Quais são as vacinas recomendadas para todos os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação Ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações?

Introdução

A imunização é parte essencial dos programas ocupacionais de controle de infecção no setor saúde, pois assegura a redução dos riscos de doenças imunopreveníveis e do número de indivíduos e profissionais suscetíveis, diminuindo o risco de transmissão de doenças entre este grupo e a coletividade. Assim, o uso das vacinas é uma medida relevante e eficaz em saúde 1.

No Brasil, os calendários de vacinação, garantidos pelo Ministério da Saúde em todo o território nacional, são atualizados sistematicamente por meio de informes e notas técnicas. Estão previstas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), para indivíduos na idade adulta (20-59 anos), as seguintes vacinas: hepatite B, difteria e tétano, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a vacina contra a febre amarela 2. Para profissionais da área de saúde, além dessas, estão recomendadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) a vacinação contra hepatites A e B, varicela, influenza e doença meningocócica B 3.

Embora seja reconhecida a importância da manutenção do estado vacinal para a prevenção de doenças e o acesso às vacinas do PNI seja gratuito, algumas doenças infecciosas estão em reemergência. O sarampo, por exemplo, mesmo eliminado nas Américas há pelo menos dez anos, vem apresentando incidência aumentada. Entre os anos de 2013 e 2015, foram notificados mais de mil casos somente nos estados de Pernambuco e Ceará, afetando indivíduos adultos 4. Em 2015, 73 casos de febre amarela, com nove mortes (entre indivíduos não imunizados), foram relatados à Organização Mundial da Saúde (OMS), incluindo dois países da América Latina: Brasil e Peru. No entanto, nenhum surto de febre amarela foi relatado em países onde a vacinação preventiva foi amplamente realizada 5.

Estudos epidemiológicos voltados para reconhecer o perfil vacinal e fatores associados à vacinação entre profissionais de saúde descreveram algumas barreiras relacionadas à vacinação: desconfiança sobre a eficácia da vacina, dificuldade de acesso à vacinação e falta de percepção de risco para contrair as doenças 6,7,8. No entanto, ainda há incipiência de estudos sobre a prevalência de vacinação para o calendário do adulto e fatores associados à sua realização, no que diz respeito aos trabalhadores da rede de atenção à saúde envolvidos na atenção primária e média complexidade.

O trabalho na atenção primária destaca-se pelo planejamento de ações com base no território, conhecimento das condições de vida da população, estabelecimento de vínculos entre os trabalhadores da saúde e usuários, e pela proposição de práticas que considerem as necessidades reais da coletividade, incluindo ações de vigilância em saúde, além da resolução e/ou encaminhamentos para a sequência da atenção na rede de saúde 9,10. O trabalho na média complexidade envolve um conjunto de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares caracterizado como ações que “visam atender aos principais problemas e agravos de saúde da população, cuja prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especializados e o uso de recursos tecnológicos, para o apoio diagnóstico e terapêutico” 11 (p. 140).

Com relação às especificidades do processo de trabalho desses profissionais do setor saúde, é necessário considerar que o processo saúde/doença deste grupo é influenciado por uma gama de aspectos vinculados ao trabalho e outros relativos à vida fora dele. Sabe-se que questões relacionadas ao gênero, idade e estrutura ocupacional são fatores que podem interferir na situação vacinal 11. Desse modo, conhecer e compreender esses fatores são condições necessárias para a adequada proteção individual e coletiva que é conferida pela vacinação.

Considerando a carência de estudos que dimensionem adequadamente a vacinação e o calendário do adulto preconizado pelo PNI, entre trabalhadores da atenção primária e média complexidade, o objetivo deste estudo foi analisar os fatores associados à vacinação entre trabalhadores de redes municipais de saúde na Bahia.

Métodos

Este estudo é um recorte do projeto de pesquisa multicêntrico Condições de Trabalho, Condições de Emprego e Saúde dos Trabalhadores da Saúde na Bahia, realizado pelo Núcleo de Epidemiologia e Núcleo de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), em parceria com outras universidades baianas: Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador; Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), em Santo Antônio de Jesus; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em Jequié; e Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Itabuna-Ilhéus.

População e amostra

Estudo transversal, conduzido com trabalhadores da atenção primária e média complexidade da rede de saúde de cinco cidades da Bahia: Feira de Santana, Itabuna, Jequié, Santo Antônio de Jesus e Salvador (Distrito Sanitário do Centro Histórico), entre 2010 e 2012.

