O que são movimentos sociais tradicionais e novos movimentos sociais?

Vivemos em uma sociedade altamente diversa e dinâmica, em que uma enorme gama de diferenças coexiste diariamente. Os indivíduos que integram nossa sociedade possuem necessidades inseridas em realidades diferentes. Essas necessidades precisam ser representadas em nosso contexto político para que sejam atendidas. Todavia, como bem sabemos, não é sempre que os interesses e necessidades de determinados grupos são supridos devidamente pelo Estado ou pelos nossos representantes políticos. A partir desse conflito de interesses é que os movimentos sociais tornam-se uma ferramenta de intervenção.

Os movimentos sociais são característicos de uma sociedade plural, que se constrói em torno do embate político por interesses coletivos e/ou individuais. Assim sendo, a organização de indivíduos em prol de uma causa é uma característica de uma sociedade politicamente ativa. Os grupos que produzem ação em busca da representação política de seus anseios atuam de modo a produzir pressão direta ou indireta no corpo político de um Estado. Para isso, várias formas de ações coletivas são usadas, como a denúncia, as passeatas, marchas etc.

A importância da organização desses grupos mobilizados é grande. A força da ação coletiva só é efetiva quando direcionada. Dessa forma, o surgimento de líderes que representem diretamente as demandas do grupo e a organização em nome de exigências ou ideias comuns são os pilares e a força motriz por traz desses grupos.

Portanto, percebe-se que os movimentos sociais estão diretamente ligados à resolução de problemas sociais, e não à reivindicação de posses materiais. No entanto, eles não se resumem apenas à revindicação de direitos ou à demanda pela representação de um grupo, pois um movimento pode surgir como agente construtor de uma proposta de reorganização social para mudar um ou outro aspecto de uma sociedade.

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Temos como exemplo o movimento Passe Livre, que busca obter a isenção ou o custeamento da passagem de transporte coletivo pelo governo, tendo como argumento ideológico a ideia de que todos os indivíduos de uma sociedade devem ter o direito de ir e vir assegurado pelo Estado. O argumento pauta-se no princípio da liberdade de deslocamento sem que esse direito seja alienado ou tenha valor monetário atribuído à ação de ir e vir. Ao estipular um custo para o deslocamento individual, retira-se esse direito daqueles que não possuem meios de pagar por seu transporte.

O sociólogo francês Alain Touraine considera que a semente dos movimentos sociais está no conflito entre classes e vontades políticas. Para ele, os conflitos sociais estão enraizados em nossa forma de governo e em nosso Estado moderno, permeado por vontades individuais e pelas desigualdades sociais. Essa desigualdade, que fere os princípios de igualdade de um Estado democrático, torna-se um agente de segregação social, cultural e econômica, fatalmente interferindo nas formas de atuação civil daqueles afligidos por tal mal.

Diante disso, os movimentos sociais tornam-se entidades de mediação, isto é, a ferramenta de maior efetividade que os grupos minoritários e desfavorecidos dispõem para buscar a garantia de seus direitos. Sua existência deve ser garantida dentro de um Estado democrático, que depende da legitimação dos cidadãos que o integram para que possa exercer sua função de governar em nome do bem-estar comum.

*Créditos da imagem: YANGCHAO / Shutterstock.com

A primeira tipologia válida é a separação entre movimentos sociais conjunturais e estruturais:

Conjunturais

Duram pouco tempo, vindo a desaparecer e surgir com novas organizações, possuem pautas fluídas e lideranças variadas, são característicos de um novo momento moldado pelas redes sociais e novas redes de comunicação. Exemplo: Primavera dos Povos, Jornadas de Junho…

Estruturais

Movimentos com demandas a longo prazo, grande organização e necessidades estruturais, suas necessidades são geradas por condições sociais complexas e de difícil modificação. Exemplo: movimento negro, movimento ambientalista, movimento feminista…

Outra maneira válida de compreender as tipologias de movimentos sociais está ligada ao contexto histórico em que surgem, podemos dividir em movimentos sociais tradicionais, aqueles formados no século XIX, e novos movimentos sociais, aqueles que surgem ao longo do século XX:

Movimentos sociais tradicionais

Surgem no contexto da revolução industrial, possuem relações com demandas de trabalho e direitos trabalhistas, também podem ser ampliados para movimentos com origem econômica.

