Quais os cuidados de enfermagem na assistência ao trabalho de parto e parto?

  • Introdução

A gestação é considerada uma condição fisiológica; no entanto, é um período da vida da mulher que requer atenção especial dos profissionais de saúde, incluindo o enfermeiro e a equipe de enfermagem. Essa etapa culmina com o trabalho de parto, o parto e o nascimento do bebê. Trata-se de um momento de êxtase para a mulher, porém, na maioria das vezes, é acompanhado por ansiedade e medo do desconhecido ou por experiências anteriores negativas.

Durante a gestação, a paciente passa por transformações biológicas, psicológicas e sociais. Ela necessita de uma assistência eficaz, prestada por profissionais de saúde que sejam capazes de reconhecer as morbidades associadas a esse período e de classificar a gravidez como risco habitual ou alto risco.1

O enfermeiro generalista é capacitado técnica e legalmente para prestar assistência no ciclo gravídico-puerperal e para executar o parto sem distocia. Dessa maneira, o profissional deve ser capaz de contribuir para a implementação da sistematização da assistência de enfermagem (SAEsistematização da assistência de enfermagem) e de realizar o processo de enfermagem (PEprocesso de enfermagem). Ao profissional de enfermagem obstétrica cabem, além dessas atividades, as funções a seguir:2

  • aplicação de anestesia local, quando necessária;
  • realização de episiotomia e episiorrafia;
  • identificação das distocias obstétricas;
  • tomadas de providências até a chegada do médico.

Quais os cuidados de enfermagem na assistência ao trabalho de parto e parto?

Cabe aos profissionais de saúde atuar, durante todo o período que compreende o trabalho de parto e o parto, com competência técnica, científica e de forma humanizada, garantindo uma assistência de excelência. Nesse contexto, o enfermeiro deve realizar o PEprocesso de enfermagem para identificar os diagnósticos, intervir de maneira adequada, assegurar o bem-estar da mulher e de seu filho e tornar o processo de trabalho de parto e parto uma experiência bem-sucedida para todos os envolvidos.

Neste artigo, será abordado o PEprocesso de enfermagem na assistência à parturiente de risco habitual, ou seja, aquela que preenche os seguintes critérios:1

  • estar na faixa etária entre 16 e 34 anos;
  • não apresentar fatores de risco individual e sociodemográfico;
  • ter um intervalo entre as gestações maior do que um ano;
  • não apresentar intercorrências clínicas e/ou obstétricas anteriores e na gravidez atual.
  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

  • descrever os períodos clínicos do trabalho de parto;
  • definir a SAEsistematização da assistência de enfermagem;
  • diferenciar a SAEsistematização da assistência de enfermagem do PEprocesso de enfermagem;
  • citar os principais diagnósticos de enfermagem (DEdiagnósticos de enfermagems) referentes a parturientes de risco habitual e as respectivas prescrições de cuidados.
  • Esquema conceitual

Quais os cuidados de enfermagem na assistência ao trabalho de parto e parto?

INTRODUÇÃO

O nascimento é um evento natural, experimentado de maneira individual, vivido de forma singular entre as mulheres e seus familiares. Desde o século XX, sobretudo no final dos 80, muito se é discutido sobre o processo de humanização do parto no Brasil, levantando críticas sobre o modelo hegemônico hospitalocêntrico de atenção ao parto (FRELLO eCARRARO, 2010).

Muitos autores discutem sobre como o parto humanizado apresenta mudanças no modelo de atendimento ao parto hospitalar no Brasil, baseando-se na proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1985, que inclui incentivo ao parto vaginal, a presença do pai ou outro acompanhante, o aleitamento pós-parto imediato, a atuação de enfermeiras obstétricas na atenção aos partos normais, ao alojamento conjunto e a inclusão de parteiras leigas.