Foram incluídos no estudo todos os trabalhadores da saúde, em efetivo exercício profissional, das unidades municipais de saúde da atenção primária e da média complexidade dos municípios participantes da investigação. Para a definição da população de estudo foi realizado um levantamento prévio da estruturação da rede e da força de trabalho dos serviços nos municípios selecionados. Delimitou-se o número e tipo de serviços de saúde disponíveis, número de trabalhadores e suas respectivas ocupações, bem como a área geográfica em que cada serviço estava localizado. A população de estudo foi selecionada por amostragem aleatória estratificada. Com base nos dados de trabalhadores fornecidos pelas secretarias municipais de saúde de cada município e conferidos nos locais de trabalho por visitas prévias da equipe de pesquisa, selecionou-se a amostra considerando estratos de localização geográfica, nível de complexidade dos serviços (atenção básica e de média complexidade) e grupo ocupacional (agentes comunitários de saúde/agentes de endemias, enfermeiros/técnicos de enfermagem, médicos, odontólogos/técnicos de odontologia, fisioterapeutas/terapeutas ocupacionais/psicólogos e outros profissionais de saúde de nível superior, bioquímicos, técnicos de laboratório e técnicos administrativos, vigilantes, profissionais de serviços gerais e outros de nível médio). O sorteio foi feito com o auxílio de lista de números aleatórios do Epi Info (https://www.cdc.gov/epiinfo/index.html).

Para a definição do tamanho amostral foi calculada uma amostra representativa para a população alvo. Considerou-se a população total de trabalhadores das redes municipais no período (6.191), prevalência de 79,2% para vacinação 12 e um erro de 3%, com nível de 95% de confiança. Estimou-se amostra de 763 trabalhadores. No entanto, no estudo multicêntrico foram entrevistados 3.084, considerando-se diferentes desfechos em saúde. Assim, o tamanho amostral investigado foi superior ao estabelecido para a análise da situação vacinal, desfecho de interesse deste estudo, evidenciando poder do estudo para a análise pretendida.

Em todos os municípios a coleta de dados foi realizada por meio de instrumento previamente testado em estudo piloto, estruturado, contendo oito blocos de questões, incluindo as referentes a aspectos relacionados às condições socioeconômicas, ocupacionais, psicossociais, atividades domésticas, exposição ocupacional, estado de saúde e vacinação.

De acordo com procedimentos testados no estudo piloto para a averiguação de condutas que garantissem maior participação dos sorteados no estudo, os dados foram coletados mediante questionário autoaplicável para profissionais de nível superior e questionário aplicado por entrevistadores treinados para profissionais de nível médio.

Variáveis

A variável desfecho foi o relato de vacinação completa para o calendário do adulto. A variável foi composta baseando-se nas seguintes questões: (1) “Você recebeu vacinação contra hepatite B? Quantas doses?”; (2) “Você recebeu vacinação contra tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)? Quantas doses?”; (3) “Você recebeu vacinação contra difteria e tétano? Em caso afirmativo, você recebeu: menos de 3 doses, 3 doses ou mais, sendo a última há mais de 10 anos; 3 doses ou mais, sendo a última há menos de 10 anos?”; e (4) “Você recebeu vacinação contra febre amarela?”. As opções de resposta foram: sim/não. Considerou-se situação de vacinação completa quando o(a) trabalhador(a) confirmou o recebimento de todas as vacinas e das doses indicadas com base no referencial do PNI: 3 doses contra hepatite B, 3 doses contra difteria e tétano (sendo a última há mais de 10 anos), pelo menos uma dose contra febre amarela e tríplice viral 2. A situação vacinal, portanto, foi definida valendo-se do relato de cada trabalhador(a) - situação vacinal autorreferida.

As variáveis independentes foram estabelecidas baseando-se em uma revisão da literatura para análise da completude de esquema vacinal e fatores associados, organizadas em quatro blocos.

A análise de dados foi realizada considerando blocos de questões. O primeiro foi composto pelas variáveis sociodemográficas e econômicas: escolaridade (sem ensino superior, com ensino superior); presença de filhos (sim, não); situação conjugal (com/sem companheiro); cor da pele (branca, preta/parda); sexo (feminino, masculino); idade (menos de 40 anos, 40 ou mais); e renda (até três salários, mais de três).

