Uma pessoa pode ser feliz mesmo se não se encaixar nos padrões de estética exigidos pela sociedade

Por Isabela Cardoso Batista, Alex José Leite Torres Junior, Ingrid Maria Alcântara de Souza Silva, Larissa Lima Maia

UNIVERSIDADE SALVADOR — UNIFACS

Orientador(a): Mariana Menezes Alcântara

SALVADOR 2018.1

RESUMO

Este artigo apresenta uma abordagem que mensura a influência de determinados indivíduos através desta pesquisa acadêmica aplicada usando as Teorias da Comunicação como base para mostrar o poder de persuasão dos atuais formadores de opinião: os digitais influencers. Por meio de critérios estabelecidos pela sociedade, os padrões de beleza vêm causando grandes problemas nessa nova geração. Os influenciadores trazem corpos utópicos, deixando seus seguidores aflitos quanto a sua realidade. Estes mesmos formadores de opinião representam uma alternativa para as empresas que confiam os seus produtos para tais pessoas com o objetivo de atrair o público-alvo que os segue, afinal, para conquistar o “corpo perfeito” muitas parcerias entram em pauta. Apesar da tentativa de determinados influencers em desmistificar esse “conto de fadas”, muitos são criticados pelo meio ao qual se encontram.

PALAVRAS CHAVE: digital influencer; padrões de beleza; teorias da comunicação;

1. INTRODUÇÃO

O processo de comunicação tradicional há muito tempo vem sofrendo diversas transformações e evoluiu de uma estrutura classificada como one-to-many (um-para-muitos) para many-to-many (muitos-para-muitos). Tal evolução foi possível graças ao surgimento da Internet como mídia, que modificou a maneira como as empresas se conectam com seus consumidores (Hoffman & Novak, 1996) e abriu espaço para novos comportamentos, baseados em interações e experiências (Lamberton & Stephen, 2016).

Com essa evolução, os formadores de opinião também mudaram. Através de uma tela de celular, uma pessoa consegue influenciar de maneira direta ou indireta milhares de pessoas para consumirem um produto ou apenas seguirem aqueles hábitos de vida. Da mesma maneira que conseguem causar descontentamento perante seu corpo, afinal, a vida do digital influencer é muito mais animada do que a do seu seguidor, não é mesmo?

Assim, os padrões de beleza tem alcançado cada vez mais a sociedade atual, ocasionando insatisfação e um sentimento de culpa. “Por que ela consegue e eu não”?”“ O que eu estou fazendo de errado?” São com essas e/ou outras perguntas que a pessoa percebe enquanto assiste ao seu show particular de mentiras e vidas utópicas. A sociedade do espetáculo está aqui para mostrar que a população assiste à isso de maneira tranquila, mesmo afetando-a de maneira direta.

Dessa forma, este artigo apresenta uma abordagem empírica que procura mensurar o poder de influência dos influenciadores digitais, reconhecidos como formadores de opinião. O quanto à sociedade pode ser alienada ou se permitir sofrer quanto a essa questão que não é de agora.

2. A sociedade do espetáculo

Para Guy Debord, sociólogo francês e o criador do conceito de “sociedade do espetáculo”, o povo passou a ser mero espectador de uma sociedade problemática. Dessa maneira, entende-se que a população ficaria assistindo passivamente a escândalos de corrupção, guerras, cenas de miséria e etc. Sendo assim, nada disso chegaria para a gente como realidade, e sim, como ‘atração’, ou seja, deixamos de ser atores da nossa própria história, esperando sempre o próximo espetáculo. O livro “A Sociedade Do Espetáculo” pode ser descrito como uma crítica feroz à sociedade contemporânea, isto é, sociedade do consumo, cultura da imagem e a invasão da economia em todas as esferas da vida. Neste livro, ele apresenta seu conceito de espetáculo como uma “relação de pessoas mediada por imagens”. Um exemplo é a moral religiosa, que se coloca como inquestionável e se impõe de maneira que não pode ser percebida como uma construção social, podendo apenas ser contemplada e obedecida. Debord deixou claro que é impossível a separação entre essas relações sociais e as relações de produção e consumo de mercadorias. A sociedade do espetáculo corresponde a uma fase específica da sociedade capitalista, quando há uma interdependência entre o processo de acúmulo de capital e o processo de acúmulo de imagens.