 A humanização no trabalho de parto é um assunto muito debatido no âmbito da saúde. Essa humanização busca proporcionar uma assistência integral, respeitando e atendendo a parturiente em sua dimensão espiritual, psicológica, biológica, fazendo com que o parto se torne mais fisiológico, por meio da diminuição de intervenções desnecessárias e na utilização de procedimentos que reduzem o desconforto físico e emocional.

Nesse contexto de humanização da assistência ao parto, faz-se necessário a conscientização das mães e profissionais da enfermagem a respeito do parto fisiológico e sem intervenções desnecessárias, com a garantia que a mulher possua direitos sobre o próprio corpo e autonomia no momento do nascimento.

Frente a este cenário, a presente pesquisa tem como objetivo apresentar a importância dos cuidados de enfermagem durante todas  as fases do trabalho  parto e descrever a importância de uma assistência humanizada e respeitosa tanto para mãe quanto para o bebê.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre Cuidados de Enfermagem nas Fases do Parto Normal Humanizado. Para tal, foram pesquisados artigos nos sites Scielo e COREN.

Foram utilizados 09 artigos, dando preferência aos mais recentes na literatura, que preencheram os critérios para o desenvolvimento do resumo.

RESULTADOSE DISCUSSAO

O nascimento é um processo fisiológico pelo qual o útero grávido expele os produtos da concepção para o exterior, através da vagina, podendo durar muitas horas, causando certo grau de desconforto e dor na mulher (NILSEN  et  al.,  2011).

 Ao longo dos anos, a história do parto teve muitas mudanças em sua assistência. Até o século XVI, segundo Maldonado (1991), o parto era considerado “assunto de mulher”, pois nessa época as mulheres davam á luz em suas próprias casas, nas suas próprias camas, somente com a ajuda de parteiras. Com o tempo, as coisas foram mudando e os partos começaram a ser assistidos em especial, quando era um parto da realeza Europeia. Ao decorrer do tempo, entre o século XVI e XVII, surgiu a figura do cirurgião e, consequentemente, a parteira foi perdendo lugar.

O parto normal é o método natural de nascer e, como tal, possui a proteção das forças da natureza. Se a mãe for jogada à própria sorte, em mais de 92% das vezes ela terá o seu filho sem problemas. A sua recuperação é imediata, pois, logo após o nascimento, poderá levantar-se e atender seu filho. As complicações próprias do parto normal são menos graves quando comparado com as complicações do parto cirúrgico. (COREN SP, 2019).

O parto normal se divide em quatro estágios (DAVIN et al., 2008). Primeiro período: dilatação - dura no início do trabalho de parto até a dilatação completa (10 cm) (NILSEN et al., 2011). Segundo período: expulsão - começa com a dilatação completa e termina com a saída do bebê. Terceiro período: dequitação, em que ocorre a saída da placenta e membranas, dura cerca de 10 a 30 minutos. Quarto período: Período de Greenberg - quando há um risco de hemorragia materna, podendo levar a morte. É a fase mais crítica e dura de 1 a 2 horas.

Nagahama e Santiago (2011) apresentam os seguintes cuidados de enfermagem durante a fase do parto: avaliar o cartão da gestante; aferir sinais vitais, incluindo BCF e oferecer conforto. Ainda segundo o autor, o parto humanizado é um processo que preserva a individualidade da mulher, respeitando e aceitando-a como protagonista da ação. O respeito envolve garantir a autonomia da mãe, a forma como ela quer ter seu bebê e a posição que deseja parir.

De acordo com Mouta e Progianti (2009), os profissionais da enfermagem devem sempre buscar o bem estar da mulher durante o processo de parturição, colocando-a como protagonista da situação, respeitando seus desejos e preferências como propósitos a serem atingidos. Resgatar o contato humano, acolher, ouvir, explicar e criar um vínculo com a mãe são quesitos indispensáveis no cuidado.

O primeiro período do parto se divide em três fases: latente, ativa e transição.

