O que contribui para a intensificação dos problemas ambientais urbanos?

IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS NO BRASIL E OS CAMINHOS PARA CIDADES SUSTENT�VEIS

Nayara Pasqualotto1

1Licenciada em Geografia, Doutoranda no Programa de P�s-Gradua��o em Extens�o Rural (PPGExR) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul, Brasil.

Endere�o: Rua Luiz Ferri, n. 10, Bairro Frizon, Coronel Vivida/PR, Brasil. CEP: 85550-000.

Contato:

Maur�cio Machado Sena2

2 Jornalista, mestrando em Extens�o Rural no Programa de P�s-Gradua��o em Extens�o Rural (PPGExR) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul, Brasil.

Endere�o: Avenida Roraima, n. 1000, bloco 55, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil. CEP: 97105-900.

Contato:

Resumo: Os impactos ambientais causados pelos seres humanos em prol de uma vida �confort�vel� nas cidades levaram a popula��o a repensar os seus atos. Hoje, buscam-se alternativas para minimizar esses danos, tornando as cidades mais sustent�veis. Tentando refletir sobre essas e outras quest�es referentes aos impactos ambientais urbanos e os caminhos para cidades sustent�veis, o presente texto traz uma an�lise sobre o tema. Para isso, primeiramente faz-se uma abordagem sobre o ambiente urbano e os principais impactos ambientais no Brasil, logo ap�s traz algumas alternativas para tornar nossas cidades mais sustent�veis.

Palavras � chave: sustentabilidade; impactos ambientais; cidades sustent�veis.

URBAN ENVIRONMENTAL IMPACTS IN BRAZIL AND PATHS TO SUSTAINABLE CITIES

Abstract: Environmental impacts caused by human beings in favor of a "comfortable" life in the cities led the population to rethink their actions. Today, alternatives are sought to minimize these damages, making cities more sustainable. Trying to reflect on these and other issues concerning urban environmental impacts and the paths to sustainable cities, an analysis on this topic is brought. For this, we first approach urban environment and the main environmental impacts in Brazil, soon after, some alternatives are proposed� to make our cities more sustainable.

1.Introdu��o

A popula��o urbana aumentou consideravelmente a partir da d�cada de 1960 no Brasil. Isso se deu devido ao fato de que foram implantados no campo os chamados �pacotes agr�colas�, os quais substitu�ram a m�o de obra do trabalhador do campo, modernizando a agricultura. Esses, ao perceberem-se como excessos no campo, passaram ent�o a migrar para os centros urbanos, os quais tinham como op��o o trabalho nas ind�strias que surgiram para abastecer tanto o campo como as cidades.

Desta forma, a concentra��o populacional nas cidades aumentou espantosamente a partir desse per�odo, hoje grande parcela da popula��o vive nos centros urbanos. � o que comprovam os dados do IBGE (2017), nos quais se estima que 81% da popula��o vivem em �reas urbanas. Atualmente, uma significativa parcela da popula��o urbana brasileira vive em regi�es metropolitanas. Esse incha�o populacional, principalmente em algumas capitais do pa�s, como S�o Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, ocorreu, sobretudo no per�odo de 1980-1991 (MOTA, 2003).

Hoje, verifica-se que o ritmo de crescimento das regi�es metropolitanas estabilizou se comparadas as demais cidades do pa�s. O que se constata no cen�rio populacional brasileiro � o crescimento dos demais centros urbanos que n�o as capitais (MOTA, 2003).

Todo esse processo de moderniza��o e o relativo aumento populacional nos centros urbanos gerou a necessidade da utiliza��o cada vez maior de territ�rio e recursos naturais. A concentra��o populacional aliada ao consumo exagerado de parte dessa popula��o acarretaram s�rios problemas ambientais, tais como a polui��o das �guas e do ar, a destrui��o de florestas nativas e a consequente extin��o de esp�cies da fauna e da flora, constru��es em �reas de preserva��o, a impermeabilidade dos solos, bem como a produ��o exagerada de lixo.