O segundo bloco incluiu características do trabalho (categoria profissional: da saúde - responsável por cuidados diretos ao paciente -, outras categorias); tempo de trabalho (≤ 5 anos, > 5 anos); tipo de vínculo (permanente, temporário); treinamentos (sim/não); turno de trabalho (dois, um turno); jornada de trabalho (≤ 40 horas, > 40 horas); direitos trabalhistas (sim/não); aspectos psicossociais do trabalho (modelo demanda-controle, apoio social e satisfação); condições do ambiente de trabalho (ventilação, iluminação, ruído, temperatura, disponibilidade de equipamentos para a execução das tarefas e equipamentos de proteção individual) com opções de respostas dicotômicas (sim/não).

O modelo demanda-controle foi mensurado pelo Job Content Questionnaire (JCQ). A combinação das dimensões demanda psicológica e controle sobre o trabalho, dicotomizados pela mediana, estabeleceu situação de baixa exigência, trabalho ativo, trabalho passivo e alta exigência 13,14,15. A sobrecarga doméstica (SD) foi calculada da seguinte forma: SD = (lavar + passar + limpar + cozinhar) x (número de moradores - 1). A composição de baixa e alta SD seguiu procedimentos propostos e testados em outros estudos 16,17.

O terceiro bloco, constituído por variáveis relacionadas à exposição ocupacional, analisou: contato com material biológico, preparo de medicamentos, história de acidentes com perfurocortantes e uso de equipamentos de proteção individual (avaliadas por sim/não).

No quarto bloco (hábitos de vida) foram analisadas as atividades regulares de lazer (atividades culturais e físicas); consumo de álcool e de tabaco; presença de comorbidades; doenças ocupacionais; licença médicas; e autopercepção da saúde (positiva, negativa), com opções de respostas sim/não.

Análise estatística

As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se os softwares SPSS, versão 24.0 (https://www.ibm.com/), e Stata, versão 9 (https://www.stata.com). Após a análise descritiva foi realizada a análise bivariada, em que foram calculadas as razões de prevalências (RP). A avaliação de associação das variáveis de interesse com o desfecho (vacinação completa) foi feita pelos blocos de questões previamente definidos. Utilizou-se o teste qui-quadrado para a avaliação do nível de significância estatística na análise bivariada. As variáveis que estiveram associadas ao nível de p ≤ 0,20, na análise por bloco de variáveis, foram incluídas no modelo de análise de regressão logística, adotando-se nível de 5% de significância (p ≤ 0,05) 18,19. As razões de prevalência (RP) e os respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%) foram estimados por regressão de Poisson 12 com variação robusta.

A adequação do modelo de regressão foi avaliada pelo teste de bondade de ajuste do modelo e teste de Hosmer e Lemeshow. Os resultados demonstraram que o modelo ajustava-se bem aos dados. A área sob a curva ROC (0,69) revelou que o modelo final obtido tinha poder de discriminação aceitável, ajustando-se bem aos dados 18.

Aspectos éticos

As entrevistas foram realizadas após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e realizadas com observância da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, com aprovação prévia do Comitê de Ética da UEFS (protocolo 081/2009).

Resultados

A população estudada (3.084) era predominantemente feminina (78,1%), na faixa etária de 20-40 anos (80,6%), com escolaridade até o nível médio (57%), vínculo de trabalho permanente (58,5%) e constituída por profissionais que prestavam cuidados diretos aos usuários (60,9%). A situação vacinal completa, considerando todas as vacinas do calendário do adulto, foi relatada por apenas 38,5% dos entrevistados.

Dados relativos às variáveis sociodemográficas e econômicas e sua associação com a vacinação completa estão apresentados na Tabela 1. Ser do sexo feminino, idade menor que 40 anos, escolaridade elevada e maior renda estavam associados à vacinação completa autorreferida. A diferença mais expressiva foi observada na comparação entre os sexos, 65% maior entre as mulheres (RP = 1,65).

A Tabela 2 apresenta as variáveis ocupacionais, do ambiente do trabalho, psicossociais e trabalho doméstico (sobrecarga doméstica). Destacaram-se, em níveis estatisticamente significantes, na associação com a vacinação, a categoria profissional com cuidado direto dos usuários, condições de trabalho com disponibilidade de equipamentos de proteção individual (EPI), de recursos técnicos e de apoio social no trabalho.

