Quais os pontos em comum entre o filme Tempos Modernos e A atualidade?

Detalhes Escrito por Denival Barbosa de Souza

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Charles Chaplin fazia um cinema cômico, popular e comercial, mas sem deixar de ter em seus filmes um forte conteúdo político, social, humano, sentimental, e às vezes, ideológico, como no caso de "Tempos Modernos", que faz uma forte crítica à sociedade capitalista dos anos 30 do século XX, à industrialização e mecanização da mão-de-obra, que causava(e ainda causa) desemprego e alienação do proletariado.

Critica também o sistema que ficou conhecido como "Fordismo ou Taylorismo", idealizado por Frederick Taylor e aplicado, pioneiramente por Ford em suas fábricas, e retratado e satirizado por Chaplin em várias cenas do filme em questão(como na cena em que ele fica parafusando as coisas, mesmo sem ser no emprego). Chega a "parafusar" os botões do vestido de uma senhora e a cena antológica em que ele é "engolido" pelas encrenagens da fábrica.

A segunda parte do filme trata das desigualdades entre a vida dos pobres e das camadas mais abastadas, sem representar contudo, diferenças nas perspectivas de vida de cada grupo. Mostra ainda que a mesma sociedade capitalista que explora o proletariado, alimenta todo conforto e diversão para a burguesia. Cenas como a que Carlitos e a menina órfã conversam no jardim de uma casa, ou aquela em que Carlitos e sua namorada encontram-se numa loja de departamento, ilustram bem essas questões.

Na época em que o filme foi produzido os EUA ainda sentia as dores da crise de 29 e que a 2ª Guerra Mundial estava por se anunciar, Chaplin recheou o filme de temas perigosos para a ocasião, tanto devido a política estrangeira(na Alemanha e na Itália foi proibido por acharem que o filme tinha apelos socialistas) quanto a política interna dos Estados Unidos que vivia a era do Macarthismo.

Escolhi este filme devido ao aspecto político e social que é enfocado, e porque creio que a mensagem transmitida ao longo da exibição(87 min) é recorrente, mesmo nos tempos atuais de globalização e altíssimo grau de desenvolvimento tecnológico.

O contexto social apresentado, permite estabelecer relações com nosso dia-a-dia, como se Chaplin estivesse tendo uma visão do futuro. As comparações com a atualidade são inevitáveis, onde podemos observar a industrialização gerando subempregos, e estes gerando diversos problemas sociais e pessoais.

O processo de desenvolvimento acelerado, visto com olhos críticos, mostra-se como o grande usurpador das relações humanas. O tempo agora é gasto com máquinas, e diante disto podemos fazer a seguinte reflexão: o avanço tecnológico da humanidade em suas diversas áreas, nasceu com o objetivo de diminuir a necessidade do trabalho manual, contribuindo assim para o bem estar do homem, pois este agora teria mais tempo para seu lazer, sua família e seu desenvolvimento intelectual.

Com este objetivo o homem inventou a arma, substituindo o arco e flecha, inventou o automóvel, substituindo a tração animal, projetou a canalização, não tendo necessidade do poço cavado ou a ida ao rio. Baseado nestes argumentos, observamos na sociedade vivida ironicamente na pele de Carlitos a busca incansável do tempo perdido. A industrialização, a robotização, a informática, enfim o avanço tecnológico atingirá o objetivo da melhoria da sociedade humana, ou de alguns humanos? Creio quea tecnologia desconectada de outros valoreshumanos não funcionaria tão eficientemente, mesmo que esteja no centro de toda discussão.

B) Sinopse do filme(autor, data, ambientação, duração, resumo do que se trata)

Tempos Modernos

Ficha Técnica:

Título original: Modern Times

Gênero: Comédia

Duração: 87 min

Direção: Charles Chaplin

Atores:Charles Chaplin , Paulette Goddard , Henry Bergman , Tiny Sandford , Chester Conklin

Ano de lançamento: 1936

Estúdio: United Artists / Charles Chaplin Productions

Distribuidora: United Artists

Roteiro, Direção, Produção e Música: Charles Chaplin

Fotografia: Ira H. Morgan e Roland Totheroh

“Tempos Modernos” é daquele tipo de filme que se envolve com todas as possibilidades que um filme pode ser envolvido. A temática, a direção, o roteiro, a trilha e todos os elementos para a criação de uma peça cinematográfica estão ali e em momentos de pura e perfeita conexão. Além de todas estas questões que são elementos do filme em si, ainda há o contexto histórico no qual o filme foi realizado.

