Que atividade econômica contribuíram para o grande desmatamento na Mata Atlântica na Região Nordeste?

Foram mais de 10 mil alertas detectados e 184% a mais de áreas desmatadas

A Mata Atlântica, a Caatinga, o Cerrado e a Amazônia foram duramente impactados com o aumento do desmatamento em todos os estados da Região Nordeste do Brasil: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Esses biomas, em seu conjunto, sofreram perda de 352.006 hectares de vegetação nativa em 2020 – um crescimento de 184% em relação ao ano anterior. Esses números estão no Relatório Anual do Desmatamento no Brasil - 2020, produzido a partir dos dados do MapBiomas Alerta, e foram apresentados em um Webinar nesta sexta-feira, dia 16 de julho. O evento teve a apresentação completa do estudo e análises com a participação de órgãos de monitoramento e fiscalização.

Os dados apontam 10.687 alertas de desmatamento detectados em 2020 – o que representa um crescimento de 243% na comparação com 2019. Segundo o coordenador da Equipe Caatinga do MapBiomas Alerta, Washington Rocha, o crescimento substancial em 2020 ocorreu porque o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) Caatinga passou a produzir alertas, ampliando a detecção de áreas desmatadas. “A agropecuária, principalmente na borda oeste da região, na fronteira agrícola do oeste da Bahia e parte do MATOPIBA (Maranhão, Piauí e Bahia), foi a principal responsável pela aceleração do desmatamento”, comenta Rocha. Entre os Estados, o Maranhão foi o que mais desmatou no Nordeste: 167.366 hectares.

No Nordeste, foram registrados 1.104 municípios com desmatamento, do total de 1.793, ou seja, 61,57% dos municípios tiveram supressão da vegetação nativa em 2020. Balsas, no Maranhão, lidera o ranking dos municípios que mais desmataram na região, com 28.751 hectares devastados, 327% a mais do que em 2019. Duas cidades da Bahia completam o pódio: Formosa do Rio Preto, com 13.061 hectares (crescimento de 66%) e São Desidério (BA), com 11.976 hectares desmatados - mas foi a que teve maior crescimento, de 487%.

Para aumentar o monitoramento e combater o desmatamento ilegal, o MapBiomas firmou, em 31 de maio, um acordo de cooperação técnica com o Consórcio Nordeste. Com a parceria, os dados do projeto serão utilizados para produção de conhecimento sobre o território e os biomas da região e fomento a estratégias de preservação.

Destaques sobre a região Nordeste no Relatório Anual do Desmatamento no Brasil - 2020:
- 10.687 alertas detectados, validados e refinados (um aumento de 243% em relação a 2019);
- 352.006 hectares de desmatamento (acréscimo de 184% em relação a 2019);
- No Nordeste, foram registrados 1.104 municípios com desmatamento, do total de 1.793, ou seja, 61,57% das cidades;
- Entre os Estados, o Maranhão foi o que mais desmatou no Nordeste: 167.366 hectares. Balsas foi a cidade com maior desmatamento, com 28.751 hectares devastados, 327% a mais do que em 2019;
- A Bahia aparece em segundo lugar, com 108.315 hectares destruídos. A principal cidade impactada foi Formosa do Rio Preto, com 13.061 hectares perdidos;
- Piauí está na terceira posição: desmatou 54.959 hectares. Currais, que devastou 10.490 hectares, foi o município que se destacou;
- O Ceará, em quarto lugar, registrou no período 8.964 hectares de vegetação nativa suprimidas. O município que mais sofreu desmatamento foi Tabuleiro do Norte, com 791 hectares destruídos;
- No Rio Grande do Norte, quinto em desmatamento na região Nordeste, foram 4.002 hectares desmatados e Caraúbas foi a principal impactada, com 450 hectares suprimidos;
- O sexto lugar ficou com Pernambuco, com 3.821 hectares, e Bodocó teve a maior área comprometida, com 418 hectares;
- Na sétima colocação ficou a Paraíba, que destruiu 2.756 hectares. São José de Piranhas foi o município com mais prejuízo ambiental, onde 164 hectares sofreram danos;
- Alagoas é o oitavo em desmatamento no Nordeste (950 hectares), com destaque para o município de Major Isidoro, com 156 hectares desmatados;
- Sergipe foi o estado que menos desmatou: 870 hectares. O município com mais desmatamento no Estado foi Monte Alegre de Sergipe, com 95 hectares.

Na próxima sexta-feira (23), será realizado o último webinar regional sobre os dados do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil - 2020. O foco será os Estados do Centro-Oeste. Acompanhe pelo YouTube do MapBiomas.

