ELETROMAGNETISMO - PARTE 1- Edi��o 01.2011 Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana Show
Cap�tulo 4 - Condu��o El�trica 4.1 Introdu��o 4.1 Introdu��o 4.2. Corrente el�trica 4.3. Portadores de Carga sob a A��o de um Campo Eletrost�tico 4.4. Lei de Ohm 4.5 Princ�pio da Conserva��o da Carga 4.6 Dissipa��o de Energia em Condutores 4.7 Problemas de Valores de Fronteira em Meios Condutores Problemas 4.1 Introdu��oNeste Cap�tulo, estamos interessados em analisar as propriedades de meios materiais condutores e estabelecer a rela��o b�sica entre fluxo de carga e campo el�trico nestes materiais. A estrutura de bandas de energia de um s�lido juntamente com a sua composi��o determina quais tipos de compostos permitem a passagem de uma corrente el�trica com uma maior ou menor facilidade. Esta corrente el�trica pode ser produzida, por exemplo, pela aplica��o de uma diferen�a de potencial entre pontos de contato em �reas distintas na superf�cie do material como � o caso de materiais condutores ou mesmo pela aplica��o de radia��o eletromagn�tica em semicondutores. A teoria qu�ntica prev� que el�trons de um �tomo isolado apresentam n�veis discretos de energia. No estado de mais baixa energia ou no estado natural, os el�trons permanecem ligados ao �tomo executando movimentos ao redor do n�cleo de forma a manter a energia do �tomo constante. Geralmente � necess�ria muita energia para libertar o el�tron do �tomo neste caso. Quando muitos �tomos s�o arranjados para formar um s�lido, os n�veis de energia resultantes deste arranjo ficam t�o pr�ximos entre si que possibilitam a forma��o de faixas cont�nuas de energias permitidas para os el�trons, ou bandas de energia. El�trons possuindo energia dentro da faixa de valores da banda de val�ncia tendem a permanecer transitando na regi�o em volta de seus �tomos de origem e �tomos vizinhos, participando desta forma da liga��o qu�mica respons�vel pela coes�o do s�lido. Por outro lado, el�trons com energia na faixa de valores da banda de condu��o, seja atrav�s da aplica��o de um campo externo, de radia��o eletromagn�tica, ou mesmo naturalmente como resultado das vibra��es t�rmicas no s�lido, podem transitar no interior do material. A disposi��o relativa entre as bandas de val�ncia e de condu��o determina portanto as propriedades de condu��o de s�lidos. Na Fig.4.1, representamos esquematicamente e de uma forma bem simplificada a estrutura de bandas de energia para tr�s classes de materiais distintos. No diagrama da Fig.4.1a existe uma grande separa��o entre os limites superior e inferior das bandas de val�ncia e de condu��o, respectivamente. Nestes materiais, os el�trons preenchem completamente a banda de val�ncia. A aplica��o de um campo externo s� poder� causar transi��es para a banda de condu��o se o campo for razoavelmente intenso. Materiais exibindo este tipo de estrutura de bandas s�o denomidados isolantes. No diagrama da Fig. 4.1b, a separa��o entre bandas de val�ncia e condu��o � bem menor que aquela ilustrada na Fig.4.1a sendo relativamente mais f�cil se produzir el�trons de condu��o. A banda de val�ncia nestes materiais, apresenta uma pequena faixa de valores de energia n�o ocupados pelos el�trons de val�ncia devido a excita��o t�rmica para a banda de condu��o. Materiais exibindo este tipo de estrutura s�o classificados como semicondutores. No diagrama da Fig.4.1c, existe uma faixa de valores de energia que � comum �s bandas de val�ncia e de condu��o. El�trons tendo energia compreendida nesta faixa de valores podem transitar pelo s�lido sob a a��o de um campo el�trico externo relativamente fraco, e materiais exibindo este tipo de estrutura de bandas s�o denominados de condutores. Materiais pertencendo a esta �ltima classifica��o s�o os objetos de estudo deste Cap�tulo. Fig.4.1 Esquema simplificado de representa��o da estrutura de bandas de energia para tr�s tipos de materiais Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana 4.2. Corrente el�tricaCargas em movimento em um meio constituem uma corrente el�trica que � medida pela vaz�o da carga atrav�s de uma determinada se��o de �rea do meio de condu��o. Com base na Fig.4.2, se dq Coulombs atravessam a se��o transversal do fio condutor em um tempo dt segundos, ent�o a corrente el�trica I � definida pela rela��o,