Os impactos ambientais causados pelos seres humanos em prol de uma vida �confort�vel� nas cidades levaram a popula��o a repensar os seus atos. Hoje, buscam-se alternativas para minimizar esses danos, tornando as cidades mais sustent�veis. Mas o que pode ser feito para que nossos centros urbanos se tornem efetivamente sustent�veis? Devido � propor��o dos danos ambientais, h� como reverter essa situa��o de fato? O que leva a popula��o das cidades a causar tantos impactos no ambiente? Toda a popula��o tem consci�ncia dos danos que est�o causando?

Tentando refletir sobre essas e outras quest�es referentes aos impactos ambientais urbanos e os caminhos para cidades sustent�veis, o presente texto traz uma an�lise de bibliografia sobre o tema. Para isso, primeiramente faz-se uma abordagem sobre o ambiente urbano e os principais impactos ambientais no Brasil, logo ap�s traz algumas alternativas para tornar nossas cidades mais sustent�veis.

2. O ambiente urbano e seus impactos ambientais

����������� De acordo com Mota (2003), o ambiente urbano � composto por dois sistemas inter-relacionados, sendo o sistema antr�pico e o sistema natural. O sistema antr�pico � formado pelos seres humanos que habitam as cidades, j� o sistema natural � composto pelos recursos naturais dispon�veis no territ�rio que comp�e um determinado espa�o urbano.

����������� Os seres humanos t�m o dom�nio dos recursos naturais existentes, apropriam-se deles e os utilizam como fontes de mat�ria prima e energia. Essa apropria��o garante a sobreviv�ncia dos homens nos centros urbanos.

����������� Por�m, as cidades n�o funcionam como um ambiente fechado, pois os seres humanos n�o encontram tudo que necessitam para a sua sobreviv�ncia em um determinado espa�o. Desta forma, esses mant�m rela��es com os demais ambientes, formando um sistema aberto, com rela��es de depend�ncia entre os sistemas (MOTA, 2003).

����������� Essa rela��o de depend�ncia do homem, tanto no sistema onde est� inserido como nos demais, acaba alterando o ambiente. Essas mudan�as, que ocorrem atrav�s da interven��o humana, causam impactos que nenhum outro animal causa no espa�o. Os demais animais geram ao ambiente pequenos impactos que s�o revertidos com o passar do tempo. J� o homem, atrav�s de seu modo de vida baseado no consumo exagerado de produtos e na explora��o predat�ria dos recursos dispon�veis, causam problemas muitas vezes irrevers�veis ao seu local de viv�ncia e aos demais.

����������� Sabe-se que as necessidades e desejos dos seres humanos mudam com o passar dos anos, mas algumas necessidades s�o vitais � eles, sendo que essas n�o podem ser substitu�das e nem exclu�das da vida humana. Entre essas necessidades est�o a �gua de qualidade, o ar fresco, o solo adequado, os alimentos saud�veis e pessoas com quem possam conviver (NUCCI, 1999).

����������� Desta forma, muitas vezes o homem vai ao desencontro de suas necessidades essenciais, pois o padr�o de vida imposto pela sociedade capitalista preza pelo status econ�mico, pol�tico e social, deixando de lado quanto e como os recursos naturais v�o ser explorados em busca de sua vida confort�vel.

����������� Assim, podemos dizer que os problemas ambientais que surgem nas cidades s�o sempre decorrentes da a��o humana, atrav�s do uso e apropria��o indevida do espa�o. De acordo com Ivan C. Maglio, citado por Stipp et al (2004), os problemas ambientais nos centros urbanos do Brasil baseiam-se em duas diferentes ordens: a pobreza nas cidades, que afeta a maioria da popula��o urbana, e os problemas decorrentes da concentra��o de atividades econ�micas nessas �reas, principalmente em atividades ligadas �s ind�strias.

