Quais são os 4 combustíveis fósseis em ordem de poluição e sujeira jogados na atmosfera?

13/5/2017

Dados inéditos e estudos do Ifal e Ufal revelam que temperatura do semiárido pode subir mais 5 graus e mar pode ficar mais ácido

Como ‘descarbonizar’ o mundo e evitar o aquecimento do clima? o que fazer para reduzir os níveis de poluição? Um bom impulso para buscar essas respostas é conhecer melhor o que despejamos diariamente em nossa atmosfera, aqui mesmo em Alagoas, sejam em gases de efeito estufa (GEE) ou compostos poluentes.

Para radiografar essa “nuvem” de gases que emitimos e respiramos em nosso estado, o TNH1 foi buscar dados e estudos em plataformas especializadas e nas universidades.

A soma das informações do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa – com números desde a década de 1970, que divulgamos nesta reportagem pela primeira vez – e estudos da Ufal e do Ifal, traz conclusões que, se não são motivo para pânico, também não nos deixam dormir ou respirar tranquilos.

No Centro de Maceió já se respira um ar parecido com o de grandes centros urbanos, como o de São Paulo. E toda essa “sujeira” da capital – que já tem mais veículos do que todo o Estado possuía há dez anos – se espalha por quilômetros, chegando a Coqueiro Seco, por exemplo, com a ação do vento.

No interior, o impacto do uso do solo, com uma agricultura de alta emissão de carbono, um dos gases de efeito estufa, pode deixar o clima 5 graus mais quente no semiárido, e comprometer a agricultura no entorno do Canal do Sertão, segundo estudo do Ifal, Ufal e Embrapa.

Em todo o estado, a emissão de carbono já alcança os 7 milhões de toneladas por ano. Em 1970 esse volume ficava pouco acima de 1 milhão.

E todo esse carbono também vai parar no mar, em trocas diárias que, em excesso, podem aquecer nosso litoral, prejudicando a vida marinha, principalmente os corais, um dos biomas mais ricos e de importância turística e econômica para Alagoas.

Quanto às respostas para todos esses problemas, os especialistas dão as dicas na reportagem e o poder público sinaliza com algumas medidas. Mas os números e estudos sugerem pressa, como avisa um professor da Ufal:  ‘Não é preciso pânico, mas já acendemos o alerta”.

EMISSÃO DE CARBONO: 7 milhões de toneladas por ano

Presente em parte dos gases que influenciam o efeito estufa, o carbono pode ser considerado um dos “vilões” quando se fala em aquecimento global, por absorver a radiação, não deixando que o calor da superfície da Terra se dissipe no espaço.

Somadas todas as fontes de emissão, agropecuária, energia, mudanças de uso da terra, processos industriais e resíduos, despejamos anualmente cerca de 7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2e) por ano. Toneladas de CO2e que temos despejado na atmosfera por meio de automóveis, queimadas, desmatamento e agropecuária.

Os dados da plataforma SEEG (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa) utilizados na reportagem seguem as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e tomam como base dados do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

CO2e: As medições do Sistema consideram o chamado CO2e – CO2 equivalente – medida internacional que leva em conta o potencial de aquecimento global dos gases envolvidos e calcula quanto de CO2 seria emitido se todos os GEEs fossem emitidos como esse gás.
Uma análise mais minuciosa dos números do SEEG aponta para duas conclusões principais: a primeira é o crescimento das emissões do setor de energia. A segunda é a gradual redução do percentual de emissão do setor agropecuário.

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DE 1970 A 2015: Percentualmente, crescimento de emissões supera o de São Paulo

Uma visão superficial dos números de emissão de gases do efeito estufa no Estado pode levar a uma interpretação exageradamente otimista. De fato, somos o 26º no ranking nacional, e o 8º entre os estados nordestinos. Mas quando se fala em emissões desses gases, a área territorial, população e o desenvolvimento socioeconômico têm influência direta: território menor significa menos emissão pela agropecuária, menos pessoas para emitir, para consumir produtos e serviços que influenciam na emissão de carbono, menos carros para queimar combustíveis fósseis, menos lixo para produzir.

Uma das constatações que não nos deixa comemorar é que, se consideramos as emissões totais desde 1970 até 2015, Alagoas pulou de 1 para 7 milhões de toneladas.  Um salto de 600%. São Paulo, maior centro urbano do país, pulou de 22 milhões de toneladas em 1970 para 147 nos números de 2015. Um aumento de 568% no período levantado pelo SEEG.

