O que foi o chamado Plano Marshall?

Sabemos que, após a Segunda Guerra Mundial, a situação de muitos países do continente europeu era absolutamente crítica. Além das vultosas perdas humanas que a guerra produziu, a destruição de cidades inteiras, a ruína econômica e a desagregação social levaram os sobreviventes a condições de vida lastimáveis. A fome foi o primeiro grande problema enfrentado pelos europeus após 1945. Esse cenário catastrófico exigiu uma estratégia para promover a recuperação desses países. Essa estratégia foi proposta por um general dos Estados Unidos chamado de George Marshall e, por isso, ficou conhecida como “Plano Marshall”.

O Plano Marshall tinha, portanto, como objetivo principal a reconstrução da Europa – ou, ao menos, da Europa Ocidental. Calcula-se que o valor empregado pelos americanos nesse processo de reconstrução foi de aproximadamente 12,6 bilhões de dólares entre 1948 e 1952. Além da reconstrução das cidades, no auxílio do Plano Marshall, estava incluso o envio de alimentos, produtos industriais e matérias-primas. Em contrapartida, as exigências que os americanos fizeram aos europeus foram: estabilização da moeda e a integração e cooperação entre os países – como forma de prevenção contra novas formações nacionalistas totalitárias, tais como o nazismo.

Deve-se ressaltar que os países que mais se beneficiaram do auxílio fornecido pelo plano Marshall foram a Grã-Bretanha, a França e a Holanda. A parte atribuída à Alemanha, menos da metade da que coube à Grã-Bretanha, foi relativamente modesta. Esse plano, inicialmente, foi proposto também aos soviéticos, como bem destaca o historiador Norman Davies:

O discurso original do Marshall convidava explicitamente a URSS a participar. Porém, tal como Kennan previa, Stalin recusou – não sem antes incumbir Molotov de investigar os pormenores. Impediu também a Polônia e a Checoslováquia de estarem presentes na conferência de Paris, em que o funcionamento do plano ficaria definido. A URSS compensaria a sua economia exigindo fornecimentos a pressos irrisórios a todos os Estados-satélites. [1]

O trecho acima faz referência ao convite à URSS feito pelas autoridades americanas para que também participasse do Plano Marshall. O principal representante soviético para essas questões na época era o Ministro das Relações Exteriores, Viatcheslav Molotov, que não chegou a fazer as negociações com os EUA em virtude da pronta recusa de Stalin. O problema maior por trás dessa recusa era a profunda divergência ideológica entre a União Soviética, de expressão comunista, e os EUA, marcadamente liberais e democráticos.

Em 1947, o presidente dos EUA, H. Truman, já havia deixado claro sua preocupação com a possível expansão do comunismo soviético pelo continente europeu após a guerra. Stalin, por sua vez, via no Plano Marshall uma estratégia americana para promover a hegemonia ocidental sobre a Europa. Em dada medida, esse era mesmo um dos efeitos colaterais do plano de reconstrução: impedir o avanço do comunismo. Como resposta ao Plano Marshall, Stalin pressionou os países-satélites da URSS, como a Checoslováquia, onde, apesar da liberdade política, vigorava ampla tendência comunista, a não aderirem ao plano dos americanos.

Outra estratégia de Stalin foi a criação de organismos como o Comecon (Conselho mútuo para assistência econômica), que tinha como objetivo promover a reconstrução dos países do leste europeu afetados pela guerra, e o Cominform (Escritório de Informação dos Partidos Comunistas Operários), que atuaria na política externa soviética como forma de bloquear a influência ideológica americana. Nasciam, assim, as bases para a Guerra Fria e sua consequente polarização do mundo.

NOTAS

[1] DAVIES, Norman. A Europa em Guerra. Lisboa: Edições 70, 2006. p. 229.


Por Me. Cláudio Fernandes

Com o Plano Marshall, os países da Europa ocidental conseguiram os recursos necessários para sua recuperação econômica.

O que foi o chamado Plano Marshall?
Cartaz do Plano Marshall feito pela Administração de Cooperação Econômica, simbolizando o avanço dos países europeus

Por Me. Tales Pinto

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA e os países aliados vencedores, os localizados na Europa Ocidental, necessitavam de reconstruir a economia europeia devastada pelos longos anos de conflito a que estiveram submetidos. Era ainda necessário a esses países conter a ameça de expansão da influência soviética. Nesse contexto de reconstrução econômica e de Guerra Fria, foi lançado, em 1947, o Plano Marshall.

