Porque a pressão arterial aumenta durante o exercício?

O que é? 

1 em cada 5 adultos apresenta pressão arterial alta, sendo esta uma das principais causas de morte por AVC e doença cardíaca. Esta patologia por si só não é fatal, mas associada a outros fatores de risco potencializa exponencialmente o desenvolvimento de doenças mortais. Tendencialmente, a hipertensão tem maior incidência no sexo masculino do que no sexo feminino, causando a morte a um elevado número de pessoas com menos de 65 anos. 

A hipertensão é a condição na qual a pressão arterial se encontra cronicamente acima dos valores recomendados pela OMS (PAS > 139 PAD >89), medida em vários momentos. Esta pode ter origem primária, não existindo quaisquer sintomas, ou pode estar associada a uma patologia. Para algumas pessoas que sofrem deste problema, a origem é hereditária, mas para a grande maioria, a causa tem a ver com estilo de vida e comportamentos alimentares pouco saudáveis.

Pessoas que sofrem de obesidade, sedentários, que usam sal excessivamente na sua alimentação, fumadores e que habitualmente consomem um elevado teor de álcool, são as principais vítimas da HTA. 

Exercício físico no combate à hipertensão 

Manter uma vida ativa é de extrema importância para a prevenção de doenças cardiovasculares. Contudo, a sociedade de hoje manifesta níveis insuficientes de atividade física, para que essa prevenção seja eficaz. O exercício físico tem efeitos favoráveis, juntamente com a medicação no tratamento da hipertensão arterial, nomeadamente em casos de hipertensão ligeira, causada por excesso de peso, podendo até normalizar a pressão arterial sem ter de recorrer a medicação. Será sempre necessário que haja uma aprovação médica para a prática do exercício físico por parte do doente, pois se este apresentar valores demasiado elevados, o exercício vai potencializar ainda mais o aumento da pressão arterial.

Surge, então, uma necessidade ainda maior do praticante ter um plano de treino individualizado e adequado à sua condição atual, de forma a tirar o maior proveito do treino. 

Como resposta imediata ao exercício, a pressão arterial tende a baixar a seguir ao treino, a chamada hipotensão pós-exercício (HPE). Este fenómeno acontece também com normotensos, mas com maior magnitude em hipertensos, podendo durar este efeito até 22 horas depois do treino. Este efeito hipotensor e protetor cardiovascular do exercício regular deve-se a adaptações neuro hormonais e estruturais a nível do vaso, músculo e adipócito. Claro que esta resposta vai sempre depender do indivíduo, faixa etária, situação clínica, tipo de treino e o seu volume e intensidade. No geral, o exercício físico a longo prazo, ajuda a melhorar a qualidade de vida e a saúde, contribuindo para uma perda de peso e diminuição da gordura visceral que está altamente relacionada com problemas cardiovasculares, nomeadamente o aumento da pressão arterial. 

Ninguém precisa de treinar todos os dias para obter os benefícios que o exercício físico pode proporcionar, se feito de forma segura, adequada e eficaz.

Recomendações de treino

A frequência de 3 a 5 dias de treino, de 30 a 60 minutos por semana, é suficiente na redução da PA, e se o indivíduo estiver a iniciar a atividade física pela primeira vez, deverá aumentar gradualmente o número de treinos, de forma a evitar lesões. A intensidade do treino aeróbio deverá corresponder a 40 a 70% VO2 max, ou, segundo a escala de Borg (6-20), entre 12 e 13. A utilização desta escala em praticantes medicados para a HTA é extremamente útil, pois, devido às propriedades beta-bloqueantes da medicação, a frequência cardíaca pode não aumentar mesmo aumentando a intensidade.

Em indivíduos com menor risco cardiovascular, pode aplicar-se treino intervalado, alternando intensidades durante o mesmo treino, juntando mesmo exercícios de força, uma vez que, além de proporcionar maior redução da pressão arterial comparativamente ao treino continuo uniforme, ajuda nos ganhos de massa muscular.

Relativamente ao treino de força, como não é recomendado o treino de força máxima para conseguir determinar 1 RM (repetição máxima) trabalhar com intensidade, será adequado a realização de 2 a 4 séries entre 8 a 15 repetições, dependendo do objetivo, experiência e situação clínica atual do indivíduo. O ideal será dar sempre primazia a exercícios para os grandes grupos musculares, trabalhando alternadamente e de forma equilibrada os vários padrões de movimento, sempre tendo em atenção a execução correta dos exercícios. 

O que devemos evitar?

Deverá evitar-se a realização de exercícios acima do nível da cabeça ou exercícios em decúbito dorsal, por causa da elevação do diafragma e compressão da caixa torácica que irá criar uma maior dificuldade na respiração, provocando o aumento da pressão arterial. Evitar fazer os exercícios em apneia, a chamada manobra de valsava, nomeadamente em exercícios isométricos, nos quais existe uma maior tendência para suster a respiração. 

Em forma de conclusão, é de reforçar a importância de um plano individualizado e personalizado, elaborado por um profissional, para quem padeça desta patologia, devido a todas as condicionantes que é preciso ter em conta na prática do exercício físico em segurança. 

Joana Palaio

Personal Trainer Holmes Place Tejo

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