A tímida industrialização do estado fica clara nos números das emissões emitidas pelo setor, apenas 4%.

Considerando os dados no infográfico abaixo, a reportagem detalha os dois principais setores que mais influenciam nas emissões: Energia e Agropecuária.

Veja a evolução das emissões nos últimos 5 anos.

Acessando o endereço  plataforma.seeg.eco.br  você confere o inventário completo de 1970 a 2015:

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Quais são os 4 combustíveis fósseis em ordem de poluição e sujeira jogados na atmosfera?

ENERGIA: Emissão de gases é 4 vezes maior do que na década de 1980

Necessária em vários setores da vida moderna, a energia é dos maiores desafios, se não o maior, na tentativa de reduzir a emissão de gases-estufa no mundo. Entra na conta do setor desde a geração de eletricidade nas residências ao consumo de combustíveis fósseis (gasolina, diesel).

Em Alagoas, os dados da plataforma Seeg registram as medições nesse setor a partir de 1980, quando ele era responsável por 15% das emissões e emitíamos 477 mil toneladas de CO2e. Na década de 1990 esse número já era 794 mil t. Em 2015, 37% das emissões vieram do setor de energia, alcançando 2,5 milhões de toneladas de CO2e sendo jogados na atmosfera, o que representa mais de 4 vezes o volume despejado lá na década de 1980.

Queima de combustíveis despeja 2 toneladas de CO2e por ano

De acordo com os dados da plataforma SEEG, da década de 1980 até 2015, a queima de gasolina, óleo diesel, gás natural – os chamados combustíveis fósseis – deram um salto de 436%, tornando uma da das maiores chaminés de emissão de CO2e para a atmosfera.

Em 1980 emitíamos 477.943 toneladas de CO2e em 1990 esse número havia subido para 794.958 toneladas; em 2000 passamos a barreira de 1 milhão (1.7 milhão) chegando a 2015 com 2,5 milhões de toneladas.

O acumulado da década registra uma média de 2 milhões de toneladas/ano. Veja o infográfico:

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AGROPECUÁRIA: Arroto do boi pesa 3 vezes mais que o lixo no efeito estufa

Quais são os 4 combustíveis fósseis em ordem de poluição e sujeira jogados na atmosfera?

Atualmente, em Alagoas, a agricultura e a pecuária despejam na atmosfera 2,6 milhões de toneladas de CO2e. As emissões acontecem em sua maior parte durante alguns processos: queimadas, uso de fertilizantes nitrogenados e fermentação entérica. E é este último, de nome estranho, é o que mais pesa nessa conta.

A fermentação entérica, fruto do processo digestivo dos ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos), produz metano. É isso mesmo, o simples “arroto” do boi tem a sua parcela de culpa pelo crescimento do efeito estufa. Vale lembrar que o metano, liberado pelos ruminantes retém o calor atmosférico 21 vezes mais que o carbono.

Com 1 milhão e 200 mil cabeças de gado, as contas do SEEG mostram que o rebanho alagoano emite mais CO2e do que todo o lixo acumulado no Estado.

Em 2015, as emissões por fermentação entérica foi de 1,5 milhão de toneladas de CO2e, contra 374 mil toneladas emitidas pelo lixo (acumulado e incinerado) no mesmo período. Multiplicando por quatro (1,4 milhão), a emissão ainda não alcança o total que o nosso rebanho de gado libera.

Confira o quadro comparativo das emissões por fermentação entérica e pelo lixo:

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Agropecuária registra queda na participação do total de emissões

As medições do Observatório do Clima mostram uma queda de 47% no peso do setor no total de emissões de CO2e desde 1970, quando as medições começaram a ser feitas em Alagoas. Em 1970 a agropecuária contribuía com 85% das emissões locais. Hoje esse percentual é de 38%, ainda que seja a maior, superando em 1% o setor energético.

Mas a importância econômica do setor para a economia tira da agropecuária a sombra de “vilã” do meio ambiente, título carregado com mais propriedade pela queima de combustíveis.

Sobre a participação do setor na emissão de gases de efeito estufa, conversamos com Stoecio Maia, professor dos cursos de Meio Ambiente e Engenharia Ambiental do Instituto Tecnológico de Alagoas (Ifal).

