Cabo de vela 10mm faz diferença

A procura de um bom tema para continuar a blogar sobre buggy veio à inspiração esse final de semana na oportunidade da troca do meu jogo de cabos de velas. Este componente de vital importância para o funcionamento do motor muitas vezes é negligenciado e tratado com rispidez pelos motoristas e mecânicos em geral. É provável que se soubessem que um maior cuidado com essa peça poderia reduzir significativamente os problemas de falhamento e perda de rendimento do motor relativos ao sistema de ignição teriam mais respeito.

Nesta postagem vou me dedicar aos cabos de vela da Nika, fabricante nacional de cabos de ignição especiais para todas as linhas automotivas. A Nika possui referência a um site na caixa do produto (www.nikacabos.com.br) que estava fora do ar no momento que escrevia esta postagem.

Já é o segundo jogo que possuo e vale salientar que a troca do primeiro deu-se apenas pela mudança do sistema de ignição do Furacão Dunas, que passou do TSZ-I (Indutivo) para ou TZ-H (Hall). Como a tampa nova é de terminal pinado, foi necessária a troca dos cabos antigos que eram de terminal de encaixe.

Inicialmente temos que considerar quais os parâmetros que cercam os cabos de ignição de qualidade e posteriormente falar dos principais problemas que concorrem para o seu mau funcionamento. Na seqüência vou procurar abordar os prós e os contras dos cabos Nika em questão expondo seus pontos negativos e positivos na minha visão particular de consumidor.

Cabo de vela 10mm faz diferença

A principal característica de um bom cabo sem sombra de dúvidas é o isolamento elétrico. Cabos de ignição modernos devem suportar a condução de elevadas tensões, que chegam a ordem de 30KV, ou seja, trinta mil volts. Essa tarefa não é fácil, tendo em vista que os motores submetem os valentes cabos a severas condições de trabalho. Variações de temperaturas extremas, óleos, combustíveis, umidade, poeira, vibração, dentre outras. Essa resenha mereceria até uma história em quadrinhos da Marvel Comics. Quem sabe “o Quinteto Fantástico”, ou “Os X-Cables” (parece coisa de nerd, mas buggy é ciência também =D).

Resistência a corrosão, ressecamento e variações de temperatura são também outras propriedades muito desejadas nos cabos, uma vez que o motor será alvo de todas as adversidades citadas aqui.

Outra característica marcante é a capacidade de supressão de ruídos produzidos pela intermitência do chaveamento da alta tensão que ocorre várias vezes por minuto. A liberação das descargas de alta tensão no motor produzem um forte e instantâneo campo magnético que se irradia na forma de uma onda eletromagnética que produz ruído na instalação elétrica do carro. Portanto, é comum que com o motor ligado, a maioria dos motoristas possa ouvir no som ou no rádio amador um roncado de fundo que altera o timbre com a rotação do motor.

Para evitar esse problema ou ao menos minimizá-lo os cabos de vela modernos possuem resistores supressivos nos seus terminas ou até mesmo sua veia condutora é composta de material resistivo. Um fato importante e também negligenciado pela maioria é que as bobinas de alta tensão modernas, sobretudo às plásticas, precisam do uso desse cabo supressor necessariamente, uma vez que o seu não uso poderá reduzir a vida útil da peça ou até mesmo fundir os eletrodos das velas devido ao excesso de corrente liberada pela bobina.

Referente à capacidade de isolação, para termos um parâmetro de avaliação, sabe-se que o ar é um excelente material isolante. Porém há variações no seu potencial dielétrico conforme a sua composição. Na beira de praia, por exemplo, a resistência do ar é muitas vezes menor que no interior do continente devido a alta umidade relativa e a presença de sais em suspensão que fornecem íons livres para condução de corrente elétrica com facilidade. E é nesse ambiente é justamente onde vamos buguear no fim de semana. Como parâmetro, é necessário aproximadamente um espaço de 10 mm de ar para evitar a formação de um arco voltaico entre dois eletrodos submetidos a uma tensão de 15KV em média. Considerando que as voltagens a que são submetidos os cabos de ignição são maiores que o exemplo, isso só reforça sua missão quase impossível. Trocando em miúdos concluímos que de uma forma geral o cabo precisa em todas as condições de funcionamento oferecer em seu comprimento total uma resistência maior que a folga (gap) das velas, senão a corrente que não é besta tenderá a fugir pelo ponto mais fraco do circuito.