(4.1) Fig.4.2 Geometria de defini��o da corrente el�trica em um condutor A unidade el�trica da grandeza I derivada do sistema MKSC � o Coulomb/Seg Ampere. A corrente el�trica apesar de ser um conceito �til na quantifica��o da vaz�o de cargas em condutores, n�o pode fornecer detalhes sobre a distribui��o de corrente em cada ponto do meio de condu��o. Para isso, torna-se necess�ria a introdu��o de uma grandeza vetorial que possa fornecer uma descri��o detalhada da dire��o e sentido do movimento de cargas em cada ponto do meio de condu��o. Consideremos por um momento a situa��o ilustrada na Fig.4.3, onde admite-se que todos os portadores de carga q no meio de condu��o estejam se movendo com a mesma velocidade . Consideremos uma se��o de �rea diferencial do meio de condu��o, com o vetor formando um �ngulo θ com o vetor velocidade . Sob estas condi��es, a quantidade de carga que atravessa a se��o de �rea dS no tempo dt � toda aquela que estiver contida no volume diferencial do paralelep�pedo obl�quo sombreado ilustrado na Fig.4.3, de �rea de base dS e comprimento de aresta udt. Este volume diferencial � obtido da rela��o, Se existem N portadores de carga por unidade de volume do material, ent�o a carga total dq contida neste volume diferencial � dada por, e a corrente dI atravessando a se��o de �rea diferencial dS � simplesmente, que pode ser expressa na forma, (4.2) Fig. 4.3 Geometria utilizada na determina��o da corrente atrav�s de uma se��o diferencial de um meio de condu��o. A hip�tese feita anteriormente de todos os portadores exibirem a mesma velocidade � muito restrita, pois em condutores de uma forma geral, existem colis�es entre portadores m�veis bem como eventos de colis�o destes portadores com os �tomos ou �ons compondo o s�lido. Como resultado destas colis�es, as velocidades dos portadores � completamente aleat�ria, com uma distribui��o determinada pela temperatura do material. Para levarmos este efeito em considera��o, vamos admitir que no meio de condu��o existam M grupos de portadores com o k-�simo grupo exibindo uma densidade e velocidade . A contribui��o para a corrente el�trica atrav�s da se��o diferencial dS devido ao k-�simo grupo �, e a corrente total dI � obtida da soma, (4.3) A densidade total de portadores no material � o que permite identificar da Eq.(4.3) a velocidade m�dia da rela��o, (4.4) e a Eq.(4.3) pode ser posta na forma, (4.5) Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana A Eq.(4.5) sugere a defini��o de um vetor densidade de corrente medido em Amperes/m2 a partir da rela��o, (4.6) Muitas vezes � conveniente se fazer uso da aproxima��o macrosc�pica em que admite-se carga distribuida continuamente no meio de condu��o. Sob estas condi��es, a densidade de carga associada aos portadores m�veis no meio � obtida a partir da transforma��o, e a densidade de corrente pode ser expressa na forma, (4.7) � importante observar que o vetor densidade de corrente tem a mesma dire��o e sentido da velocidade m�dia local dos portadores de carga no material. A partir das Eqs(4.5) e (4.6) pode se determinar a corrente total atravessando uma determinada se��o de �rea macrosc�pica S de um meio de condu��o da rela��o, (4.8) 4.3. Portadores de Carga sob a A��o de um Campo Eletrost�ticoColis�es em s�lidos s�o os mecanismos respons�veis pelo interc�mbio da energia entre os portadores de carga e os �tomos ou �ons compondo o material, o