Sociedade do Espetáculo: A Nova Era A sociedade do espetáculo nunca foi algo tão explícito quanto é hoje, com a presença dos influenciadores digitais. Esta cultura do espetáculo leva a acontecimentos como a tragédia recente em que um casal resolveu gravar um vídeo onde a mulher atirava em um livro no peito do namorado para ganhar mais visualizações. A ideia acabou matando o homem em transmissão ao vivo e levando a mulher grávida para a prisão.

Se engana quem pensa que a obra de Debord atinge apenas o âmbito social e digital. A esfera mercadológica também não resistiu e acabou sendo “sacudida” por conta da presença dos influenciadores. Isso ocorre pelo fato de que, essas personalidades das mídias sociais podem até fazer com que sua marca seja vista por mais pessoas, porém a visibilidade não será necessariamente positiva. Na maioria das vezes, as marcas não sabem quanto pagar, o influenciador não sabe o quanto cobrar e não tem a menor noção de orçamentos, ou seja, as marcas e as agências devem avaliar até onde vale a pena estar ligado a essa nova era da sociedade do espetáculo. Um bom exemplo dessa relação com o marketing foi o Big Brother Brasil 12. Na ocasião, um suposto caso de estupro dentro do programa fez com que a população se mobilizasse contra esse tipo de atitude nas redes sociais. Do lado da comunicação de marca, os patrocinadores do programa começaram a repensar sua participação e os riscos. Inclusive, chegou a sair nas redes sociais, a informação de que a Avon foi a primeira a retirar o patrocínio do programa, entretanto, a marca negou dizendo que veicula comerciais durante o programa e não é patrocinadora. A verdade é que muitas das marcas patrocinadoras do programa começaram a questionar o patrocínio, mas nenhuma chegou a retirar sua participação.

A Sociedade do Padrão: O culto ao corpo e aos padrões de beleza tornaram-se espetáculo, a fala, a rotina, os acontecimentos mais banais. Muito mais perigoso que isso é que, a busca incansável por esses atrativos tem trazido resultados desastrosos para a sociedade. No entanto, essa busca pelo corpo perfeito, pela beleza utópica vem de muito antes, desde a Grécia Antiga. Para muitos cidadãos que viveram na Grécia Antiga, a beleza era tida como uma dádiva, um verdadeiro presente dos deuses. A existência de um corpo bonito significava uma mente brilhante, um ser ainda mais perfeito. Contudo, para Umberto Eco, a compreensão do belo está diretamente ligada a uma determinada época e cultura, tendo, portanto, um caráter relativo. Apesar dessa relatividade, a estabilidade para a compreensão do mesmo se dá pela oposição. Enquanto a noção de beleza está associada a um prazer estético pelo gosto, a noção de feio seria o oposto disso, ou seja, o desprazer, a repulsa, o incômodo. Assim, verificamos que as duas noções estão intimamente ligadas à estética, a ciência que tem como objeto o juízo da apreciação aplicado na distinção entre o belo e feio (LALANDE, 1999).

Esse prazer estético relacionado ao belo traz em seu bojo o prazer da fruição, associado à harmonia, equilíbrio, mas principalmente determinado por aquilo que um grupo social, culturalmente, identifica como belo (COSTA, 2004).

3. Padrão de Beleza e Consumo: Até que ponto a Mídia influência no cotidiano?

Espartilhos, roupas de seda, anáguas, chapéus, eram as preocupações das mulheres antigamente. Contudo, com o avanço das indústrias de beleza, as exigências com a aparência se intensificaram ainda mais, o que torna uma infelicidade na vida de quem não consegue ter a beleza ideal. A mulher é o ser mais afetado nesse quesito por causa do forte padrão que a sociedade impõe sobre ela, onde há feminilidade exagerada e um machismo disfarçado. Em 2013, o Brasil chegou a ser líder mundial em cirurgias plásticas. Porém, nos últimos dois anos, segundo a pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS em inglês), em 2015, foram realizados 1,22 milhão de procedimentos, praticamente 120 mil cirurgias a menos que em 2014. Houve uma queda no ranking, mas o Brasil segue em 2º lugar, perdendo somente para os Estados Unidos.

