Quais dificuldades a enfermagem enfrentou que ainda persistem nos dias atuais?

Postado em 18/05/2020

Os enfermeiros e enfermeiras são profissionais responsáveis por atuar de maneira multidisciplinar, com o objetivo de auxiliar na promoção e manutenção da saúde e do bem-estar da população, tendo papel fundamental no tratamento e no combate a doenças, a exemplo do momento que estamos vivendo com a Covid-19.

Segundo a Professora Mestra Euni de Oliveira Cavalcanti, docente dos cursos de Enfermagem da Pós FMU, “O contexto da pandemia ressaltou a importância da enfermagem na linha de frente do atendimento”. E ela completa: “Como outros segmentos da área da saúde, temos que pensar como uma equipe multiprofissional”.

Nesse momento, os enfermeiros e enfermeiras de todo o Brasil estão desempenhando um trabalho indispensável, atuando na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19. Esses profissionais da saúde arriscam suas próprias vidas e as vidas de seus familiares, enfrentando diretamente o vírus, mesmo com a precarização de seus ambientes de trabalho, em que faltam EPIs. Quer dizer, esse enfrentamento não deveria ser tão custoso para os profissionais de saúde, entre eles, enfermeiros e enfermeiras de todo o país.

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Um dado alarmante e muito triste aponta que o Brasil já perdeu mais enfermeiros do que a Itália e a Espanha juntas. Desde o início do combate à Covid-19, a Agência Publica já anunciou a perda de 98 profissionais da enfermagem pela doença.

Contudo, a crise do novo coronavírus só evidenciou ainda mais problemas que já existiam na saúde pública. São muitos os desafios enfrentados por esses profissionais, que devem ser mais valorizados. 

“O profissional enfermeiro ainda não é valorizado em relação à parte financeira, à carga horária não estabelecida nem fixada e, também, não temos um teto salarial determinado. Há um projeto de lei que já deveria ter sido votado, referente ao teto salarial, que ainda não temos, e, nesse momento de pandemia, a população visualizou a necessidade e a importância desses profissionais enfermeiros”, comenta a Professora Euni, que completa: “Sem a enfermagem, não temos atendimento em saúde, porque se trata de um integrante importante da equipe multiprofissional”. 

Para entender melhor a situação dos profissionais de Enfermagem no contexto da atuação em saúde pública, conversamos com a professora mestra Euni. Confira:

Por que os profissionais de enfermagem são importantes para a sociedade?

Profa. Euni Cavalcanti - Os enfermeiros estão na linha de frente do cuidado na assistência à saúde do paciente e integram a equipe multidisciplinar de saúde. Para que a gente tenha um atendimento e um cuidado efetivos, é necessário auxílio do enfermeiro para atuar em relação às atividades práticas e administrativas que concernem ao contexto da enfermagem. [...] A gente tem tanto o atendimento administrativo como o atendimento técnico, que vão auxiliar nas atividades de emergência e urgência na área hospitalar, nas atividades de saúde pública, como os postos de saúde. Todas essas ações precisam do profissional enfermeiro para auxiliar e reger.

Em quais locais, dentro do setor público, podem atuar os enfermeiros?

Profa. Euni Cavalcanti - Os enfermeiros têm atuação tanto na parte administrativa, de gestão – o enfermeiro pode, por exemplo, ser gestor de um hospital público, na parte de auditoria, podendo trabalhar no contexto administrativo –, como no contexto técnico, fazendo os procedimentos e auxiliando a equipe de enfermagem. O enfermeiro atua bastante nas epidemias também; estamos na linha de frente desse atendimento. Então, o enfermeiro tem várias possibilidades de atuação no setor público. 

Qual é a rotina dos enfermeiros e enfermeiras nos hospitais públicos?

Profa. Euni Cavalcanti - A rotina de trabalho dos enfermeiros e enfermeiras em hospitais públicos envolve o trabalho em si, através de protocolos científicos já preestabelecidos, no atendimento da assistência ao paciente, a depender de cada unidade. Se o enfermeiro atende, por exemplo, na parte clínica, realiza alguns procedimentos, como: curativos, auxílio na sistematização da assistência de enfermagem, rege protocolos, organiza as equipes, auxilia o médico em algumas atividades específicas, como, por exemplo, a passagem de um acesso central. 