que resulta eventualmente em dissipa��o de calor no material. Um portador de carga no material pode se deslocar durante um tempo caracter�stico at� sofrer uma colis�o. A este tempo cd�-se a denomina��o de tempo de colis�o. Se em um determinado instante de tempo pudessemos estabelecer uma condi��o inicial para as velocidades dos diversos portadores no material tal que a velocidade m�dia fosse dada por um valor , dever�amos esperar que ap�s um tempo aproximadamente igual ao tempo de colis�o , a velocidade m�dia deca�sse substancialmente com respeito ao seu valor inicial. Apesar das mudan�as bruscas nas dire��es e sentidos das velocidades dos portadores individuais resultantes dos eventos de colis�o, esperamos que o decr�scimo no valor m�dio destas velocidades ocorra continuamente e de uma forma razoavelmente bem comportada pois s� desta forma tem sentido a introdu��o do conceito de velocidade m�dia. A hip�tese mais natural para sistemas de muitas part�culas com velocidades distribuidas aleat�riamente como resultado dos eventos de colis�o, � que a velocidade m�dia decaia exponencialmente com um tempo caracter�stico a partir do seu valor inicial, ou seja, (4.9) A Eq.(4.9) � solu��o da equa��o diferencial, (4.10) ou seja, a Eq.(4.10) governa a resposta natural para a velocidade m�dia de uma popula��o de cargas m�veis cujas velocidades s�o freq�entemente modificadas por eventos aleat�rios de colis�o. Neste contexto o tempo de colis�o pode tamb�m ser interpretado como o intervalo de tempo ap�s o qual o sistema de part�culas carregadas perde uma por��o razo�vel da correla��o que existia no tempo inicial. Consideremos uma por��o diferencial de volume do material dV localizada no vetor representando o vetor posi��o m�dio dos portadores no volume no tempo t, com velocidade m�dia . A massa total de portadores em movimento no volume diferencial � , com m a massa de cada portador de carga . Multiplicando ambos os membros da Eq.(4.10) por dm, resulta, (4.11) o que mostra que a for�a devido aos eventos de colis�o � do tipo atrito viscoso, pois � proporcional a velocidade m�dia, se opondo ao movimento m�dio dos portadores de carga. Se um campo eletrost�tico � aplicado no material, cada elemento de volume contendo cargas em movimento experimenta uma for�a , onde, � a carga total de portadores m�veis contida no volume diferencial dV . Este efeito pode ser levado em conta na Eq. (4.11) pela adi��o desta for�a externa, resultando em, Dado que a massa de portadores m�veis � dm=NmdV, resulta, donde
(4.12) Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana A equa��o diferencial (4.12) representa a evolu��o no tempo do vetor velocidade m�dia levando-se em conta os eventos de colis�o e a exist�ncia de um campo el�trico externamente aplicado no meio de condu��o. Se admitirmos que o sistema exibe uma velocidade m�dia inicial no tempo , a solu��o da Eq.(4.12) � da forma, (4.13) Se a velocidade m�dia inicial � como deve-se esperar para um sistema em equil�brio t�rmico, a Eq.(4.13) se reduz a forma, (4.14) e o vetor velocidade m�dia se alinha na dire��o do campo aplicado adquirindo um valor final, (4.15) ap�s alguns intervalos de tempo conforme ilustrado na Fig.4.4. Fig. 4.4. Evolu��o no tempo do vetor velocidade m�dia resultante de um campo el�trico externamente aplicado em um meio de condu��o. Utilizando a Eq.(4.15) e a defini��o do vetor densidade de corrente dada pela Eq.(4.6), obt�m-se a rela��o, (4.16) que mostra uma depend�ncia linear entre os vetores e . Esta rela��o foi obtida na
hip�tese de o meio de condu��o ser isotr�pico resultando na colinearidade entre os dois vetores. Neste modelo tamb�m n�o foram consideradas poss�veis influ�ncias do campo aplicado sobre o valor do tempo de colis�o. Para campos muito intensos � poss�vel que o tempo de colis�o diminua como resultado de uma maior acelera��o devido a uma for�a el�trica mais severa atuando sobre os portadores de carga. � de se esperar portanto que no regime de campos intensos, obtenha-se uma
