Quanto ganha a família real brasileira

Laudêmio. A palavra que tem movimentado as redes sociais nos últimos dias guarda uma relação histórica com Petrópolis, cidade na Região Serrana do Rio de Janeiro atingida por um temporal que resultou em tragédia na última terça-feira (15). Até o início da tarde de domingo (20), morreram na tragédia 152 pessoas, e outras 154 eram consideradas desaparecidas.

Foi a partir do desastre que o debate nas redes sobre o laudêmio se formou. Previsto em lei, o laudêmio é uma taxa paga por proprietários de terras aos donos do terreno toda vez que há uma transação imobiliária. Um dos principais beneficiários é o governo federal, que recebe, por exemplo, laudêmio de imóveis em terrenos de marinha, que é a faixa de terra de 33 metros ao longo de toda a costa brasileira.

Além do laudêmio, há outra taxa, chamada foro, que é anual. Ambas estão previstas na enfiteuse, instituto do direito que permitia que o dono da terra a doasse em troca do pagamento dessas taxas.

Em Petrópolis, o laudêmio é cobrado por transações de terras na região em que ficava a Fazenda Córrego Seco, pertencente a Dom Pedro 2º. Daí o apelido de "taxa do príncipe".

A então fazenda, hoje, engloba o Centro e outros bairros mais valorizados da Cidade Imperial. Por isso, para cada transação de terra feita na região, é cobrado um percentual de 2,5%, que obrigatoriamente é repassado aos herdeiros de Dom Pedro II, que foi imperador do Brasil.

A "taxa do príncipe" foi criada em 1847, e a cobrança é feita pela Companhia Imobiliária de Petrópolis, administrada pelos familiares da antiga família real.

Mensagem de herdeiros gerou tumulto

Carta da família imperial — Foto: Reprodução

Uma mensagem da autointitulada Casa Imperial do Brasil -- e divulgado no perfil de Bertrand de Orleans e Bragança (herdeiro de D. Pedro) -- foi o que gerou as reações nas redes. A mensagem manifestava pesar pelas vítimas da tragédia.

O texto diz que a autointitulada família imperial estava profundamente consternada "com os terríveis danos causados pelas fortes chuvas em Petrópolis". Também diz que a família "está sempre disposta a servir ao seu povo, oferecendo orações e solidariedade a todos que vêm sofrendo".

Foi a deixa para uma enxurrada de críticas na web, citando exatamente a "taxa do príncipe". Para os críticos, é contraditória a mensagem da família (veja abaixo alguns dos comentários).

Após a repercussão, Bertrand disse que seu núcleo familiar não recebe o laudêmio – outros membros da família que vivem em Petrópolis o recebem.

"Em virtude de comentários recentes, esclareço que minha Família imediata (meus irmãos, sobrinhos e eu) não recebe quaisquer quantias referentes ao laudêmio percebido pela Companhia Imobiliária de Petrópolis. Esclareço ainda que nossas orações (obrigação de todo católico) são acompanhadas de esforços para a arrecadação de doações. Agimos, pois, como tantos brasileiros de boa vontade, com vistas a ajudar as vítimas da tragédia na querida Petrópolis.

Repercussão

"A Família Imperial do Brasil (rá!) não dará um real pra cidade que paga as contas dela, mas vai… ORAR!"

Internautas repercutem mensagem do príncipe imperial do Brasil no Twitter — Foto: Reprodução

Outra internauta comenta sobre o fim da monarquia no Brasil.

"Amadoh, não temos monarquia faz só uns 132 anos..."

Internautas fazem críticas após postagem de príncipe imperial do Brasil — Foto: Reprodução

Outra postagem comenta sobre o laudêmio, imposto que é pago pelos petropolitanos à família Orleans Bragança.

"Enquanto isso, no universo paralelo do 'príncipe imperial do Brasil'. Quantas gerações mais ficarão nesse metaverso, recebendo dinheiros das negociações com imóveis em Petrópolis?", disse.

Outro internauta critica imposto pago a família Orleans e Bragança em Petrópolis — Foto: Reprodução

A mensagem dos Bragança também renderam alguns memes.

Memes foram postados por internautas em crítica a pagamento de imposto a família Orleans e Bragança em Petrópolis — Foto: Reprodução

Memes se espalham pelas redes sociais após mensagem do príncipe imperial do Brasil sobre a tragédia de Petrópolis — Foto: Reprodução

A cantora Teresa Cristina também fez uma postagem nesta sexta-feira.

Projeto na Câmara

Na sexta-feira (18), o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de lei para destinar o laudêmio às vítimas das enchentes no município.

A proposta prevê que o imposto passe a ser repassado à Prefeitura de Petrópolis, que terá a obrigação de utilizar o dinheiro em políticas públicas de prevenção e combate a desastres ambientais.

"Não faz sentido, em pleno século XXI, os moradores de Petrópolis pagarem uma taxa que só beneficia os descendentes do Imperador Dom Pedro II", disse Freixo.

VÍDEOS: imagens marcantes da tragédia em Petropólis

Quanto ganha Família Imperial Brasileira?

Eles recebem R$ 100,9 mil mensais, o equivalente a R$ 1,21 milhão ao ano. O laudêmio é cobrado de compradores de imóveis construídos na área onde ficava a antiga fazenda do Córrego Seco, comprada por Dom Pedro I em 1830. A área atualmente engloba o centro e os bairros mais valorizados de Petrópolis.

O que a família real recebe do Brasil?

A FAMÍLIA IMPERIAL RECEBE ALGUM BENEFÍCIO DO GOVERNO? Não recebe nenhuma ajuda e, se oferecida, com certeza não aceitaria, porque prefere manter sua independência com relação a uma República imposta aos brasileiros.

Quanto Petrópolis paga para a família real?

Quem compra um imóvel no Primeiro Distrito de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, deve pagar uma taxa de 2,5% sobre o valor à Companhia Imobiliária de Petrópolis, administrada por descendentes do imperador Dom Pedro II.

Como vive a família real brasileira hoje?

Atualmente, a Família Imperial Brasileira mora em uma casa alugada em Higienópolis, bairro nobre da capital paulista, e é composta por sete pessoas, descritas a seguir por ordem de sucessão no trono.