Por que a mortalidade infantil é um ótimo indicador das condições socioeconômicas dos países?

A mortalidade infantil é, geralmente, estimada sob a forma de um coeficiente ou taxa de mortalidade infantil, o qual traduz o número de óbitos de crianças, com menos de 1 ano, ocorridos durante um determinado período de tempo - normalmente, um ano -, relativamente ao número de nados-vivos do mesmo período, sendo o valor estimado em número de crianças mortas por cada 1000 nados-vivos. Este coeficiente pode ainda ser dividido em mortalidade infantil neonatal e tardia (antes e após 28 dias do nascimento, respetivamente).
A mortalidade perinatal é também uma forma de estimar a mortalidade infantil, englobando a mortalidade neonatal precoce e a natimortalidade (relação entre o número de nados-mortos e o de nados-vivos).
A mortalidade infantil é um dos principais indicadores de saúde pública, já que traduz vários aspetos do estado e condições das populações, como a disponibilidade de assistência médica, de estruturas de apoio médico (hospitais) e sanitário, condições socioeconómicas, incidência de doenças infectocontagiosas e alterações genéticas, entre outros dados.
Os fatores que influenciam os valores do coeficiente de mortalidade infantil são diversos, podendo-se mencionar, como potenciadores, o baixo nível socioeconómico, o consumo de tabaco, álcool e estupefacientes, várias doenças maternas (como hipertensão, diabetes, sida, sífilis e infeção por estreptococos do grupo B), a ocorrência de malformações congénitas, ausência de cuidados pré-natais e de apoio ao parto, más condições higieno-sanitárias e a ocorrência de partos prematuros.
A nível mundial, a mortalidade infantil tem vindo a decrescer sucessivamente, devido à melhoria e generalização dos cuidados médicos e incremento da qualidade de vida. Permanece elevada apenas em países subdesenvolvidos, onde, para além de ausência de apoio médico suficiente à grávida e ao recém-nascido, se encontram condições de insalubridade ambiental. Desta combinação resulta uma elevada taxa de mortalidade infantil em consequência de fatores exógenos, como infeções tetânicas, por exemplo.
Em Portugal, a mortalidade infantil decresceu quase verticalmente - cerca de 75% - entre 1968 e 1998, sobretudo devido à evolução positiva das condições de vida da população nacional, mais próxima da restante Europa. De uma taxa de 77,5 %o em 1960, em 1998, registou-se apenas 6 %o, o que, no entanto, é ainda um dos valores europeus mais elevados. A região do país com maior taxa de mortalidade infantil é a Madeira (10,4 %o)(1998) e a mais baixa a Zona Centro (4,4 %o).

José Luiz Egydio Setúbal comenta o aumento na taxa de mortes de crianças após 26 anos de queda no País

 19/07/2018 - Publicado há 4 anos

Por que a mortalidade infantil é um ótimo indicador das condições socioeconômicas dos países?

Por que a mortalidade infantil é um ótimo indicador das condições socioeconômicas dos países?

Após 26 anos de declínio o Brasil registrou, pela primeira vez em 2016, o aumento na taxa de mortalidade infantil, como apontam dados do Ministério da Saúde. O relatório mostra 14 mortes de bebês até um ano a cada mil nascidos vivos em 2016, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior. O número seguia caindo desde 1990, quando foram registradas 47,1 mortes a cada mil crianças com menos de um ano. O Brasil ainda está longe dos países de desenvolvidos que registram cinco mortes a cada mil crianças nascidas.

Segundo o Ministério, o indicador foi afetado por conta da redução de nascimentos relacionados ao adiamento de gestações e à epidemia do zika virus, além de argumentar que as crianças são o grupo mais afetado da população com as mudanças socioeconômicas no País.

José Luiz Egydio Setúbal, médico pediatra da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, vice-presidente do Instituto de Pesquisa Pensi e coordenador do Grupo de Pesquisa Saúde Infantil do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, comenta a importância da discussão da saúde infantil e dos estudos realizados pelo Grupo de Pesquisa.

As crianças são as mais vulneráveis a doenças, problemas econômicos e problemas sanitários, situações que têm grande impacto na taxa de mortalidade. A pobreza na qual estão situadas as famílias é um dos principais fatores de morte precoce, que tem relação também com a má alimentação e a falta de amamentação dos bebês, o que favorece o desenvolvimento de doenças infecciosas. Por sua vez, o zika virus, segundo o relatório do Ministério, contribuiu com cerca de 315 mortes desde 2015, o que reforça a necessidade de cuidados.

Algumas doenças têm voltado à tona após sua erradicação por conta do baixo índice de vacinação de crianças, como o sarampo, o que também pode contribuir para a taxa de mortalidade. Segundo Setúbal, isso se deve à existência de fake news relacionadas a vacinas, e também pode estar vinculado a problemas logísticos como o horário de funcionamento dos postos de saúde. É papel também dos veículos de comunicação reforçar que a vacinação é uma forma eficiente e segura para a proteção contra o contágio de doenças, além de ser obrigatória por lei no Brasil e distribuída gratuitamente.

Nesse sentido, o Grupo de Pesquisa Saúde Infantil, do IEA, pretende mapear as doenças infantis na cidade de São Paulo, começando com doenças respiratórias, nutricionais e de neurodesenvolvimento, a fim de analisar os fatores que influenciam na saúde de crianças.  

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


Por que a mortalidade infantil é um ótimo indicador das condições socioeconômicas dos países?

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Por que as taxas de mortalidade infantil são utilizadas como indicadores socioeconômicos?

A taxa de mortalidade infantil é um dos indicadores mais consagrados mundialmente, sendo utilizado, internacionalmente como indicador de qualidade de vida e desenvolvimento, por expressar a situação de saúde de uma comunidade e as desigualdades de saúde entre grupos sociais e regiões.

Porque a taxa de mortalidade infantil é um bom indicador das condições de vida da população?

A taxa de mortalidade infantil é um indicador social representado pelo número de crianças que morreram antes de completar um ano de vida a cada mil crianças nascidas vivas no período de um ano. É um importante indicador da qualidade dos serviços de saúde, saneamento básico e educação de uma cidade, país ou região.

Qual a relação entre mortalidade infantil e condições socioeconômicas da população?

(2005) afirma que a taxa de mortalidade infantil é uma boa proxy para a saúde, já que reflete as condições socioeconômicas da sociedade. De modo, quando há um nível elevado do número de óbitos infantis, haveria um baixo nível de desenvolvimento.

Qual é a relação entre a taxa de mortalidade infantil e as condições sociais socioeconômicas de uma população ou um país explique?

RESPOSTA: Há estreita relação. Boas condições socioeconômicas resultam em baixas taxas de mortalidade infantil. Essa taxa relaciona-se ao acesso à saúde, à qualidade e à quantidade de alimentação das gestantes, mães e crianças, às condições de saneamento básico, ao nível educacional e à renda dos pais.