rela��o n�o linear entre os vetores e . Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana 4.4. Lei de OhmRealizando medidas simult�neas de corrente e diferen�a de potencial entre as extremidades de materiais condutores de se��o reta uniforme, Ohm determinou uma rela��o linear entre estas duas grandezas onde a constante de proporcionalidade era dependente das dimens�es do condutor e de sua constitui��o f�sica. Com base na Fig.4.5, sendo V a diferen�a de potentical aplicada nas extremidades do cilindro condutor de se��o reta S e comprimento l, e I a corrente fluindo atrav�s do condutor, esta rela��o pode ser posta matematicamente na forma, (4.17) onde o par�metro R � denominado de resist�ncia el�tricado condutor, que para um condutor de se��o reta uniforme � dado por,
(4.18)
Resist�ncia el�trica assim definida � medida em unidades de Volt/Ampere que define a grandeza Ohm representada pelo s�mbolo Ω. O par�metro σ que aparece na Eq.(4.18) � medido em unidades de (Ω.m)-1 e � denominado de condutividade el�trica, sendo dependente da composi��o f�sica do material. Bons condutores exibem altos valores de condutividade e baixa resist�ncia a passagem de corrente el�trica. Na Tabela 4.1 s�o tabulados valores representativos da condutividade de alguns materiais medidos a temperatura ambiente. Vale notar a diferen�a em 4 ordens de grandeza entre as condutividades t�picas de bons condutores relativamente �quela do Sil�cio puro.
Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana Com base nas Eqs.(4.17) e (4.18) � poss�vel obter uma rela��o entre campo e densidade de corrente v�lida em cada ponto de um meio material satisfazendo a lei de Ohm. Para isso consideramos um fio diferencial de se��o reta dS e comprimento dl conforme ilustrado na Fig.4.6, e analisamos a rela��o entre corrente e diferen�a de potencial entre as se��es terminais a e b. Aplicando a Eq.(2.23) no trecho de comprimento dl, resulta, onde � a componente do vetor no sentido do vetor . Utilizando a lei de Ohm, resulta, donde, Se o meio � isotr�pico esta rela��o pode ser generalizada na forma, (4.19) que � a lei de Ohm em forma diferencial. Isotropia implica na colinearidade entre os vetores e . Se o meio de condu��o � anisotr�pico, condutividades distintas ao longo de dire��es distintas no material resulta em uma rela��o matricial entre os vetores e do tipo, , (4.20a) com (4.20b) Considerando a lei de Ohm em meios isotr�picos, podemos obter uma express�o para a condutividade em termos de par�metros microsc�picos do material, pela combina��o das Eqs.(4.16) e (4.19) resultando em, (4.21) A Eq.(4.21) demonstra como os v�rios par�metros microsc�picos do material contribuem para sua condutividade. Basicamente para ser um bom condutor o material deve exibir uma alta densidade de portadores de carga e o tempo de colis�o deve ser razoavelmente longo. Para semicondutores, portadores de carga existem nas bandas de condu��o (el�trons) e de val�ncia (lacunas). A condutividade neste caso � expressa na forma, (4.22) onde os subscritos (-) e (+) na Eq.(4.22) servem para identificar os par�metros microsc�picos associados aos el�trons e lacunas, respectivamente. Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana Exemplo 4.1: Estimativa do tempo de colis�o para um bom condutor A Eq.(4.21) permite estimar o tempo de colis�o t�pico dos portadores de carga em um condutor a partir de medidas de condutividade. Isso corresponde dizer que, a partir da medi��o de par�metros macrosc�picos tais como corrente e diferen�a de potencial, pode-se obter informa��o sobre um par�metro microsc�pico iimportante do material. A densidade de portadores pode ser estimada para um bom condutor como correspondendo a 1 el�tron liberado por �tomo da rede cristalina. Admitindo a hip�tese razo�vel de um espa�amento t�pico de 3 � entre �tomos da rede , a densidade de portadores � aproximadamente, Utilizando os par�metros para o el�tron: e e assumindo um condutor com uma condutividade t�pica , em conformidade com os n�meros representados na Tabela 4.1, a Eq.