Acesse na íntegra o Relatório Anual de Desmatamento 2020 no site do MapBiomas Alerta.

A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros mais ricos em biodiversidade, junto à Floresta Amazônica. Ambas são muito parecidas devido à localização geográfica em baixas e médias latitudes. Esses biomas são conhecidos por florestas tropicais e equatoriais, respectivamente. Essa localização permite alta insolação e rico desenvolvimento de fauna e flora, o que pode ser um prato cheio para a exploração humana.

Sua rica biodiversidade transformou a Mata Atlântica em um grande alvo de desmatamento e exploração humana, tornando-a o segundo bioma mais ameaçado do planeta, segundo a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi).

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Características gerais da Mata Atlântica

  • Localização da Mata Atlântica

A Mata Atlântica é o bioma brasileiro presente em quase todos os estados do país, seja de forma parcial, seja de forma integral. São 17 estados que têm em seu território áreas cobertas pela mata, espalhadas por mais de três mil municípios.

A presença marcante da mata está no litoral brasileiro, em grande parte do Sudeste, do Sul e de alguns estados do Centro-Oeste e Nordeste. Estima-se que, quando os europeus aqui chegaram, em 1500, essa floresta ocupava 15% to território brasileiro, com uma área de 1.306.421 km². Com o passar dos anos e o intenso desmatamento causado pelas ações antrópicas, esse número é drasticamente menor, com pouco mais de 100 mil km² da vegetação original.

Sua localização litorânea e de baixas e médias latitudes dá-lhe o caráter de uma floresta úmida, quente e com fauna e flora bastante desenvolvidas. Como a ocupação brasileira ocorreu, de forma inicial, na parte leste do país, a mata foi o primeiro bioma a ser desmatado, o que explica sua baixa área.

Que atividade econômica contribuíram para o grande desmatamento na Mata Atlântica na Região Nordeste?
Localizada no litoral brasileiro, a Mata Atlântica foi o primeiro bioma desmatado do Brasil.

  • Subdivisões da Mata Atlântica

A Mata Atlântica tem algumas características bem semelhantes às da Floresta Amazônica. Essas características são referentes ao porte das árvores e ao desenvolvimento da fauna: ambos os biomas possuem árvores altas que podem chegar a mais de 30 metros de altura, com pequenas vegetações arbustivas que surgem à sombra delas.

Segundo a Apremavi, podemos dividir a Mata Atlântica em duas florestas: primária e secundária. Esta última possui três estágios, variando de acordo com regeneração da vegetação.

  • Floresta primária: pode ser conhecida como mata virgem, pois se refere à floresta intocada pelos humanos ou em que a ação humana não levou desequilíbrio para a relação entre os seres vivos. Nessa floresta encontramos as árvores mais altas e grossas da Mata Atlântica, além de orquídeas e cactos nas copas das árvores.

  • Floresta secundária: refere-se a áreas em que houve atividade humana, como agricultura e extrativismo vegetal. Após essas atividades, algumas áreas são abandonadas e a floresta mostra sua capacidade de regeneração biológica, que faz ressurgir espécies. Essa regeneração acontece em três estágios

Estágio inicial: pode durar até 10 anos, dependendo do grau de devastação do solo e da flora e da quantidade de sementes no chão. Nesse estágio as árvores não passam de quatro metros de altura, prevalecendo samambaias no chão.

Estágio médio: as samambaias diminuem e as árvores podem atingir até 12 metros de altura, aparecendo árvores nativas, como as aroeiras e ingás.

Estágio avançado: após o estágio médio, a floresta pode demorar até 200 anos para atingir o patamar da floresta primária. Nesse estágio, as samambaias desaparecem e a biodiversidade aumenta gradativamente. Espécies nativas começam a ressurgir, como os cedros e as sapucaias.

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  • Vegetação e flora da Mata Atlântica

A Mata Atlântica possui uma rica biodiversidade em todos os sentidos. Algumas espécies de sua vegetação são endêmicas, ou seja, só ocorrem nela. Sua diversidade ecológica permite-lhe regenerações espontâneas, mas elas são atrapalhadas pelas ações humanas, como o desmatamento, o comércio ilegal, as pastagens, entre outros.

Por conta dessa biodiversidade, não há estudos conclusivos da quantidade de espécies na região. Estima-se que haja na Mata Atlântica 20 mil espécies de árvores, o que significa 35% do total existente no Brasil.

A Mata Atlântica é estratificada, com grandes árvores. Elas compõem o dossel da floresta e absorvem a maior parte dos raios solares. Toda matéria orgânica (folhas, frutos) é absorvida pelo solo da floresta, tornando-o fértil para as vegetações. Abaixo do dossel, crescem pequenas vegetações arbustivas nas sombras das árvores mais altas.