Quais são as vacinas recomendadas para todos os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação Ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações?

Tabela 1 Associação entre as características sociodemográficas e a vacinação completa do adulto em trabalhadores da atenção primária e média complexidade. Bahia, Brasil, 2012.

Quais são as vacinas recomendadas para todos os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação Ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações?

Tabela 2 Associação entre as características ocupacionais, do ambiente do trabalho, psicossociais e atividades domésticas e a vacinação completa do adulto em trabalhadores da atenção primária e média complexidade. Bahia, Brasil, 2012.

Considerando as variáveis de exposição ocupacionais Tabela 3, o contato com material biológico, o uso de EPI e o preparo de medicações estiveram associados ao esquema vacinal completo. A autopercepção positiva da saúde, assim como atividades de lazer e a inexistência de hábito de fumar foram associadas à maior prevalência de vacinação Tabela 4.

No modelo final de análise Tabela 5, observou-se que o sexo feminino esteve fortemente associado à vacinação completa (RP = 1,74), sendo um importante fator envolvido na vacinação. Mostraram-se também associados à vacinação: ser profissional de saúde (RP = 1,47), possuir recursos técnicos para o desenvolvimento das atividades profissionais (RP = 1,25), apoio social no trabalho (RP = 1,19), contato com material biológico (RP = 1,23), preparo de medicação (RP = 1,26) e autopercepção positiva da saúde (RP = 1,21).

Quais são as vacinas recomendadas para todos os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação Ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações?

Tabela 3 Associação entre as características de exposição ocupacional e a vacinação completa do adulto em trabalhadores da atenção primária e média complexidade. Bahia, Brasil, 2012.

Quais são as vacinas recomendadas para todos os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação Ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações?

Tabela 4 Associação entre as características relacionadas à situação de saúde, hábitos de vida e a vacinação completa do adulto em trabalhadores da atenção primária e média complexidade. Bahia, Brasil, 2012.

Quais são as vacinas recomendadas para todos os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação Ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações?

Tabela 5 Variáveis obtidas no modelo final de regressão logística associadas à vacinação completa do adulto em trabalhadores da atenção primária e média complexidade. Bahia, Brasil, 2012.

Discussão

A prevalência global do relato de vacinação completa para o calendário do adulto foi observada em pouco mais de um terço dos trabalhadores estudados (38,5%). A baixa aceitação à vacinação entre profissionais de saúde é definida como um comportamento influenciado por uma série de questões, envolvendo confiança, falta de percepção de risco, questões relacionadas ao acesso, medo, desinteresse ou mesmo a falta de vacina 6,20,21.

Estudos com foco nas taxas de vacinação, considerando conjuntamente todas as vacinas do calendário do adulto entre trabalhadores da saúde, não foram encontrados em publicações nacionais. Assim, como aqui se fez uma análise mais ampla, considerando-se um conjunto de vacinas, não foi possível estabelecer comparações mais detalhadas com outras investigações. Os estudos desenvolvidos nesse campo, no país, têm investigado tradicionalmente a prevalência de vacinação contra hepatite B e, mais recentemente, de influenza. Em ambos os casos, de forma isolada. Nos estudos realizados foram observadas baixas prevalências de vacinação completa contra hepatite B entre trabalhadores de serviços de saúde de Montes Claros 20 e Belo Horizonte 12 (52,5% e 74,9%, respectivamente), e, na Espanha, entre profissionais de saúde, a cobertura vacinal contra influenza foi de apenas 49,7% 8.

Destaca-se, com base nos dados deste estudo e da literatura, que a vacinação, mesmo entre trabalhadores da saúde, é ainda um problema importante a ser enfrentado por tratar-se de grupos profissionais responsáveis pela imunização das populações de modo geral, portanto, com potencial relevante na imunização ou na vulnerabilidade destas populações. Ou seja, esses dados chamam atenção para as consequências relacionadas a coberturas vacinais inadequadas que podem ter impacto não apenas na imunidade individual, mas pode também influenciar, direta ou indiretamente, no aumento da incidência de doenças infecciosas, recorrência das doenças já erradicadas, epidemias, maior incidência de complicações da doença, diminuição da imunidade de grupo, maior impacto econômico relacionado aos tratamentos e aumento de mortalidade para doenças preveníveis 22.