(4.21) fornece a seguinte estimativa para o tempo de colis�o de um bom condutor, 4.5 Princ�pio da Conserva��o da CargaO princ�pio da conserva��o da carga estabelece que em um sistema isolado, cargas n�o podem ser criadas nem destru�das. Para estabelecermos matem�ticamente este princ�pio em termos das grandezas f�sicas pertinentes a teoria eletromagn�tica, consideremos a situa��o ilustrada na Fig. 4.7 onde existe um volume de exist�ncia de cargas que podem fluir atrav�s da superf�cie limitante Σ. A corrente total I para fora da superf�cie Σ � obtida de,onde � o vetor �rea diferencial apontando para o exterior do volume V. Pelo princ�pio da conserva��o da carga, isto s� poder� ocorrer se o fluxo de carga for balanceado pela taxa de varia��o da carga total contida no volume. Ou seja, se o fluxo para fora de Σ for positivo a taxa de varia��o ser� negativa e vice-versa, ou matematicamente, A carga total no volume V pode ser expressa como uma integral de volume da densidade de carga ρ, resultando em, (4.23) que representa o princ�pio de conserva��o da carga em sua forma integral. A forma diferencial da Eq.(4.23) � obtida assumindo-se um volume fixo, de forma que a derivada no tempo atue apenas sobre a fun��o ρ, resultando, em, Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana Aplicando o Teorema de Gauss no primeiro membro da �ltima rela��o, e assumindo um volume diferencial para as integra��es, resulta finalmente (4.24) A Eq.(4.24) ajuda explicar a tend�ncia de cargas livres se distribuirem na superf�cie de materiais condutores no regime est�tico. Para isso vamos considerar um meio condutor satisfazendo a lei de Ohm representada em forma diferencial pela Eq.(4.19). Admitindo ainda que a permissividade el�trica do meio de condu��o seja ε, resulta, que inserido na Eq.(4.24), fornece,
Se os par�metros ε e σ independem das coordenadas, a �ltima rela��o pode ser posta na forma, Utilizando a Eq. de Maxwell para a diverg�ncia do vetor dada pela Eq.(2.48) resulta, (4.25) com, (4.26) � denominado o tempo de relaxa��o do excesso de cargas no material. Admitindo que , a solu��o da Eq.(4.25) � dada por, (4.27) A Eq.(4.27) mostra que qualquer carga no interior de um material condutor tende a decair exponencialmente como fun��o do tempo com um tempo caracter�stico da ordem de , o qual ser� tanto menor quanto maior for a
condutividade do material. Pelo princ�pio da conserva��o da carga, qualquer excesso de carga posta no interior de um meio condutor tende a se distribuir na superf�cie com um tempo caracter�stico, que para bons condutores � da ordem de . Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana Exemplo 4.2: Campo el�trico em um condutor esf�rico inicialmente carregado Consideremos a situa��o ilustrada na Fig.4.8, onde admite-se carga uniformemente distribuida inicialmente com densidade em uma esfera condutora de permissividade ε e condutividade σ. Deseja-se estudar a evolu��o no tempo dos campos e correntes internos e externos � esfera. Uma vez que a densidade � uniforme, a carga total da esfera � simplesmente. A densidade volum�trica de carga em qualquer instante de tempo t ≥ 0 � dada pela Eq.(4.27). Uma vez que a densidade mant�m-se uniforme para t ≥ 0, os campos interior e exterior ir�o depender apenas na coordenada R indicada na Fig. 4.8. Aplicando-se a lei de Gauss para uma superf�cie gaussiana esf�rica de raio R ≤ a obt�m-se com dado pela Eq.(4.27). Essa �ltima express�o fornece para os vetores e , , Em vista da Eq.