Veja algumas árvores e frutas nativas da Mata Atlântica:

  • Jabuticabeira

  • Goiaba

  • Araçá

  • Pitanga

  • Caju

  • Cambuci

  • Erva-mate

  • Pau-brasil

  • Juçara

  • Bromélias

  • Orquídeas

  • Pinheiro-do-paraná

  • Jatobá

  • Gabiroba

  • Palmiteiro

Por tratar-se de um bioma rico em biodiversidade e relativamente extenso em extensão territorial, a Mata Atlântica é subdividida em alguns ecossistemas. Essa subdivisão foi elaborada, em 1990, pela Fundação SOS Mata Atlântica, em um encontro de pesquisadores, e reconhecida legalmente, em 1992, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama.

  • Floresta ombrófila densa: é marcada pelas árvores de copas altas, formando coberturas vegetais fechadas. É mais comum no litoral brasileiro, do Rio Grande do Sul ao Ceará, com precipitações regulares durante o ano.
  • Floresta ombrófila mista: é comum de áreas frias, como a região Sul do Brasil e os planaltos do Sudeste. Uma árvore típica dessa localidade é a Araucária.
  • Floresta ombrófila aberta: é comum em áreas mais secas e com altas temperaturas, sem a presença de árvores com copas altas fechadas. É encontrada em Minas Gerais, Espírito Santo e Alagoas.
  • Floresta estacional semidecidual: é também conhecida como floresta tropical subcaducifólia, algumas de suas árvores podem perder as folhas durante o outono e inverno.
  • Floresta estacional decidual: ocorre em locais com duas estações definidas, uma seca e outra úmida. Em geral, suas árvores perdem as folhas no inverno seco e frio.

  • Campos de altitude: como o nome diz, essa subdivisão ocorre em áreas altas da mata, prevalecendo a existência de gramíneas nos altos picos.

  • Brejos interioranos: ocorrem em áreas de transição da Caatinga para a Mata Atlântica, sendo fundamentais para a agricultura nordestina devido ao armazenamento hídrico.

  • Manguezais: são vegetações que ocorrem nas áreas de contato das águas doces (rios) com as águas salgadas (mares e oceanos) presentes em todo litoral brasileiro. Possuem uma rica fauna, como moluscos e caranguejos, sendo importantes para conter a força das marés altas.

  • Restinga: é a área de depósitos de areia (arenosos) em toda a costa brasileira, com uma vegetação que depende de fatores abióticos, como a água, o vento, a radiação solar, entre outros.

  • Vegetação fixadora de dunas: é a vegetação que fixa a areia das praias no litoral, impedindo-a de espalhar-se pela orla, além de servir de repouso para aves de pequeno e médio porte.

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  • Clima da Mata Atlântica

A maior da parte da mata tem como condição climática a influência do clima Tropical. Esse clima apresenta verões chuvosos e invernos secos. Na parte litorânea do Brasil, temos a presença da massa de ar Tropical Atlântica, quente e úmida, favorecendo a Mata com bastante índices pluviométricos regulares durante o ano.

Essa consequência alimenta a rica biodiversidade na Mata Atlântica. No entanto, nas serras da região Sudeste, há o clima Tropical de Altitude, com intensas chuvas nas áreas mais altas, chegando-se a 4000 mm de precipitação durante o ano, principalmente na Serra do Mar, no estado de São Paulo.

  • Fauna da Mata Atlântica

Assim como a variedade na flora, a fauna da Mata Atlântica é bem diversificada. Há espécies que podem ser encontradas também em outros biomas, como a onça-pintada e a anta. São várias espécies diferentes, incluindo-se mais de 270 mamíferos, 1000 aves, 370 anfíbios, 200 répteis e 350 peixes. Os números são aproximados devido à vasta distribuição de todos esses animais.

Entretanto, essa riqueza chama a atenção dos exploradores ilegais da natureza. De acordo com um levantamento do Ibama, no final da década de 1980, das 202 espécies ameaçadas de extinção no Brasil, 171 eram nativas da Mata Atlântica. No início dos anos 2000, essa lista de ameaçados de extinção subiu para 633, sendo mais de 60% de animais da Mata Atlântica.

Que atividade econômica contribuíram para o grande desmatamento na Mata Atlântica na Região Nordeste?
Beija-flor típico da Mata Atlântica.

