Por que a maior parte da população brasileira está localizada na faixa litorânea do país até os dias atuais?

Entenda como ocorre a distribuição da população brasileira ao longo do território nacional, com dados, informações e mapas.

Por que a maior parte da população brasileira está localizada na faixa litorânea do país até os dias atuais?

A população brasileira não se distribui igualmente por todo o território

Há muita gente no Brasil! Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, a população do Brasil está estimada, para 2014, em mais de 202 milhões de pessoas. Mas como o nosso país possui uma área territorial de 8,5 milhões de km², significa que nós temos uma média de mais ou menos 27 pessoas para cada quilômetro quadrado, ou seja, tem espaço para todo mundo!

O grande problema é que a população brasileira distribui-se irregularmente pelo nosso território. E o que isso quer dizer? Isso significa que algumas regiões concentram mais pessoas, enquanto em outras há mais espaço sobrando, até porque precisamos de lugares em que a natureza esteja mais preservada, livre de cidades, grandes fazendas e outras atividades humanas.

Se observarmos o mapa a seguir, podemos notar como ocorre a distribuição da população brasileira:

Por que a maior parte da população brasileira está localizada na faixa litorânea do país até os dias atuais?

Mapa da distribuição da população brasileira pelo território ¹

Como podemos ver, a distribuição da população brasileira é muito limitada às zonas litorâneas do país. Isso se deve a motivos históricos e geográficos, que vêm desde os tempos de colonização até os períodos posteriores. Por exemplo: a grande concentração econômica e política do Brasil no Sudeste brasileiro, sobretudo nos séculos XVIII e XIX, fez com que a maior parte dos habitantes do país se concentrasse nessa região.

Em números gerais, a distribuição da população brasileira efetua-se da seguinte forma, de acordo com os dados do Censo Demográfico de 2010:

Sudeste: como já dissemos, é a região mais populosa do Brasil, com mais de 80 milhões de habitantes, com 42% da população brasileira e 87 habitantes para cada quilômetro quadrado. É muita gente no mesmo lugar! Para se ter uma ideia, se consideramos a cidade de São Paulo e a sua região metropolitana, temos mais habitantes (19 milhões) do que o Centro-Oeste inteiro!

Nordeste: é a segunda região mais populosa, com quase 54 milhões de pessoas e 27,7% da população do nosso país. Ao todo, são mais de 34 pessoas para cada quilômetro quadrado.

Sul: a terceira região mais populosa do Brasil, com 27 milhões de habitantes. Como a sua área é menor entre as regiões brasileiras, a sua densidade populacional (habitantes por quilômetro quadrado) é de 47,8 hab/km².

Norte: é a quarta mais populosa, ganhando somente do Centro-Oeste brasileiro. Sua população é de 16 milhões de pessoas, mas podemos dizer que essa é a região mais “vazia” do país, pois é a maior e apresenta muito espaço sobrando... Ao todo, sua densidade demográfica é de quatro habitantes para cada quilômetro!

Centro-Oeste: é a última colocada e possui 14,5 milhões de pessoas, com uma densidade demográfica de 8,6 hab/km². Mesmo assim, temos grandes cidades nessa região, sendo Brasília e Goiânia as maiores delas.

_______________________

¹ Fonte do mapa: Archella & Thréry, 2008 / Wikimedia Commons


Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia

O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial, com 8.514.876 km2. O país possui um litoral com 7.367 km, banhado a leste pelo oceano Atlântico. O contorno da costa brasileira aumenta para 9.200 km se forem consideradas as saliências e reentrâncias do litoral.

O litoral brasileiro é extenso e pouco recortado. A plataforma continental - terreno da crosta terrestre que avança para o mar - tem profundidade média de 200 metros e largura média de 90 km. Toda essa extensão lhe confere uma diversidade de paisagens ao longo da costa, onde se alternam dunas, falésias, praias, mangues, recifes, baías, restingas, estuários e recifes de corais.

Esse extenso litoral aliado à sua posição geográfica confere ao país importante destaque geopolítico e estratégico. Condições climáticas propícias favorecem o transporte marítimo, que ocorre o ano inteiro. Entre as principais atividades econômicas, estão a pesca e o turismo. Além disso, existem grandes reservas de petróleo - cerca de 70% da exploração de petróleo brasileiro ocorre na plataforma continental.

Norte, Nordeste, Sudeste e Sul

Devido à sua extensão e por suas características comuns, o litoral brasileiro pode ser divido em Norte, Nordeste, Sudeste e Sul.

O litoral Norte vai da foz do rio Oiapoque ao delta do rio Parnaíba. Apresenta grande extensão de manguezais exuberantes, assim como matas de várzeas de marés, campos de dunas e praias. Apresenta rica biodiversidade em espécies de crustáceos, peixes e aves.

O litoral Nordeste começa na foz do rio Parnaíba e vai até o Recôncavo Baiano. É marcado por recifes calcíferos e areníticos, além de dunas que, quando perdem a cobertura vegetal que as fixam, movem-se com a ação do vento. Há ainda nessa área manguezais, restingas, lagunas e matas. Nas águas do litoral nordestino vivem o peixe-boi marinho e as tartarugas, ambos ameaçados de extinção.