O mercado de beleza vem crescendo constantemente, empregando em torno de 5 milhões de profissionais todo ano no setor. Esse crescimento excessivo das indústrias tem feito com que as mulheres achem vantagens em dieta de moda, suplementos e produtos naturais e “milagrosos”. Tal realidade existe pela busca de padrões inalcançáveis com referências de blogueiras fitness e modelos muito magras. Muitas mulheres sacrificam sua própria vida em dietas malucas ficando dias sem comer praticamente nada, ingerindo remédios sem acompanhamento médico, fazendo inúmeras cirurgias estéticas sem controle e tudo que existir de mais novo na moda. Esse novo padrão de beleza ideal criou uma gaiola para todos. Sejam homens ou mulheres, todos são escravos desse mundo da estética e, além de se vigiar o tempo todo, acabam julgando o corpo do “vizinho”. Muitas pessoas se tornam solitárias e com baixa vontade de viver por não conseguirem se enquadrar nesses padrões impostos pela mídia. É necessário lembrar que as redes sociais vendem uma imagem de vida saudável e feliz, mas na prática, não são tão viáveis assim. O Photoshop nunca foi tão usado como nos últimos tempos, aquelas belas imagens dos corpos das mulheres saíram das revistas e foram para o aplicativo Instagram. A mídia é o grande vilão desse problema, seu poder de alienação influencia milhões de mulheres a seguirem formas de vida baseadas no que veem através de uma tela de celular ou uma propaganda de TV. A obsessão por um corpo perfeito se torna um assunto cada vez mais sério, trazendo consigo muitas consequências negativas a saúde humana.

4. A Era dos Influencers

  • Afinal, o que é ser um digital influencer?

Na tradução literal da palavra, digital influencer significa influenciador digital, ou melhor, os atuais formadores digitais de opiniões. No entanto, segundo Paulo Maccedo, analista de marketing e especialista em marketing digital tais pessoas são “agentes influenciadores”; pessoas que possuem o poder de influenciar outros sobre determinado assunto. Quanto mais reconhecimento e visibilidade esses agentes tiverem, maior será o poder de convencimento e persuasão perante o seu público-alvo. Esses influenciadores digitais tornam-se pessoas de confiança para os seus seguidores, os quais aceitam sugestões e muitas vezes as acatam, algo que já foi notado por empresas dos mais variados ramos.

Quando as pessoas se tornam seguidoras desse tipo de personalidade, elas provavelmente desenvolvem algum tipo de sentimento de confiança naquela pessoa que está por trás daqueles textos ou fotos. Independente do conteúdo, as pessoas querem saber a posição de uma blogueira sobre determinado assunto, produto ou serviço oferecido e assim forma-se uma opinião de determinada marca ou tendência. (BORGES, 2016, P. 7)

Quando alguém começa a seguir um digital influencer nas redes sociais, um laço é criado entre ambas as partes, afinal, esse contato permanente com seu público de maneira simples e direta traz essa sensação de amizade. Os influenciadores estão online praticamente 24h por dia, compartilhando informações, opiniões e, muitas vezes, seu próprio cotidiano, contudo, toda essa exposição acaba criando certas consequências com o seu público, sendo estas positivas e/ou negativas.

Whindersson Nunes, Kéfera Buchmann, Julio Cocielo, Felipe Neto são alguns destes exemplos de influenciadores que são ovacionados pela mídia/público. No entanto, apenas um deles causa problema em determinado âmbito social: a Kéfera. Mas, por que a garota do canal 5inco Minutos, a menina que começava os seus vídeos dizendo “Oi, Oi gente!” poderia ser alvo de problema? É muito simples. Padrão de Beleza.