Neste caso o diâmetro do isolante dos cabos entra em cena como um fator determinante no seu desempenho. Quanto mais grosso o isolador, maior a capacidade de isolação do cabo e menores vão ser as ocorrências de fugas de corrente. Considerando cabos com diâmetro de 10 milímetros, vale salientar que sua barreira útil de isolação entre o veio condutor e o ambiente é de apenas 5 milímetros. Quando expostos a condições de umidade elevadas, a capacidade de isolação dos cabos tende a diminuir . Havendo vazamento de corrente neste componente, teremos a falha da ignição na vela, e conseqüentemente sentiremos um corte na aceleração, o que causa perda de potência. Portanto, uma isolação extra será de bom tamanho ao transpor obstáculos aquáticos tais como rios, lagoas e alagamentos.

Bem, vamos agora aos fatos. Será que os cabos propostos valem o custo benefício? Será que passaram no teste nas trilhas do BCRN? Vou procurar expor seus pontos fortes e fracos de forma imparcial e deixar você bugueiro de plantão tirar sua conclusão.

A impressão ao abrir a caixa é muito boa. Os cabos tem um ótimo acabamento e sua espessura impressiona quem é acostumado com os cabos originais do carro (geralmente de 6 a 8 milímetros). O cheiro do silicone é bastante forte e enjoado, mas nada que atrapalhe o andamento das coisas. Vem também um termo de garantia constando noventa dias ou 5 mil quilômetros, o que achei pouco por sinal.

O veio desse cabo não usa cobre como condutor. O núcleo é composto por fibra de vidro revestida com uma borracha especial de silicone condutiva. O material produz uma resistência inerente de aproximadamente 5KOhm/Metro, o que o torna devidamente enquadrado na categoria de cabos supressivos. Um ponto fraco nessa questão é que isso exigirá muito mais cuidado do seu mecânico, pois um repuxo de forma errada quebrará o veio condutor do cabo. Esse tipo de cabo em geral tem má fama entre os mecânicos, que preferem trabalhar com os de cobre. Muitos deles dizem que o cabo é de má qualidade e pedem pra o cliente trocar por um de cobre que é melhor, dura mais, e "resolve o problema". Resolve o problema dele, do mecânico, pra ele ganhar o dinheiro dele rapidinho, mas condena os cabos que são inocentes e de boa qualidade. Não sabendo o cliente muitas vezes é que o cabo era bom e foi danificado pelo mecânico.

As capas isolantes dos terminais são grossas (3mm) e moldadas em silicone resistente a altas temperaturas. Elas são muito justas tanto no cabo quanto nas velas fazendo sempre um “ploc” quando são sacadas. Esse tipo de cabo tem que ser manuseado com cuidado principalmente na hora de plugar e retirar do sistema. A remoção é mais bem feita puxando o cabo pelo plugue com uma mão e ajudando com o polegar da outra, forçando de baixo para cima. Mesmo assim nos cabos de encaixe algumas vezes ao remover ocorreu de o terminal se soltar do cabo e ser preciso refazer a conexão. Nos cabos pinados os terminais são mais resistentes e esse problema não ocorreu.

Por serem tão justos e robustos seus plugues o cabo é praticamente a prova d´agua evitando em 100% a formação do “flashover”, aquelas faíscas que escapam do terminal correndo sobre as velas ou a tampa do distribuidor quando se molha o motor. Depois de vários meses de uso, fui sacar os cabos pra examinar o distribuidor e os contatos de cobre ainda estavam novos, com aspecto brilhoso e sem nada de corrosão, mesmo depois de várias trilhas e lavagens. Outro ponto forte é que mesmo depois de certo uso o silicone dos terminais das velas, que são os que trabalham em alta temperatura, permaneciam flexíveis e com aspecto excelente. Sinal que o silicone usado nos cabos é de boa qualidade.