����������� Desta forma, os problemas ambientais urbanos est�o relacionados tanto aos aspectos culturais, modo de vida e as rela��es interclasses, como ao processo de constru��o das cidades e as diferentes op��es econ�micas e pol�ticas que influenciam na configura��o do espa�o. As �reas urbanas decorrentes da ocupa��o informal, onde a popula��o vive �s margens da sociedade, sem condi��es adequadas de infraestrutura, geram problemas socioambientais e situa��es de risco que prejudicam tanto o espa�o f�sico como a sa�de da popula��o (GROSTEIN, 2001).

����������� De acordo com Grostein (2001, p.16), o crescimento informal dos centros urbanos causam problemas como �desastres provocados por eros�o, enchentes, deslizamentos, destrui��o indiscriminada de florestas e �reas protegidas, contamina��o do len�ol fre�tico ou das represas de abastecimento de �gua, epidemias e doen�as provocadas por falta de umidade e falta de ventila��o em moradias�. A propor��o e frequ�ncia com que esses problemas ocorrem nas cidades evidenciam a rela��o existente entre o agravamento dos problemas socioambientais e os padr�es e processos de expans�o urbana da cidade informal.

����������� Por�m, deve-se ter ci�ncia de que os problemas ambientais mais graves em decorr�ncia da ocupa��o do espa�o pelo homem, ao contr�rio do que muitos pensam ou �pregam�, ocorrem nos pa�ses desenvolvidos. De acordo com Stipp et al (2004, p. 26), talvez os problemas ambientais mais graves como �o efeito estufa, o buraco na camada de oz�nio, o esgotamento dos recursos naturais e a acumula��o do lixo t�xico, s�o provocados pelas sociedades ricas e desenvolvidas, do que pelas sociedades pobres�.

����������� Portanto, se os pa�ses em desenvolvimento passarem a ter o mesmo n�vel de produ��o e consumo dos pa�ses desenvolvidos, os problemas ambientais se agravar�o de tal forma que, mesmo que a popula��o pare de crescer, n�o haver� recursos naturais dispon�veis para a sobreviv�ncia humana (STIPP et al, 2004). �Desta forma, evidencia-se que os problemas ambientais urbanos, tanto em menores como em maiores propor��es, ocorrem em todas as sociedades, independente de seu grau de desenvolvimento socioecon�mico.

����������� Neste contexto, o Brasil, enquanto pa�s em desenvolvimento, tamb�m sofre com as consequ�ncias da a��o do homem na natureza. O seu processo de urbaniza��o ocorreu de forma desordenada, onde, devido ao seu vasto territ�rio, temos �reas com altas concentra��es populacionais (como as regi�es metropolitanas, por exemplo) e �reas com baixa densidade demogr�fica.

����������� A concentra��o populacional em algumas regi�es mais desenvolvidas, como � o caso das regi�es sudeste e sul do pa�s, causaram graves problemas sociais, culturais e ambientais, resultantes da falta de oportunidades das diferentes classes sociais em absorver e adaptar-se aos impactos gerados pelo seu processo de desenvolvimento (STIPP et al, 2004). Desta forma, percebe-se que h� uma �nfase maior nos aspectos econ�micos das cidades, pois as quest�es socioambientais, tanto nas pequenas como nas m�dias e grandes cidades, n�o se alteram com o passar do tempo.

����������� Assim, torna-se necess�rio que a popula��o conhe�a os problemas socioambientais que est�o sendo gerados pela ocupa��o desordenada do espa�o, e que os dados referentes a esses aspectos tamb�m sejam levados em considera��o ao pensar os espa�os urbanos. Para isso, h� a necessidade de uma an�lise individualizada de cada problema ambiental urbano, pois a partir do momento em que toda a sociedade passar a entender como ocorre cada impacto ambiental � que essa passar� a compreender o todo e conseguir� buscar caminhos para que suas cidades se tornem mais sustent�veis.

����������� Pensando nesses aspectos faz-se, a seguir, uma breve an�lise sobre alguns impactos ambientais gerados em �reas urbanas. Entre eles est�o o desmatamento, a impermeabiliza��o dos solos, a polui��o das �guas, a polui��o do ar, a modifica��o dos ecossistemas, o efeito estufa e a destrui��o da camada de oz�nio e a produ��o exagerada de lixo.