(4.27), as tr�s express�es anteriores demonstram que os campos e , bem como o vetor , decaem exponencialmente com o tempo no interior do condutor. Utilizando-se uma superf�cie gaussiana esf�rica de raio R ≥ a, obt�m-se Note-se que no exterior os campos n�o variam no tempo, pois a carga total da esfera � constante. Como o meio externo � o v�cuo, σ = 0 e conseq�entemente =0 nessa regi�o. Uma vez que a carga volum�trica diminui com o tempo, de acordo com a Eq.(4.27), pelo princ�pio da conserva��o da carga deve haver um ac�mulo correspondente de carga na superf�cie da esf�ra. Essa carga que se acumula na superf�cie tem uma densidade superficial que pode ser obtida da condi��o de contorno para o vetor densidade de fluxo el�trico o que juntamente com a Eq.(4.27) fornece Essa �ltima express�o mostra que a densidade superficial de carga na superf�cie esf�rica tende a atinjir um valor permanente para t >> tr dado por Note-se que em cada instante de tempo a carga total do sistema, que corresponde as por��es contidas no volume e na superf�cie da esfera, � constante. Isso pode ser facilmente verificado a partir das fun��es densidade, i.e., Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana 4.6 Dissipa��o de Energia em CondutoresConforme discutido anteriormente, sob a a��o de um campo el�trico, portadores de carga em um meio de condu��o s�o acelerados. Na aus�ncia dos eventos de colis�o, a energia m�dia cedida pelo campo para o sistema de portadores, cresceria indefinidamente. Com os eventos de colis�o presentes, os portadores de carga transferem momentum para os �tomos ou mol�culas constituintes do meio material e esta energia eventualmente se transforma em calor no material. Portanto, o mecanismo de interc�mbio de energia entre o campo e portadores de carga, pode ser visto da seguinte forma. Na aus�ncia de campo aplicado, pode-se admitir que a velocidade m�dia dos portadores de carga � nula. Aplicando-se o campo, a energia cin�tica m�dia dos portadores aumenta at� um valor limite e isso ocorre durante um tempo caracter�stico τc. A partir da�, a energia m�dia dos portadores de carga � constante, dependendo apenas da intensidade do campo aplicado. Para que essa energia permane�a constante no regime permanente, � necess�rio que a pot�ncia el�trica que flui do campo para o sistema de portadores seja balanceada pela taxa de transfer�ncia de energia dos portadores para os �tomos ou mol�culas do material. Isso implica que a pot�ncia el�trica transferida para o sistema de cargas � totalmente dissipada em forma de calor no material. Consideremos um material condutor de volume total V e um elemento diferencial de volume cujo vetor posi��o m�dia dos portadores � , conforme ilustrado na Fig.4.9. O trabalho m�dio diferencial realizado pelo campo nesse elemento de volume para produzir um deslocamento diferencial na posi��o m�dia dos portadores � onde � a for�a el�trica.
A taxa m�dia de transfer�ncia de energia para os portadores � obtida de . Em termos do campo aplicado e da densidade de cargas, pode-se escrever e utilizando a Eq.(4.7), resulta, (4.28) A Eq.(4.28) representa a potencia el�trica diferencial dissipada no volume . Como o meio de condu��o tem volume V, a pot�ncia total dissipada no volume � obtida por integra��o da Eq.(4.28), ou seja, (4.29) Para meios obedecendo a lei de Ohm, , e a pot�ncia � cedida pelo campo sendo dissipada em forma de calor. Existem, no entanto, situa��es em que o produto escalar pode tornar-se negativo, e nesse caso a pot�ncia � cedida do sistema de portadores para o campo, possibilitando a obten��o de amplifica��o do campo, tal como ocorre em v�lulas de ondas viajantes em frequ�ncias de microondas ou em lasers de el�trons livres. Esses sistemas operam na condi��o , onde radia��o eletromagn�tica viajando ao longo de um feixe de el�trons pode ser amplificada.
Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana 4.7 Problemas de Valores de Fronteira em Meios CondutoresO formalismo de determina��o de campos em meios condutores � similar �quele utilizado no tratamento de meios diel�tricos isolantes. Considere-se um condutor submetido a uma diferen�a de potencial, tal que se produza um fluxo de corrente estacion�rio. Nesse regime, a equa��o da continuidade reduz-se a (4.30) Para campos independentes do tempo, e dessa express�o, (4.31) Se o meio condutor � linear e isotr�pico, e caracterizado por uma condutividade σ, ent�o e da Eq.(4.30), (4.32) Considerando-se que o meio seja homog�neo, i.e., com σ independente das coordenadas, a Eq.(4.31) quando inserida na Eq.(4.32) fornece, (4.33) Ou seja, no interior de um meio condutor linear, homog�neo e isotr�pico, a fun��o potencial obedece a equa��o de Laplace. Em problemas envolvendo meios materiais distintos � tamb�m necess�rio estabelecer a condi��o de contorno para o vetor densidade de corrente. Essa condi��o de contorno � derivada diretamente da forma integral da equa��o da continuidade, dada pela Eq.(4.23) e reproduzida abaixo, Considerando-se a geometria ilustrada na Fig.4.10, e aplicando-se essa express�o para o cil�ndro de altura Δh e �rea de base ΔS, no limite em que Δh → 0 vem O termo entre colchetes no segundo membro tende ao produto entre a �rea ΔS e a densidade superficial de carga na interface entre os dois meios. No primeiro membro, a integra��o sobre a superf�cie lateral do cil�ndro tende a zero para Δh → 0, o que fornece Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana Para uma geometria invariante no tempo, i.e., , resulta (4.34) A Eq.(4.34) � a condi��o de contorno mais geral, independente dos tipos de meio material envolvidos. No regime estacion�rio em que a densidade superficial de carga n�o varia no tempo, obt�m-se a condi��o de contorno (4.35) Ou seja, no regime estacion�rio a componente normal do vetor densidade de corrente � cont�nua na interface. Em resumo, no regime est�tico em que a corrente existe no regime estacion�rio, todas as t�cnicas de solu��o da Eq. De Laplace utilizadas em meios isolantes s�o tamb�m aplic�veis em meios condutores. Assim, a solu��o de problemas de valores de fronteira que envolvam a determina��o da distribui��o de campos e correntes em um dado condutor, segue uma metodologia semelhante �quela adotada no cap�tulo anterior para solu��o de problemas de valores de fronteira em eletrost�tica. A Tabela IV.1 ilustra, por exemplo, a metodologia geralmente adotada na determina��o de resist�ncia el�trica de um condutor imperfeito.
Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana Problemas4.1 Uma superf�cie plana separa dois meios condutores: a) Utilize a equa��o da continuidade (forma diferencial do princ�pio da conserva��o da carga) para mostrar que: onde e s�o as densidades de corrente nos meios 1 e 2, respectivamente, calculadas na interface de separa��o, e � o vetor unit�rio normal dirigido do meio 1 para o meio 2. b) Do item (a) verifique que no regime de corrente estacion�ria a componente normal do vetor densidade de corrente � cont�nua c) Do item (b) mostre que a componente normal do vetor densidade de corrente � nula na interface entre dois meios, um dos quais � um isolante perfeito d) Considere agora que ambos os meios sejam lineares, homog�neos, e isotr�picos e caracterizados por permissividade el�trica e condutividade (ε1, σ1) e (ε2 , σ2), respectivamente . Utilize as rela��es constitutivas entre e e entre e , juntamente com a equa��o da continuidade para mostrar que se uma corrente invariante no tempo cruza a interface entre os dois meios, aparecer� uma densidade superficial de carga dada por: onde Jn� a componente normal do vetor densidade de corrente na interface e τ1 e τ2 s�o os tempos de relaxa��o nos meios 1 e 2, respectivamente. 4.2 Em t=0, um excesso de carga � distribu�do com uma densidade ρ0(R/a) (C/m3), no interior da esfera de raio a, condutividade σ e permissividade el�trica ε0. Admitindo que a esfera esteja imersa no v�cuo, determine: a) A densidade volum�trica de carga para t ≥ 0. b) Os vetores no interior e no exterior da esfera para t ≥ 0. c) A densidade superficial de carga em R = a, para t ≥ 0. 