Quais foram as primeiras impressões que os portugueses tiveram sobre as terras brasileiras?

Quais foram as primeiras impressões que os portugueses tiveram sobre as terras brasileiras?

Photo by Eva Wilcock on Unsplash

As primeiras impressões sobre os portugueses

Filha e neta de portugueses, eu já nasci um tanto lusitana. Há mais de 60 anos, meu avô mudou-se do Porto para o litoral de São Paulo. Meses depois, após muitos dias de viagem a bordo de um navio, desembarcou em Santos a minha avó juntamente com meu pai e seu irmão. Vieram em busca de uma vida melhor e a tiveram: cresceram os filhos de maneira saudável, no caminho do bem e trabalharam muito e sempre de forma digna.

Meu pai, apesar de não ter recordações de Portugal, foi criado por seus pais portugueses. Assim, trouxe consigo para nossa família muito dos hábitos e da cultura desse povo. Minha casa sempre foi, como nas palavras de Amália Rodrigues, “uma casa portuguesa, com certeza”. Cresci em meio a queijos, tamancos, bacalhau e galos de Barcelos, que mudavam de cor conforme o clima. Aliás, a previsão do tempo e todos os meteorologistas do mundo podiam indicar um lindo dia de sol e calor, mas, se o Galo de Barcelos estivesse rosa, certamente seria um dia de chuva e frio! (E eu demorei uma vida para descobrir que não, não era mágica. Existe uma explicação química para tal mudança. Caso queira acabar com a magia da sua infância também, clique aqui).

Leia também: Um pouquinho sobre meus queridos portugueses

Então, após viver 32 anos no Brasil, decidi mudar-me para Portugal e fizemos o caminho inverso ao deles, na mesma fase da vida. Ao chegar aqui, pude perceber que muitas das características que antes eu pensava serem pessoais do meu pai eram, na realidade, hábitos do povo português. E, nesse muito tempo de convívio com minha família portuguesa e nesse pouco tempo cá em Portugal, já consigo compartilhar minhas primeiras impressões sobre o país e algumas caraterísticas notáveis do povo.

Tudo azul

Em Portugal, tudo é azul. A começar pelo céu, de um azul espetacular. Não sei se tal característica se estende para outras regiões do país, ainda não tive a oportunidade de conferir. Mas sei dizer, e dizer bem, que o azul do céu da região de Cascais chega a ser hipnotizante.

Unindo-se ao céu no horizonte, temos o mar azul e todo o azul do mar. O tom das águas só enaltece o mistério que ele nos traz e aquela inquietação que nos desperta.

Completando a tríade ar-água-terra, temos imensos azulejos espalhados pelas mais diversas edificações da cidade. E qual a cor predominante deles? Azul, claro.

A natureza aqui… não, ela não é azul. Mas é silvestre, é realmente natural. Há jardins devidamente cuidados e preparados para embelezar a cidade, mas o que predomina são parques, flores, árvores e vegetações rústicas por todos os cantos.

O típico português

Há, basicamente, dois tipos de portugueses, de acordo com minhas observações. Tal divisão nada tem a ver com gênero, região ou idade e não é possível perceber qual tipo uma pessoa é apenas olhando para ela.

Há aqueles que andam sempre acompanhados de uma nuvenzinha cinza logo acima da cabeça. Sempre quando se é perguntado se está tudo bem, a resposta não é positiva. Costumam ser nervosos e brigar por qualquer motivo. Não gostam de esperar e, quando tentamos engatar uma conversa, respondem apenas o que foi perguntado.

Além disso, costumam tomar decisões pelos outros e resolvem as coisas a sua maneira. Uma amiga querida, alérgica a proteína do leite, veio nos visitar e esqueceu de trazer o remédio que possibilita que coma os derivados do leite e não tenha problemas. Ao pedir o medicamento na farmácia, fomos informados que teríamos que ter a prescrição médica para realizar a compra. A solução sugerida? “Oras, não coma nada que tenha leite e, assim, não terás problemas!”