Novos movimentos sociais

Surgem ao longo do século XX, através de demandas de grupos ligados a minorias sociais, ampliam-se para outros grupos que busquem alteração de alguma lógica majoritária na sociedade.

Vale lembrar que um movimento social só deve ser caracterizado como tal na medida que busque a coletividade, que sua demanda seja passível para toda a sociedade, um movimento social busca uma alteração em toda base da sociedade. Os movimentos podem ser de transformação, quando buscam transformar e modificar algo na sociedade, ou de manutenção, quando buscam manter algum padrão social estabelecido. 

Exemplo: se o governo realizasse a legalização das drogas, surgiram movimentos apoiando essa modificação, seriam movimentos de transformação, e surgiriam movimentos questionando essa alteração, seriam movimentos que buscam a manutenção da ordem vigente. Da mesma forma que todo movimento pode ser caracterizado como estrutural ou conjuntural, também podem ter sua lógica ligada a manutenção ou transformação da sociedade.

O que são movimentos sociais tradicionais e novos movimentos sociais?

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Os movimentos sociais precisam aparecer para o público, para ganha de seguidores, simpatizantes e realizar atração dos mais variados grupos sociais, movimentos com maior aceitação possuem mais chance de conseguir permutar suas demandas perante o poder público. Sendo assim, os movimentos cometem ações de apresentação, pressão e divulgação de seus objetivos, isso pode ocorrer através de protestos, manifestações, greves, panfletagens, entre outros.

A relação com o governo é fundamental, alguns movimentos vão manter uma relação de aproximação com o governo vigente, outros de oposição. Essa relação com o governo vai variar do posicionamento, em relação as demandas pautadas pelo movimento. É normal acharmos que todo movimento social vai necessariamente contra o governo que está no poder, mas pode ocorrer de um movimentos social ter posicionamentos semelhantes ao instituído pelo governo, estabelecendo uma relação de parceria.

Na atualidade é impossível pensar os movimentos sociais sem o uso da internet, as novas redes sociais de informação e comunicação geram possibilidades renovadas de comunicação e informação, essa grandiosa possibilidade gera uma completa mudança na forma de instituir posturas, realizações e movimentos. Um evento no Facebook pode convocar milhares de indivíduos em minutos, acontecimento que seria impossível algumas décadas atrás, mas também pode gerar um conjunto de indivíduos muito mais heterogêneos, que possuem demandas diferentes e maior dificuldade de manutenção de um discurso único e homogêneo.

O que é movimentos sociais tradicionais e novos movimentos sociais?

Nos movimentos sociais tradicionais os protagonistas principais eram os trabalhadores pobres e assalariados. Os novos movimentos sociais incorporam tanto segmentos da classe média quanto pessoas à margem do mercado de trabalho e da sociedade.

O que são os movimentos sociais tradicionais?

Movimentos sociais tradicionais Movimentos sociais clássicos são os surgidos com a emergência do capitalismo. Talvez o movimento social mais antigo seja a Queda da Bastilha, durante a Revolução Francesa.

O que são os chamados novos movimentos sociais?

Os chamados novos movimentos sociais, ou movimentos sociais contemporâneos, surgiram através de uma série de lutas por reconhecimento e direitos civis. Por isso, eles tratam mais de assuntos voltados a questões éticas e de valores humanos, muito discutidos na sociedade e nas grandes mídias.

Qual a diferença entre os novos e os velhos movimentos sociais?

Os Novos Movimentos Sociais lutam por uma democracia participativa, não mais pela democracia representativa. Uma das características que distingue os velhos dos novos movimentos sociais é a questão da universalização de demandas que antes eram particularistas, e a busca por mais autonomia.