O litoral Sudeste segue do Recôncavo Baiano até São Paulo. É a área mais densamente povoada e industrializada do país. Suas áreas características são as falésias, os recifes e as praias de areias monazíticas (mineral de cor marrom-escura). É dominada pela Serra do Mar e tem a costa muito recortada, com várias baías e pequenas enseadas. O ecossistema mais importante dessa área é a mata de restinga. Essa parte do litoral é habitada pela preguiça-de-coleira e pelo mico-leão-dourado (espécies ameaçadas de extinção).

O litoral Sul começa no Paraná e termina no arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Com muitos banhados e manguezais, o ecossistema da região é riquíssimo em aves, mas há também outras espécies: ratão-do-banhado, lontras (também ameaçados de extinção), capivaras.

Ilhas costeiras

Ao longo da costa, existe ainda um conjunto de ilhas marítimas que se dividem em dois grupos: costeiras e oceânicas. As costeiras estão próximas ao litoral, se encontram apoiadas na parte do relevo do continente que avança para o mar. Algumas ilhas costeiras muito conhecidas abrigam capitais de estado como São Luís (MA), Vitória (ES) e a ilha de Santa Catarina, onde se situa a capital Florianópolis.

Outras ilhas se destacam pelo turismo, como Itaparica, na Bahia; Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e São Sebastião, em São Paulo. Há ainda ilhas costeiras que se destacam pela importância ecológica, como Abrolhos, distante aproximadamente 70 km da costa brasileira na região sul do Estado da Bahia, é composto por um grupo de recifes de corais e ilhas vulcânicas. Criado em 6 de abril de 1983, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos foi o primeiro parque marinho a ser criado no Brasil.

Segundo tradição nos meios náuticos, o nome Abrolhos provém da advertência abra os olhos!, contida em antigas cartas náuticas portuguesas aos navegantes daquela região, devido os perigo que é a grande quantidade de recifes submersos.

Ilhas oceânicas

As ilhas oceânicas são aquelas distantes do litoral; são ilhas que estão apoiadas no fundo do oceano. As principais ilhas oceânicas são os arquipélagos de Fernando de Noronha, atol das Rocas, os penedos de São Pedro e São Paulo, as ilhas de Trindade e Martim Vaz.

A mais importante delas é o arquipélago de Fernando de Noronha, formado por 19 ilhas de origem vulcânica e uma área de 18,4 km2, distante 360 km da costa do Rio Grande do Norte. Fernando de Noronha foi anexado ao estado de Pernambuco em 1988 e apenas a maior das ilhas, Fernando de Noronha (16,2 km2), é habitada. Para garantir sua preservação, foi transformado em parque nacional marinho. A entrada de visitantes é limitada e é cobrada uma taxa de preservação ambiental.

As ilhas de Trindade e Martim Vaz estão a 1.100 km do litoral do Espírito Santo e sua área é de apenas 10,7 km2. Essas ilhas são usadas como base da Marinha e áreas de observações meteorológicas, não ocorrendo ocupação humana. São as ilhas mais distantes da costa.

O atol das Rocas é uma afloração vulcânica coberta de corais; sua superfície é de 7,2 km2 e está distante 250 km do continente e 150 km de Fernando de Noronha. O acesso é difícil devido aos recifes. Foi a primeira reserva biológica do país, criada em 1979.

Os penedos de São Pedro e São Paulo são rochas que afloram a 900 km a nordeste do litoral do Rio Grande do Norte. São áreas pequenas e desprovidas de vegetação, cercadas por perigosos recifes.

As maiores ilhas fluviais

O Brasil possui ainda algumas das maiores ilhas fluviais do mundo, como a ilha de Marajó, com 50 mil km2, considerada a maior ilha flúvio-marinha do mundo. Localizada na foz do rio Amazonas, no Estado do Pará, considerada um dos grandes santuários ecológicos do mundo. E a ilha do Bananal, com 20 mil km2 de área, é a maior ilha fluvial do mundo, localizada no Estado de Tocantins.

O litoral brasileiro é um sistema natural e econômico de grande importância para o país. As principais capitais e cidades localizam-se na zona costeira e mais de 40% da população reside nessa faixa.

Além disso, os mares e oceanos desempenham um importante papel na vida do homem. Servem como fonte de alimentos, via de comunicação entre as diferentes regiões do planeta e contêm inúmeras riquezas minerais. A região litorânea é relevante para o turismo e o lazer, o que justifica a necessidade e a importância de sua conservação.

Por que a população brasileira se concentra em sua maior parte na faixa litorânea do país?

Foi na faixa litorânea do país onde os primeiros núcleos de ocupação humana foram estabelecidos. Isto ocorreu devido à posição estratégica da extensa faixa litorânea do Brasil que, como vimos, constitui um dos maiores litorais do mundo. do continente, servindo como base para essas longas viagens de exploração.

Por que a população está mais concentrada na região litorânea?

Isso se deve à posição estratégica da vasta faixa litorânea brasileira, que, como vimos, constitui um dos maiores litorais do mundo. Ocupar a costa é uma importante vantagem estratégica e locacional.