Qual foi o motivo da reforma realizada na cidade do Rio de Janeiro?

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Barracão de madeira (“cortiço”) componente da estalagem existente nos fundos dos prédios n. 12 a 44 da rua da Sé. Rio de Janeiro, 27 mar. 1906. Foto Augusto Malta. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

No começo do século XX, o Rio de Janeiro, apesar de sua deslumbrante paisagem natural, era em muitos aspectos um lugar difícil para se viver. Fruto de uma urbanização acelerada e sem planejamento, o centro do Rio era uma região tão interessante quanto caótica. Suas vielas estreitas e sinuosas, úmidas, sujas e mal iluminadas eram foco permanente de doenças. As epidemias eram frequentes; o trânsito, uma grande confusão.

Os pobres, grande parte deles, moravam em habitações coletivas sem as mínimas condições de higiene. Pelas ruas do centro da cidade uma profusão de gente, carroças e carruagens disputava ojá reduzido espaço com o bonde e com os primeiros automóveis – signo maior de nossa modernidade tropical. Para muitos higienistas, sanear era construir avenidas; era alargar as ruas para melhor aproveitamento do sol e dos ventos; era mudar os costumes; era demolir o velho e insalubre casario.

Sucessor de Campos Sales na presidência da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves (1902-1906) fez de seu programa de governo um compromisso com essas ideias. Saneamento e modernização foram as suas promessas. Para tocar a reforma urbana, Rodrigues Alves convidou o engenheiro Francisco Pereira Passos, nomeado prefeito da capital com poderes discricionários. A saúde pública – cujo comando foi entregue a Oswaldo Cruz – e as obras de maior vulto, como a modernização do porto e a construção das avenidas Central e do Mangue, ficaram sob a responsabilidade do governo federal. Inaugurada em 1905, a avenida Central (hoje Rio Branco) tornou-se o grande símbolo da reforma.

Inspirada no plano de remodelação de Paris executado pelo barão Georges-Eugène Haussmann ainda no século XIX, a Reforma Pereira Passou transformou radicalmente a fisionomia do centro do Rio. Em poucos anos, uma nova metrópole nasceria dos escombros da velha cidade. Edifícios suntuosos e de arquitetura variada surgiram para ornamentar as novas avenidas; hábitos considerados incompatíveis com os preceitos da higiene pública foram proibidos; novas redes de esgoto e de abastecimento de água foram construídas, assim como novas linhas de bonde, agora eletrificadas; a iluminação pública, antes fornecida pelos lampiões a gás, começou a ser substituída por postes de eletricidade. Com a remodelação do traçado urbano do centro, o tráfego desafogou; a cidade se expandia em todas as direções.

Mas, apesar de todas essas melhorias, a reforma teve também o seu lado sombrio e excludente. Centenas de casebres e cortiços foram demolidas por motivos de higiene ou para dar passagem às novas artérias que surgiam em ritmo vertiginoso. Com as demolições, a população que tinha alguma fonte de renda deslocou-se do centro para o subúrbio, enquanto que os mais pobres foram habitar as encostas dos morros, engrossando o contingente populacional das favelas que começavam a surgir. O “furor das picaretas regeneradoras” – para usar a expressão de Olavo Bilac – recebeu da população o apelido de “Bota-Abaixo”. 

A cidade do Rio de Janeiro tinha cerca de 700 mil habitantes em 1904. Desde o início do século 19, manteve-se como a maior cidade do país. Com exceção de seus palacetes de Botafogo e Laranjeiras, era cortada por ruas estreitas e vielas, onde se erguiam prédios e imensos cortiços.

Nos morros, amontoados de barracos formavam as primeiras favelas. Nas áreas pantanosas, ocorriam epidemias de febre tifóide, varíola e febre amarela. O mau cheiro era insuportável, principalmente com o calor.

Uma reformulação do Rio de Janeiro foi concebida para tornar a cidade semelhante às metrópoles européias e agradável para sua elite. Abrir largas avenidas, erradicar as doenças, derrubar os cortiços e sobretudo empurrar para longe a massa pobre, negra e mestiça eram os desejos da população elegante do município.

Durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906), cortiços foram derrubados, dando lugar a belas praças, charmosos jardins, largas avenidas e vistosos palacetes. O Rio iria tornar-se a "cidade maravilhosa".

O resultado foi a deterioração das condições de vida dos trabalhadores. O preço dos aluguéis subiu, e a população mais pobre foi removida do centro para áreas mais distantes. Nos morros, as favelas proliferavam.

Em 9 de novembro de 1904, o governo decretou a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. O jovem dr. Oswaldo Cruz comandava a campanha. O anúncio provocou uma onda de protestos que culminou na chamada Revolta da Vacina. Nos dias seguintes, populares levantavam-se no espaço público recém-urbanizado incitando à rebelião. A polícia era recebida a pedradas. A multidão circulava ruidosamente pelas largas avenidas, pelos belos jardins, diante das suntuosas mansões.

O espaço público era ocupado, à força, pelos manifestantes. A fúria se voltava contra automóveis, bondes, delegacias, postes de iluminação, calçamentos. O governo perdeu o controle da capital, só retomado com a repressão do Exército, da Marinha e da Guarda Nacional. A revolta tornou-se epidêmica.

Para a maior parte da população, vítima de seu alheamento das decisões políticas, de uma modernização autoritária que desalojava os moradores e expulsava-os das regiões centrais, de um poder público que agravava cada vez mais suas condições de vida e não lhes oferecia nenhum tipo de assistência, a vacinação representava uma espécie de violação de seus próprios corpos.

Muitos pensavam que se tratava de uma política de extermínio da população pobre. Delírios febris?

Qual foi o motivo da Reforma do Rio de Janeiro?

No início do século XX, a cidade Rio de Janeiro passou por uma remodelação a fim de renovar a sua imagem como capital de um país que deveria ser apresentado como uma nação moderna e civilizada.

Quais foram os principais objetivos da grande reforma da cidade do Rio de Janeiro?

A reurbanização do Rio de Janeiro se inseria em uma política de transformação da capital federal, com vistas à erradicação de várias epidemias e de embelezamento urbano afrancesado, criando assim um melhor cartão de visitas aos visitantes estrangeiros interessados em investimentos no Brasil.

O que motivou a política de modernização do Rio de Janeiro em 1904?

A Revolta da Vacina foi uma revolta de caráter popular que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1904. Sua motivação foi a insatisfação da população com a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola implantada na cidade por meio de Oswaldo Cruz. Houve grande destruição material na cidade e saldo de 31 mortos.

Como aconteceu a reforma urbana?

A luta pela reforma urbana no Brasil teve uma crescente necessidade, segundo os defensores dessa política, a partir do crescimento das cidades brasileiras, que conheceram um sistema tardio de desenvolvimento, marcado por uma industrialização acelerada e um forte êxodo rural.