Qual país financiou a construção do Canal do Panamá e com qual intuito?

Após anos de discussões sobre os impactos da expansão sobre o meio-ambiente, novos fluxos na navegação marítima e no comércio global, as novas eclusas do Canal do Panamá foram inauguradas em 26/06/2016, passando a admitir em seus 80 km de extensão navios com 360 m de comprimento, 49 m de boca e 15,2 m de calado, com capacidade de até 14.000 TEU. A obra durou nove anos e custou US$ 5,4 bilhões.

O canal é vital para a economia do Panamá - por onde transita mais de 30% de todo o comércio entre América e Ásia. Assim, não havia alternativa a não ser a expansão, uma vez que as principais companhias de navegação vêm colocando no mercado navios cada vez maiores. Alguns chegam a ser grandes demais até mesmo para as novas eclusas do Canal do Panamá.

Por sua vez, o governo da Nicarágua anunciou estar negociando com a Rússia a construção em território nicaraguense de uma passagem alternativa ao Canal do Panamá, com o objetivo de conectar os oceanos Atlântico e Pacifico.  A previsão é que a obra seja financiada pela China, aproveitando a navegação pelas águas do Lago Cocibolca.  O projeto engloba ainda novos aeroportos, portos nas duas pontas do canal, a construção de lagos artificiais nas montanhas para garantir que o canal tenha água suficiente, além de novas ilhas no lago, para receber os sedimentos de terra e pedras.

Caso este novo canal se concretize (ao custo estimado de US$ 40 bilhões) o resultado terá cerca de 278 km de navegação, admitindo navios com até 20 m de calado. Os críticos do projeto estão céticos, inclusive porque a obra iria destruir ecossistemas complexos, onde há florestas virgens e vulcões.

Há fortes indícios que este projeto seja economicamente inviável, visto que a combinação dos canais do Panamá e da Nicarágua poderia gerar excesso de capacidade, levando os dois países a uma guerra sem vencedores nas respectivas tarifas de passagem. Nicarágua, Rússia e China não comentam o assunto.

Uma obra com “papel fundamental na história da medicina moderna, que revolucionou o transporte do planeta inteiro e foi responsável pela criação de um novo país”, você sabe do que se trata?

O canal do Panamá surgiu com o intuito de diminuir a distância necessária para as embarcações no transporte de cargas. Um navio que necessitasse transportar uma carga antes de 1914 por exemplo da Costa do Atlântico dos Estados Unidos para a Ásia, obrigatoriamente teria que contornar toda a América do Sul. (figura 1).

Figura 1. Trajetória de contorno da América do Sul percorrida por navios até 1914.

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O fato era que o percurso além de representar maior custo, também demandava mais tempo de viagem e era perigoso.

Já pensou o quanto isso afetou a agricultura? Ficou bem mais facil exportar soja dos EUA para a Ásia…

Contudo, no século XVI Vasco Núñez relatou pela primeira vez a ideia de se fazer um canal que possibilitasse a travessia entre os oceanos Atlântico e Pacífico. O local mais adequado seria o Istmo do Panamá, uma estrita faixa de terra comparada as demais regiões, contudo, ainda assim apresentava largura aproximada de 80 km, fato que desencorajava a realização do feito.

Figura 2. Istmo do Panamá, circulado em vermelho, o local mais aconselhado para realização da construção do canal.

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Entre tanto, encorajado pela construção de um canal bem sucedida no Egito, Ferdinand de Lesseps tomou frente do projeto. Com todas das permissões do Governo Colombiano, que até então era responsável pela área, Ferdinand tinha ideia de construir um canal simples, por meio de escavações, contudo, não esperar algumas dificuldades como a Malária e Febre Amarela que custaram a vida de cerca de 20 mil trabalhadores durante a condução do projeto. Outra grande dificuldade era que o projeto de Ferdinand não levava em consideração o Rio Chagres que tinha imensa importância para o abastecimento da região. Sem êxito na conclusão do projeto, Ferdinand declara falência de sua empresa e a construção do canal é interrompida.

No entanto, Theodore Roosevelt na época presidente do Estados Unidos da América mostrou interesse pela obra, vista por ele como uma estratégica comercial e econômica para os Estados Unidos. Então em 1903 os Estados Unidos e a Colômbia assinaram o tratado de Hay-Herran que permitia o direito sobre a faixa de construção do canal no Panamá, contudo após ratificado pelo Senado, o Governo Colombiano negou o direito e para não perder a oportunidade, o Governo dos Estados Unidos incentivou a independência do Panamá, dando amparo Bélico caso necessário.

Não querendo conflitos com o Governo Americano e com medo de uma possível guerra, a Colômbia sede à independência do Panamá, surgindo então um novo País, que como forma de retribuição cedeu os direitos de utilização da área do canal aos Estados Unidos. Sob responsabilidade do Engenheiro John Frank Stevens, as obras retornaram, contudo com uma nova metodologia que antes do pleno funcionamento da obra buscou solucionar o problema da Malária e Febre Amarela por meio de incentivos a pesquisa e medicina.


