Texto publicado originalmente em Global Labour Column. Show
O contexto da pandemia se tornou um laboratório para o teletrabalho. Para a maioria dos trabalhadores dos setores bancário, de tecnologia da informação e justiça (entre outros) que estavam em condições de passar para o teletrabalho, os arranjos de trabalho mudaram rapidamente e sem opções de negociação coletiva, o que significava que os trabalhadores eram obrigados a assumir os encargos e custos de tais mudanças. No início, as empresas resistiram à introdução do trabalho remoto por razões culturais. Quando o aceitaram, porém, conseguiram reduzir os custos operacionais e aumentar a produtividade. Portanto, muitas delas anunciaram sua intenção de manter este modelo após a pandemia. No Brasil, o número de teletrabalhadores aumentou de 4,6 milhões em 2019 para 8,2 milhões em 2020. Como resultado, um enorme contingente de trabalhadores transferiu suas atividades profissionais para a sala de estar ou para outra sala de sua casa.
As condições reais de teletrabalho levaram a um aumento das queixas ao Ministério Público do Trabalho. Em 2018 e 2019, as queixas na área de trabalho remoto eram basicamente inexistentes: 39 reclamações foram apresentadas em 2019. Isto subiu para 1 679 em 2020, um aumento de 4 205%. As queixas mudaram com o tempo: inicialmente, as queixas eram dirigidas contra empregadores que se recusavam a mudar seu pessoal para um emprego virtual, mesmo quando tais mudanças eram viáveis, quando um trabalhador pertencia a um grupo de risco ou convivia com pessoas que pertenciam a tais grupos. No decorrer da pandemia, no entanto, as reclamações começaram a se concentrar em outros problemas, tais como longas horas de trabalho, carga de trabalho excessiva e a falta de infraestrutura de trabalho adequada.
Forte disrupção Uma pesquisa realizada em maio de 2020 pelo Grupo de Pesquisa sobre Trabalho e Sociedade (GETS) e pela Rede Interdisciplinar de Pesquisa e Monitoramento da Reforma do Trabalho (REMIR), incluindo entrevistas com 906 pessoas, mostrou que, devido à falta de demanda de mão-de-obra, os trabalhadores autônomos e informais (serviços pessoais, terapeutas, turismo etc.) estavam entre os mais afetados pela pandemia. A pesquisa também destacou a assimetria entre mulheres e homens no que diz respeito ao cuidado de crianças e ao trabalho doméstico. As mulheres mencionaram "dificuldades de concentração e interrupções durante sua atividade profissional em casa". Os homens, por sua vez, mencionaram o termo "dificuldade" em suas declarações sobre a falta de contato com os colegas, enquanto as mulheres se referiram ao cuidado das crianças e do lar (Bridi, Bohler e Zanoni, 2020: 39). Os entrevistados incluíram acima de tudo professores, pessoal judicial e da previdência social, gerentes públicos, advogados, pessoal administrativo, analistas (em diferentes áreas) e consultores - atividades que permitem o trabalho remoto ou baseado em TI.