Fase latente: Acontecem contrações regulares curtas, apalpamento (completo) e dilatação cervical lento de 0 a 4 cm; dores lombares. Geralmente a parturiente se sente eufórica (o bebê vai nascer); respira com as contrações; faz careta e aperta as mãos (FAISAL e MENEZES, 2006). Os primeiros cuidados que os enfermeiros devem ter é avaliar o cartão da gestante; orientar a parturiente quanto ao ambiente do parto e a equipe; ensiná-la sobre o trabalho de parto (contrações e períodos); tirar dúvidas e responder perguntas; praticar técnicas de respiração e rebaixamento; aferir sinais vitais, incluindo BCF; calor humano e conforto; identificar pacientes através da pulseira de identificação; direito a acompanhante (FORTES, 2004).

Fase ativa: É a fase que a mulher se entrega ao trabalho do parto (relaxamento máximo); as contrações são mais intensas e freqüentes, dilatação mais rápido de 5 a 9 cm. A mãe apresenta introspecção e chora de dor, inquietude e contorce o corpo durante as contrações (FORTES 2004). Na fase ativa, o enfermeiro deve umedecer a face; oferecer líquidos; massagear ombros, lombar, pés e mãos entre as contrações para promover relaxamento e conforto; encorajar a mãe a se mover; mudar de posição; oferecer privacidade; silencio e conforto; auxiliar nas contrações (paciência e elogios); apontar progressos (FAISAL e MENEZES, 2006).                                 

Fase de transição: É a fase mais difícil e curta com contrações fortes e intensas, finalizando a dilatação completa do colo em 10 cm. Nesse momento, a mãe requer apoio emocional e encorajamento. Ela sente tremores; eliminação de gazes; pânico; perda de controle (não querem mais partos normais); amniorrexe (estouro da bolsa amniótica) (FAISAL e MENEZES, 2006). O profissional de enfermagem deve oferecer apoio verbal; trocar a paciente de posição; manter a paciente focada em seu objetivo; encorajá-la com palavras de confiança e elogios; lembrá-la que essa fase é mais curta e que logo estará com seu bebê em seus braços (FORTES, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente trabalho observamos que humanizar é basicamente respeitar a individualidade das parturientes, saber observar e escutar, permitindo a adequação da assistência segundo sua cultura, cresças, valores e desejos. A assistência humanizada ao parto gera resultados benéficos tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.

A atenção adequada à mulher no momento do parto representa um passo indispensável para garantir que ela possa exercer a maternidade com segurança e bem-estar. Este é um direito de toda mulher. A equipe de saúde deve estar preparada para acolher a gestante, seu companheiro e familiares, respeitando todos os significados desse momento. Isso deve facilitar o estabelecimento de vínculo mais profundo com a gestante, transmitindo-lhe confiança e tranquilidade.

Assim, compreende-se que a função do enfermeiro durante todo o processo de trabalho do parto e pós-parto é de suma importânncia, pois é o enfermeiro que está presente junto à mãe em todo processo de parturição, oferecendo conforto, atenção, esclarecendo dúvidas e apoiando a mãe em tudo que ela necessitar.

REFERÊNCIAS

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO (COREN-SP). Parto natural e parto normal: quais diferenças. Revista Enfermagem, a. 10, n. 81, jul. 2009. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2017/12/revista_enfermagem_julho_2009_0-1.pdf. Acesso em: 15 set. 2020.

DAVIM, R. M. B.; TORRES, G. V.; DANTAS, J. C. Representação de Parturientes acerca da dor de parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 10, n. 1, p. 100-109, 2008. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/7685/5459. Acesso em: 15 set. 2020.

FAISAL, A. C; MENEZES, P.R. Fatores associados à preferência por cesariana.  Revista Saúde Pública, São Paulo, v.40, n.2, p.178-186, dez./jan. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000200007. Acesso em: 10 set. 2020.

FORTES, P.A.C. Ética, direitos dos usuários e políticas de humanização da atenção à saúde. Revista Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 13, n.3, p. 30-35, set. 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902004000300004. Acesso em: 10 set. 2020.