Era 1936, o cinema mudo já havia acabado há quase 10 anos. Chaplin se questionava e era questionado se seu personagem vagabundo iria continuar mudo. Carlitos é um personagem mestre em gags(trejeitos) visuais e fazê-lo falar poderia destruir a magia do personagem. Ainda assim, mesmo contra tudo e todos, e também devido a seu alto conceito perante Hollywood, Chaplin não exitou em fazer, e pela última vez, um filme em que Carlitos continuaria mudo e pela última vez um filme com o personagem Carlitos. Apesar disso, o filme tem algumas falas, mas esta é claramente uma menção ao surgimento de novas tecnologias, um dos temas no qual quase todo o filme se baseia.

C) Fundamentação teórica(relação com as questões filosóficas pertinentes)

A divisão e o parcelamento do trabalho se mostram importantes para a simplificação e maior rapidez do processo produtivo. Tem como objetivo o aumento de produtividade com a economia de tempo, a supressão de gestos desnecessários e comportamentos supérfluos no interior da produção.

Taylor tentava convencer os operários de que tudo isso era para o bem deles, pois, em última análise, o aumento da produção reverteria em benefícios também para eles, gerando a sociedade da opulência. O sistema de "racionalização" do trabalho faz com que o setor de planejamento se desenvolva, tendo em vista a necessidade de aprimorar as formas de controle da execução das tarefas.

Tudo que foi colocado até agora suscita uma discussão, que é o caráter ético das relações de trabalho. Na minha opinião a forma como o roteiro do filme se desenvolve, é permeada por questões ligadas à ética e à moral

Conceitualmente poder-se-ia dizer que a ética empresarial é o posicionamento da empresa referente aos empregados, clientes, comunidade e investidores, ou seja, basicamente se coloca como um tipo de conceito moral e de virtudes aceitáveis dentro do contrato social, que parte do pressuposto do respeito coletivo para se manter uma plenitude de relações arregimentadas por lei.

Para se atingir uma posição mais ética possível, se faz necessário que as escolhas e decisões devam seguir um padrão que prime por um maior número de valores morais, que está baseado no tripé, lei, valores humanos e interesses próprios.

Diante destasfundamentações, demonstra-se que a ética é mais uma ferramenta de controle, que nos leva a estar intimamente ligados aos preceitos morais da nossa sociedade.

O caráter ético, moral ou de necessidade de sobrevivência tem participação preponderante no contexto social, pois culturalmente o homem tem de estar se posicionando permanentemente frente aos desafios do seu tempo histórico.

D) Conclusão

O filme “Tempos Modernos” teve por intenção retratar a mudança que o homem viveu com a Revolução Industrial e a implantação do processo de produção industrrial em larga escala(emsérie).

Em meados dos anos 30, as máquinas substituíram o trabalho do homem, aumentando o índice de desemprego, pois era mais fácil comprar uma máquina do que contratar novos funcionários. A máquina não tinha tantas despesas quanto os funcionários(não comia, não bebia e não tinha salário no fim do mês).

Os homens deixaram de ser barbeiros, artesãos, para virarem operários de fábrica, deixaram de trabalhar por conta própria para serem explorados. É importante lembrar o controle total do funcionário por parte do capitalismo. O serviço era sempre supervisionado por alguém de porte maior na indústria, enquanto o capitalista dita a velocidade da produção através de uma tela grande. Essa tela supervisionava o trabalho dos funcionários, e os seguiam até no banheiro.

