Qual o efeito de uma desvalorização cambial sobre os exportadores?

Heron do Carmo comenta os impactos do aumento do dólar, que levou a um crescimento nos índices da inflação, sobretudo dos gêneros alimentícios

 23/11/2020 - Publicado há 2 anos

Qual o efeito de uma desvalorização cambial sobre os exportadores?

A recente alta dos preços dos alimentos alavancou a inflação das classes mais pobres do Brasil, configurando 60% do indicador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) por faixa de renda. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar de hoje (23), o professor e especialista em inflação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, Heron do Carmo, destacou que a desvalorização do câmbio é um dos fatores responsáveis por esse dado.

A desvalorização cambial refletida no aumento do dólar levou a um aumento do preço dos alimentos fora do País. O Brasil é um grande exportador de alimentos, então, se o preço aumenta, a inflação é significativamente afetada, explica o especialista. O preço dos produtos internamente também tem relação com o dólar, “se um sobe, o outro sobe, também”, diz Heron do Carmo. 

Ao comentar sobre os impactos que os altos preços têm nas vidas das classes mais baixas, o professor trouxe dados de que variação da inflação em 12 meses até outubro deste ano ficou em 3,92%, enquanto que somente os alimentos semielaborados (carnes, frutas, óleo de soja) aumentaram em 27%. As despesas familiares das classes mais pobres têm maior parcela destinada a gastos em alimentação, o que gera um alto impacto no custo de vida. Heron do Carmo também pontua que grande parte do Auxílio Emergencial dado pelo Estado durante a pandemia foi gasto com custos em alimentação.

Segundo o especialista, a situação dos preços dos alimentos deve voltar à normalidade em 2021, provavelmente no fim do ano. Explica que, como os preços já subiram, há uma tendência de estabilização no pico por um tempo para que, com a evolução da economia e do câmbio, haja uma queda. 

Sobre a inflação em outras áreas da economia, Heron do Carmo aponta que a área de transporte aéreo está em alta, mas não afeta as classes mais pobres. “Se nós calculássemos só a inflação da classe média, ela seria menor que a inflação geral, enquanto a dos mais pobres é muito maior que a geral.” O professor também traz previsões de que a inflação deve continuar a aumentar em novembro, mas começar a apresentar recuos em dezembro.


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Qual o efeito de uma desvalorização cambial sobre os exportadores?

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Qual o efeito de uma desvalorização cambial sobre os exportadores?

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Mundialmente, o valor do dólar orienta a construção de uma estratégia política e econômica. Muitos setores são impactados com a flutuação da moeda. No Brasil, quem trabalha com importações e exportações sabe o quanto é desafiador lidar com variação da taxa de câmbio e, ainda assim, tomar as decisões mais inteligentes.

Certamente, você já se deparou com uma série de dúvidas relacionadas a esse assunto. Afinal, por que o valor da moeda americana muda todos os dias? Qual o significado e o impacto da taxa de câmbio nas operações de importação e exportação? É possível identificar e explorar oportunidades com a alta ou a queda da moeda? 

Nesse artigo, buscamos trazer respostas para essas questões. Um conteúdo valioso para ajudar você a evitar prejuízos na hora de importar ou exportar.

Quer saber mais? Continue lendo o artigo!

O papel decisivo da taxa de câmbio 

A taxa de câmbio é um instrumento importante porque serve como medida para o fechamento de muitos negócios. 

Na prática, precisamos entender a moeda estrangeira como uma mercadoria exposta às forças de oferta e procura. Sendo assim, a taxa de câmbio pode ser definida como a relação de valor entre duas moedas. 

Em outras palavras, a taxa de câmbio indica o preço de uma moeda estrangeira em relação ao valor que a moeda nacional tem. 

A taxa de câmbio reais/dólares determina quantos reais precisamos para comprar um dólar. Essa relação é decisiva para vários tipos de operações. 

Nas atividades de importaçãoe exportação, o câmbio comercial é utilizado. 