2.1 Desmatamento

����������� A ocupa��o da natureza no processo de urbaniza��o geralmente acontece atrav�s da retirada da cobertura vegetal. O desmatamento, quando ocorre de forma inapropriada em prol do progresso e do desenvolvimento econ�mico, resulta em v�rios impactos ambientais.

����������� De acordo com Salati et al (2006), o desmatamento � o primeiro fator de destrui��o da biodiversidade, atingindo diretamente na redu��o de habitats de esp�cies animais e vegetais e indiretamente no aumento da produ��o de detrito org�nico e no aumento do efeito de borda. Esses dois �ltimos, podem resultar em queimadas e na morte de �rvores jovens, que podem ser abafadas com a queda das �rvores mais antigas.

����������� Entre os impactos ambientais ocasionados pelo desmatamento em �reas urbanas, pode-se considerar como principais as mudan�as clim�ticas, a extin��o de parte da fauna e da flora, a exposi��o dos solos, o assoreamento dos recursos h�dricos, a contamina��o das �guas, a redu��o no fluxo de infiltra��o das �guas da chuvas, bem como as inunda��es (MOTA 2003).

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2.2 Impermeabiliza��o dos solos

����������� A urbaniza��o e sua consequente verticaliza��o s�o as principais respons�veis pela impermeabiliza��o dos solos. As escava��es, os aterros e demais movimentos na terra para a constru��o de casas, edif�cios, escolas, ruas, cal�adas, etc., s�o fundamentais para a altera��o no escoamento das �guas superficiais e consequente aumento da eros�o, bem como o assoreamento de rios e lagos (MOTA, 2003).

����������� �Esses processos resultam na impermeabiliza��o do solo, ocasionando s�rios impactos ambientais, como a redu��o da recarga dos aqu�feros e o aumento do escoamento da �gua. Estes fatores, aliados ao assoreamento dos recursos h�dricos, resultam na ocorr�ncia de inunda��es, acarretando perdas tanto nos aspectos sociais como econ�micos e ambientais.

����������� A utiliza��o do solo nos centros urbanos � realizada, muitas vezes, sem o devido cuidado com a drenagem natural das �guas, o que resulta no aterramento das margens dos rios e dos lagos. Desta forma, torna-se comum nas cidades problemas de drenagem, os quais, aliados a impermeabiliza��o do solo, resultam no aumento do volume de �gua escoada (MOTA, 2003).

2.3 Polui��o das �guas

����������� De acordo com Tucci (2004), o ciclo hidrol�gico sofre profundas altera��es nos ambientes urbanos. Isso se deve principalmente � �altera��o da superf�cie e a canaliza��o do escoamento, aumento de polui��o devido � contamina��o do ar, das superf�cies urbanas e do material s�lido disposto pela popula��o� (TUCCI, 2004, p.62).

����������� O homem � o principal respons�vel pela polui��o das �guas nos centros urbanos. Atrav�s da sua utiliza��o para o consumo dom�stico e outras atividades, ele devolve a �gua para o ambiente com res�duos l�quidos, o que resulta na polui��o. Outro fator que contribui para a contamina��o das �guas � a polui��o do ar e do solo, pois quando ocorre � precipita��o muitos res�duos existentes no ar e no solo infiltram at� os len��is fre�ticos (MOTA, 2003).

����������� Corroborando com as ideias de Mota (2003), v�rios s�o os fatores que poluem as �guas superficiais e subterr�neas, entre as principais fontes de polui��o das �guas destacam-se: o lan�amento de esgotos dom�sticos; lan�amento de esgotos industriais; lan�amento de �guas pluviais; lan�amento direto de res�duos s�lidos e outras impurezas, etc.

