Primeira carta ensinar aprender leitura do mundo leitura da palavra

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leitura-do-mundo-leitura-da-palavra
Publicado em NOVA ESCOLA 27 de Abril | 2018
Carta aos professores
Paulo Freire - Ensinar,
aprender: leitura do mundo,
leitura da palavra
Em seu texto, o educador Paulo Freire defende a formação e
capacitação constante dos professores para se tornem
"processos permanentes"
NOVA ESCOLA
Paulo Freire, autor de Pedagogia do Oprimido Foto: Alice Hattori
"Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre
si, mediatizados pelo mundo". A frase tirada de "Pedagogia do Oprimido" é uma das
mais citadas por educadores ao se referir a Paulo Freire (1927-1997). Ao apontar que o
educador deveria assumir o papel de "facilitador" ou "coordenador", em vez de tratar
estudantes como caixas para serem enchidas com fatos empacotados, Freire estimula
que aprendamos uns com os outros. "Um diálogo não pode existir, entretanto, na
ausência de um amor profundo pelo mundo e pelas pessoas... Porque o amor é um ato
de coragem, não de medo, amor é compromisso com os outros".
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LEIA MAIS Especial Grandes Pensadores - Paulo Freire
Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu
nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para
Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação
às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas
e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente
Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de
sua obra.
VEJA MAIS Teoria de Paulo Freire explicada em vídeo
Para marcar o Dia Mundial da Educação, selecionamos um texto escrito para os
professores "Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra".
Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra
"Nenhum tema mais adequado para constituir-se em objeto desta primeira carta a
quem ousa ensinar do que a significação crítica desse ato, assim como a significação
igualmente crítica de aprender. É que não existe ensinar sem aprender e com isto eu
quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de
quem ensina e de quem aprende. Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de
tal maneira que quem ensina aprende, de um lado, porque reconhece um
conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observado a maneira como a
curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que não
o aprende, o ensinante se ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos.
O aprendizado do ensinante ao ensinar não se dá necessariamente através da
retificação que o aprendiz lhe faça de erros cometidos. O aprendizado do ensinante ao
ensinar se verifica à medida em que o ensinante, humilde, aberto, se ache
permanentemente disponível a repensar o pensado, rever-se em suas posições; em
que procura envolver-se com a curiosidade dos alunos e dos diferentes caminhos e
veredas, que ela os faz percorrer. Alguns desses caminhos e algumas dessas veredas,
que a curiosidade às vezes quase virgem dos alunos percorre, estão grávidas de
sugestões, de perguntas que não foram percebidas antes pelo ensinante. Mas agora,
ao ensinar, não como um burocrata da mente, mas reconstruindo os caminhos de sua
curiosidade — razão por que seu corpo consciente, sensível, emocionado, se abre às
adivinhações dos alunos, à sua ingenuidade e à sua criatividade — o ensinante que
assim atua tem, no seu ensinar, um momento rico de seu aprender. O ensinante
aprende primeiro a ensinar mas aprende a ensinar ao ensinar algo que é reaprendido
por estar sendo ensinado.
O fato, porém, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo conteúdo não
deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure a ensinar sem
competência para fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não sabe. A responsabilidade
ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se
capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente. Esta atividade
exige que sua preparação, sua capacitação, sua formação se tornem processos
permanentes. Sua experiência docente, se bem percebida e bem vivida, vai deixando
claro que ela requer uma formação permanente do ensinante. Formação que se funda
na análise crítica de sua prática.
Partamos da experiência de aprender, de conhecer, por parte de quem se prepara
para a tarefa docente, que envolve necessariamente estudar. Obviamente, minha
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/conteudo/460/mentor-educacao-consciencia
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/conteudo/4630/teoria-de-paulo-freire-explicada-em-video
intenção não é escrever prescrições que devam ser rigorosamente seguidas, o que
significaria uma chocante contradição com tudo o que falei até agora. Pelo contrário, o
que me interessa aqui, de acordo com o espírito mesmo deste livro, é desafiar seus
leitores e leitoras em torno de certos pontos ou aspectos, insistindo em que há sempre
algo diferente a fazer na nossa cotidianidade educativa, quer dela participemos como
aprendizes, e portanto ensinantes, ou como ensinantes e, por isso, aprendizes
também.
Não gostaria, assim, sequer, de dar a impressão de estar deixando absolutamente
clara a questão do estudar, do ler, do observar, do reconhecer as relações entre os
objetos para conhecê-los. Estarei tentando clarear alguns dos pontos que merecem
nossa atenção na compreensão crítica desses processos.
Comecemos por estudar, que envolvendo o ensinar do ensinante, envolve também de
um lado, a aprendizagem anterior e concomitante de quem ensina e a aprendizagem
do aprendiz que se prepara para ensinar amanhã ou refaz seu saber para melhor
ensinar hoje ou, de outro lado, aprendizagem de quem, criança ainda, se acha nos
começos de sua escolarização.
Enquanto preparação do sujeito para aprender, estudar é, em primeiro lugar, um que-
fazer crítico, criador, recriador, não importa que eu nele me engaje através da leitura
de um texto que trata ou discute um certo conteúdo que me foi proposto pela escola
ou se o realizo partindo de uma reflexão crítica sobre um certo acontecimentos social
ou natural e que, como necessidade da própria reflexão, me conduz à leitura de textos
que minha curiosidade e minha experiência intelectual me sugerem ou que me são
sugeridos por outros.
 