O Plano Marshall (oficialmente European Recovery Program, ou Programa de Recuperação Europeia) recebeu esse nome graças a seu idealizador, o general George Catlett Marshall, antigo Chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA e, à época do lançamento do plano, secretário de Estado do presidente estadunidense Henry Truman. O Plano Marshal foi um ambicioso projeto de empréstimos e doações financeiras realizados pelos EUA e seus capitalistas aos países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial.

A União Soviética havia saído prestigiada do conflito mundial em decorrência da vitória sobre os nazistas, dos milhões de mortos que caíram em combate e dos ataques das tropas alemãs. Havia ainda o fato de que durante a década de 1930, quando grande parte da economia do mundo ocidental estava em profunda crise, iniciada em 1929, a economia planificada soviética alcançava níveis altíssimos de crescimento.

Além do mais, em países como a Itália e a França, os Partidos Comunistas alinhados a Moscou demonstravam bastante força. Na Alemanha destruída e dividida em duas zonas de influência, fazia-se necessária uma rápida ação para conter os soviéticos, que mantinham seus exércitos ainda mobilizados.

A solução pensada com o Plano Marshall era fazer uma campanha contra o comunismo a partir da reconstrução econômica dos países, reestruturando suas indústrias e aumentando rapidamente o nível de consumo de suas populações.

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Entre 1948, ano em que entrou em vigor o Plano Marshall, e 1951, ano em que foi encerrado, cerca de 18 bilhões de dólares foram entregues aos países europeus aderentes ao plano através de doações e empréstimos. Para executar o plano, os EUA criaram a Administração da Cooperação Econômica (Economic Cooperation Administration, ECA, na sigla em inglês.)

A oferta de ajuda econômica também foi oferecida à URSS, mas foi recusada já que Stalin pretendia reestruturar as economias de sua zona de influência sem o apoio do capitalismo ocidental. Frente a isso, os países europeus criaram, em 1948, a Organização Europeia de Organização Econômica (OECE), embrião do que viria a ser a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Dessas iniciativas surgiriam ainda o Mercado Comum Europeu e, posteriormente, a União Europeia.

Com os créditos oriundos do Plano Marshal, foi possível a todos os países europeus ocidentais (exceto a Espanha de Franco e a Finlândia, vizinha da URSS) comprarem alimentos, produtos agrícolas, produtos industrializados e combustíveis, em sua maior parte dos EUA.

O Plano Marshall serviu ainda para a constituição do que viria a ser conhecido como o Estado de Bem-Estar Social, em que parte dos serviços necessários à população (saúde, educação, seguro-desemprego etc.) era oferecida pelo Estado. Dessa forma, os capitalistas ocidentais enfrentavam a influência soviética com a melhoria das condições econômicas da população.

Por outro lado, o Plano Marshall representou um dos primeiros esforços no sentido da internacionalização dos capitais e dos capitalistas no mundo. Através de um plano econômico e social, as fronteiras nacionais foram superadas pelo capitalismo, que poucos anos antes foram motivo de um conflito bélico que resultou na marca de mais de 50 milhões de pessoas mortas.

Por Tales Pinto

O que foi chamado Plano Marshall?

Plano Marshall foi o nome dado a um programa de ajuda oferecido pelos Estados Unidos aos países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial. Ele foi implementado por meio de assistência técnica e financeira com objetivo de ajudar os países da Europa a se reerguer após a guerra.

O que foi o Plano Marshall qual foi o seu resultado?

Resultados do Plano Marshall O resultado do programa foi positivo, uma vez que a economia da Europa Ocidental voltou a prosperar pelas duas décadas seguintes. Para os EUA, os benefícios foram ainda maiores, pois suas exportações cresceram, assim como sua área de influência na Europa.

Quem criou o Plano Marshall e qual era o seu objetivo?

O plano foi lançado pelo presidente dos Estados Unidos, Henry Truman, com o objetivo de oferecer empréstimos a juros baixos e investimentos aos países devastados pela Segunda Guerra Mundial, de modo que eles pudessem se recuperar economicamente.

Quais são as principais características do Plano Marshall?

Plano Marshall, ou Plano de Recuperação Europeia, foi um programa de ajuda econômica dos EUA aos países da Europa Ocidental após a II Guerra Mundial. O objetivo do plano era reconstruir economicamente os países europeus ocidentais que foram destruídos ou que sofreram perdas com a ocorrência da guerra.