����������� Todos esses fatores comprometem a qualidade da �gua nas cidades, colocando em risco a vida da popula��o local, dos animais e do ambiente, isso se d� atrav�s de impactos ambientais e sociais, tais como os preju�zos para a sa�de p�blica, redu��o do oxig�nio dissolvido na �gua, assoreamento, danos ecol�gicos � vida aqu�tica, entre outros (MOTA, 2003).

2.4 Polui��o do ar

����������� A polui��o do ar afeta o clima nas �reas urbanas de diversas formas. De acordo com Russo (2011), o balan�o energ�tico das �reas urbanas sofre interfer�ncia, pois os poluentes refletem, absorvem e dispersam radia��o solar. Muitos poluentes s�o abundantes no ar das cidades pelo fato de servirem como n�cleos de condensa��o, onde a umidade est� substancialmente abastecida atrav�s da evapora��o, dos ve�culos e dos processos industriais, os quais emitem grandes quantidades de vapor d��gua.

����������� Em decorr�ncia disso, a tend�ncia da precipita��o � aumentar consideravelmente nas �reas urbanas. Outras consequ�ncias em decorr�ncia da polui��o do ar s�o os malef�cios causados na popula��o residentes nessas �reas, como � o caso do aumento significativo no n�mero de doen�as respirat�rias durante os �ltimos anos (RUSSO, 2011).

����������� A polui��o do ar � uma quest�o muito complicada, pois h� muitas dificuldades de indentificar os reais efeitos dos contaminantes na sa�de da popula��o. A constante busca por uma solu��o conta obrigatoriamente com os mais diversos setores da sociedade, tanto no �mbito internacioanl como nacional.

����������� De acordo com Mota (2003), a polui��o do ar depende principalmente de fatores como: as condi��es topogr�ficas do meio, as caracter�sticas clim�ticas do meio e as fontes de emiss�o de polui��o, onde variam os tipos de poluentes, o per�odo de emiss�o e a quantidade que � emitida para o ar.

2.5 Modifica��es nos ecossistemas

����������� O processo de urbaniza��o ocorre, muitas vezes, de forma agressiva ao ecossistema local. Provocando sua destrui��o total ou parcial, pode causar impacto tanto �s atividades do homem como a sobreviv�ncia da fauna de da flora (MOTA, 2003).

����������� Diversos s�o os exemplos de degrada��o dos ecossistemas resultantes do processo de moderniza��o. Entre eles est�o � constru��o de aterros em �reas de mangues e a ocupa��o inadequada de dunas.

����������� As �reas de mangues s�o de extrema import�ncia, pois �funcionam como estabilizadores dos sedimentos costeiros, mantendo as condi��es clim�ticas litor�neas, bem como desempenham o papel de exportador de mat�ria org�nica para o estu�rio� (MOTA, 2003, p.55). Desta forma a degrada��o dessas �reas implica em graves problemas ambientais, bem como transtornos para a popula��o que vive no local e sobrevive de atividades como a pesca.

����������� J� a ocupa��o inadequada de dunas gera implica��es como a desfigura��o da paisagem e a diminui��o da recarga de aqu�feros. Por sua forma��o arenosa, as dunas conseguem infiltrar todas as �guas da chuva, gerando importantes reservas subterr�neas em suas proximidades, por�m, na medida em que essas �reas s�o ocupadas de forma impr�pria o abastecimento dos aqu�feros fica comprometido (MOTA, 2003).

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2.6 �Efeito estufa e destrui��o da camada de oz�nio

����������� As atividades decorrentes da a��o humana causaram impactos que afetam todo o planeta. A produ��o de gases, como o g�s carb�nico, os clorofluorcarbonos, o metano e os �xidos de nitrog�nio, t�m contribu�do muito para o aumento do efeito estufa (MOTA, 2003).

����������� O efeito estufa, que segundo Mota (2003), pode ser entendido como a reten��o de calor na superf�cie terrestre, causa graves consequ�ncias ambientais, dentre as quais se destacam: o desaparecimento de esp�cies da fauna e da flora, mudan�as nas precipita��es, o aumento do n�vel dos oceanos e consequente derretimento das calotas polares e o aumento gradativo das temperaturas do ambiente.

