentos, que nos faz até mesmo esquecer o que está por vir. Focando na chegada de Guido em Arezzo e nos seus encontros e desencontros com Dora no início do romance, o filme segue, portanto, um tom ameno, com cenas criativas e cômicas. A segunda metade do filme e a tristeza do HolocaustoApós finalmente conquistar Dora e casar-se com ela, Guido e a professora vivem uma vida feliz juntos. No entanto, agora acompanhados do pequeno e amável Giosué, filho do casal. Com uma pequena livraria na cidade, na qual Guido trabalha e também cuida do seu filho, a família vive uma vida agradável e sossegada. A paz acaba com a guerra e a ida de Guido e Giosué para um campo de concentração, já que são judeus. Preocupada com a segurança e o destino de seu marido e filho, Dora resolve, voluntariamente, entrar num dos trens e seguir para um campo juntamente com eles. Porém, como homens e mulheres eram separados, acabou não estando junto dos dois. Por diversas vezes, Guido conseguiu mandar mensagens para Dora, avisando que estavam vivos, ele e seu filho. Dora seguiu os horrores do campo de concentração sozinha, sem a companhia de sua família, e vivendo a agonia de não saber se estavam bem. “Com vontade, você pode fazer tudo”A frase que é dita pelo amigo de Guido, Ferruccio, acaba guiando diversas ações do personagem durante o filme, mesmo na época em que estão presos no campo de concentração. A princípio usada de forma cômica durante o início do filme, a frase de Shoppenhauer toma força durante a trajetória do personagem. Ela acaba sendo utilizada algumas vezes para demonstrar que o pensamento positivo pode sim nos levar a alcançar tudo o que queremos. No caso de A Vida é Bela, a vontade ajudou com que Guido guiasse seu filho Giosué para a liberdade. O jogo de Guido e GiosuéO diferencial na história retratada na segunda metade de A Vida é Bela, e que já mencionamos de forma breve, é o jogo que Guido inventa para preservar a vida de seu filho Giosué. Logo que começam a sua jornada até o campo de concentração, Guido inicia uma ficção de um jogo, que se passa no local onde ficarão presos. Nesse jogo de faz de conta, ganha o primeiro prêmio quem fizer mil pontos e cumprir alguns requisitos, que ele cria justamente para preservar o menino. Quem pede comida e diz que está com fome, perde pontos, e a criança que não fica escondida, é, portanto, eliminada. Com essas pequenas regras e uma boa dose de imaginação e coragem, Guido segue seus dias de sofrimento mantendo um sorriso no rosto e fazendo de tudo para que a ilusão do jogo se mantenha viva em Giosué. Assim, ele, além de não perceber o que está ocorrendo, possa conseguir chegar vivo até o final. Por mais que o menino por vezes duvide da história do pai e acabe colocando empecilhos em algumas situações, por fim, também por conta das diversas coincidências providenciais, acaba entrando na brincadeira. O jogo de Guido e Giosué faz realmente diferença, tanto que leva o pequeno a conseguir galgar o “primeiro lugar” e o grande prêmio. Uma analogia emocionante na fala final de Giosué ao abraçar e reencontrar sua mãe, que havia conseguido também sobreviver ao Holocausto: “Nós vencemos!” Atores principais, direção e fotografiaRoberto Benigni estrela esse filme, que é um clássico instantâneo, com maestria e espirituosidade. Talvez este seja um de seus trabalhos mais notórios, principalmente em uma projeção internacional. O ator é bastante popular no seu país de origem, a Itália, e conseguiu ainda mais destaque após dirigir e estrelar A Vida é Bela. Sua parceira de tela é Nicoletta Braschi, que fez o papel de Dora, a amável professora, é também sua esposa na vida real. Uma curiosidade fica para o fato de que o par atua junto em diversos filmes de Benigni. Isso acaba, portanto, trazendo uma marca registrada das produções do ator italiano. Como o pequeno e esperto Giosué, atua o menino Giorgio Cantarini. A criança e Benigni formaram, portanto, uma incrível dupla na tela. Assim acaba sendo nítida, portanto, a química do par em cada uma das cenas em que estiveram juntos. A atuação de Giorgio em conjunto com Benigni cativou o mundo todo, ajudando a tornar o filme ainda mais popular, ao nos fazer imaginar a temática vivida por uma criança num cenário tão terrível. Premiações de A Vida é BelaA Vida é Bela não poderia passar em branco e ser deixada de lado de premiações importantes, como o próprio Oscar. Mas além desse tão importante prêmio, foi indicado para mais 11 diferentes, vencendo diversos deles. Algumas das premiações que A Vida é Bela venceu foram as seguintes:
Além desses prêmios, A Vida é Bela teve vitórias em diversas outras cerimônias e também em muitas categorias. Em se tratando de Oscar, o filme recebeu ao todo 7 indicações, sendo elas então as seguintes:
É inegável o quanto o filme cativou os espectadores e críticos, mesmo tendo recebido algumas um tanto controversas. O fato de ter concorrido como melhor filme, fica, portanto, como a prova do excelente trabalho de Benigni e de toda sua equipe. O legado de A Vida é BelaA grande mensagem e o legado que A Vida é Bela nos deixa, são percebidos facilmente durante o filme e após que ele termina, subindo seus créditos finais. A história de um rapaz simples, com sonhos de ir para a cidade grande e viver uma vida agradável ao lado de um grande amor, tomou então rumos impensados. Mas a força do pensamento positivo, da criatividade e da imaginação, traçou rumos novos, para que se pudesse enxergar luz em meio a uma situação conturbada e repleta de escuridão. Então é disso que A Vida é Bela fala. De como podemos alcançar tudo, se realmente tivermos vontade. De como podemos superar quaisquer adversidades, se estivermos realmente dispostos a isso e lutarmos para que o melhor aconteça. Afinal de contas, nada somos sem nossa liberdade. E quem somos, é definido pelas atitudes que tomamos, portanto, em situações difíceis ao longo da nossa jornada. No fim das contas e apesar de tudo… a vida é bela! Qual é a mensagem do filme A vida é bela?'A Vida é Bela' nos mostra que muitas vezes a felicidade está em nossa maneira de ver a vida, de aceitar e enfrentar as adversidades. Apesar do grande extermínio ocorrido nos campos de concentração, também havia sobreviventes, pessoas que conseguiram enfrentar tortura, fome e injustiça.
Qual a crítica por trás do filme A vida é bela?Alguns acusam Benigni de ser excessivamente caricato em sua interpretação. Outros consideram o enredo completamente inverossímil e com cenas absurdas. Há quem simplesmente não admita uma comédia que brinque com um período tão notavelmente sombrio.
Qual o fato histórico retratado no filme A vida é bela?A grande inspiração humana por detrás de A Vida é Bela chama-se Rubino Romeo Salmonì (1920--2011). Foi a história deste judeu italiano apanhado pelos nazis em 1943, que chamou a atenção de Benigni, através do livro Ho sconfitto Hitler (em tradução literal, Derrotei Hitler), onde relata como sobreviveu a Auschwitz.
Qual a relação do filme A Vida é Bela com a Segunda Guerra Mundial?O filme “A vida é bela” retrata a vida de uma família judaica que é levada para um campo de concentração, durante a segunda guerra mundial. É realmente muito interessante ver como o pai consegue “enganar” o filho, de maneira a que este não perceba a razão pela qual está naquele lugar horrível.
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