Vídeo: https://www.youtube.com/embed/Bc-ioue8bPM?list=PL0k4OibqI6p6dqDjVkxbt-
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Assim, em nível de uma posição crítica, a que não dicotomiza o saber do senso comum
do outro saber, mais sistemático, de maior exatidão, mas busca uma síntese dos
contrários, o ato de estudar implica sempre o de ler, mesmo que neste não se esgote.
De ler o mundo, de ler a palavra e assim ler a leitura do mundo anteriormente feita.
Mas ler não é puro entretenimento nem tampouco um exercício de memorização
mecânica de certos trechos do texto.
Se, na verdade, estou estudando e estou lendo seriamente, não posso ultra-passar
uma página se não consegui com relativa clareza, ganhar sua significação. Minha saída
não está em memorizar porções de períodos lendo mecanicamente duas, três, quatro
vezes pedaços do texto fechando os olhos e tentando repeti-las como se sua fixação
puramente maquinal me desse o conhecimento de que preciso.
Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou
estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a
forma crítica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito
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do processo de conhecer em que se acha. Ler é procurar buscar criar a compreensão
do lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino correto da
leitura e da escrita. É que ensinar a ler é engajar-se numa experiência

O que Paulo Freire quer dizer ao afirmar que a leitura do mundo precede a leitura da palavra?

Paulo Freire afirma que a “leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1989), com isto, quer dizer que apoio na realidade vivida é a base para qualquer construção de conhecimento.

O que o Paulo Freire fala sobre a leitura?

Em seus estudos, Paulo Freire ressalta que ler vai além de decodificar signos linguísticos; é preciso buscar a compreensão do lido para compreender o contexto vivido e assim libertar-se das ideologias que impedem de buscar condições éticas para construir uma sociedade solidária.

O que quer dizer a carta de Paulo Freire aos professores?

O professor transmite seus conhecimentos e está sempre operante a se aperfeiçoar mais. Porque ser professor é si doar. Também é ouvinte, porque tudo nesse mundo é uma troca. Aconselhador, pois encara o problema do aluno como seu.

O que Paulo Freire quis dizer que sabem ensinar não é transmitir conhecimento?

ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção" (FREIRE, 2003, p. 47), e que o conhecimento precisa ser vivido e testemunhado pelo agente pedagógico.