Já na compra e venda de moeda estrangeira para viagens ao exterior, usa-se o câmbio turismo. 

Vale destacar que o dólar turismo é mais caro que a taxa de câmbio comercial. Isso porque ele inclui uma série de cobranças adicionais referentes aos custos de impostos, administrativos, de segurança e estoque da moeda.

Como a variação cambial no Brasil afeta as empresas que importam e exportam?

Compreender como as variações influenciam as atividades de importação e exportação é fundamental para empresas que mantêm uma estratégia voltada para o mercado externo. Na prática, a flutuação da taxa de câmbio pode gerar diferentes impactos para os negócios.

Afinal, o que acontece quando a taxa de câmbio aumenta? 

Diante da desvalorização cambial, quando a moeda interna perde valor e o dólar sobe, as compras feitas no exterior ficam mais caras. Dessa maneira, empresas que trabalham com exportação são beneficiadas. Isso porque elas podem explorar um aumento nas vendas no mercado fora do país, além de vislumbrar boas oportunidade de lucro. 

Como as organizações gastam em real e recebem em dólar, a exportação se torna especialmente vantajosa quando a moeda americana está em queda. 

Contudo, vale observar que a alta do dólar não é sinônimo de lucro imediato para os exportadores. Afinal, o Brasil precisa despertar novamente o interesse do mercado internacional. Com a valorização do real, o país perdeu muitos clientes estrangeiros. 

Portanto, será necessário conquistá-los novamente. 

Quando a importação ganha destaque?

Diante da queda do dólar, os importadores podem potencializar sua estratégia de compra no mercado internacional. Para aumentar a lucratividade, a taxa de câmbio ideal é um valor que se aproxime ao máximo de 1 real.

Quando os produtos são importados uma taxa de câmbio em baixa, eles têm ampla vantagem em relação aos preços nacionais, ampliando a margem de lucro das empresas importadoras.

O processo de importação exige que a empresa compre insumos em dólar para comercializar os produtos em real. Dentre as companhias importadoras, destacam-se as farmacêuticas, químicas e automotivas. O desafio delas é manter a lucratividade e a base de clientes mesmo com a alta do dólar. 

Para evitar prejuízos, as empresas que trabalham com importação têm o desafio de fazer um controle preciso da precificação de seus produtos. Afinal, é necessário custear os gastos no exterior e, ainda assim, definir um preço justo para fidelizar os clientes.

A flutuação cambial orienta as transações de exportação e de importação. Saber como conduzir os processos de comércio exterior é fundamental, mas é apenas uma parte da estratégia. Se você quer acompanhar os principais temas do setor e fortalecer a atuação da sua companhia, continue acompanhando o blog da ASIA SHIPPING!

Qual o efeito da desvalorização cambial?

“A maior justificativa para esse câmbio mais depreciado advém das negociações com derivativos”, aponta. Outro motivo que justifica a fuga de recursos dos exportadores é a falta de expectativa de crescimento da economia brasileira no curto prazo.

Qual o efeito de uma desvalorização cambial sobre os importadores?

Quando há uma desvalorização cambial, em geral o efeito é positivo para a balança comercial do país. Isso ocorre porque os bens importados ficam mais caros relativamente, e os bens produzidos no país ficam mais competitivos no exterior (mais baratos para quem compra).

Quais são os principais impactos económicos da desvalorização cambial?

A depreciação do real ante o dólar afeta principalmente a inflação e o comércio internacional. A respeito dos impactos sobre a dinâmica inflacionária, tem-se que insumos importados, por exemplo, ficarão mais caros, aumentando custos de produção, ônus que será repassado aos preços finais.

Qual a influência que a valorização e a desvalorização da taxa de câmbio impacta nas exportações e importações?

Dependendo do status da moeda, de baixa ou alta, o mercado fica mais propício para compra ou venda. Por exemplo, quando há desvalorização da moeda nacional, a relação entre ela e a estrangeira fica maior e, consequentemente, a compra de produtos do exterior fica mais cara.