O envenenamento ocorre quando a serpente consegue injetar o conteúdo de suas glândulas venenosas, mas nem toda picada leva ao envenenamento. Isso porque há muitas espécies de serpentes que não possuem presas ou, quando presentes, estão localizadas na parte de trás da boca, o que dificulta a injeção de veneno ou toxina. OFIDISMO - Dentre os acidentes por animais peçonhentos, o ofidismo é o principal deles, pela sua frequência e gravidade. Ocorre em todas as regiões e estados brasileiros e é um importante problema de saúde, quando não se institui a soroterapia de forma precoce e adequada. O
tratamento é feito com o soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica. São 4 os gêneros de serpentes brasileiras de importância médica (Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus) compreendendo cerca de 60 espécies. Alguns critérios de identificação permitem reconhecer a maioria das
serpentes peçonhentas brasileiras, distinguindo-as das não peçonhentas: Apresentam cabeça triangular, fosseta loreal, cauda lisa e presa inoculadora de veneno. AC, AM, RR, PA, AP, MA, RO, TO, CE e MT (Áreas de floresta) PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA e MG (Áreas xerófitas/caatinga) (1) Poucos relatos de casos. Acidentes graves. (2) Até o presente, é a espécie responsável pela maioria dos registros de acidentes na Amazônia. (3) Os distúrbios de coagulação são as manifestações mais comumente registradas. Acidentes com poucas alterações locais, geralmente
benignos. (4) Principal agente causal nos estados de MG, ES, RJ e SP. Casos graves ou óbitos são pouco frequentes. (5) Acidentes relatados, principalmente em SC. Acidentes graves com casos fatais. (6) Causa frequente de acidentes atendidos na cidade de Salvador, BA. (7) Responsável pela maioria dos registros de acidentes no oeste de SP, oeste de MG e dos atendimentos em Goiânia, GO. (8) Amplamente distribuída pelo território nacional, com exceção da Amazônia. Acidentes geralmente com bom diagnóstico. Grupo CrotálicoTem cabeça triangular, presença de fosseta loreal, cauda com chocalho (guizo) e presa inoculadora de veneno.
(1) Há 5 subespécies de cascavéis no país. Os acidentes caracterizam-se pela sintomatologia sistêmica exuberante, com poucas manifestações locais. (2) Dados recentes relatam C. Durissus no litoral da Bahia. Grupo LaquéticoTem grande porte, cabeça triangular, fosseta loreal e cauda com escamas arrepiadas e presa inoculadora de veneno.
(1) Com duas subespécies, é a maior serpente peçonhenta das Américas. Poucos relatos de acidente onde o animal causador foi trazido para identificação. (2) Existem semelhanças nos quadros clínicos entre os acidentes laquético e botrópico, com possibilidade de confusão diagnóstica entre eles. Estudos clínicos mais detalhados se fazem necessários para melhor caracterizar o acidente laquético. Grupo ElapídicoSão desprovidas de fosseta loreal, com cabeça arredondada e presa inoculadora de veneno. A característica fundamental no reconhecimento desse grupo é o padrão de coloração, com combinações diversas de anéis vermelhos, pretos e brancos. Deve-se considerar que existem serpentes com desenhos semelhantes aos das corais, mas que não possuem presa inoculadora. Há ainda, na Amazônia, corais verdadeiras com cor marrom escura, quase negra e ventre avermelhado.
Esse grupo compreende 18 espécies, distribuídas amplamente pelas diferentes regiões do país. A M. Corallinus é a que tem causado maior número de acidentes, dentre os poucos casos registrados em SC e SP. Na Bahia, a maioria dos acidentes são devidos a M. Ibiboboca. Distribuição, Morbidade, Mortalidade e LetalidadeA distribuição sazonal dos casos, embora apresente diferenças regionais mostra, para o país como um todo, incremento no número de casos no período de setembro a março. Sendo a maioria das notificações procedentes das regiões meridionais do país, a tendência detectada estaria relacionada, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ao aumento da atividade humana nos trabalhos do campo (preparo da terra, plantio e colheita) e da não utilização de equipamentos mínimos de proteção individual (calçados ou vestimenta adequados). Cerca de 75% dos casos notificados são atribuídos às ser-pentes do gênero Bothrops; 7% ao gênero Crotalus; 1,5% ao gênero Lachesis; 3% devidos às serpentes não peçonhentas e 0,5% provocados por Micrurus. Em aproximadamente 13% das notificações, não são especificados os gêneros das serpentes envolvidas nos acidentes. Cerca de 70% dos pacientes são do sexo masculino, o que é justificado pelo fato do homem desempenhar com mais freqüência atividades de trabalho fora da moradia, onde os acidentes ofídicos habitualmente ocorrem. Em aproximadamente 53% das notificações, a faixa etária acometida situou-se entre 15-49 anos, que corresponde ao grupo de idade onde se concentra a força de trabalho. O acometimento dos segmentos pé/perna em 70%, e mão/antebraço, em 13% dos casos notificados, decorre da não utilização de equipamentos mínimos de proteção individual, tais como sapatos, botas, calças de uso comum e luvas. No Brasil são notificados anualmente cerca de 20.000 acidentes, com uma letalidade em torno de 0,43%. O acidente crotálico tem a pior evolução, apresentando o maior índice de letalidade. Os valores detectados para os diver-sos tipos de acidentes assim se distribuíram: Botrópico, 0,31%; Crotálico, 1,85%; Laquético, 0,95% e Elapídico, 0,36%. Em cerca de 19% dos óbitos não são informados os gêneros das serpentes envolvidas nos acidentes.
