É possível relacionar a imagem da murta ao destino de Iracema no romance explique

Questão 01

(UNICAMP-2007)

          O trecho abaixo foi extraído de Iracema. Ele reproduz a reação e as últimas palavras de Batuiretê antes de morrer:

“O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o peito arquejou e os lábios murmuraram:

— Tupã quis que estes olhos vissem antes de se apagarem, o gavião branco junto da narceja.

O abaeté derrubou a fronte aos peitos, e não falou mais, nem mais se moveu.”

                    (José de Alencar, Iracema: lenda do Ceará. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1965, p. 171-

Vocabulário:

Narceja= ave de pequeno porte

a)   Quem é Batuiretê?

b)   Identifique as personagens a quem ele se dirige e indique os papéis que desempenham no romance.

c)   Explique o sentido da metáfora empregada por Batuiretê em sua fala.


Questão 02

fuvest-2008 (2ª fase)

Considere os dois trechos de Machado de Assis relacionados a Iracema, publicados na época em que apareceu esse romance de Alencar, e responda ao que se pede.

a) A poesia americana está completamente nobilitada; os maus poetas já não podem conseguir o descrédito desse movimento, que venceu com o autor de “I - Juca Pirama”, e acaba de vencer com o autor de Iracema.

                                                            Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.

Machado de Assis refere-se, nesse trecho, a um movimento literário chamado, na época, de “poesia americana” ou “escola americana”. Sob que outro nome veio a ser conhecido esse movimento? Quais eram seus principais objetivos?

b) Tudo em Iracema nos parece primitivo; a ingenuidade dos sentimentos, o pitoresco da linguagem, tudo, até a parte narrativa do livro, que nem parece obra de um poeta moderno, mas uma história de bardo* indígena, contada aos irmãos, à porta da cabana, aos últimos raios do sol que se entristece.

                                                            Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.

               *bardo: poeta heróico, entre os celtas e gálios; por extensão, qualquer poeta, trovador etc.

No trecho, Machado de Assis afirma que a narração de Iracema não parece ter sido feita por um “poeta moderno”, mas, sim, por um “bardo indígena”. Essa afirmação se justifica? Explique sucintamente.


Questão 03

fuvest-2007 (2ª fase)

O Pajé falou grave e lento:

— Se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor de seu corpo, ela morrerá; mas o hóspede de Tupã é sagrado; ninguém o ofenderá; Araquém o protege.

                                                                                                 José de Alencar, Iracema.

A)  Tendo em vista, no contexto da obra, a lógica que rege o comportamento do Pajé, explique por que, para ele, “a virgem” (Iracema) deverá morrer e o “guerreiro branco” (Martim) deverá ser poupado, caso estes tenham mantido relações sexuais.

B)  Considerando, no contexto da obra, a caracterização da personagem Martim, explique por que foi apenas quando estava sob o efeito do “vinho de Tupã” que ele manteve, pela primeira vez, relações sexuais com Iracema.


Questão 04

Fuvest-2018

Leia o texto e responda ao que se pede.

Não veem teus olhos lá o formoso jacarandá, que vai subindo às nuvens? A seus pés ainda está a seca raiz da murta* frondosa, que todos os invernos se cobria de rama e bagos vermelhos, para abraçar o tronco irmão. Se ela não morresse, o jacarandá não teria sol para crescer tão alto.

                                                                                                                    José de Alencar, Iracema.

* murta: arbusto, árvore pequena.

a) É possível relacionar a imagem da murta ao destino de Iracema no romance? Explique.

b) A frase “Se ela não morresse, o jacarandá não teria sol para crescer tão alto” pode ser entendida como uma alegoria do processo de colonização do Brasil? Explique


Questão 05

Assinale a alternativa incorreta a propósito de Iracema, de José de Alencar.

A) Obra-prima de Alencar, Iracema é uma narrativa alegórica. O nome da índia é anagrama da América virgem. Sob essa perspectiva, Iracema é alegoria do Novo Mundo, conquistado pela Europa, que, por sua vez, é personificada no guerreiro Martim.