4.3 Em t=0, um excesso de carga � distribu�do com uma densidade ρ0(r/a) (C/m3), no interior do cilindro de raio a, condutividade σ e permissividade el�trica ε0. Admitindo que o cilindro seja infinitamente longo e esteja imerso no v�cuo, determine: a) A densidade volum�trica de carga para t ≥ 0.. b) Os vetores no interior e no exterior do cilindro para t ≥ 0.. c) A densidade superficial de carga em r = a, para t ≥ 0. 4.4 Considere uma esfera perfeitamente condutora de raio a envolta por uma casca esf�rica perfeitamente condutora de raio interno b>a. A regi�o {a ≤ R ≤ b, 0≤ θ<π}� preenchida por um meio material de condutividade σ1 e a regi�o {a ≤ R ≤ b, π ≤θ< 2π}� preenchida por um meio de condutividade σ2 . Admitindo que uma diferen�a de potencial seja aplicada entre os condutores perfeitos tal que, e , determine: a) o vetor densidade de corrente em cada regi�o. b) a resist�ncia el�trica medida entre as superf�cies R=a e R=b. c) a pot�ncia el�trica dissipada em cada regi�o. 4.5 Considere agora que a regi�o entre superf�cies esf�ricas perfeitamente condutoras de raios a e b (b > a) seja preenchida por N condutores de condutividades σi (i = 1,2,3...,N), com o i-�simo condutor ocupando a regi�o { a ≤ R ≤ b , π(i-1)/N≤θ <πi/N , i = 1,2,3...,N }. Admitindo que uma diferen�a de potencial seja aplicada entre os condutores perfeitos tal que, e , determine: a) o vetor densidade de corrente em cada regi�o. b) a resist�ncia el�trica medida entre as superf�cies R=a e R=b. c) a pot�ncia el�trica total dissipada nos condutores. 4.6 Considere uma esfera perfeitamente condutora de raio a envolta por uma casca esf�rica perfeitamente condutora de raio interno c>a. A regi�o {a ≤ R ≤ b, com b<c)� preenchida por um meio material de condutividade σ1 e a regi�o {b ≤ R ≤ c}� preenchida por um meio de condutividade σ2 . Determine a resist�ncia el�trica entra as superf�cies R=a e R=c. 4.7 Um cabo coaxial � formado por um condutor interno perfeito de raio a e uma casca cil�ndrica condutora perfeita de raio interno b > a. A regi�o entre condutores � preenchida por um meio de condutividade s. Admitindo que uma diferen�a de potencial seja aplicada entre os condutores perfeitos tal que, e , determine: a) o vetor densidade de corrente na regi�o a≤ r≤ b b) a resist�ncia el�trica em uma se��o longitudinal de comprimento l, medida entre as superf�cies r=a e r=b. c) a pot�ncia el�trica dissipada em uma se��o longitudinal de comprimento l do cabo coaxial. 4.8 Considere uma corrente estacion�ria, fluindo no sistema de condutores cil�ndricos de raio a, conforme ilustrado na figura ao lado. Admita que os condutores 1 e 2 tenham valores de permissividade e condutividade tais que os respectivos tempos de relaxa��o sejam τ1 e τ2, com τ2 > τ1. Admitindo ainda que a corrente se distribua uniformemente no interior dos condutores, mostre que a capacit�ncia do condutor 2 � dada por: , onde R � a resist�ncia el�trica do condutor 2. Copyright Vers�o Impressa 1994 by Eduardo Fontana É possível ter corrente elétrica no vácuo?boa pergunta!. bom considerando o vácuo sem nenhum elemento que os elétrons possa percorrer, como gás ou humidade. logicamente não haverá corrente elétrica.
O que gera a corrente elétrica?A corrente elétrica surge a partir da diferença de potencial elétrico (ddp), ou tensão elétrica, entre as diferentes pontas de um condutor. Dada essa diferença, os eletrões livres são estimulados a mover-se pelo condutor, gerando uma corrente elétrica.
Quais são os tipos de correntes elétricas?Existem dois tipos de corrente elétrica: corrente elétrica contínua e corrente elétrica alternada. Apesar de ambas tratarem-se de uma movimentação de cargas elétricas, são fundamentalmente diferentes.
Como é chamado o movimento ordenado de elétrons?Esse movimento ordenado dos elétrons é conhecido como corrente elétrica e ela pode ocorrer nos condutores sólidos, como os metais, e em gases e líquidos ionizados.
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