Acidente Botrópico - Jararacas (Bothrops)Corresponde ao acidente ofídico de maior importância epidemiológica no país. A taxa de letalidade é de 0,3%. No Paraná, são encontradas com maior frequência: Bothrops alternatus (urutu, cruzeira, urutu cruzeiro), Bothrops jararaca ( jararaca, jararaca do rabo branco), B. jararacuçu(jararacuçu), B. moojenii (caiçaca, jararacão, jararaca), B. cotiara (cotiara), B. neuwiedi (jararaca pintada). Jararaca (Bothrops) Possui fosseta loreal ou lacrimal, tendo a extremidade da cauda com escamas e cor geralmente parda. Nomes populares - Caiçaca, Jararacuçu, Urutu, Jararaca de Rabo Branco, Cotiara, Cruzeira e outros. Algumas espécies são mais agressivas e encontram-se geralmente em locais úmidos. São responsáveis por 70% dos acidentes ofídicos no Estado Ações do Veneno
Quadro Clínico
Classificação dos Acidentes BotrópicosCom base nas manifestações clínicas e visando a terapêutica, os acidentes botrópicos são classificados em leve, moderado e grave.
Complicações
Exames Complementares
Tratamento
Acidente Crotálico - Cascavel (Crotalus)As serpentes do gênero Crotalus (cascavéis) distribuem-se de maneira irregular pelo país, determinando as variações com que a frequência de acidentes é registrada. Responsáveis por cerca de 7,7 % dos acidentes ofídicos registrados no Brasil, podendo representar até 30% dos acidentes em algumas regiões. Não são encontradas em regiões litorâneas. Apresentam o maior coeficiente de letalidade dentre todos os acidentes ofídicos (1,87%), pela frequência com que evoluem para insuficiência renal aguda (IRA). Cascavel (Crotalus) Possui fosseta loreal ou lacrimal; a extremidade da cauda apresenta guizo ou chocalho de cor amarelada. Nomes populares - Cascavel, Boicininga, Maracambóia, etc. Essas serpentes são menos agressivas que as Jararacas e encontram-se geralmente em locais secos. 11% dos acidentes ofídicos no Estado são atribuídos às cascavéis. Ações do VenenoAs subespécies Crotalus durissus terrificus e C.d collineatus foram as mais estudadas sob o ponto de vista de seus venenos e também dos aspectos clínicos e laboratoriais encontrados nos envenenamentos.
Quadro Clínico
Classificação dos Acidentes Crotálicos
Complicações
Exames Complementares
Tratamento
Acidente Elapídico - Coral Verdadeira (Micrurus)A maioria das 18 espécies do gênero Micrurus (serpentes corais) possuem um padrão de cor representado por anéis corporais em uma combinação de vermelho (ou alaranjado), branco (ou amarelo) e preto. A presença da cor vermelha é uma indicação de perigo (coloração aposemática) para potenciais predadores, especialmente pássaros. A letalidade corresponde a 0,4%. Pode evoluir para insuficiência renal aguda, causa de óbito neste tipo de envenenamento. Seus acidentes são raros, porém, pelo risco de insuficiência respiratória aguda, devem ser considerados como graves. Coral Verdadeira (Micrurus) Não possui fosseta loreal (Atenção: aus~encia de fosseta loureal é característica de não venenosas. As Corais são exceção). Coloração em anéis vermelhos, pretos, brancos e amarelos. Nomes populares - Coral, Coral Verdadeira, Boicorá, etc. São encontradas em tocas - hábitos subterrâneos. Essas serpentes não são agressivas. Ações do VenenoOs constituintes tóxicos do veneno são denominados neurotoxinas (NTXs) e atuam da seguinte maneira:
Quadro ClínicoOs sintomas podem surgir precocemente, em menos de 1 hora (45-75min) após o acidente. Há relatos de aparecimento tardio dos sintomas, por isso recomenda-se a observação clínica por 24 horas.
Exames Complementares
Tratamento
Acidente Lachético - Surucucu (Lachesis)Os acidentes com serpentes do gênero Lachesis são raros. É a maior serpente da América Latina, podendo chegar a 4 metros. No Brasil, o gênero Lachesis muta, conhecido popularmente como surucucu, pico-de-jaca, surucutinga, malha de fogo, possui duas subespécies: Lachesis muta muta e Lachesis muta rhombeata. Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e alguns enclaves de matas úmidas do Nordeste. Ações do Veneno
Quadro Clínico
Os acidentes laquéticos são classificados como moderados e graves. Exames Complementares
Tratamento
Galeria de FotosSerpentes PeçonhentasPresas Proteróglifas das serpentes dos gêneros Bothrops e CrotalusSerpentes não PeçonhentasNota Técnica
Compartilhe: Qual o tratamento indicado por alguém que foi picado por uma cobra peçonhenta?Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão. Manter o paciente deitado. Manter o paciente hidratado. Procurar o serviço médico mais próximo.
Qual é o tratamento indicado para Alguémpicado por uma serpente peçonhenta Soroou vacina Justifique sua resposta?O soro antiofídico é utilizado como antídoto quando uma pessoa é picada por uma serpente. Esse produto é formado por anticorpos e o seu principal objetivo é neutralizar o veneno que se encontra no sangue e nos tecidos da pessoa que sofreu a picada.
Qual é o tratamento indicado para alguém picado por serpente?lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão; aplicar compressa de gelo no local; transportar (em maca) a vítima ao Médico mais próximo, para tratamento (aplicação do soro); e. levar junto a cobra (viva ou morta) para identificação.
Quando uma pessoa é picada por uma cobra é fundamental procurar ajuda?Quando uma pessoa é picada por uma cobra, é fundamental procurar ajuda médica imediata. Isso se deve ao fato de que algumas espécies produzem venenos tão poderosos que podem levar a pessoa a óbito.
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