Porém, um ponto negativo para linha VW Ar é a ausência dos defletores de ar da carcaça nos terminais das velas. Sem os defletores praticamente todo ar soprado para resfriar os cilindros se perde prejudicando e muito a ventilação do motor. Neste caso o problema foi resolvido removendo os defletores dos cabos antigos e instalando nos novos cabos. Fica uma dica para o fabricante cuidar desse detalhe da próxima vez.

No teste de água o cabo se comporta muito bem. Meu buggy falhava bastante na água com o jogo de cabos de encaixe antigos sanando o problema de imediato com a instalação dos cabos da Nika. Não me lembro na verdade de nenhum incidente com água pós-instalação que tenha me feito ficar no prego. Inclusive, fiz vários testes nas lavagens, onde ligava o motor e jogava o jato do compressor em cima do distribuidor sem o motor apagar. Sempre o conjunto se saia bem mesmo com distribuidor com impulsor tradicional.

Na rodagem nota-se uma diminuição dos falhamentos durantes as acelerações em baixa rotação. Se há uma melhora no rendimento do motor, sinceramente é muito pouco significativa para se mensurar. Porém, no buggy o que faz um bom carro é a soma do conjunto. Um pouquinho de melhora no cabo, mais um pouquinho de trabalho na carburação, suspensão, vai juntando os pouquinhos, no final você está com uma máquina de subir duna.

Em termos de estética os cabos são muito chamativos. Principalmente se a carenagens do motor forem de cores diferentes. É um daqueles acessórios para você deixar a tampa do motor aberta nas demonstrações. O único ponto negativo nesse fato é que devido a espessura o cabo é difícil de dobrar e não encaixa nas presilhas originais da carcaça. Isso dificulta a organização da fiação do motor lhe dando um aspecto meio desleixado.

Referente a durabilidade mostro-se muito boa. Os cabos que tirei, mesmo depois de certo uso estavam com um aspecto muito bom. No entanto notei um problema logo nos primeiros dias de uso. Como o material do isolante é muito macio, ele se desgasta facilmente com o atrito do cabo com as peças do motor. Podendo chegar o ponto de o cabo quebrar se o bugueiro não prestar atenção a esse fato. O ideal é presilhar o cabo por toda parte evitando que ele raspe nas partes do motor, principalmente nos motores de dupla carburação.

No mais, espero que esta postagem seja útil para amigos bugueiros que queiram no futuro incrementar seus possantes com novidades no sistema de ignição. Um abraço e vamos bugueando pessoal!

Qual o melhor cabo de vela de ignição?

A NGK especialista em velas, bobinas e cabos de ignição – conquistou o prêmio Os Melhores do Ano 2021, promovido pelo Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Rio de Janeiro (Sindirepa-RJ). A fabricante alcançou a primeira posição na categoria Vela e Cabo de Vela.

Qual a diferença do cabo de vela?

“O que muda é a forma de confecção de cada um, o SC é um cabo supressivo de fio de níquel-cromo e o ST tem terminais resistivos. É importante frisar que o tipo do cabo é determinado pela montadora para um veículo específico e não pode ser trocado por outro”, afirma.

Qual a diferença entre cabo de vela supressivo e resistivo?

Segundo o hábito, o cabo é chamado de Resistivo quando ele tem resistência elétrica ao longo do fio; é chamado de Supressivo quando colocamos um terminal com resistência e é chamado de Comum quando não tem nenhuma resistência à passagem da corrente.

Quantos mil km dura um cabo de vela?

Porém, a vida útil média de um cabo varia entre 30 mil e 40 mil quilômetros, dependendo do veículo e da qualidade da peça utilizada. Indica-se a verificação dos cabos toda vez que for trocar as velas de ignição, que é recomendada a cada 20 mil quilômetros.