Como os indicadores recentes do Brasil mostram elevação no número de casos de doenças transmissíveis 4,5,23, maior relevância adquire a vacinação dos trabalhadores de saúde, seja devido à redução do número de pessoas vulneráveis (com potencial elevado de contaminação de outras pessoas, como são os profissionais de saúde), seja pelo potencial que isto pode ter nas práticas de saúde destes profissionais, com repercussão no recuo ou no incentivo da ampliação da cobertura vacinal nas populações assistidas.

Considerando os aspectos relacionados à situação vacinal autorreferida, o sexo feminino foi uma variável que exerceu importante influência sobre a condição de vacinação. Vários fatores podem ajudar a compreender essa maior prevalência entre as mulheres. Uma delas refere-se à própria ênfase da organização dos serviços de saúde que, historicamente, privilegia a estruturação das práticas de saúde com base no eixo materno-infantil. Assim, a organização do cuidado tradicionalmente articulou a produção de concepções e ideias médicas com ações políticas voltadas ao feminino, no processo de apropriação do corpo da mulher 24. Desse modo, possivelmente, ações que envolvem intervenção sobre o corpo feminino podem ser compreendidas como mais aceitáveis.

Essa lógica orientadora da assistência em saúde favorece a vacinação nesse grupo, reafirmando os serviços de saúde como espaços femininos. Tal lógica reverbera também nas práticas de saúde adotadas para os trabalhadores da saúde. No entanto, considerando a perspectiva da integralidade na atenção primária à saúde, é necessário o fortalecimento à abordagem de gênero nas práticas a serem adotadas, visto que os homens convivem com o imaginário que aprisionam o masculino em questões culturais sustentadas na concepção de que o homem não adoece, ou que adoecer é um sinal de fraqueza, dificultando, assim, a adoção de práticas de autocuidado. Há uma marca cultural no aprendizado de como se cuidar, que faz com que o homem pouco participe das ações do ponto de vista preventivo e, quando acessa os serviços de saúde, quase sempre o faz em situações de intercorrências graves 25,26. Portanto, esses diferenciais e especificidades são aspectos relevantes a serem incorporados nas ações.

A perspectiva de risco iminente parece ainda modelar uma maior probabilidade de vacinação e de adesão a programas de proteção da saúde. Assim, trabalhadores que são profissionais de saúde, envolvidos nos cuidados diretos aos pacientes, parecem estar mais sensibilizados aos comportamentos de proteção, como a vacinação, observação das normas de biossegurança ou de utilização de equipamentos de proteção 12. Adicionalmente, há evidências de que a formação profissional vinculada ao cuidado direto a outros indivíduos contribui na determinação da vacinação, principalmente devido à participação dos trabalhadores em cursos de atualização sobre riscos e exposições ocupacionais desde a graduação 20,27.

Outro fator que está associado à vacinação entre trabalhadores é o apoio social. Sugere-se que o clima social do ambiente de trabalho é componente relevante à relação emocional que o trabalho comporta, podendo proporcionar saúde e bem-estar aos indivíduos. Sentimentos de pertencimento e de mútuo cuidado favorecem, além de conforto no ambiente laboral, a adoção de medidas de proteção. A atenção cuidadosa e o olhar de uns sobre os outros despertam comportamentos positivos com impacto sobre si mesmo e sobre o outro. Assim, o apoio social reforça os vínculos e a intimidade, criando relações sociais que conferem efeitos positivos sobre a saúde do indivíduo 28.

Notou-se que fatores relacionados à exposição ocupacional também influenciaram o processo de vacinação. O contato com material biológico e o preparo de medicações estiveram associados ao desfecho em análise, sugerindo que a percepção de risco pode favorecer condutas positivas. Coleta 29 destaca dimensões do Modelo de Crenças de Saúde que auxiliam na compreensão de comportamentos relacionados à saúde. Nessa perspectiva, o desempenho de comportamentos de prevenção da doença é geralmente motivado pelo grau de ameaça associado à doença, percepção da susceptibilidade e riscos subjetivos. Considera-se que o trabalho em saúde, especialmente aquele que é diretamente realizado no corpo do paciente ou sob condições ambientais de exposição ocupacional, favoreça a percepção dos riscos a infecções e de susceptibilidade, bem como o conhecimento sobre a gravidade das doenças, podendo aumentar a adesão à vacinação.

