Quais foram os ideais que nortearam os revolucionários europeus de 1848?

História

Causas da revoluções

Com Carlos X a França restabeleceu o Antigo Regime, com o apoio da facção mais conservadora, os seguidores da “legitimidade”, reimplantando o absolutismo e restaurando os privilégios do clero e da nobreza.

Carlos X sofreu crescente oposição dos liberais (liderados pelo duque Luís Felipe) e da imprensa (especialmente do jornal “O Nacional”), que mobilizaram a sociedade, criando condições revolucionárias que explodiriam em 1830.

A Revolução Liberal de 1830

O ativismo político dos liberais contra a reação absolutista culminou, em julho de 1830 com as “Jornadas Gloriosas”, barricadas levantadas nas ruas de Paris, que derrubaram os Bourbons do trono francês. A Revolução, estimulada e liderada pela alta burguesia francesa, resultou na fuga de Carlos X, temeroso de desdobramentos revolucionários semelhantes aos de 1789, que haviam resultado na decapitação de seu irmão Luís XVI.

A Revolução Liberal de 1830, também chamada de Jornadas de Julho, estancou o avanço reacionário iniciado com o Congresso de Viena de 1815. A repercussão foi in­tensa na Europa e atingiu de certa maneira também o Brasil. Aqui, desde 1824, D. Pedro I impusera um governo absolu­tista com base na Constituição outorgada de 1824. A reto­mada liberal europeia, que culminou na Revolução de 1830, tinha no Brasil como representante o jornalista Libero Badaró, assassinado em novembro de 1830 por partidários de D. Pedro I. Esse acontecimento, somado aos ventos liberais da Europa, levaram à “Noite das Garrafadas” de 1831, enfrentamento de brasileiros contra partidários do Imperador, que levaram à abdicação de D. Pedro, a 7 de abril de 1831.

Quais foram os ideais que nortearam os revolucionários europeus de 1848?
As revoluções liberais de 1830 e 1848 tiveram como epicentro a França. Ao espalharem-se pela Europa, entretanto, elas se caracterizaram pelo nacionalismo. Povos com uma mesma cultura, etnia e língua clamavam contra a partilha do Congresso de Viena. (Quadro de Delacroix, A Liberdade Guiando O Povo.)

O poder foi ocupado por Luís Felipe, conhecido como o “Rei burguês” ou “Rei das barricadas”, representante de um avanço liberal que repercutiu por toda a Europa, pois impul­sionava o entusiasmo de nações prejudicadas pelas medidas do Congresso de Viena: a Bélgica proclamou sua independên­cia da Holanda, e a Alemanha, a Itália e a Polônia iniciaram as lutas nacionais contra a dominação estrangeira.

A Revolução de 1830 sepultou definitivamente a reação restauradora do Congresso de Viena, motivando uma vaga de progressismo e ímpeto revolucionário, que culminaria na Re­volução de 1848 e em diversos movimentos nacionalistas do período.

Na França, Luís Felipe revisou a Constituição dos Bourbons, reforçando pontos liberais, como a sua submissão à Constituição, que fortaleceu o legislativo; aboliu a censura e o caráter oficial da religião católica, apesar de manter a exigên­cia censitária para eleger ou ser eleito a um cargo legislativo.

Luís Felipe atendeu exclusivamente os interesses da bur­guesia, ignorando os do operariado, o que ativou a agitação político-social, a oposição generalizada.

Os opositores a Luís Felipe organizaram reuniões popu­lares de manifestações contrárias ao “rei burguês”, apelidadas de política dos banquetes — referência às reuniões de políti­cos em restaurantes condenando o regime. Após mais de 60 dessas reuniões, quando o ministro Guizot decidiu proibi-las, em fevereiro de 1848, o descontentamento generalizado explodiu, dando início à Revolução de 1848.

Os adversários do governo — socialistas, bonapartistas e republicanos — uniram-se contra Luís Felipe, reclamando uma reforma eleitoral e parlamentar. Reivindicavam a queda da exi­gência censitária, permitindo o voto para todos os que pagas­sem até 100 francos de imposto anual. O rei e seu ministro Guizot não cederam às pressões reformistas. As manifestações populares, os confrontos e a rebeldia da Guarda Nacional le­varam à demissão de Guizot e à fuga de Luís Felipe para a In­glaterra. Era a Revolução de fevereiro de 1848 na França, o epicentro de explosões por todo o mundo, refletindo o ânimo apaixonado das massas por mudanças profundas.