Kéfera possui mais de 10 milhões de seguidores no seu Instagram, sendo que a grande maioria é do sexo feminino. Atualmente, ela tem um dos corpos mais desejados entre as mulheres e não tem medo de exibi-lo nas redes sociais. Seu discurso de auto aceitação é muito criticado, afinal, como não se amar tendo um corpo desses?

[Fonte: online]

A atriz/youtuber alega ter feito apenas uma reeducação alimentar juntamente com a prática de atividades físicas para conquistar o seu objetivo. Outra youtuber que diz ter feito a mesma coisa é a Boca Rosa, atualmente conhecida como Bianca Andrade.

  • O curioso caso da lipoaspiração

A sociedade sempre foi regida por inúmeros padrões, dentre eles o da beleza. No final do século passado, os setores da indústria e do comércio ligados à estética cresceram absurdamente, aumentando a influência deste mercado. No século XXI, começa-se a observar um dos seus efeitos: as consequências resultantes da busca pela beleza ideal.

Na atual conjuntura a qual estamos é muito complicado falar sobre beleza e corpo. Existem aquelas em que mostram a realidade nua e crua, que não se importam com a opinião alheia e seguem sua vida sem problema algum, todavia, existem algumas que não conseguem aguentar a pressão existente dos padrões que são exigidos pela sociedade.

Algumas “bloguerinhas” tais como Bianca Andrade, Jade Seba, Nah Cardoso pregam um discurso de empoderamento feminino, de uma auto aceitação que vai contra as atitudes as quais elas têm. Isso seria hipocrisia? Para alguns sim, outros não. Elas trabalham com a imagem, muitas vezes as empresas patrocinam e é por isso que conseguem ter a pele ideal, o corpo perfeito. Elas precisam disso para se manter na mídia, mas ainda assim, muitas garotas sofrem com isso. E também pelo fato de não conseguirem umcorpo ideal de maneira rápida que nem as outras, de não terem condições de comprar as comidas saudáveis e não terem acesso a esses procedimentos estéticos caríssimos que ajudam as blogueiras.

Sabendo disso, elas conseguem descontos para quem as segue, incentivam fazendo vídeos comparando as coisas caras e baratas que podem surtir o mesmo efeito, dão dicas de exercícios, técnicas para afinar a cintura e alegam não terem feito nenhum tipo de cirurgia para ter obtido aquela “barriga chapada”. Porém, mentira tem perna curta.

A blogueira Bianca Andrade frisava muito a questão de uma boa alimentação, fazia muita propaganda das “comidinhas da terra” as quais consumia e que fizeram com que ela obtivesse um resultado tão satisfatório. Suas seguidoras, esperançosas, acreditavam em suas palavras e seguiram seus passos em busca deste corpo perfeito. No entanto, Boca Rosa esteve em uma entrevista com o jornalista Leo Dias e acabou fazendo uma revelação: ela havia feito lipoaspiração. Essa notícia causou uma enorme repercussão, ocasionando diversos ataques à blogueira e grande decepção perante seu público.

A grande questão é: tem problema a pessoa fazer uma lipo? Não. Todavia, o que pesou nesta hora foi a mentira, afinal, ela sempre alegou ter sido de maneira natural a sua perda de peso. Suas seguidoras se decepcionaram, afinal de contas, elas acreditavam que conseguiriam chegar naquele manequim.

  • Diga NÃO ao padrão

Por de trás de diversas mulheres que se inspiram na Barbie para viver, existem aquelas que preferem viver de maneira livre, leve e descontraída. Essas mulheres tentam trazer para o seu público a vontade de viver da maneira a qual te deixa mais feliz, sem se privar dos verdadeiros prazeres da vida. Não falo apenas no quesito alimentar, mas na questão psicológica.

A youtuber Alexandra Gurgel, mais conhecida como a dona do Alexandrismos possui um canal em uma plataforma digital que tem o intuito de descontruir toda essa ideia de perfeição. Ela tenta deixar a vida dos seus inscritos mais leve, sempre trazendo uma palavra amiga. Alexandra não está dentro dos padrões de beleza ao quais todos acham bonito, porém, a felicidade está estampada no rosto dela.