As dificuldades e problemas identificados incluíram o isolamento dos colegas, o aumento das interrupções, a separação da vida profissional e familiar, horários de trabalho mais longos e custos que tiveram que ser assumidos pelos trabalhadores. Como uma mulher assinalou, o trabalho é "cansativo porque às vezes as exigências vão além de oito horas por dia (às vezes eu tenho que trabalhar em turnos noturnos e durante os fins de semana), o que é exaustivo" (Bridi et al, 2020). Isto leva a "um cansaço mental crescente devido à dificuldade de separar as horas de trabalho do tempo de descanso". Equipamento inadequado Outro aspecto que foi destacado pela pesquisa refere-se a problemas relacionados a espaço e móveis inadequados para o trabalho domiciliar, aumento de custos com equipamentos de TI, estresse relacionado a tarefas, a gama de atividades que precisam ser cobertas e a falta de apoio dos colegas. Apenas 30,79% declararam que suas condições de trabalho eram excelentes em relação a uma mesa, cadeiras e um ambiente de trabalho apropriado. Outros descreveram suas condições como razoáveis (57,96%), porque tinham uma mesa e uma cadeira, ou muito ruins (12,14%), pois não possuíam todos esses elementos. Estes resultados coincidem com os de outra pesquisa realizada em 2021 pela Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET), junto com a Central Sindical Unida (CUT) de São Paulo e Rio de Janeiro e o Arquivo de História do Trabalho do Rio de Janeiro (AMORJ). O perfil dos trabalhadores coincide nas duas pesquisas, exceto pelo fato de que na pesquisa de 2021 a maioria dos entrevistados tinha uma relação de trabalho formal, baseada em contrato, seguindo o critério de que os trabalhadores deveriam ter relações de trabalho formais e fazer parte da base sindical da CUT. Outras observações se referiam às desigualdades de gênero: a maioria dos homens (64%) respondeu que o trabalho remoto não criava nenhuma dificuldade em relação ao seu impacto nas tarefas domésticas. Por outro lado, as dificuldades mencionadas incluíam o ambiente de trabalho e mobiliário inadequado, um aumento nos custos relacionados ao equipamento e problemas de comunicação com colegas e supervisores. O estudo revelou, por exemplo, que os equipamentos (mesa, cadeira, conexão à Internet, fones de ouvido, telefones celulares, mouse e computador) eram de propriedade dos trabalhadores (mais de 60% dos entrevistados), com exceção dos programas de software, que eram, para a maioria (pouco mais de 50%), propriedade das empresas.
Historicamente, o trabalho era uma das esferas públicas mais importantes, onde os trabalhadores podiam se socializar. O trabalho remoto, portanto, envolve uma regressão para a esfera privada doméstica, onde o trabalho é individualizado e sua carga se torna invisível. Como mostram as pesquisas discutidas acima, e seguindo o trabalho de Machado e Bridi (2021), os trabalhadores têm que lidar com três grandes desafios. 1) Controle do horário de trabalho. A desnormalização da jornada de trabalho que pode ser observada reverte as conquistas da classe trabalhadora a este respeito. Dependendo do tipo de regulamentação de cada país, o trabalho remoto legitima, de uma vez por todas, a invasão da privacidade dos trabalhadores pelas empresas e a expansão de diferentes formas de controle que gradualmente envolvem suas vidas. 2) O risco de diluição dos direitos. Os direitos e garantias alcançados pelos trabalhadores são concebidos como parte de uma lógica de trabalho baseada na empresa, com horários de trabalho definidos e subordinação hierárquica. O trabalho se torna ilimitado sem regulamentação. 3) Ação coletiva e sindicalização. O teletrabalho resulta em trabalhadores cada vez mais dispersos e fragmentados, e levanta a questão de como as condições de trabalho em casa podem ser reguladas e supervisionadas. Como é possível mobilizar e organizar os interesses comuns dos trabalhadores, quando eles estão dispersos em casa? >> Acesse o "Estudo sobre a regulação do teletrabalho no Brasil" na íntegra, aqui.O que aprendemos com os desafios do trabalho remoto na sociedade brasileira?2. Driblar as distrações em casa. De acordo com o estudo The Remote Work Report by GitLab, publicado em 2020, o maior desafio relatado pelos participantes foi lidar com as distrações em casa (47%), seguido pelas dificuldades de comunicação e colaboração (35%).
Qual a diferença entre ensino remoto e ensino remoto emergencial?Resumindo: o ensino remoto é uma adaptação temporária do ensino presencial, enquanto o ensino a distância é pensado estrategicamente para ser online.
Qual a sua opinião sobre estudar à distância por meio de um ambiente virtual de aprendizagem?Dentre os principais benefícios desse ambiente virtual de aprendizagem estão a flexibilidade de tempo, o uso de novos meios digitais, a atualização constante e a redução dos custos tanto para o aluno quanto para o gestor do curso.
O que é trabalhar em home office?Home office, em tradução literal para o nosso idioma, significa “escritório em casa”. E é justamente isso que o termo representa. Ou seja, quando alguém está trabalhando em home office, está usando a própria casa como escritório. Nesse caso, o trabalhador utiliza o mesmo ambiente para trabalhar e viver.
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