A ligação entre a máquina e o funcionário é imensa, pois quando o trabalhador se dava conta de que ela já fazia parte de seu dia-a-dia como mostra Carlitos, ao ser engolido pela máquina, isso já havia virado loucura, pois não havia o trabalhador perfeito, os capitalistas tentaram fazer do ser humano uma máquina realizando trabalhos cansativos e repetitivos em uma enorme jornada de trabalho.

Outro exemplo do controle capitalista sobre o funcionário foi a utilização de uma máquina alimentadora, “um artefato prático para alimentar seus empregados enquanto trabalham”. A tentativa foi por água abaixo. O prato de sopa quase eletrocutou Carlitos.

Adaptação para o ensino médio

A utilização de novos recursos didáticos no processo de ensino-aprendizagem é de fundamental importância para se obter aulas mais dinâmicas e interessantes. Filmes relacionados ao programa aplicado é uma metodologia eficaz, pois os alunos conseguem visualizar o conteúdo fazendo relação com o filme.

A exibição de “Tempos Modernos” para estudantes do ensino médio seria a oportunidade de mostrar para gerações mais recentes esta obra prima da cinematografia mundial, que foi realizada usando os recursos tecnológicos dos primórdios da invenção do cinematógrafo, tais como, fotografia em preto e branco, legendas indicando as “falas” dos personagens, imagem com velocidade acelerada, trilha musical e efeitos sonoros pontuando a intensidade interpretativa e dramática das cenas, etc...

Em seguida um debate sobre os pontos em comum entre o conteúdo teórico e o filme deve ser realizado com o intuito de que os alunos exponham suas opiniões a respeito do tema que foi abordado.

“Tempos Modernos”é ideal para ser trabalhado em conjunto com o material teórico, porque retrata a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30 do século passado, demonstrando os modos de produção industrial baseados na divisão e especialização do trabalho na linha de montagem.

Esse fato é retratado no filme onde Carlitos, figura principal, é um operário que trabalha em uma linha de montagem apertando parafusos. Em razão da quantidade excessiva de exercícios repetitivos, Carlitos, mesmo fora da função industrial, continua efetuando movimentos como se estivesse apertando os parafusos na linha de montagem.

O Taylorismo e o Fordismo são modelos de produção baseados na divisão do trabalho, ou seja, cada operário fica responsável por uma etapa do processo produtivo. A produção em massa deve ser realizada no menor tempo possível. A repetição de exercícios por parte do operário causa a alienação do mesmo. A questão da alienação física e ideológica causada por esses modelos de produção foram abordadas em forma de arte e com muita ironia por Charles Chaplin. O filme é uma crítica ao sistema capitalista e ao modo de produção industrial.

Pesquisa:

CAOS - Revista Eletrônica de Ciências Sociais

Número 11 – Outubro de 2006

Site http://pt.wikipedia.org/wiki/Tempos_Modernos

Site http://textosfilo.blogspot.com/

Qual é a relação do filme Tempos Modernos com os dias atuais?

Charles Chaplin em seu clássico filmeTempos Modernos” evidencia a relação do empregado frente às mudanças advindas da Revolução Industrial, no século XX, com a criação e expansão das máquinas, o elemento homem passa a ser o principal condutor desse meio de produção, criando valor para o capital.

Quais os principais pontos do filme Tempos Modernos?

O tema do filme é a vida numa sociedade capitalista moderna, industrial, e os males decorrentes da concentração da riqueza, por um lado, e das formas alienadas e alienantes do trabalho sob o fordismo, onde a máquina e os processos de produção dominam o operário e impõem-se a ele.

O que mudou nos Tempos Modernos?

Tempos modernos aborda uma dessas inovações, a produção na linha de montagem automática, criada duas décadas antes nas fábricas de automóveis de Henry Ford. Esse sistema, que veio a se difundir sob o conceito de fordismo, estava, então, em franca expansão em quase todo o mundo que se industrializava.

O que o filme Tempos Modernos tem a ver com a Revolução Industrial?

Este longa-metragem é uma crítica contra a linha de montagem industrial, pois nela os operários se tornam meros executores de gestos mecânicos repetitivos. Dessa forma, perdem o contato com a realidade e se esquizofrenizam. É um trabalhador que não se apropria do bem que produz.