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Foi ai que então o médico Carlos Juan Finlay descobriu em 1881 que os mosquitos eram os principais vetores de transmissão da doença, abrindo caminha para medidas de controle da doenças. Solucionado esse problema, John Frank Stevens deu continuidade ao projeto do canal, projeto esse mais ousado que o primeiro apresentado por Ferdinand de Lesseps, pois ao invés de escavar todo o canal, John Frank pensava em construir um sistema cuja finalidade fosse elevar os níveis de água a canais navegáveis para a passagem dos navios por meio de “eclusas”, reduzindo assim o tempo da obra com escavações (figura 3).

Figura 3. Representação esquemática do projeto propostos por John Frank Stevens para o Canal do Panamá.

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Contudo duas grandes dificuldades se tornaram problemas, a primeira era como elevar o nível de água e a segunda era o que fazer com o Rio Chagres. Foi ai então que John Frank Stevens solucionou ambos os problemas com a criação de uma represa, que possibilitou o armazenamento de água doce para o abastecimento local e a elevação do nível de água a canais navegáveis, até então a represa seria a maior já construída a nível mundial (figura 4).

Figura 4. Construção da barragem no Panamá que deu origem ao lago Gatún.

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Seguindo o projeto, deu-se início a confecção das eclusas, sendo que foram construídas três do lado Atlântico e três do lado Pacífico, cada uma com capacidade de elevação de 26 metros, com comprimento de 300 metros e largura de cerca de 33 metros.

A conclusão da obra que foi inaugurada em 1914 possibilitou a travessia de inúmeros navios durante os anos. No entanto com a construção de navios com dimensões superiores ao máximo suportado pelo canal, foi necessária a ampliação do canal, que ocorreu entre os anos de 2007 e 2016, comportando agora todos os tamanhos de navios fabricados até então fabricados.

Atualmente, Segundo LLORCA; LIMA; LOPES (2018), o Canal do Panamá apresenta baixa influência quanto ao transporte da soja Brasileira especialmente para a China, principal importadora do grãos brasileiro. Contudo os autores destacam que há uma ampla possibilidade de utilização do Canal para o escoamento do grãos, sendo necessário a realização de alguns investimentos em portos brasileiros para a viabilização da logística.

Visando maximizar a logística brasileira e a utilização do canal pelo Brasil a Aprossoja Brasil assinou em 2019 um acordo que permite o intercâmbio de informações de mercado e maximiza a exportação de soja e milho brasileiro pelo Canal do Panamá. O Canal se mostra como uma importante alternativa e ferramenta para a exportação da soja brasileira para os Chineses, sendo que sua utilização pode elevar o comércio brasileiro com a Ásia, além disso, conforme informações da ABRA, a utilização do Canal do Panamá pode representar uma redução do tempo de navegação entre o porto Vila do Conde, no Pará e o porto de Xangai na China de 4 dias e meio, resultando em uma economia de combustível a exemplo de um navio do tipo Capesize de aproximadamente US$ 222,7 mil.

Figura 5. Canal do Panamá.

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Confira os detalhes sobre a construção do Canal no vídeo Abaixo:


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Referências:

ABRA NOTÍCIAS. CANAL DO PANAMÁ ELEVA COMÉRCIO COM A ÁSIA. Disponível em: <https://abra.ind.br/blog/abra-news/canal-do-panama-eleva-comercio-com-asia/>, acesso em: 05/06/2020.

APROSOJA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS. APROSSOJA BRASIL ASSINA ACORDO PARA VIABILIZAR TRANSPORTE PELLO CANAL DO PANAMÁ. Aprossoja Brasil. Disponível em: < https://aprosojabrasil.com.br/comunicacao/blog/2019/04/01/aprosoja-brasil-assina-acordo-para-viabilizar-transporte-pelo-canal-do-panama/>, acesso em: 05/06/2020.

CANAL DO PANAMÁ – HISTÓRIA DAS ESTRUTURAS. O Canal da Engenharia. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=m81-c74rj6o&feature=youtu.be>, acesso em: 05/06/2020.

GOLDIM, J. R. EXPERIMENTOS SOBRE TRANSMISSÃO DA FREBRE AMARELA. Disponível em: < https://www.ufrgs.br/bioetica/finlay.htm>, acesso em: 05/06/2020.

LLORCA, R. P; LIMA, R. S; LOPES, H, S. ANÁLISE DA LOGISTICA DE EXPORTAÇÃO DA SOJA DO CENTRO-OESTE BRASILEIRO A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DO CANAL DO PANAMÁ. 32° Congresso de Pesquisa e Ensino em Transporte da ANPET, Gramado, 2018.

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Qual país financiou a construção do Canal do Panamá e com qual intuito?

Quem financiou a construção do Canal do Panamá?

A obra durou 10 anos, e apesar de estar em seu território, o Canal do Panamá era gerido pelos EUA, pois era a compensação panamenha pelo apoio estadunidense no processo separatista do país.

Qual foi objetivo para a construção do Canal do Panamá?

O Canal do Panamá é uma abertura artificial que foi construída na parte mais estreita da América Central (istmo), em 1914, para permitir o trânsito marítimo de cargas entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Como se deu a construção do Canal do Panamá e qual é a sua importância?

A navegação por este canal começou em 1914, ano de sua inauguração, sua construção significa uma importante conquista da engenharia, além de facilitar o fluxo marítimo. Porém, a ideia de se construir o canal surgiu no final do século XIX, tempo em que o Panamá estava anexado ao território colombiano.