����������� Os clorofluorcarbonos tamb�m contribuem para a destrui��o da camada de oz�nio, �eles s�o decompostos pela radia��o ultravioleta do sol, liberando o cloro que destr�i o oz�nio� (MOTA, 2003, p.56). A destrui��o da camada de oz�nio acarreta a intensifica��o dos raios ultravioletas na superf�cie terrestre causando danos como o aumento nos �ndices de c�ncer e catarata entre a popula��o.

2.7 A produ��o exagerada de lixo

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����������� Nas �ltimas d�cadas a popula��o mundial teve um aumento consider�vel em rela��o �s d�cadas passadas. A popula��o brasileira manteve o mesmo ritmo de crescimento mundial, sendo que em 2010 ultrapassou os 190 milh�es de brasileiros (IBGE, 2017).

����������� Esse aumento populacional, sobretudo nas �reas urbanas, contribui para a produ��o exagerada de lixo. O lixo pode ser provindo de domic�lios ou do com�rcio. O lixo dom�stico no Brasil, de acordo com Mucelin et al (2008�, p.113), � composto por: �65% de mat�ria org�nica, 25% de papel, 4% de metal, 3% de vidro e 3% de pl�stico�.

����������� O consumismo exagerado, herdado do sistema capitalista, � o principal respons�vel pela atual produ��o de lixo. Esse gera graves problemas nas cidades, o seu ac�mulo nas encostas, nos rios e em galerias pluviais, acarretam dificuldades como enchentes, polui��o das �guas e contamina��o do solo.

����������� Segundo Mucelin et al (2008, 113), os problemas ambientais que envolvem o lixo s�o de dif�cil solu��o, pois a grande maioria das cidades do pa�s �apresenta um servi�o de coleta que n�o prev� a segrega��o dos res�duos na fonte�. Nessas cidades o que se percebe � a disposi��o final inadequada do lixo, onde muitas vezes s�o utilizados como descartes lugares como margens de rios, beiras de estradas e lotes baldios.

3. Planejamento urbano rumo �s cidades sustent�veis

����������� As quest�es ambientais no espa�o urbano s� passaram a ter visibilidade a partir das d�cadas de 1980 e 1990. Essa visibilidade s� ocorreu devido aos f�runs internacionais realizados pelas Na��es Unidas (GROSTEIN, 2001).

����������� Entre a confer�ncia de Vancouver, que ocorreu em 1976, e a de Istambul, ocorrida em 1996, algumas preocupa��es relacionadas �s �reas urbanas surgiram nos discursos. Preocupa��es essas relacionadas � aplica��o do conceito de sustentabilidade nas cidades e a cren�a de que o Estado, atrav�s da constru��o de conjuntos habitacionais, poderia atender a popula��o que n�o tinha recursos necess�rios para uma habita��o digna, diminuindo assim os impactos causados por essa parcela da popula��o ao ambiente (GROSTEIN, 2001).

����������� A Confer�ncia do Rio de Janeiro ou ECO 92, de acordo com Sachs (1999), foi � motivadora para muitas transforma��es socioecon�micas e ambientais do planeta, como o surgimento dos minist�rios do meio ambiente em quase todos os pa�ses e o aparecimento da sociedade organizada como terceiro poder ao lado do Estado e das empresas, tornando a discuss�o sobre sustentabilidade de uso comum. Na quest�o que envolve as �reas urbanas, foi constatado que, tr�s quartos do crescimento da popula��o urbana mundial na d�cada de 1990 haviam ocorrido em cidades de pa�ses em desenvolvimento, o que evidenciou a pobreza urbana e a consequente degrada��o ambiental (GROSTEIN, 2001).

����������� Atualmente, as quest�es ambientais, juntamente com as econ�micas, sociais, f�sico-territoriais e administrativas, tamb�m s�o consideradas ao realizar o planejamento urbano dos munic�pios. Verifica-se que a simples vis�o de ordena��o e equipamento do espa�o foi deixada de lado (MOTA, 2003).