Já nos atendimentos de urgência e emergência, o enfermeiro atua no acompanhamento das diversas patologias que existem: patologias neurológicas, cardíacas, endócrinas, gastrointestinais etc. Então, em todas as ações que  háno atendimento de assistência ao paciente, o enfermeiro está ali atuando.

Nos hospitais públicos, o papel do enfermeiro é mais voltado para a parte administrativa, juntamente com a parte técnica. O foco na sistematização da assistência de enfermagem é essencial para desenvolver as atividades e os protocolos já preestabelecidos pelas unidades.

Quais as maiores dificuldades encontradas pelos profissionais de enfermagem do setor público? 

Profa. Euni Cavalcanti - As maiores dificuldades encontradas pelos profissionais de enfermagem no setor público são relativas à parte organizacional de gestão. Nos hospitais públicos, a gestão administrativa da área hospitalar, principalmente, é muito difícil, isso porque faltam muitos materiais; a assistência às vezes fica precarizada pela falta de profissionais, médicos e enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, isto é, a equipe reduzida dificulta muito o atendimento de qualidade ao paciente.

Então, a parte administrativa e de recursos humanos deficiente e a falta de materiais, isso dificulta muito o atendimento em si. Acho que essas são as maiores dificuldades que o enfermeiro tem para realizar as atividades no setor público.    

Como os cidadãos podem ajudar a solucionar esses problemas junto ao poder público?

Profa. Euni Cavalcanti - O nosso Sistema Único de Saúde, quando foi organizado em 1988 pela Constituição Federal, estabeleceu na Lei 8.142 que a população pode contribuir dando informações, reclamações, o ponto de vista dela referente à assistência preconizada. Então, temos os conselhos de saúde, que são determinados por: parte integrante da população, dos profissionais de saúde e da parte gestora, que, nos dias de reunião de conselho, determina as atividades para a área da saúde.

Então, com a participação do cidadão nos conselhos de saúde estabelecidos pela Lei 8.142, ele é uma parte importante para defender seus pontos de vista acerca das dificuldades citadas: em relação aos recursos humanos, que são deficientes; à área administrativa; à falta de materiais e equipamentos; à parte estrutural, pois algumas vezes temos dificuldade de trabalhar porque não tem um local específico para atender o paciente; à estrutura física em si. Então, a população poderia apoiar cobrando mais nos conselhos, e essa seria uma parte importante para a gente resolver esses problemas.

Quais as principais dificuldades que a enfermagem enfrenta nos dias atuais?

Neste estudo, verificou-se que a maioria dos profissionais encontrou dificuldades, sendo as principais: insegurança, falta de prática, dificuldades na administração hospitalar e liderança.

Qual é o maior desafio da enfermagem?

Os enfermeiros atuam para contribuir com a melhoria dos pacientes e sua completa reabilitação. Podemos dizer que o desafio da profissão consiste em promover a saúde aos pacientes, e na prática diária dos cuidados durante o exercício das atividades, superando no dia a dia todas as dificuldades.

Quais são as principais dificuldades desafios para a implementação do processo de enfermagem?

Dentre os principais fatores que dificultam a implantação da SAE estão: falta de conhecimento teórico sobre o processo de enfermagem, falta de conhecimento sobre a realização de exame físico e prescrição de enfermagem, sobrecarga de trabalho, insuficiência de recursos humanos, falta de tempo, de motivação, de ...

Qual o maior desafio a ser enfrentado por um uma enfermeiro a diante de uma vítima que envolva uma situação de emergência?

Os desafios cotidianos vivenciados por enfermeiros no cuidado às vítimas de PCR em ambiente hospitalar são diversos, contudo os mais frequentes foram: a falta de aprimoramento e o conhecimento do enfermeiro e de sua equipe quanto ao atual protocolo de atendimento associada a uma assistência não sistematizada.