Munique no limite da guerra

Munique no limite da guerra

Amanda Araújo – Acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais.

Ficha Técnica

Gênero: Suspense, Drama

Direção: Christian Schwochow

Distribuidora: Netflix

Ao longo dos anos, muitas obras foram feitas pararetratar um dos maiores genocídios já ocorridos na história da humanidade. A Segunda Guerra Mundial foi um marco para todos, especialmente para a geopolítica mundial e para as Relações Internacionais. Nesse sentido, o filme Munique: No limite da Guerra (2021) não trouxe um assunto desconhecido, mas uma perspectiva diferente, abordando não o acontecimento em si, mas os eventos que o antecedem.

À margem de uma segunda guerra, a história se passou em 1938, época em que o Primeiro-Ministro Neville Chamberlain comandava a Grã-Bretanha e buscava um acordo de paz com o fuhrer alemão Adolf Hitler, o qual ameaçava invadir a Tchecoslováquia. Sob esse viés, uma conferência que ficou conhecida como Conferência de Munique é solicitada pelo líder alemão, com a presença do Reino Unido e da França, a fim de negociarem um acordo pacífico – a reunião resultou em uma série de concessões dos dois países europeus aos delírios territoriais de Hitler.

A narrativa acompanha a visão dos acontecimentos pelos olhos do oficial britânico Hugh Legat (George MacKay) e do diplomata alemão Paul (Jannis Niewöhner), que entendendo a periculosidade e o possível estopim para uma catástrofe de proporções mundiais, se veem em uma rede de conspiração e espionagem para impedir que tal acordo seja assinado.

A obra deixa em evidência a todo momento como o pacifismo o Primeiro Ministro foi o movimento errado no xadrez geopolítico da época. Desde os personagens rindo ou discordando ao ouvir seus pronunciamentos até ao jeito despreocupado dele que não combinava com o conflito iminente. 

Essa ferramenta pode ser descrita pelas Relações Internacionais como Prática Discursiva, conceito pré-estabelecido pelo precursor da Teoria Pós-moderna, o filósofo, Michel Foucault,  o qual diz ser o modo da sociedade de ressaltar os discursos dominantes expressando o domínio da ideia sobre a população. A produção do filme ressalta o discurso de que a Grã-Bretanha é a grande heroína enquanto que a culpa do comportamento da Alemanha é colocada única e exclusivamente em seu governante, dito como o grande monstro da história.

Outrossim, é possível destacar a performance do diplomata alemão que, desesperado para impedir o ditador nazista, não obteve sucesso em suas ações (ainda que tenham ajudado no futuro). O seu comportamento pode ser analisado através das regras básicas da diplomacia. 

Segundo o artigo “As Dez Regras da Diplomacia Moderna” do professor Paulo Roberto de Almeida, o qual reúne 10 regras fundamentais para o exercício diplomático. Em sua obra, o professor coloca como primeira regra a mais importante, “Servir à pátria, mais do  aos governos”. Nesse sentido, Paul se encaixa nesta fala, indo contra seu governante pelo bem de sua nação, sob a justificativa de que os interesses de Hitler prejudicariam não só o povo alemão, mas a todos ao seu redor. 

No entanto, Paul era a favor de Hitler, e apenas depois que sua amada judia foi violentada é que ele percebe o quão monstruosas eram as ações do Fuhrer. Ser motivado por questões pessoais fere a sexta regra do manual de Almeida, a qual diz que se deve afastar ideologias e conceitos político-partidários das decisões de política externa do país. 

Além disso, é notável que o desespero o faz abandonar outro princípio básico da diplomacia: “… o confronto nunca é o melhor método para lograr vitória num processo negociador complexo.” (ALMEIDA, 2001). Vendo que suas tentativas de convencer o Primeiro-Ministro britânico, ao entregar o documento que incrimina Hitler, foram fracassadas, o personagem adota um comportamento agressivo e não racional, cogitando até fazer justiça com as próprias mãos.

Em suma, a Netflix acertou em trazer uma perspectiva diferente sobre um assunto já muito explorado, mas cai no vício das produções de manipularem uma imagem monstruosa de Hitler, colocando-o como único responsável pelo genocídio da época, quando na verdade, sem apoiadores, o líder do partido nazista jamais teria chegado onde chegou. 

Ademais, o longa-metragem é interessante para entender a importância da diplomacia e sua influência nas grandes tomadas de decisão dos Estados, mostrando que um movimento assertivo de um diplomata pode impedir ou causar catástrofes mundiais.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. Paulo. As Des regras da Diplomacia Moderna. Revista Espaço Acadêmico, ano 1. N 4, 2001.

BRAGANÇA, Daniel Avellar. A Teoria Pós-moderna Das Relações Internacionais: Uma Discussão. UFSC: São Paulo, [S.I].

Is Munich: The Edge of War a true story?

While Legat and von Hartmann are fictional characters — the creations of speculative history novelist Robert Harris — the situations around them are largely based in reality. The Munich accords, held in September 1938, are regarded today as a shortsighted pit stop along the road to World War II.

What happened to Lena in Munich edge of war?

Lena was arrested in 1935 during a protest. She was taken to a women's camp in Moringen, where the authorities came to know that she was a Jew. She was tortured to the extent that she went into a state of coma.

Who wrote Munich: The Edge of War?

Ben PowerMunich – The Edge of War / Screenplaynull

Is Munich: The Edge of War a true story Reddit?

Yes. The Munich: The Edge of War true story reveals that the Nazi documents that Hugh Legat (George MacKay) and Paul von Hartmann (Jannis Niewöhner) attempt to smuggle into the hands of Neville Chamberlain (Jeremy Irons) in the movie are based on an actual set of documents known as the Hossbach Memorandum.