O português-brasileiro

Já o outro tipo eu diria que é um português-brasileiro. Eles são alegres, espontâneos e não precisam de muito para rir. Adoram sair para passear e jogar conversa fora. Eles são abertos para o mundo e para todos os povos que vivem nele. Por isso, assistem novelas brasileiras, comem comida japonesa, estudam o idioma francês e vestem roupas americanas. Mas isso não faz com que eles não saibam valorizar o que é nacional: idolatram Cristiano Ronaldo, não dispensam uma boa azeitona e enchem suas adegas com vinhos portugueses.

Os portugueses sabem bem aproveitar tudo de bom que há no mundo, sem perderem a sua identidade. Pelo contrário, incorporam os novos hábitos àqueles já acostumados de maneira muito suave. Para além de toda essa receptividade, o povo português é empático. São pessoas prestativas e adoram ajudar quem esteja a precisar. São, realmente, muito bons amigos.

Por vezes, podem parecer um tanto rude, sobretudo diante de alguma conduta que não seja bem vista ou mesmo pela falta de informação adequada. Nesses momentos, eles manifestam todo o seu descontentamento sem meias palavras ou subterfúgios. Eles vão direto ao ponto e dão a ‘merecida bronca’. Isso pode assustar os desavisados. Os portugueses costumam ser sinceros demais, o que, por muitas vezes, nos chateia. Mas também demonstra hombridade. E a melhor parte: a chateação dura poucos minutos. A partir do momento que você se desculpa e justifica sua conduta, tudo volta ao normal e eles continuam o atendimento ou conversa alegremente.

Outras características

O povo português também tem uma noção de distância bem diferente da nossa, já que o país inteiro tem o tamanho equivalente a um estado brasileiro.

Ir, de uma região a outra, gastando mais do que 20 minutos de carro já pode ser considerada uma viagem longa. Os famosos “bate-e-volta” que tanto estamos habituados a fazer no Brasil, podem ser feitos aqui de Norte a Sul do país tranquilamente.

Os portugueses costumam ser ousados ao dirigir, fazendo-o em alta velocidade, e são bastante criativos ao estacionar seus carros. A regra para essa prática parece ser bem simples: se cabe um carro, é uma vaga. É claro que isso não se aplica a grandes avenidas ou centro da cidade, sendo feito em vias tranquilas. Para nós isso pode ser um tanto confuso. Já vimos carros estacionados por muito tempo no meio de uma via de mão dupla, mas sem bloquear nenhuma das pistas. Ou, então, carros estacionados pelas calçadas, bloqueando-a totalmente, sobretudo durante a noite.

Fica a dica

Quando chegamos a um país, sobretudo para morar, é importante observar a cultura local e tentar se adaptar e incluir-se nela o máximo possível.

Você não precisa incorporar o português da nuvem cinza na cabeça, mas precisa aceitar que essa é uma característica passível de ser encontrada aqui. Aprenda a lidar com isso para manter o bom humor. Assim, não importa o tipo de português que você encontre pelo caminho, desde que você seja o tipo de brasileiro respeitoso. Até mesmo porque a nuvem cinza está só sobre a cabeça do português, pois todo o resto do céu está azul. Então, você aprende a direcionar o seu olhar para o que cada situação tem de mais bonito. E aprende que as primeiras impressões são as que ficam… mas as impressões seguintes dizem-nos muito mais do que podemos imaginar!

Quais foram as primeiras impressões dos portugueses no Brasil?

O primeiro ponto do Brasil avistado pelos portugueses foi a região do Monte Pascoal, na Bahia, no dia 22 de abril de 1500.

Quais foram as primeiras impressoes dos portugueses sobre os indígenas?

A famosa Carta de Pero Vaz de Caminha é o documento mais completo que descreve o primeiro contato entre portugueses e indígenas. É um relato de viagem de um dos membros da tripulação de Cabral que foi enviado ao Rei Dom Manoel.

Qual foi a primeira impressão que os portugueses tiveram das vestimentas e das atitudes dos indígenas?

Qual a primeira impressão que os portugueses tiveram das vestimentas e das atitudes dos indígenas? Resposta: Eles viram que os indígenas não vestiam roupas, andavam completamente nus, sem fazer a menor questão de se cobrirem.

Como os portugueses descreveram as paisagens do Brasil?

Resposta. Como um paraíso, sendo a terra que daria muita riqueza pros portugueses.