“Não confie em foto” disse Ellora Haonne. A youtuber com quase um milhão de inscritos fez um vídeo intitulado como “Tour pelo meu corpo” onde ela revelava todos os segredos existentes nas fotos das blogueiras. O vídeo teve uma grande repercussão, no entanto, não teve um aproveitamento de 100% do que foi imaginado pela garota. Muitas pessoas acharam aquilo errado, ou falaram que ela estava fazendo isso, pois não era realmente gorda. A proposta foi boa, mas será que as pessoas estão prontas para viverem com a realidade? Será que as Barbie’s conseguiriam fazer isso e seguirem a risca aquilo que falam? Talvez sim, talvez não, isso depende das pessoas que as acompanham decidirem se continuam se iludindo com essa vida utópica ou se preferem apenas ter uma vida feliz.

5. Teoria Empírica em relação aos Influenciadores Digitais

Os influenciadores digitais estão na mídia para fazer o que a Teoria Empírica de Campo acredita que é funcional e eficiente em relação ao processo de persuasão do consumo. Como o próprio nome já coloca em questão, eles estão para influenciar um certo público a comprar determinados produtos, a consumir marcas ou aderir a um estilo de vida, mas essa influência não se faz de forma direta. Um discurso de convencimento não funcionará para todo tipo de grupo, o digital influencer faz o processo de captação e estudo dos seguidores para que haja uma conexão com as propostas que serão pautadas no meio comercial.

Para o sociólogo Harold Lazasfeld, as pessoas que estão inseridas no mesmo contexto social, político e econômico tendem a direcionar o pensamento de forma similar em determinados assuntos. No mundo atual, com a internet ganhando espaço e pessoas podendo ser escutadas por diversas outras partes do mundo, aquela que possui um maior engajamento nas redes são as que tem um alcance de voz e opinião maior. Como o público tem a possibilidade de escolher o tipo de assunto que consome na internet, acredita-se que o influenciador se encaixa no grupo de interesse do consumidor criando efeitos midiáticos adequado para sua proposta de consumo. Todavia não é uma certeza de que tudo ocorra da melhor maneira ou de que vai convencer a todos.

“A mídia de três níveis e o fluxo de comunicação em três níveis permitem mais do que nunca formas mais distribuídas e diferenciadas de interação, porém ainda sem garantias de entender as outras pessoas, ou de concordar com elas sobre o que fazer” (JENSEN, 2010, cap. 8)

Os estudos de Lazasfeld mostram três efeitos que as mensagens midiáticas podem causar na sociedade sendo eles: ativação, reforço e conversão. A ativação consiste na transformação de tendências em opiniões efetivas, algo novo que surge no cenário é trabalhado e transformado em um discurso pertinente do influenciador para o seu público. O reforço preserva opiniões já fixadas, uma ideia que já foi implantada e é reforçada para manter a linha e mostrar um posicionamento sério. A conversão é o poder de mudar opiniões, trazer argumentos e constatações que provem que uma ideia é consistente.

De forma mais geral, o formador de opinião busca criar uma imagem que chegue mais perto do que se é considerado familiar para o seu público alvo, criando personas para se adaptar de forma mais direta e eficiente, estudando características dos ouvintes, analisando conteúdo e investindo na busca por satisfação.

Como uma profissão, nem sempre o que o formador de opinião divulga é a opinião particular do mesmo, muitas vezes os elogios e indicações de uma marca ou produto se baseia apenas no dinheiro que será recebido. A cantora Anitta tem sua imagem vinculada a empresa da Samsung. Ela possui um contrato em que a mesma só poderia utilizar celulares desta marca. No entanto, em uma foto que postou em uma rede social era possível ver, através do reflexo do óculos, que o celular era de uma outra marca, esta sendo da Apple, uma das suas maiores concorrentes. Anitta deu uma nota justificando que o celular não era dela, e sim, de outra pessoa.