A rica biodiversidade da mata atrai os praticantes de tráfico de animais, o que prejudica o ecossistema local. Quando se retira um animal do seu hábitat natural, sua presa pode proliferar-se rapidamente, e seu predador pode não encontrar outro alimento, ocorrendo um grave desequilíbrio na cadeia alimentar daquela localidade. É importante a conscientização ambiental nesse sentido, pois um pequeno gesto, como o tráfico de um animal, pode impactar de forma grandiosa na vida de todo um ecossistema.

Veja alguns dos animais mais comuns na Mata Atlântica:

  • Tatu

  • Quero-quero

  • Jararaca

  • Murucututu-de-barriga-amarela

  • Gato-do-mato

  • Jacu

  • Capivara

  • Beija-flor-verde

  • Lagartixa-da-areia

  • Tartaruga-de-couro

  • Mico-leão-da-cara-preta

  • Mico-leão-dourado

  • Cutia

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  • População da Mata Atlântica

De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, estima-se que, aproximadamente, 120 milhões de brasileiros vivam sob o domínio da Mata Atlântica, mais de 70% de toda população do país.

Esse alto contingente populacional é explicado pela colonização brasileira. Foi no litoral que se desenvolveram os primeiros aglomerados urbanos e, posteriormente, os primeiros centros industriais. Tudo na região da Mata Atlântica.

A devastação da Mata é preocupante do ponto de vista social, pois grande parte da sociedade brasileira depende dela para a preservação de nascentes, como a do rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais. Ademais, povos indígenas, como os Guarani ou os Caiçara, vivem na mata e necessitam dela preservada para sua sobrevivência: caça, pesca, agricultura, extrativismo.

Importância da Mata Atlântica

Considerada patrimônio nacional pela Constituição Federal de 1988, a Mata Atlântica é essencial para a manutenção da vida no litoral brasileiro e em algumas áreas interioranas de sua ocorrência.

A princípio, é na Mata Atlântica que está localizada a árvore que deu nome ao nosso país: o pau-brasil. Além disso, nesse bioma estão importantes bacias que servem desde a navegação fluvial, como o rio Tietê, até rios que geram grandes quantidades de energia, como o rio Paraná. Há outros rios, como o Paraíba do Sul, o Paranapanema, o São Francisco e Rio Doce.

Isso mostra a importância das águas da mata, tanto para o consumo humano quanto para atividades industriais e agrícolas, sendo fundamentais no desenvolvimento das grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. De acordo com a Apremavi, são mais de 100 milhões de brasileiros que se beneficiam delas.

Que atividade econômica contribuíram para o grande desmatamento na Mata Atlântica na Região Nordeste?
A riqueza da Mata Atlântica, com as quaresmeiras e embaúbas, típicas das florestas ombrófilas densas.

Devido a sua grande importância para o povo brasileiro, em dezembro de 2006, foi sancionada a Lei da Mata Atlântica, de número 11.428, que rege políticas públicas relacionadas à proteção e conservação da mata, além de regulamentar a exploração apenas quando tal ação não prejudique a vegetação, conforme consta no artigo 20:

“O corte e a supressão da vegetação primária do Bioma Mata Atlântica somente serão autorizados em caráter excepcional, quando necessários à realização de obras, projetos ou atividades de utilidade pública, pesquisas científicas e práticas preservacionistas.”

Entretanto, o estrago feito na Mata Atlântica durante os mais de 500 anos de história brasileira ainda é maior do que os mecanismos jurídicos, cabendo à sociedade educação e conscientização ambiental para proteger um dos maiores patrimônios do país.

Degradação da Mata Atlântica

A lei promulgada em 2006 que protege a Mata Atlântica é fruto de ações ambientalistas ainda na década de 1980, quando a Constituição Federal determinou que esse bioma se tornasse patrimônio nacional.

A degradação da mata iniciou-se já em 1500, quando os portugueses aqui chegaram e retiraram grandes quantidades de pau-brasil, exportando-o para a Europa. A cor avermelhada dessa árvore chamava a atenção dos europeus, que usavam a madeira para construção de móveis e sua cor para tingir tecidos.

Com o passar dos anos, o desenvolvimento no litoral brasileiro fez com que grande parte da mata fosse desmatada para inúmeros fins: agricultura, abertura de ferrovias e rodovias, construção e expansão de cidades, implantação de indústrias etc. Isso tornou a Mata Atlântica o primeiro bioma brasileiro a sofrer um grave desmatamento.

Além do desmatamento, há o comércio ilegal de espécies da fauna ou da flora. O tráfico de animais é recorrente na região, principalmente com micos, araras e corujas, ou com as orquídeas, bromélias e pinheiros. A retirada de animais e/ou plantas do ecossistema afeta toda a comunidade biológica, sem contar que ocorre de forma bruta, sem critérios e nenhuma garantia de sustentabilidade ou renovação para o bioma.