����������� O planejamento urbano deve ser realizado com base na concep��o de desenvolvimento sustent�vel, que de acordo com Mota (2003, p.22), ao citar a Comiss�o Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, deve ser entendido como �aquele que atende �s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gera��es futuras atendem �s suas pr�prias necessidades�.

����������� A sustentabilidade de um ambiente urbano baseia-se em dois aspectos principais. O primeiro refere-se � prote��o e restaura��o dos processos biol�gicos que ainda persistem dentro do pr�prio ambiente urbano, e o segundo diz respeito aos problemas que as cidades causam nos recursos aqu�ticos, terrestres e atmosf�ricos da biosfera, pois s�o com esses recursos que a biosfera se mant�m (MOTA 2003).

����������� Portanto, para garantir a sustentabilidade em �reas urbanas faz-se necess�rio o planejamento adequado de aspectos que envolvem desde o sistema de transporte, a conserva��o de energia, a reciclagem de materiais, at� o controle da polui��o do ar e da �gua (MOTA, 2003). Assim justifica-se a necessidade de se levar em considera��o os todos os aspectos f�sicos e naturais da regi�o, pois s�o esses aspectos que determinar�o as oportunidades e restri��es do uso humano do local.

����������� De acordo com Roelofs, citado por Mota (2003), as cidades devem alcan�ar os seguintes objetivos para que se tornem de fato sustent�veis: viabilidade cultural, sa�de, processo participativo, justi�a social, redu��o de subst�ncias t�xicas, redu��o de res�duos e a conserva��o dos recursos naturais. Desta forma, � necess�rio que, ao se pensar em �reas urbanas, considere-se o sistema como um todo, reconhecendo que a natureza e seus infinitos recursos fazem parte desse sistema.

����������� Assim, podemos dizer que construir cidades mais sustent�veis � uma tarefa complexa, que necessita de recursos p�blicos e privados, por�m, n�o � imposs�vel. Basta a integra��o social, econ�mica e ambiental nestas �reas, as quais devem integrar-se tamb�m aos outros sistemas existentes.

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4. Conclus�es

����������� Diante das discuss�es apresentadas sobre os impactos ambientais urbanos no Brasil e os caminhos para cidades mais sustent�veis, verifica-se a import�ncia da discuss�o do tema diante do cen�rio mundial da atualidade. Nota-se que os caminhos adotados na forma��o e manuten��o das cidades, baseados no consumismo e acumula��o de capital, tornaram-as insustent�veis.

����������� O pensamento de desenvolvimento apenas atrelado ao aspecto econ�mico resultou em v�rios problemas de outras ordens nas cidades. Entre eles destacam-se os impactos ambientais resultantes da a��o do homem no ambiente.

����������� Os principais problemas ambientais nos centros urbanos originaram-se do uso inapropriado dos recursos naturais. Verifica-se que ambos se inter-relacionam, ou seja, considerando que o ambiente � um organismo, e que cada elemento depende de outros para sua exist�ncia, � fato que, ao explorar um elemento e comprometer sua qualidade no ambiente, o homem estar� interferindo em todo o sistema.

����������� Toda a��o do homem � resultante de uma ou mais necessidades impostas pelo capital. Devido a forma como se deu a organiza��o econ�mica e social do nosso pa�s, muitas pessoas se tornaram marginalizadas pelo processo, por isso se veem obrigadas a garantir sua subsist�ncia muitas vezes em locais inapropriados e utilizar de forma indevida os recursos naturais.

����������� Por�m, constata-se que existem outros caminhos a serem percorridos pelas popula��es das cidades. H� a necessidade de um olhar mais apurado por toda a sociedade sobre os recursos dispon�veis.

����������� Se existem alguns fatores que s�o essenciais para a vida humana nos centros urbanos, como � o caso do ar puro, da �gua pot�vel, de um solo prop�cio, de alimentos de qualidade e de pessoas com quem possam conversar, esses devem ser preservados por todos. � de extrema urg�ncia uma tomada de consci�ncia por toda a sociedade, para que ambos consigam garantir a sua exist�ncia e das gera��es futuras.

