Como podemos relacionar os corredores ecológicos ao problema de fragmentação de habitat?

Corredor ecológico ou corredor de biodiversidade são áreas que unem os fragmentos florestais ou unidades de conservação separados por interferência humana, como por exemplo, estradas, agricultura, atividade madeireira.

O objetivo do corredor ecológico é permitir o livre deslocamento de animais, a dispersão de sementes e o aumento da cobertura vegetal. Ele reduz os efeitos da fragmentação dos ecossistemas ao promover a ligação entre diferentes áreas e permitir o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora. Esse trânsito permite a recolonização de áreas degradadas, em um movimento que de uma só vez concilia a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento ambiental na região.

O conceito surgiu durante os anos 90, em meio à debates na comunidade científica. Ele foi considerado como uma das principais estratégias a utilizar na conservação da biodiversidade. No Brasil, o conceito foi incorporado à legislação em 1993 pelo decreto Decreto nº 750, já revogado, que dispunha sobre “o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica”. Ali havia a proibição de “exploração de vegetação que tenha a função de (…) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou em estágio avançado e médio de regeneração”.

Como podemos relacionar os corredores ecológicos ao problema de fragmentação de habitat?

Como podemos relacionar os corredores ecológicos ao problema de fragmentação de habitat?

Hoje, a matéria está disposta na lei do SNUC que, através do art. 25, determina que “as unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos”.

Os corredores são criados com base em estudos sobre o deslocamento de espécies, sua área de vida e a distribuição de suas populações. A partir das informações obtidas são estabelecidas as regras de utilização destas áreas, a fim de amenizar e ordenar os impactos ambientais das atividades humanas. Estas regras farão parte do plano de manejo da Unidade de Conservação à qual o corredor estiver associado.

Após os estudos, os corredores ecológicos só se tornam oficiais quando ganham reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente. Até o momento foram reconhecidos apenas dois corredores: o primeiro é o Corredor Capivara-Confusões, que conecta o Parque Nacional da Serra da Capivara ao Parque Nacional da Serra das Confusões. O segundo é o Corredor Caatinga, cuja área engloba 8 unidades de conservação entre os estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe.

Além destes, hoje, existem outros 7 corredores ecológicos em fase de implementação ou estudo pelo Ibama. Cinco deles estão na Amazônia: Corredor Central da Amazônia, Corredor Norte da Amazônia, Corredor Oeste da Amazônia, Corredor Sul da Amazônia e Corredor dos Ecótonos Sul-amazônicos. Outros dois na Mata Atlântica: Corredor Central da Mata Atlântica e Corredor Sul da Mata Atlântica (ou Corredor da Serra do Mar).

Entretanto, com o propósito de testar e abordar diferentes condições nos dois biomas, o MMA decidiu concentrar seus esforços, inicialmente, no Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) e o Corredor Central da Amazônia (CCA).

Como fazer referência a este artigo: O que são Corredores Ecológicos. Dicionário Ambiental. ((o))eco, Rio de Janeiro, ago. 2014. Disponível em: <http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28538-o-que-sao-corredores-ecologicos/>. Acesso em: XX (dia) xxx. (mês) XXXX (ano).

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Uma das consequências da destruição de habitat, através do desenvolvimento das atividades humanas, é a fragmentação dele, ou seja, um habitat no seu tamanho original é dividido em tamanhos menores, geralmente com perda de áreas e isolamento desses fragmentos, transformando a paisagem. E essa fragmentação pode ocorrer mesmo quando a paisagem não é tão alterada, por exemplo, com a instalação de cercas, muros, passagem de tubulações, estradas e rodovias, etc.

Causas

A fragmentação de habitat pode ocorrer por meios naturais, com algum tipo de desastre, ou pode ser causada por atividades humanas que degradam o ambiente, como a agricultura, a pecuária, exploração de madeira, queimadas, construções de estradas, construções civis, urbanização, etc.

Como podemos relacionar os corredores ecológicos ao problema de fragmentação de habitat?

Foto de satélite em região da Floresta Amazônica no Pará. Observe os recortes na floresta por meio da abertura de estradas e derrubada de árvores. Foto: Google Maps.

Consequências

A fragmentação de uma paisagem, muda as condições de vento, umidade, entrada de sol, ou seja, o microclima é alterado, levando ao que chamamos de efeito de borda, que traz mudanças ecológicas. Além disso, a distância do centro do fragmento é alterada, aproximando mais das bordas, em relação a quando era um pedaço contínuo e grande. As espécies climácicas vivem em condições ambientais e climáticas diferentes das plantas de borda, não tolerando muito sol e vento e acabam morrendo. O efeito é o aumento de plantas pioneiras. Essa mudança na complexidade da paisagem, leva a um empobrecimento da qualidade de habitats e quanto menor um fragmento, mais efeito de borda ele apresentará.