FRELLO, A. T.; CARRARO, T. E. Componentes do cuidado de enfermagem no processo de parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.12, ,n. 4, p. 660-668, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.5216/ree.v12i4.7056. Acesso em: 15 set. 2020.

MALDONADO, M. T. Psicologia da gravidez. Petrópolis: Vozes, 1991.

MOUTA, Ricardo José Oliveira; PROGIANTI, Jane Márcia. Estratégias de luta das enfermeiras da Maternidade Leila Diniz para implantação de um modelo humanizado de assistência ao parto. Texto contexto - enferm.,  Florianópolis ,  v. 18, n. 4, p. 731-740,  dez.  2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072009000400015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2020.

NAGAHAMA, Elizabeth Eriko Ishida; SANTIAGO, Silvia Maria. Parto humanizado e tipo de parto: avaliação da assistência oferecida pelo Sistema Único de Saúde em uma cidade do sul do Brasil. Rev. Bras. Saude Mater. Infant.,  Recife ,  v. 11, n. 4, p. 415-425,  dez.  2011 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292011000400008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  15  set.  2020.

NILSEN, Evenise; SABATINO, Hugo; LOPES, Maria Helena Baena de Moraes. Dor e comportamento de mulheres durante o trabalho de parto e parto em diferentes posições. Rev. esc. enferm. USP,  São Paulo ,  v. 45, n. 3, p. 557-565,  jun.  2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000300002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2020.

Como é feita a assistência ao parto?

Geralmente a sondagem vesical é feita nos casos de parto cirúrgicos, deixando-se a sonda de demora (alguns obstetras optam por não utilizar); Tricotomia do abdômen, períneo, raiz das coxas e ânus (tricotomizador elêtrico para aparar os pelos);

Qual a importância da enfermagem para o parto?

Objetivo: investigar a assistência de enfermagem ao trabalho de parto e parto, através da percepção das parturientes, buscando desse modo, contribuir para o aprimoramento do cuidado, uma vez que esse, para ser realizado, precisa da contribuição direta tanto do profissional, quanto do cliente.

Quais são as funções do assistente de parto?

Acolher e apoiar a paciente em todo o trabalho de parto. Monitorar os sinais e sintomas da evolução do parto. Orientar e oferecer os métodos não farmacológicos de alívio da dor. Prestar um atendimento humanizado a paciente e seu acompanhante. AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM Pré-natal (realizada na ME / UBS/ não realizou).

Qual a função do técnico de enfermagem na sala de parto?

É um técnico de enfermagem a postos para ajudar em procedimentos diversos. Comanda o parto e opera os procedimentos principais. Fica ao lado do médico, dando toda a assistência necessária, como passar os instrumentos e materiais cirúrgicos que estão na mesa auxiliar.

Quais os cuidados do técnico de enfermagem durante o trabalho de parto normal e cesárea?

Verificar os sinais vitais (pulso, respiração, temperatura e pressão arterial), de 6/6 horas. Observar o estado das mucosas e hidratação. Estimular ingestão hídrica nas primeiras 48 horas. Encorajar a deambulação precoce (6 horas para parto vaginal e 12 horas para cesariana).

Quais os cuidados que o profissional deve ter na sala de parto?

Manter a temperatura corporal entre 36,5 e 37,0ºC, mantendo temperatura ambiente de 26ºC. Monitorizar a oxigenação, através da saturação (Sat) de O2. Manter a permeabilidade das vias aéreas, aspirar boca e nariz, caso seja necessário.

Que formas de assistência devem ser estimuladas no trabalho de parto e parto?

- Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto. - Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações. - Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante.

Qual o papel do técnico de enfermagem na sala de parto?

Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém- nascido; Orientar e apoiar a família para a amamentação; Orientar os cuidados básicos com recém-nascido; • Avaliar interação da mãe e do bebê; • Identificar situações de risco ou intercorrências; • Orientar o planejamento familiar.