B)  Em Iracema, o Ceará pode ser entendido como sinédoque (parte pelo todo) do Brasil, que, por sua vez, pode ser visto como sinédoque da América.

C)  O lirismo de Iracema inspira-se, em larga escala, na cor local da natureza brasileira, fato que condiz com o nacionalismo romântico de que Alencar foi grande expoente.

D) Com Iracema, José de Alencar foi chamado de “poeta do romance”, por inventar uma história de amor cuja enunciação dá-se em versos polimétricos.

E)  Há em Iracema uma certa mistura de gêneros: o épico, o lírico e o dramático misturam-se e se transformam em romance histórico, espécie narrativa muito cultivada no romantismo, e geralmente associada ao medievalismo na Europa, e ao indianismo no Brasil.


Questão 06

(PUC-SP) A próxima questão refere-se ao texto abaixo.

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba.

Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;

Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.

Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que:

(A) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América

(B) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.

(C) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.

(D) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance histórico.

(E) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa “lábios de fel”.


Questão 07

Fuvest-2017

Nasceu o dia e expirou.

Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.

Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

José de Alencar, Iracema.

Atente para as seguintes afirmações, extraídas e adaptadas de um estudo do crítico Augusto Meyer sobre José de Alencar:

I. “Nesta obra, assim como nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento sincero de distância poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a rotulemos como nativa.”

II. “Mais do que diante de um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a cada passo na magia do ritmo e na graça da imagem.”

III. “O tema do bom selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que reproduz o enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de cavalaria.”

É compatível com o trecho de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa obra, o que se afirma em

A)    I, apenas.

B)    III, apenas.

C)   I e II, apenas.

D)   II e III, apenas.

E)    I, II e III.


Questão 08

Fuvest-2017

Nasceu o dia e expirou.

Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.

Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

José de Alencar, Iracema.

No texto, corresponde a uma das convenções com que o Indianismo construía suas representações do indígena

A)    o emprego de sugestões de cunho mitológico compatíveis com o contexto.

B)    a caracterização da mulher como um ser dócil e desprovido de vontade própria.

C)   a ênfase na efemeridade da vida humana sob os trópicos.

D)   o uso de vocabulário primitivo e singelo, de extração oral-popular.

E)    a supressão de interdições morais relativas às práticas eróticas.


Questão 09

Fuvest-2019

O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?  

José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro

A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.

José de Alencar. Iracema.

Glossário:

“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa.

Com base nos trechos acima, é adequado afirmar:

A)   Para Alencar, a literatura brasileira deveria ser capaz de representar os valores nacionais com o mesmo espírito do europeu que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera. 

B)    Ao discutir, no primeiro trecho, a importação de ideias e costumes, Alencar propõe uma literatura baseada no abrasileiramento da língua portuguesa, como se verifica no segundo trecho. 

C)    O contraste entre os verbos “chupar” e “sorver”, empregados no primeiro trecho, revela o rebaixamento de linguagem buscado pelo escritor em Iracema. 

D)   Em Iracema, a construção de uma literatura exótica, tal como se verifica no segundo trecho, pautou‐se pela recusa de nossos elementos naturais. 

E)    Ambos os trechos são representativos da tendência escapista de nosso romantismo, na medida em que valorizam os elementos naturais em detrimento da realidade rotineira.​


Questão 10

Fuvest-2019

O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?  

José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro

A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.

José de Alencar. Iracema.

Glossário:

“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa.

No trecho “outras remexe o uru de palha matizada”, a palavra sublinhada expressa ideia de  

A)   concessão. 

B)    finalidade. 

C)    adição.  

D)   tempo.  

E)    consequência.​​


É possível relacionar a imagem da Murta ao destino de Iracema no romance explique brevemente?

Explique. a) Sim. A imagem da murta como uma “seca raiz“ relaciona-se à fragilidade física de Ira- cema no final do romance. A morte da murta pode ser vista como o sacrifício de Iracema.

Qual foi o destino de Iracema?

O trecho antecipa o destino da índia tabajara, na medida em que, ao final do livro, Iracema morre, enquanto Martim consagra-se como o pioneiro colonizador do Ceará.