Há estudos sobre a extensão e padrão de fragmentação que vão indicar a configuração, formato e distribuição dos fragmentos, podendo dar o diagnóstico dos efeitos da fragmentação e o efeito de borda. Dependendo do formato e da distância entre os fragmentos, os efeitos na composição de espécies podem ser menores.

Além de causar o efeito de borda que altera a estrutura e composição de espécies de flora que vai se instalar no entorno do fragmento, a divisão da área influencia a fauna que a povoa, para espécies que se adaptam bem a esse tipo de ambiente. Geralmente, a fauna do interior das matas é especialista e se adaptou a viver bem camuflada, naquele tipo de ambiente e temperatura. As transformações ambientais afetam as taxas de reprodução e sobrevivência das espécies, podendo levar ao declínio populacional.

Muitas espécies de aves, insetos e até de mamíferos não atravessam faixas dentro da mata para o outro lado. Isso é uma ameaça, uma vez que dificulta a dispersão da população. Como tudo na natureza está interligado e mantém o equilíbrio, os fragmentos dificultam a movimentação da fauna e consequentemente a dispersão de sementes e polinização. Este isolamento de espécies pode levar a diminuição da variabilidade genética delas e até mesmo à extinção de algumas, por não conseguirem se dispersar para recolonizar novos fragmentos.

Todas essas consequências levam à perda de biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. As interações ecológicas podem ser descompensadas, como por exemplo, com a perda de grandes predadores, há aumento de mesopredadores e consequentemente diminuição de suas presas, ameaçando espécies à extinção.

O tipo de matriz (paisagem alterada que permeia os fragmentos) também influencia os efeitos da fragmentação. Áreas reflorestadas, por exemplo, permitem maior biodiversidade nas bordas, do que áreas extensas de pastos entre os remanescentes de vegetação natural.

Amenizando os efeitos

A medida mais eficaz para combater a fragmentação de habitat é a proteção dos remanescentes e replantio de espécies nativas. A longo prazo, essas ações contribuem para biodiversidade, uma vez que a natureza é muito resiliente. A criação de unidades de conservação é um passo importante para manutenção desses ecossistemas.

A gestão e manejo das áreas fragmentadas é essencial para contribuir com a biodiversidade. Nas áreas protegidas, podem ser feitas as zonas de amortecimento, que suavizam os impactos antrópicos e de efeito de borda entre a matriz e o fragmento. Existe ainda uma ferramenta, chamada de corredor ecológico, que ligam os remanescentes, permitindo a migração de espécies, contribuindo para o fluxo gênico, aumentando a viabilidade das populações e a recolonização de novas áreas.

Referências:

Laurance, W. & Vasconcelos, H. 2009. Conseqüências Ecológicas da Fragmentação Florestal na Amazônia. Oecologia Brasiliensis 13.

PRIMACK, Richard; RODRIGUES, Efraim. Biologia da Conservação. Londrina: E. Rodrigues, 2001.

PIRES, A.S., FERNANDEZ, F.A.S. & BARROS, C.S. 2006. Vivendo em um mundo em pedaços: Efeitos da fragmentação florestal sobre comunidades e populações de animais. In. Biologia da conservação: essências (C.F.D. Rocha, H.G. Bergallo, M.Van-Sluys & M.A.S. Alves, eds) RiMa Editora, São Carlos, p.231-260.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fragmenta%C3%A7%C3%A3o_de_habitat

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/fragmentacao-de-habitat/

Como podemos relacionar os corredores ecológicos o problema da fragmentação dos habitats?

Os corredores ecológicos propiciam o deslocamento das espécies entre os diferentes fragmentos de habitat, fazendo com que essas espécies consigam cruzar e, desse modo, garantir o fluxo gênico entre as populações.

O que são corredores ecológicos e como eles podem prevenir a fragmentação do bioma?

O objetivo do corredor ecológico é permitir o livre deslocamento de animais, a dispersão de sementes e o aumento da cobertura vegetal. Ele reduz os efeitos da fragmentação dos ecossistemas ao promover a ligação entre diferentes áreas e permitir o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora.

O que são corredores ecológicos e como eles podem prevenir esse problema?

Os corredores são criados com base em estudos sobre o deslocamento de espécies, sua área de vida e a distribuição de suas populações. A partir das informações obtidas são estabelecidas as regras de utilização destas áreas, a fim de amenizar e ordenar os impactos ambientais das atividades humanas.

Quais são as principais causas para a fragmentação do habitat?

A fragmentação de habitat pode ocorrer por meios naturais, com algum tipo de desastre, ou pode ser causada por atividades humanas que degradam o ambiente, como a agricultura, a pecuária, exploração de madeira, queimadas, construções de estradas, construções civis, urbanização, etc.