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O que resta da Mata Atlântica?

Com pouco mais de 100 mil km², hoje a Mata Atlântica possui apenas 7,84% de sua vegetação original. O desmatamento e as ocupações irregulares reduziram drasticamente as áreas ocupadas pela mata. Ademais, essa porcentagem está distribuída de forma irregular no país, com alguns estados com menos de 1% do que havia em 1500. Um exemplo é o estado do Piauí, no Nordeste do Brasil. Esse estado possui apenas 0,1% da Mata Atlântica original.

Toda essa devastação fez com que a ONG Conservação Internacional incluísse a Mata Atlântica na lista dos hotspots. Esse conceito é associado a biomas que possuam grande biodiversidade e com muitas espécies endêmicas, restritas àquela localidade e mais suscetíveis de serem extintas. Além disso, para um bioma ser considerado um hotspot, é necessário que 75% (ou mais) de sua área original esteja desmatada, destruída.

Além da Mata Atlântica, o Cerrado brasileiro também se enquadra nesses quesitos.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (PUCCAMP/2017) Um grande poeta brasileiro foi João Cabral de Melo Neto, conhecido por poemas marcantes e muito bem trabalhados. Em “Morte e vida severina”, o trecho abaixo refere-se à chegada do protagonista em uma nova fitofisionomia, depois de atravessar a Caatinga:

Bem me diziam que a terra
se faz mais branda e macia
quando mais do litoral
a viagem se aproxima.

Agora afinal cheguei
nesta terra que diziam.
Como ela é uma terra doce
para os pés e para a vista.
Os rios que correm aqui
têm água vitalícia.

Essa descrição corresponde

a) ao Agreste, região de matas de galeria entre a Caatinga e o Cerrado.

b) ao Sertão, região de Cerrado com matas perenes ou semidecíduas.

c) ao Cerradão, uma região de florestas resistentes à seca.

d) à Mata Ripária, uma faixa contínua ao longo do litoral leste do Brasil.

e) à Zona da Mata, originalmente coberta por Mata Atlântica.

Resolução

Alternativa E. No enunciado, tem-se a informação de que o personagem saiu da Caatinga e está indo para o litoral. Essa informação já nos remete à Mata Atlântica, além do fato mencionado sobre as águas que nascem nesse bioma.

Questão 2 - (UFRR/2016) A Mata Atlântica originalmente cobria uma área de 1 milhão de km2, estendendo-se ao longo do litoral, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Ela é o ecossistema brasileiro que mais sofreu os impactos ambientais dos ciclos econômicos da história do Brasil, reduzindo-se a cerca de 7% de sua área original. Analise as afirmações a seguir.

I. O desmatamento da Mata Atlântica teve início com a chegada dos colonizadores ao Brasil, quando os portugueses extraíam o pau-brasil, uma árvore de coloração avermelhada da qual retiravam um corante muito apreciado na Europa.

II. Apesar da perda de uma vasta área, a Mata Atlântica não sofre com problemas de extinção, uma vez que as espécies endêmicas da região encontram-se protegidas por unidades de conservação.

III. A expansão da agricultura, principalmente ligada à produção de cana-de-açúcar no Nordeste e do café no Sudeste, foi um dos fatores que levaram à supressão de vastas áreas da Mata Atlântica.

Após a leitura, marque a opção com a(s) assertiva(s) corretas.

a) III

b) I

c) I e II

d) I e III

e) Todas as afirmativas são incorretas.

Resolução

Alternativa D. A Mata Atlântica ainda sofre com problemas de extinção de suas espécies, mesmo com áreas de conservação ambiental e leis nacionais que a protegem.

Que atividade econômica contribuíram para o desmatamento da Mata Atlântica na Região Nordeste?

Explorada desde a época da colonização pela extração do Pau-Brasil e, depois pelo cultivo de monoculturas como o café e a cana-de-açúcar, a Mata Atlântica se reduz hoje, a apenas, 7% da sua cobertura original.

Quais atividades econômicas contribuíram para a destruição de grande parte da Mata Atlântica?

No final do século 19 e início do século 20, foi a vez do avanço da cultura cafeeira no Sudeste-Sul expulsar a floresta dessas regiões. A floresta foi sendo devastada também pela expansão da indústria, da agricultura, do turismo e da urbanização, que exigiram a extração de madeiras de vastas áreas.

Quais atividades econômicas contribuíram para o desenvolvimento das cidades?

São eles os ciclos do pau-brasil, do ouro, da cana-de-açúcar, do café, do algodão e da borracha.