Desde o início deste século, a África vem apresentando um
robusto crescimento econômico. Esse bom desempenho é creditado principalmente à forte demanda internacional pelos produtos primários que o continente exporta – as chamadas commodities, que são minérios, petróleo e produtos agropecuários. O recente “boom econômico” da África foi impulsionado pela cobiça de diversos países por seus recursos naturais. Estima-se que os campos petrolíferos africanos possam conter mais de 130 bilhões de barris, quase 9% das reservas
mundiais. Além disso, o continente é rico em minerais raros, entre os quais ouro, diamante, estanho, cobalto, níquel, cromo, nióbio e tântalo. A exportação de minerais valiosos é o motor econômico de países como África do Sul, República Democrática do Congo (RDC), Tanzânia, Zâmbia e vizinhos. A produção agrícola no continente, farto em terras aráveis, também atrai o interesse internacional e investimento tanto para produzir alimentos quanto para biocombustíveis. Quando a crise econômica mundial eclodiu nos EUA e Europa em 2008, a África também sofreu o impacto, mas os investimentos
foram mantidos, e o continente continuou a receber os recursos estrangeiros. Porém, após cinco anos de preços baixos e vendas em quantidades menores, a desvalorização das commodities parece ser um cenário mais duradouro do que o previsto, principalmente porque a China também diminuiu substancialmente as importações da África– uma queda de 39% em 2015. Com um nível de industrialização baixo, a África não consegue exportar produtos manufaturados.Dependência de commoditiesEssa desaceleração na economia africana é consequência de um modelo baseado na excessiva dependência das commodities. Nos últimos anos, a maioria dos países africanos diversificou muito pouco suas estruturas econômicas. Dessa forma, mantêm-se vulneráveis às oscilações dos
preços desses produtos primários. Como o nível de industrialização é muito baixo, os países africanos não conseguem produzir manufaturados, que possuem maior valor de mercado. Segundo a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (Uneca, na sigla em inglês), a contribuição do setor industrial para a economia do continente caiu de 12% em 1980 para 11% em 2013. As duas ÁfricasEm termos geográficos e humanos, o
continente africano apresenta duas grandes regiões: a África Setentrional e a África Subsaariana. O limite natural entre ambas é o Deserto do Saara, que ocupa um terço de todo o território africano. Imediatamente ao sul do deserto, há uma faixa semiárida conhecida como Sahel, que faz parte da África Subsaariana. DoençasA África Subsaariana é assolada por doenças graves e epidemias, resultado da miséria, desnutrição e fome, falta de saneamento básico e estruturas de atendimento em saúde. A incidência de aids, responsável por pelo menos 1 milhão de mortos anualmente desde 1998, fez a expectativa média de vida diminuir cerca de 30 anos nos países mais afetados, como Botsuana, Lesoto, Suazilândia e Zimbábue. Em 2014, a África Subsaariana registrou cerca de 70% dos contaminados no mundo. Um em cada 20 adultos na região vive com o HIV, o vírus causador da doença. Fronteiras artificiaisOs mapas abaixo mostram a diferença brutal entre as regiões étnicas e culturais da África e as fronteiras políticas impostas pelas potências coloniais. A atual divisão política dos países africanos é resultado da colonização europeia, entre os séculos XV e o XX, e foi definida com a Conferência de Berlim (1884-1885). As potências coloniais estabeleceram áreas de domínio e criaram fronteiras que atendiam aos próprios interesses, ignorando os territórios das tribos e das etnias nativas. As nações nascidas com a independência basearam suas fronteiras na divisão política colonial. A África Subsaariana é a região em que a ONU concentra a maior parte de suas forças de paz, com 111 mil homensA partilha do continenteGrande parte da pobreza e dos atuais confrontos na África tem origem na intervenção estrangeira. Desde o século XV, a África é subjugada e espoliada pelos europeus. Durante quase quatro séculos, Portugal, Espanha e Inglaterra levaram negros africanos escravizados para servir de mão de obra no
continente americano. Estima-se que cerca de 12,5 milhões de africanos tenham desembarcado à força nas Américas. Só no Brasil, o número de negros escravizados foi de pelo menos 4 milhões. ConflitosCriados artificialmente, os novos Estados
reuniam diferentes grupos étnicos, com histórias e costumes distintos, carecendo de um autêntico sentimento de identidade e unidade nacional. Em pouco tempo, começaram violentas disputas pelo poder, golpes e ditaduras militares, que por sua vez suscitaram novas intervenções das grandes potências. PARA IR ALÉM Timbuktu (de Abderrahmane Sissako, 2014) indicado ao Oscar 2015, conta o drama de um pescador do Mali que é perseguido por grupos jihadistas. SAIU NA IMPRENSAEUA E ALIADOS LUTAM CONTRA EXPANSÃO DO EI NA ÁFRICAO braço do Estado Islâmico (EI) na Líbia está se alastrando sobre uma ampla área da África, atraindo novos recrutas de países como o Senegal, que estavam em grande parte imunes à propaganda jihadista. Autoridades africanas, junto aos aliados ocidentais,
aumentam os esforços para combater a ameaça. (…) RESUMOÁFRICACRESCIMENTO ECONÔMICO A África é um dos continentes com maior potencial de crescimento econômico e atrai investimentos internacionais, especialmente da China. Reúne 54 países e 1,1 bilhão de habitantes. Nos últimos 15 anos, a economia do
continente cresce a taxas elevadas, movida por fortes exportações de commodities para a China e outras nações emergentes. Esse crescimento, contudo, é afetado pela queda dos preços internacionais das matérias-primas. O que contribuiu para o grande crescimento do PIB africano nas primeiras décadas do século XXI?Crescimento Econômico
A economia africana experimentou um crescimento inédito nas duas primeiras décadas do século XXI. Com o aumento da demanda por petróleo, gás natural e alimentos, o continente se beneficiou do incremento de preços.
Como se caracterizou o crescimento econômico da África nas primeiras décadas do século XXI?O crescimento da África foi no período mencionado, portanto, na média da América Latina e superior à média brasileira. Adaptações macroeconômicas à globalização moveram as economias de todo o continente para equilíbrios na área da gestão dos negócios dos Estados.
Quais foram os fatores que contribuem para o rápido crescimento demográfico na África?Dois fatores podem ser considerados os principais responsáveis por essa situação: o elevado nível das taxas de fertilidade (cada mulher africana tem em média 4 filhos); e a queda paulatina das taxas de mortalidade, que de 223 por mil, na década de 1970, recuou para cerca de 118, no início da década de 2010.
Como o continente africano iniciou o século XXI?A África desenha uma mudança histórica. O século XXI se iniciou com mutações na base das sociedades, das economias e dos Estados africanos.
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