A autopercepção da saúde, apesar de ser considerada informação com alto valor de confiabilidade, é influenciada por aspectos culturais, socioeconômicos, psicossociais, pelo estilo de vida e ambiente de trabalho - razão pela qual, na organização do modelo de análise proposto esta variável foi relacionada ao último bloco de análise juntamente com a condição de saúde, tendo em vista que estas são influenciadas por determinantes semelhantes 30. Os trabalhadores com percepção positiva sobre a sua saúde relataram maior frequência de vacinação, isto pode sugerir que o cotidiano de exposição a doenças infecciosas pode favorecer a vacinação, bem como reforçar a ideia de que o estado subjetivo e a consciência de potenciais consequências das próprias ações sobre a saúde fazem parte de construtos psicológicos que favorecem o controle sobre a vida, em suas várias dimensões, incluindo qualidade de vida e de saúde 30.

Este estudo buscou avaliar um desfecho complexo. É um estudo pioneiro, no Brasil, na avaliação de vacinação entre trabalhadores(as) da saúde por investigar o estado vacinal e sua completude considerando, conjuntamente, todas as vacinas previstas pelo Ministério da Saúde para o calendário do adulto. Isso possibilitou uma análise mais ampla da situação de proteção, por via vacinal, dos trabalhadores investigados. Como já mencionado, os estudos existentes na literatura abordaram apenas um único tipo de vacina (hepatite B ou influenza). Além de dimensionar a magnitude desse evento, também foi feita a análise dos fatores que podem oferecer subsídios à orientação de ações voltadas para o incremento dos índices de vacinação entre trabalhadores do SUS na realidade local e nacional. Pesquisas como esta certificam que o conhecimento produzido pode e deve ser extrapolado para a gestão pública nacional.

Deve-se registrar que, apesar da inclusão de todas as vacinas do calendário do adulto, proposto pelo PNI, este estudo não avaliou a vacinação contra influenza, que é atualmente estabelecida como uma vacina recomendada para profissionais da saúde. Observa-se, assim, uma lacuna deste estudo que deverá ser corrigida em investigações futuras.

Como limitações do estudo, salientam-se os vieses relacionados à memória, de falsa resposta e de seleção 31. Para minimizar o viés de seleção, realizou-se amostragem aleatória (garantindo a possibilidade de inclusão de todos os trabalhadores em atividade) e foram feitas três tentativas para encontrar os sorteados. Ressalta-se, contudo, que a não inclusão dos trabalhadores afastados por algum motivo, inclusive de doença, pode impactar nos resultados obtidos, no viés conhecido como efeito do trabalhador sadio 31.

Além disso, como o estudo avaliou a situação vacinal com base em autorrelato, pode ter havido tanto subestimação quanto superestimação. Como se trata de um evento positivo, em geral interpretado como esperado, e considerando que uma parte das entrevistas foi feita por entrevistadores (para o pessoal de Ensino Médio), é mais provável que os achados possam ter sofrido efeito de superestimação. Os resultados podem estar superestimados devido à tendência de respostas às questões considerando comportamentos aceitáveis ou desejáveis (possibilidade de falsa resposta). O viés de memória, relacionado ao processo recordatório, é comum em estudos como este, quando exige-se, por exemplo, a quantidade exata de doses recebidas para cada imunobiológico. Esse viés pode ter efeito, sobretudo, de não relato da vacinação, contribuindo para a subestimação do evento. Essa é uma limitação importante a ser considerada, uma vez que os dados analisados tomaram como base a autorreferência, logo, considerou uma condição relatada.

A solicitação do cartão vacinal é uma alternativa para evitar o viés de memória. No entanto, como evidencia um estudo realizado no Rio de Janeiro, no qual 48% dos indivíduos, quando solicitados, não estavam em posse dos cartões vacinais 1, este procedimento nem sempre é um recurso possível de ser utilizado em estudos transversais. Desse modo, apesar de potenciais limitações que a autorreferência possa ensejar, ainda é um bom indicador de uma dada condição de situação de saúde, constituindo recurso aceitável, uma vez que a vacinação contra a hepatite B, por exemplo, é feita com três doses, é possível que os trabalhadores vacinados lembrem deste fato 27. A possibilidade de viés de memória ou de falsa resposta é, assim, uma limitação importante a ser considerada na análise dos resultados.