“A opinião pública é frequentemente considerada como opinião revelada a outros ou, pelo menos, notada por outros, de modo que as opiniões alheias, que se ocultam ou disfarçam, podem denominar-se opiniões particulares ou clandestinas. Nessas condições, o critério para distinguir entre a opinião particular e a opinião pública parece residir no domínio da comunicação”. (SPEIER, 1972:127)

6. A Indústria do Consumo e o Efeito da Teoria Crítica

Partindo do princípio, a Teoria Crítica utilizou como base o Marxismo para explicar o funcionamento da sociedade e o indivíduo como aquele que compõe o corpo social. Um comportamento de fenômenos sociais como crítica, por exemplo, ao funcionalismo. O estudo é uma conduta crítica nos confrontos de cultura e ciência, mostrando uma proposta analise das condições econômicas e sociopolíticas na reorganização da sociedade. “– A teoria crítica da sociedade, ao contrário, tem como objeto os homens como produtores de todas as suas formas históricas de vida. As situações efetivas, nas quais a ciência se baseia, não são para ela uma coisa dada, cujo único problema estaria na mera constatação e previsão segundo as leis da probabilidade. O que é dado não depende apenas da natureza, mas também do poder do homem sobre ele. Os objetos e a espécie de percepção, a formulação de questões e o sentido da resposta dão provas da atividade humana e do grau de seu poder”. (Max Horkheimer, “Filosofia e Teoria Crítica”, 1968).

Agora, entrando na análise da indústria de consumo, trazemos os meios de comunicação. O rádio, a TV, os jornais e a internet, são propriedades de algumas empresas, que visam apenas o lucro e a continuidade desse sistema, para assim seguirem lucrando. Os filmes, séries, músicas, novelas, acabam se tornando produtos de consumo, contribuindo para a formação de cidadãos alienados da realidade. “A sociedade é sempre a vencedora e o indivíduo não passa de um fantoche manipulado pelas normas sociais.” (Adorno, 1954, 384, citado em Wolf, 1985).

A indústria cultural tem um controle sobre a massa, criando ideologias imposta às pessoas e gerando consumidores passivos. Ela impõe que as necessidades criadas pelo receptor das mensagens, nascem do próprio. “O consumidor não é soberano, como a indústria cultural queria fazer crer, não é o seu sujeito, mas o seu objecto.” (Adorno, 1967, 6). O indivíduo não consegue se libertar desta indústria por que sua rotina já é produto de consumo, deixando-o impotente e passivo.

Temos como exemplo, a questão dos digitais influencers atualmente. Usam seus perfis no aplicativo Instagram, como uma troca de divulgação. Eles recebem gratuitamente produtos das marcas e divulgam de uma forma mais dinâmica no intuito de fazer seus seguidores consumirem os produtos. O público alvo é o jovem, que está sempre “antenado” nas redes sociais, consequentemente, mais ativo no Instagram. O que faz com que muitos queiram comprar tudo aquilo que está na moda e não o necessário para suas vidas.

Juntando o fenômeno à Teoria Crítica, mostra que, até a arte passa a ser reproduzida como produto de consumo de massa. Sendo assim, o indivíduo quando se torna passivo, perde o seu poder de crítica. A sociedade se torna o brinquedo do mundo capitalista, controlando suas decisões sociopolíticas e econômicas. Isso implica na forma como a sociedade vai se organizando, o sujeito vê o produto que não precisa, mas mesmo assim o compra. Esse mesmo sujeito vê um programa de TV que não acrescenta valores à sua vida, mas mesmo assim o consome.

Aqueles que se opõem a alienação da massa não são um grupo em maioria, porque as indústrias os excluem para que não interfiram na conduta. Mas, ultimamente, o consumo consciente vem sendo um conceito bastante adotado pela sociedade. Os indivíduos estão se tornando cada vez mais críticos por simples sobrevivência. O excesso gerou uma conscientização de que a qualidade de vida depende do equilíbrio de consumo.