“Basicamente todo esse metano é emitido pelo gado de corte, por meio da fermentação entérica, o popular arroto, além das queimadas da cana-de-açúcar. São atividades econômicas importantes. No caso da cana, você tem a necessidade de usar adubo nitrogenado, e se não utiliza, a planta produz menos. Ou seja, você fica entre a cruz e a espada”, teoriza o professor.

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Um estudo que está sendo feito em conjunto pelo Ifal, Ufal e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, investiga a vulnerabilidade do solo da região do semiárido ao aquecimento global. A pesquisa ainda analisa aspectos da matéria orgânica, fertilidade do solo e o volume de água local.

O professor Stoecio Maia, do Ifal, e equipe, passaram mais de dois anos estudando o solo da região do Canal. Foram colhidas amostras do solo das cidades de Delmiro Gouveia, Pariconha e Inhapi.

Maia adiantou ao portal TNH1 algumas conclusões preliminares da pesquisa. Uma delas aponta que, sem o uso correto do solo, que inclui políticas para uso de agricultura de baixo carbono, a temperatura da região poderá subir e ter também um incremento de 15% na emissão de Co2e.

O aumento da temperatura poderá trazer problemas para a região do alardeado Canal do Sertão, uma das maiores obras hídricas do governo federal nos últimos anos.

“Encubamos em temperaturas entre 28 a 33 graus amostras de solo retirados das cidades de Pariconha, Delmiro Gouveia e Inhapi. E até o momento, as primeiras conclusões apontam para a possibilidade desse aumento de mais de 5 graus na temperatura da região até o final do século”, alerta Maia, que também é coordenador a Sub­rede Mudanças Climáticas e Agricultura da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais, a Rede Clima.

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“A gente usa atualmente dados globais. É importante fazemos essas contas com mais precisão. O semiárido já está sofrendo com o  aquecimento. Mas é preciso saber qual o real impacto dos sistemas agrícolas nisso. Esse estudo vai gerar uma série de indicadores com o intuito de que estas informações sejam disponibilizadas aos tomadores de decisão e produtores rurais, contribuindo para o planejamento e adoção de sistemas agrícolas (irrigados e de sequeiro) sustentáveis e com maior potencial produtivo”, destacou o professor, explicando a metodologia da pesquisa.

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Mar pode ficar mais ácido: corais com futuro incerto

A longo prazo, para Alagoas, um efeito colateral preocupante dos altos índices de emissão de carbono é o aumento da acidez do mar, o que pode prejudicar a vida marinha.

O professor Glauber Lopes, do Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT), da Ufal, explica os motivos. “Em princípio qualquer composto que tenha  carbono você estará mexendo em acidez. Qualquer variação atmosférica a tendência maior é a variação oceânica. O oceano é um absorvedor e armazenador. Ele troca carbono com a atmosfera de modo constante. Tudo o que você joga na atmosfera, a longo prazo, vai parar nos oceanos”.

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Felizmente não se pode falar em risco iminente aos corais, uma das mais belas formas de vida marinha abundante no litoral alagoano. Mas segundo um estudo apresentado em 2013 pelo Programa Internacional Biosfera-Geosfera, a longo prazo, o fenômeno da acidificação dos oceanos pode sim acabar com moluscos, algas e com os corais. A pesquisa apontou que até 2100 os oceanos podem ter um aumento de 170% nos níveis de acidez.

“Não é à toa que o aquecimento global mexe com o aquecimento o aquecimento das águas, e prejudica os corais. E nosso Estado é uma das principais áreas de corais da região”, alerta o professor Glauber.

EMISSÃO DE CO2e: COMO EVITAR O PIOR?

Especialista em sequestro de carbono (maneiras de transferir gás carbônico da atmosfera para o solo, por exemplo), o professor Stoecio Maia dá as dicas para reduzir a emissão de carbono pelo setor agropecuário, o que pode ser uma das medidas para evitar o aumento da temperatura no semiárido.

Entre as técnicas, o professor destaca a agricultura de baixo carbono. “Ainda usamos muito fertilizante sintético, nitrogenados. Parte desse nitrogênio volta para a atmosfera. Mas há técnicas para fixação biológica do nitrogênio, por meio da adubação natural. No cultivo da soja, por exemplo, hoje, não se usa mais adubo nitrogenado. Aqui já se começa a pesquisar técnicas de fixação biológica de nitrogênio em pastos e na cana-de-açúcar”, orienta Maia.

