As grandes correntes ideológicas do século XIX liberalismo e Socialismo

As grandes correntes ideológicas do século XIX liberalismo e Socialismo

As grandes correntes ideológicas do século XIX liberalismo e Socialismo

Fonte: Wikimedia Commons

Este é o primeiro texto de uma trilha sobre correntes de pensamento político. Veja os demais textos desta trilha: 1– 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9

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“As ideias moldam o curso da história.” John Maynard Keynes (1883 – 1946), economista britânico

O século XX pode ser considerado o século das ideologias. Por quase todo esse período, ideologias travaram embates no campo político e agitaram toda a sociedade, em especial após o vácuo político deixado ao término da Primeira Guerra Mundial. Em conjunto com diversos outros fatores, esses embates culminaram na Segunda Guerra Mundial que colocou em confronto regimes fascistas e socialistas – ambos totalitários e coletivistas – e as democracias liberais – individualistas.

Ao final do conflito, os regimes fascistas desapareceram e iniciou-se a Guerra Fria, que polarizou o mundo entre nações comunistas, politicamente autoritárias e com economias planificadas, e nações capitalistas, a maioria com democracias liberais e algum grau de livre mercado. Mas antes do final do século, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) sucumbiu e seu bloco político desintegrou-se, um evento marcado simbolicamente pela queda do muro de Berlim. Desde então as democracias liberais ganharam força no mundo, substituindo regimes comunistas e ditaduras militares em muitos países, incluindo o Brasil.

O objetivo desta trilha é analisar as principais correntes de pensamento político existentes. Entre elas estão correntes mais aderentes à democracia liberal, que tem como base a garantia dos direitos individuais (políticos, civis e econômicos) defendida pelo liberalismo político. Essas correntes são: a social democracia, o conservadorismo e o libertarianismo. Mas além deles, serão abordadas também correntes menos presentes no mundo, apesar de muito influentes na história, como socialismo, comunismo, fascismo e anarquismo. Além disso, será apresentado o progressismo, uma doutrina que tem importante influência nas correntes de pensamento apresentadas e está no palco central do debate político moderno.

A proposta é abordar essas correntes de pensamentos político de maneira objetiva, apresentando pontos positivos e negativos e analisando-os na mesma profundidade, de maneira a apresentá-los de forma igual e justa para que o leitor forme suas próprias opiniões.

O conflito entre individualismo e coletivismo nas correntes de pensamento político

“A menor minoria na Terra é o indíviduo. Aqueles que negam os direitos individuais não podem clamar serem defensores das minorias.” Ayn Rand (1905 – 1982), escritora e filósofa libertária russa-americana, criadora do objetivismo

Como introdução a esta trilha de conteúdos sobre correntes de pensamento político, é importante entender a importância da dicotomia indivíduo-coletividade. Boa parte das diferenças de opinião entre os pensamentos políticos se dá pelo conflito entre individualismo e coletivismo em diversos aspectos da vida em sociedade, especialmente nas questões econômicas, morais e sociais. Esses pensamentos políticos podem ser classificados como individualistas e coletivistas, como na tabela a seguir:

As grandes correntes ideológicas do século XIX liberalismo e Socialismo

Exemplos de correntes de pensamento político e suas posições sobre individualismo e coletivismo para os aspectos econômicos, sociais e morais. Elaboração do autor.

É importante entender que esta tabela não apresenta todos os pensamentos políticos existentes, mas apenas um exemplo de pensamento político para cada combinação possível de ideias individualistas e coletivistas.

Nota do autor: e onde estão os liberais? Como o termo é entendido no Brasil, eles têm um pensamento semelhante aos libertários, mas menos radical. Os liberais rejeitam o intervencionismo estatal na economia e são contra o uso do Estado para a imposição de padrões morais e de hierarquia social. Embora muitos deles adotem valores morais conservadores, entendem que esta deve ser uma decisão individual e não uma imposição da sociedade. No entanto, é importante entender que o termo “liberal” pode ser confuso, pois nos Estados Unidos se referem a posições políticas mais à esquerda, enquanto que na América Latina e na Europa se referem a posições de direita.

O individualismo é uma ideia ou visão que enfatiza o valor moral do individuo e entende que os objetivos e interesses de cada um devem prevalecer sobre os interesses dos grupos e do Estado. O individualismo valoriza a independência, a autonomia, a responsabilidade sobre si mesmo e a tolerância aos outros indivíduos; neste contexto, cada um deve se responsabilizar por suas ações e colher o sucesso ou o fracasso de suas decisões.

Já o coletivismo é uma ideia ou visão que enfatiza o valor dos grupos e entende que seus objetivos e interesses devem prevalecer sobre os interesses dos indivíduos. O coletivismo valoriza a coesão dos grupos, a obediência, o altruísmo e o respeito à hierarquia. Nesse contexto, o grupo oferece segurança aos indivíduos em troca de lealdade.

Os motivos desses individualismos e coletivismos em cada pensamento político serão esclarecidos nos próximos posts. Por enquanto, é importante entender que esse debate sobre individualismo e coletivismo envolve uma das questões fundamentais da política: qual é o papel do Estado na sociedade? Desde que existe política e governo – da antiguidade aos dias de hoje –, essa é uma das questões políticas fundamentais e origem das desavenças mais infindáveis da história. Os pensamentos políticos mudam de nome, mas as questões fundamentais mantêm a sua essência.

Afinal, qual o papel do Estado na sociedade? Qual deve ser seu tamanho? Quais devem ser os limites do poder estatal? Quais são seus deveres? Quais valores devem promover? Quem deve dirigi-lo? As principais discussões políticas têm em sua essência essas questões, que no fundo é o discutido quando nos perguntamos: quanto de imposto deve-se cobrar? Quantos funcionários públicos deve haver? Quais serviços públicos devem ser oferecidos? Quais ações o Estado pode obrigar um cidadão a realizar?

As respostas a essas questões serão diferentes se elaboradas de um ponto de vista individualista ou coletivista, e cada pensamento político sugere um conjunto de respostas. Veremos algumas delas nos próximos posts desta trilha!

O que achou de nossa introdução sobre as correntes de pensamento político?

Nota: este post foi adaptado de trecho de “O Livro Urgente da Política Brasileira“, de Alessandro Nicoli Mattos. Baixe agora mesmo para aprender ainda mais sobre a política!

Quais foram as principais ideologias do século XIX?

Ideologia da burguesia que se destaca para defesa das seguintes ideias: Propriedade privada; • Liberdade de comércio e de expressão; • Livre – iniciativa; • Igualdade jurídica; • Governos constitucionais; • Voto censitário. Revolução Industrial: Transformações sociais e econômicas → Surgimento do Socialismo.

Quais as características do liberalismo e do socialismo?

O liberalismo, herdeiro do pensamento iluminista do século XVIII, expressava o ponto de vista da burguesia, defendendo o capitalismo. Já o socialismo, em suas versões utópica e científica, expressava o ponto de vista do proletariado e propunha a abolição do capitalismo.

O que é socialismo e liberalismo?

O socialismo liberal não tem o objetivo de abolir o capitalismo em favor de uma economia socialista; em vez disso, ele suporta uma economia mista, baseada no socialismo de mercado, que inclui tanto a propriedade comum e a propriedade pública, quanto a propriedade privada dos bens de capital.

Quais as principais ideologias do século XIX na Europa?

Doutrinas Sociais do Século XIX Os principais conceitos que influenciaram as Revoluções Burguesas na Europa foram o liberalismo, o nacionalismo e o socialismo. Eles sucedem no tempo histórico e na estruturação o Iluminismo e o Enciclopedismo que os antecederam.