Com a chegada da internet, trouxe um certo “empoderamento” do indivíduo. Esse meio liberou um consumo extenso de informações para as pessoas, elas ganharam uma voz e um canal essencial para expressar suas opiniões e ideias. O poder e a produção de conteúdo foram parar nas mãos do consumidor. Hoje ele controla a informação que quer consumir e o conteúdo que quer gerar em tempo real. Isso torna o indivíduo produtor de sua própria ideologia e mensagem, sabendo a realidade de uma cultura manipulada. Deve-se apenas prestar mais atenção nos confrontos de poder entre as pessoas para sobrepor suas ideologias em cima de outras, porque a sociedade não precisa de um domínio de opiniões, e sim de um equilíbrio.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No cenário tecnológico que vivemos hoje, de alguma forma, todos acabam se entregando aos prazeres do consumo. Aquele celular que acabou de ser lançado, aquela peça de roupa que estão todos usando, aquele corpo “perfeito” de uma blogueira famosa que precisa ser alcançado. Essas ideias circulam de pessoa em pessoa até virar um grupo tecnologicamente alienado. Por causa da fácil demanda de interesses de um nicho, ser influenciador digital só tende a crescer, se tornando uma profissão muito bem remunerada.

Esse crescimento de digitais influencers se deve ao fato da grande procura das pessoas em custo-benefício e opiniões sobre os produtos. Mostra que apesar desse meio ser influenciável, o indivíduo escolhe o que é mais vantagem para si e consome apenas o que lhe interessa. As interações nas plataformas digitais permitem a livre expressão sobre determinada marca ou produto, tornando os influencers transmissores de referência e confiança para seu próprio nicho. “Construa uma rede de relacionamento efetiva com os principais públicos interessados e os lucros serão consequências.” (Kotler 2006).

O meio digital permite inúmeras possibilidades de relacionamentos que antes não existia. As pessoas se tornam mais conscientes de sua situação, deixando de ser um produto da indústria. A era dos influencers amplia os canais de comunicação entre os públicos, mas tem uma certa influência negativa nas suas divulgações. Cabe à sociedade entender o que precisa ser desconstruído do padrão para que todos se sintam bem e tenham uma boa qualidade de vida.

Esse artigo resultou em um conhecimento real sobre a relação do público com o meio digital. Enxerga-se os benefícios de personalidades influenciadoras, incluindo mais praticidade nas pesquisas dos indivíduos. Contudo, surge uma atenção maior para as mensagens corretas transmitidas ao público, porque muitos estão sujeitos a se enquadrar em um padrão de “perfeição” para agradar as pessoas e as mesmas, podem acabar tendo uma opinião negativa sobre sua vida, por causa do que transmite na internet.

8. REFERÊNCIAS

LAGE, Nilson. A Estrutura Da Notícia. 4 ed. São Paulo: Ática, 1998.

BORGES, Carlise Nascimento. A nova comunicação e o advento dos digital influencers: pesquisa realizada sobre blogueiras de moda. In: Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste, 18., Goiânia. Anais… Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste: Goiânia — GO, 2016.

ZAGO, Gabriela da Silva. Para pensar a comunicação no contexto da convergência midiática. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/intexto/article/download/20725/18933>.

FERREIRA, Fernanda Vasques. Raízes Históricas do Conceito de opinião publica em comunicação. Disponível em: <http://opiniaopublica.ufmg.br/site/files/artigo/7-Janeiro-15-OPINIAO-Fernanda-Vasques-Ferreira-H-A.pdf>

FRANÇA, Lilian. A abordagem empírica de campo ou dos efeitos limitados. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/104091345/A-Abordagem-Empirica-de-Campo>

SIQUEIRA, Jéssica Camara. Os afixos da beleza e da feiura — uma leitura de Umberto Eco. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/viewFile/19627/12556>

CANCIAN, Renato. Teoria Crítica — estudos importantes: “Dialética do Esclarecimento” e indústria cultural. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/teoria-critica---estudos-importantes-dialetica-do-esclarecimento-e-industria-cultural.htm>

DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Disponível em: < https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf>