Por que a tomada de Constantinopla é considerada como marco do final da Idade Média?

Mestra em História (UFRJ, 2018)
Graduada em História (UFRJ, 2016)

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O termo queda de Constantinopla refere-se a um acontecimento que se deu em 29 de maio de 1453, quando esta cidade bizantina foi tomada pelos turcos otomanos liderados pelo sultão Mehmed II.

Constantinopla era a capital do chamado Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino; ao contrário de sua outra metade do Ocidente, que se esfacelou com as invasões germânicas, a parte Oriental se consolidaria como uma potência mediterrânea, principalmente a partir da ascensão do imperador Justiniano (482 – 565) junto a sua influente consorte Teodora (500 – 548). Reinando de forma absoluta a partir de uma autocracia política-religiosa, o casal fortificou as fronteiras e reequipou o exército antes que Justiniano ocupasse a Península Itálica. A tal conquista se juntaria alguns anos depois a ocupação da Península Ibérica, tornando o Império Romano do Oriente uma grande potência. Paralelamente ao sucesso militar, Justiniano também sistematizaria os principais preceitos legais do Direito Romano e os transformaria em um código jurídico; até hoje, este trabalho constitui a base de diversas leis no mundo ocidental.

Entretanto, estes êxitos não sobreviveriam por muito tempo ao imperador. Em 636, o processo de decadência começou quando a região da Síria foi perdida para os muçulmanos, seguida pela Palestina, Pérsia, Egito e a Península Ibérica. Em 1054, ocorreria o Grande Cisma religioso que separou a Igreja Católica Romana da Igreja Ortodoxa, afastando de Constantinopla a amizade dos monarcas europeus. Em 1347, a cidade seria uma das vítimas da epidemia de Peste Negra, inaugurando os vários séculos de decadência econômica e demográfica. Em 1453, Constantinopla mal tinha um décimo da população que atingira em seu auge.

Por que a tomada de Constantinopla é considerada como marco do final da Idade Média?

Pintura retrata o cerco que levaria à queda de Constantinopla. Autor desconhecido.

Fragilizada e sem contar com nenhuma ajuda militar, a cidade foi uma presa irresistível para o sultão Mehmed II, que ambicionava aumentar o Império Otomano. Após algumas semanas de cerco com seus mais de 100 mil soldados e bombardeios diários pelos canhões turcos, Mehmed II derrotou efetivamente a cidade ao mandar transportar seus diversos navios de guerra – bloqueados anteriormente por barcos inimigos – por uma estreita faixa de terra. Ao ser atacada por terra e mar, Constantinopla não foi capaz de resistir por muito mais tempo, caindo por fim após um cerco de aproximadamente 50 dias. O último imperador, também chamado Constantino, morreu durante os seus derradeiros esforços para defender a cidade.

Por que a tomada de Constantinopla é considerada como marco do final da Idade Média?

Entrada do sultão Mehmed II em Constantinopla, em 1453. Pintura de Jean-Joseph-Benjamin Constant.

Pouco depois da entrada de Mehmed II na cidade conquistada, a grande basílica de Hagia Sofia (Santa Sabedoria), anteriormente uma referência para a população cristã, foi transformada em uma mesquita. Embora a antiga religião não fosse proibida, agora era o islamismo a fé oficial da cidade – que, aliás, também seria rebatizada, passando a se chamar Istambul. Ela se tornaria a capital do ascendente Império Otomano, que duraria até a Primeira Guerra Mundial, quando daria lugar para a moderna República da Turquia.

A queda de Constantinopla foi um evento profundamente marcante para o século XV, sendo tradicionalmente utilizado por historiadores para marcar o ponto de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. Com dificuldade para encontrar passagem rumo à Ásia, os reinos europeus passariam a procurar outras rotas comerciais, num processo que eventualmente levaria às Grandes Navegações e à descoberta das Américas.

Bibliografia:

SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo; SERIACOPI, Reinaldo. “O império bizantino”. In: História: volume único. São Paulo: Ática, 2005. pp. 98-101.

http://www.dw.com/pt-br/1453-constantinopla-%C3%A9-tomada-pelos-turcos/a-325020

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/idade-media/queda-de-constantinopla/

Por que a cidade de Constantinopla foi tão importante na Idade Média?

Constantinopla, por se localizar em estratégica rota comercial, ficou conhecida como uma cidade cosmopolita, com influências culturais tanto do Ocidente quanto do Oriente.

Por que os historiadores consideram a queda de Constantinopla como sendo o marco inicial da Idade Moderna?

As consequências da queda de Constantinopla Por medo da conversão forçada ao Islã, gregos e outros povos dos Balcãs fugiram através do Mar Adriático para a Itália. Eles levaram consigo obras de arte, manuscritos e estudos que foram imprescindíveis para o início do Renascimento.

O que significou a tomada de Constantinopla?

A Queda de Constantinopla significou o fim de eventuais vestígios dos Impérios Romano e Bizantino. Os historiadores definiram esse acontecimento como o marco final de um longo período chamado de Idade Média.

Quais foram as consequências da tomada de Constantinopla?

A queda de Constantinopla às mãos dos otomanos marcou o fim efetivo do Império Romano e, tradicionalmente, o fim da Idade Média e o princípio da Idade Moderna. A cidade, múltiplas vezes ocupada por diferentes potências, separa a Europa da Ásia e corresponde à atual Istambul, na Turquia.