����������� Deve-se deixar para tr�s a vis�o adotada por muitos pa�ses em desenvolvimento, os quais tentam, sem �xito, seguir modelos impostos pelos pa�ses ricos. Esse modelo de desenvolvimento, baseado na economia, j� comprovou sua inefici�ncia. N�o existem f�rmulas ou caminhos tra�ados que possam ser seguidos por todas as sociedades. Cada cidade tem suas especificidades, e essas devem ser consideradas ao se fazer um planejamento urbano.

����������� Somente atrav�s da percep��o por toda a sociedade humana sobre os impactos ambientais nos centros urbanos, � que essa conseguir� encontrar meios de livrar-se de tais problemas. � atrav�s da percep��o e do desejo de mudan�a que conseguiremos alcan�ar um desenvolvimento sustent�vel nos centros urbanos, tantos no �mbito nacional como internacional.

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5. Refer�ncias

GROSTEIN, M. D. Metr�pole e Expans�o Urbana: a persist�ncia de processos insustent�veis. Metr�pole Transforma��es Urbanas Revista Funda��o Seade, S�o Paulo, v. 15, 2001.

IBGE � Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica. Senso populacional de 2010 � dados preliminares. Dispon�vel em: www.ibge.gov.br , acessado em: 08 de maio de 2017.

MOTA, S. Urbaniza��o e meio ambiente. Rio de Janeiro: ABES, 3 ed. 2003.

MUCELIN, C. A.; BELLINI, L. M.. Lixo e impactos ambientais percept�veis no ecossistema urbano. Revista Sociedade & Natureza, v. 20, p. 111-124, 2008.

NUCCI, J. C. An�lise sist�mica do ambiente urbano, adensamento e qualidade ambiental. S�o Paulo:� Revista PUC SP Ci�ncias Biol�gicas e do Ambiente. v.1. n. 1. P.73-88, 1999.

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SACHS, I. Estrat�gias de transi��o para o s�culo XXI. In Cadernos de desenvolvimento e meio ambiente. N� 1, Curitiba: Ed. UFPR, 1999.

SALETI, E; SANTOS, A.A.; KLABIN, I. Temas Ambientais Relevantes. Estudos Avan�ados, v. 20(56), p. 1-2, 2006.

STIPP, M. E. F.; STIPP, N. A. F. An�lise Ambiental em Cidades de Pequeno e M�dio Porte. Geografia (Rio Claro), Londrina, v. 13, n. 02, p. 23-36, 2004.

TUCCI, C. E. M. Gerenciamento Integrado das Inunda��es Urbanas no Brasil.

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Quais fatores que contribuem para a intensificação dos problemas ambientais urbanos?

A alteração dos leitos naturais dos cursos de água e a sua ocupação desenfreada são os principais elementos disparadores das enchentes nos centros urbanos. Já os deslizamentos de terra são resultantes da ocupação irregular, em especial das encostas, que são sistemas ambientais muito frágeis.

Quando os problemas ambientais urbanos se intensificaram?

Os problemas ambientais urbanos se acentuaram durante os avanços da urbanização e industrialização. Esses processos modificaram intensamente as paisagens naturais, desencadeando inúmeros problemas: desmatamento, efeito estufa, mudanças climáticas, poluição, entre outros.

Quais são os principais problemas ambientais que ocorrem na zona urbana?

Além disso, as alterações no clima local são rapidamente percebidas: aumenta-se a produção de lixo e esgotos, os congestionamentos e a poluição atmosférica se intensificam, as áreas verdes diminuem e os índices de poluição visual e sonora vão ao limite, provocando a ocorrência de inúmeros problemas ambientais urbanos.

Quais são as principais causas dos problemas ambientais?

As maiores causas de problemas ambientais são: crescimento populacional, uso insustentável e ineficiente de recursos, a pobreza e a não inclusão dos custos ambientais da utilização dos recursos nos preços de mercado de bens e serviços.