A Revolução de 1848 e a Segunda República Francesa

Com a derrubada de Luís Felipe, foi proclamada a Segun­da República na França (a primeira foi a de 1792 a 1804), e as massas populares, com suas várias correntes políticas, orga­nizaram um governo provisório, com a função de convocar uma Assembleia Constituinte que elaboraria uma nova consti­tuição para o país. O liberal Lamartine ficou com a presidência do governo provisório, de que participavam também o jorna­lista moderado Ledru-Rollin, o escritor socialista Louis Blanc e o operário Albert.

Dentre as primeiras medidas do novo governo, destaca­ram-se o fim da pena de morte e o estabelecimento do sufrá­gio universal nas eleições, ao mesmo tempo que afloraram conflitos entre as lideranças trabalhistas e as burguesas. Os so­cialistas pressionavam por medidas governamentais que garan­tissem trabalho, direito de greve e limitação das horas de tra­balho. Obtiveram a criação das “Oficinas Nacionais“, traba­lhos para os desempregados em aterros, fábricas e constru­ções do governo, imprimindo como meta política a criação de uma república social. Ao contrário, os liberais-moderados, re­presentantes dos grandes proprietários e burgueses da França, buscavam barrar as medidas de cunho popular, temendo que desembocassem num governo radical como o montanhês de 1793.

Em abril de 1848, nas eleições da Assembleia Constituinte, os moderados saíram-se vitoriosos, obtendo a maioria das cadeiras, graças, principalmente, à atuação dos proprie­tários rurais, radicalizando a polarização política entre socia­listas e burgueses. Os populares multiplicaram suas manifes­tações de rua, tumultuando Paris. Sob o comando do general Carvaignac, o governo massacrou os revoltosos (Massacre de Carvaignac), suspendeu os direitos individuais, fechou as “Oficinas Nacionais”, transformando a Revolução em guerra civil: mais de 3.000 pessoas foram fuziladas, e 15.000 fo­ram deportadas para as colônias. Carvaignac, conhecido co­mo “o carniceiro”, garantiu a vitória da burguesia, assumindo o governo até novembro, quando foi aprovada a nova Cons­tituição republicana. Segundo essa Constituição, o poder le­gislativo caberia a uma assembleia eleita por sufrágio univer­sal por 3 anos, e o poder executivo ficaria a cargo de um presidente eleito por 4 anos.

A 10 de dezembro de 1848, os franceses elegeram seu presidente — Luís Bonaparte, sobrinho do imperador Napoleão I e, portanto, figura carismática, em que se via a possibili­dade de restauração da glória vivida pelo país na época de Napoleão.

Por: Renan Bardine

Veja também:

  • Revoluções de 1848 e a Primavera dos Povos
  • Congresso de Viena
  • Napoleão Bonaparte e a Era Napoleônica
  • Santa Aliança
  • Revolução Francesa
  • Império Napoleônico

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Quais foram os ideais que nortearam os movimentos revolucionários de 1848 na Europa?

A Revolução de 1848 Nesse sentido, buscou a ampliação do Poder Legislativo, anulou qualquer ato de censura aos meios de comunicação e realizou a separação entre Igreja e Estado. Contudo, mesmo com tais avanços, vários grupos políticos se voltaram com seu governo assim que o voto censitário fora preservado.

Quais as ideologias que nortearam o movimento revolucionário de 1848 denominado Primavera dos Povos na Europa?

A ideologia predominante, e que de certo modo unia todos os movimentos era a de um socialismo utópico (tanto que naquele mesmo ano temos a concepção do famoso "Manifesto Comunista" de Karl Marx e Friedrich Engels).

Quais as três ideologias que influenciaram as revoluções de 1848?

A Revolução de 1848, também chamada de Primavera dos Povos, foi uma série de conflitos que aconteceram em alguns países da Europa. Teve início da França, posteriormente se propagou pelos grandes centros urbanos. Tinha cunho liberal, nacional e socialista.

Quais eram os principais objetivos da Revolução de 1848?

Os objetivos principais das manifestações eram o fim do Antigo Regime (absolutismo) e melhores condições de vida para a população.