“Outro ponto importante é o uso racional do adubo. A adubação requer cuidados, e ainda vemos excessos e técnicas pouco racionais”, critica.
Em Alagoas, Plano de Agricultura de Baixo Carbono não vingou

Aqui no Estado, a agricultura praticada ainda é de alta emissão de carbono. O governo federal criou já há alguns anos o chamado ‘Plano ABC’. O plano, que por aqui teve pouco sucesso, prevê linha de crédito com juros baixos para agricultores que adotarem práticas com alto potencial de redução das emissões de gases de efeito estufa e combate ao aquecimento global. Entre as técnicas estão: recuperação de pastagens degradadas, fixação biológica do Nitrogênio, tratamento de dejetos animais e adaptação a mudanças climáticas.

“Aqui em Alagoas o plano não teve sucesso. Os juros não eram tão atrativos, e esse tema de agricultura de baixo carbono ainda é algo que começa a despertar no setor agropecuário”, teorizou o professor.

Asplana: queimadas  reduzidas mas geografia prejudica mecanização

O TNH1 ouviu o técnico da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), Antônio Rosário. Ele destaca que as queimadas em Alagoas têm sido reduzidas, diante da “mecanização inevitável”.  Mas no estado, apenas 10% da colheita é mecanizada.

“A geografia atrapalha, pois temos essa questão do relevo, com áreas de encostas, que dificultam a mecanização. Mas as máquinas vieram para ficar, não tem volta”, ressalta. Com relação às técnicas de fixação biológica de nitrogênio, citada pelo professor Stoecio, o técnico da Asplana diz que há estudos, mas em nível nacional. Já quanto ao Plano ABC, Rosário diz que de fato não foi algo muito explorado.

“A fixação é mais comum com leguminosas. Mas com relação à cana-de-açúcar já tivemos estudos da Embrapa”, afirmou.

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Compensação de carbono ajuda?

Com peso na consciência, entidades e instituições têm adeiro à chamada compensação de carbono, por meio de inciativas – geralmente plantio de árvores – que tentam compensar as emissões produzidas.

Mas para o professor Stoecio Maia, a iniciativa é louvável, mas é ‘simbólica’. “É algo simbólico. Pois teríamos que as grandes indústrias e o setor agropecuários plantar florestas inteiras para compensar. Vale para cada um dizer que ‘fez a sua parte’, mas não resolve”, aponta. 

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Se com relação à emissão de gases do efeito estufa o pessimismo é a longo prazo, no ar que respiramos “aqui embaixo” as doenças respiratórias que lotam hospitais já deixam claro que nosso ar já está cada vez mais irrespirável. A foto acima foi feita em um dia um intenso engarrafamento, e serve para mensurar o número de veículos que circulam pelas artérias de Maceió.

Para saber como está o nível de poluição do ar em Alagoas, o TNH1 conversou com os professores Rosiberto Salustiano, Glauber Lopes e Ericka Voss, do Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT), da Ufal.

Para monitorar as emissões atmosféricas, o Instituto de Meteorologia da Ufal trabalha com ferramentas modernas como imagens de satélite e programas de computador, numa tarefa que tem a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE; e a Universidade de Pelotas, igualando a qualidade dos nossos dados aos que são checados nos maiores centros urbanos do país.

Equipamento quebrado: última medição in loco foi feita em 2009

Mas uma ferramenta poderia “turbinar” os estudos da poluição do ar no Estado. O equipamento de medição não funciona desde 2009.  O alto valor do equipamento fez a universidade tentar uma parceria há alguns anos, o que acabou não se confirmando.

“Essa última medição foi feita em 2009 ali em frente ao Ibama. O equipamento quebrou e como ele é da década de 2000, as peças já não existem mais, e consertar seria complicado.  E é uma ferramenta muito importante para se precisar o nível de poluição, para saber como exatamente estão essas emissões, os níveis de poluição etc”, lamenta o professor Rosiberto.

Centro e principais vias têm nível de poluição semelhante ao de São Paulo

Veículos demais, ventilação de menos. O produto dessa soma tem deixado a capital alagoana quase tão poluída quanto a cidade de São Paulo.

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Em uma medição realizada em 2009, em um projeto de Mestrado do aluno da Ufal, Ronabson Cardoso Fernandes, foi registrado no Centro de Maceió concentrações da ordem de 30ppb (parte por bilhão), o que na época representava aproximadamente 30% dos níveis de concentração da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), segundo dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Oito anos depois, as projeções mostram que esses níveis estão bem mais próximos aos de SP.

A situação é semelhante nas avenidas Fernandes Lima, Menino Marcelo – em Maceió, e Lourival Melo Mota, em Rio Largo, nos horários de pico. As figuras abaixo, fornecidas pelo ICAT, mostram o cenário.

Na figura abaixo, fornecida pelo ICAT, é possível ver o nível de poluição. Quanto mais vermelho, maior a concentração de poluição.

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A pesquisa realizou medições de NOx (Óxidos Nitrosos) no centro de Maceió/AL em 2009 (NOx, poluentes emitidos principalmente por veículos pesados, ou seja, veículos movidos a Diesel).

“Estima-se que, por conta do aumento da frota veicular maceioense, os níveis de concentração dos poluentes também tenham aumentado. E pensando no grande tempo sem registro de medições da qualidade do ar na capital alagoana, se faz necessário a realização de novas medições para avaliar os níveis de concentrações dos poluentes. Nossas estimativas utilizando modelos atmosféricos de qualidade do ar, indicam os maiores níveis de concentrações nas principais vias de transito de Maceió, e um maior destaque para o Centro de Maceió”, comenta o professor Rosiberto.

Ar poluído de Maceió se espalha até Coqueiro Seco

Mas engana-se quem pensa que só os maceioenses respiram o ar poluído da capital. De acordo com as análise do ICAT, a poluição também se movimenta por quilômetros, no sentido oeste de Maceió. Levada pelo vento litorâneo, o ar poluído chega a cidades como Coqueiro Seco, a aproximadamente 30 km de distância da capital.

“A poluição que é emitida em Maceió afeta Coqueiro Seco, que fica logo depois da Lagoa Mundaú. A poluição da Fernandes Lima, do Centro, por conta da ação do vento, se espalha”, explica o professor Rosiberto, mostrando os dados na figura reproduzida abaixo.

A mancha azul clara na figura abaixo retrata a dispersão da polução “além Maceió”.

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Modelagem e satélites acendem sinal de alerta

Na conversa com o TNH1, os professores da Ufal explicaram como são obtidas atualmente as informações sobre poluição e emissão de poluentes na atmosfera em Alagoas.

O professor Rosiberto explica que a medição da poluição do ar é feito através da chamada modelagem, com projeções atualizada dos dados colhidos em 2009.

“Nossa principal tecnologia é a modelagem. É o modelo de qualidade do ar. São programas que fazem a reconstrução da atmosfera , uma simulação de um cenário passado tentando ver o futuro também. É um modelo aplicado em Alagoas desde 2010. Em São Paulo é usado desde 2006”, afirma o professor,

“A gente tem a medição de 2009, então pegamos esse modelo e reconstruímos a atmosfera de 2009, e fazemos uma projeção para a atual”, explica.

O vilão: Maceió já tem mais veículos que toda Alagoas possuía há 10 anos

Lançando gases poluentes em larga escala diariamente, a queima de combustíveis fósseis ainda é o grande vilão da poluição atmosférica. Em Alagoas, os números dessa “sujeira” expelida pelos escapamentos dos veículos têm crescido exponencialmente.

Os números de março de 2017 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) contabilizam uma frota de 753 mil veículos no Estado. Um crescimento de 160% em relação a 2007, quando Alagoas possuía 289.364 veículos, número inferior aos 306.364 mil veículos que apenas a capital, Maceió, já contabiliza em 2017.

Nessa conta entram todos os tipos de veículos, desde carros de passeio, motocicletas, máquinas agrícolas, caminhões e etc.

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753 mil veículos nas ruas: o que fazer para poluir menos?

“Quando se dobra a frota, dobra-se também, grosso modo, o volume de emissão”. A equação destacada pelo professor do Icat, Glauber Lopes, mostra um cálculo matematicamente simples, mas de soluções múltiplas.

“Temos uma frota pequena, comparada com estados maiores, mas sofremos com a dificuldade de dispersão, ou seja, de os gases emitidos pelos veículos se espalhem na atmosfera. E há medidas que podem pelo menos amenizar isso”, explica o professor, que aponta saídas, que listamos abaixo:

√  Rodízio: limita a circulação de carros em horários de pico

√ Controle da fumaça preta:  Monitoramento da fumaça emitida por veículos a diesel pode ser feita pela chamada Escala de Ringelmann.  Consiste em um cartão com um furo no centro, tendo em volta impressos 5 padrões de cinza, do mais claro ao preto que serão comparadas com a cor da fumaça emitida pelo veículo.

√ Transporte público de qualidade –  ônibus mais confortáveis e em maior número reduziria o número de pessoas que usam o carro

√ Altura das edificações  – Regras mais rígidas que limitem a altura de novas edificações. Edifícios mais altos criam ilhas de calor, dificultando a dispersão do ar poluído.

“Um ônibus transporta 40 pessoas, e grande parte dos carros de passeio circula com apenas uma pessoa. Então, obviamente, que se investindo em um transporte de qualidade, as pessoas teriam essa alternativa, ao invés de todos saírem de carro”, comentou o professor Glauber.

“Os carrossão milhares, mas os ônibus nós temos três ou quatro empresas que exploram as concessões. Então temos métodos de baixo custo, por meio do disco [Ringelmann]. Não se teria uma grande redução, mas com certeza já teríamos uma dimunuição nessas emissões”, teoriza, criticando a construção de prédios muito altos.

“Além de criar ilhas de calor, na parte do litoral os prédios altos criam uma barreira para a entrada de ar limpo no espaço urbano”, lamenta.

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Poder público: poucas propostas

O TNH1 ouviu órgãos públicos envolvidos com os problemas levantados na reportagem. As respostas são pouco animadoras, com exceção de um opacímetro, recém adquirido pela prefeitura.

Sobre o equipamento de medição da Ufal, quebrado há oito anos, nem a gestão municipal nem a estadual demonstram interesse. Ou por ser muito caro, ou por não está na linha de atuação neste momento.

O Instituto Instituto do Meio Ambiente (IMA) disse que os dados da Ufal não são usados pelo órgão. “No momento não há nenhum trabalho sendo desenvolvido nesse sentido e os dados coletados pela Universidade de medição de emissão de poluentes não entra em estudos ou campanhas do IMA. Caso o trabalho seja retomado, terá que ser atualizado”, informou o Instituto por meio da assessoria de comunicação.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semarh) disse que tem investido em outros projetos de meio ambiente, como a destinação de resíduos sólidos, entre outros, mas nada que se refira à medição da poluição do ar.
Prefeitura adquire ‘opacímetro’: a boa notícia vem da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente de Maceió (Sedet). Apesar de também não demonstrar interesse em firmar parceria com a Ufal, informou que foi adquirido recentemente um opacímetro, equipamento que verifica a opacidade da fumaça emitida por motores à combustão (diesel). Ou seja, quanto mais escura a fumaça, maior a concentração de gases poluentes. Ainda não há data para o equipamento entrar em operação.

“A equipe vai realizar fiscalizações periódicas e, com isso, se detectado níveis de poluição acima do padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Código Nacional de Trânsito, o responsável será multado, havendo também a possibilidade de apreensão do veículo poluente”, afirma o secretário Mac Lira.

A prefeitura informou ainda que a gestão tem investido no plantio de árvores, informando que nos últimos dois anos foi feito o plantio de 31.961 novas árvores na capital. Segundo a assessoria de comunicação, está sendo elaborado um plano de arborização de Maceió, que  intensificar o plantio atendendo a critérios técnicos e ambientais.

Quais são os combustíveis fósseis mais poluentes?

Embora o seu poder calorífico e o seu tempo de combustão resultem em uma grande vantagem em termos de produtividade, o carvão mineral é o mais poluente dos combustíveis fósseis, mas é o mais abundante entre eles.

Quais são os quatros tipos de combustíveis fósseis?

Os combustíveis fósseis são o petróleo, o carvão mineral e o gás natural, todos provenientes da decomposição de seres vivos.

Qual a relação dos combustíveis fósseis com a poluição da atmosfera?

Ela está relacionada a diversos problemas respiratórios causados pela emissão de poluentes atmosféricos, como o monóxido de carbono. Além disso, o processo de combustão de combustíveis fósseis também leva à emissão de dióxido de enxofre e de óxidos de nitrogênio, contribuintes da chuva ácida.

O que são combustíveis fósseis e quais são os seus principais usos?

O que são combustíveis fósseis: Os principais tipos de combustíveis são: carvão mineral, gás natural, petróleo e seus derivados, usados na geração de energia e aplicados nas mais diversas áreas.