Neste estudo, um conjunto amplo de aspectos foi investigado, fornecendo dados sobre a frequência da vacinação e fatores associados. Contudo, ainda é necessário explorar aspectos relacionados aos motivos para a decisão de não vacinação no grupo estudado. Um trabalho conduzido entre estudantes universitários da área médica sugere que o fenômeno antivacinação, que utiliza principalmente as redes sociais para sua propagação, tem impacto negativo sobre as taxas de vacinação, erradicação de doenças infecciosas e sobre as atitudes frente à vacinação entre adultos 22. Portanto, a abordagem de aspectos que podem motivar ou dificultar a vacinação, além das características que foram abordadas neste estudo, é perspectiva importante para novos estudos.

Neste artigo, foram discutidas possíveis determinações sociais envolvidas no processo de vacinação do adulto entre trabalhadores (características do trabalho, sociodemográficas, hábitos de vida, medidas de proteção, estado de saúde). Os dados obtidos podem auxiliar na proposição de estratégias que estimulem a vacinação entre trabalhadores de diferentes setores do setor saúde.

O estudo possibilitou a análise de realidades distintas de condições de trabalho na Bahia, em diferentes níveis de atenção (primária e de média complexidade), contextos ainda pouco estudados com relação à vacinação. Recomenda-se maior exploração dos fatores de não aderência à vacinação, com base em estudos de caráter qualitativo, tendo em vista as relações estruturais do processo de vacinação vinculadas a questões culturais. Devendo-se, assim, considerar o fenômeno em sua complexidade para compreender aspectos relacionados à resistência que ultrapassam as questões aqui mensuradas e possibilitem a investigação de crenças atribuídas às vacinas.

A situação apontada no presente estudo, com diferentes grupos de trabalhadores com baixa prevalência para a vacinação é preocupante. Sugere-se que inquéritos futuros apontem a situação sorológica dos trabalhadores relacionada ao estado vacinal, tendo em vista a pesquisa de anticorpos protetores, uma vez que baixos níveis de anticorpos, para hepatite B, por exemplo, podem sugerir necessidade de campanhas de vacinação entre os trabalhadores da saúde, incluindo a relevância de completar o esquema vacinal e investigar sobre a soroconversão 32.

Os valores de anti-HBs, por exemplo, podem diminuir no primeiro ano após a vacinação e mais lentamente com o passar dos anos. As publicações sobre o tema apontam que de 10 a 15 anos após a vacinação inicial muitos indivíduos exibem títulos de anti-HBs abaixo do ideal 33 e que 13% de trabalhadores investigados não responderam ao esquema de vacinação, permanecendo com títulos inferiores a 10mIU/L e provavelmente não imunes 34. Diante disso, aspectos relativos à proteção e prevenção dos trabalhadores e da população em geral podem ter maior dimensão do que os dados obtidos foi capaz de apreender, uma vez que a situação de imunidade não foi investigada. Isso pode ampliar o escopo do problema, merecendo atenção e análise.

A decisão dos pais sobre a vacinação na infância já é compreendida como uma questão complexa e desafiadora, por perpassar fatores que podem contribuir para a busca deste mecanismo de proteção ou para a hesitação e até mesmo pelo descrédito de instituições e vacinas 35. Portanto, as questões relativas à vacinação ganharam novas dimensões na atualidade, saindo de uma posição de ampla aceitação para contextos de questionamentos e resistências, mesmo que sem qualquer amparo de evidências científicas 22. Os atuais baixos níveis de vacinação, inclusive da população em geral, exigem reconhecimento da gravidade da situação, entendimento do que tem produzido esta situação e intervenções adequadas, capazes de alterar o quadro observado.

Assim, acredita-se que esse cenário de baixa vacinação entre adultos, especialmente considerando aqui que se trata de trabalhadores da saúde, deve colocar em pauta a necessidade de intervenções específicas de incentivo à vacinação para esse grupo, bem como incentivar investigação dos fatores, com destaque para aspectos culturais, sociais e econômicos, que possam dificultar ou contribuir para a aceitação ou o baixo cumprimento do calendário previsto para o grupo de adultos.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (processo 480611/2010-6) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (processo SUS0024/2009) pelo apoio financeiro.

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Quais são as vacinas recomendadas para todos os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação Ocupacional da Sociedade Brasileira de imunização?

Dentre as vacinas recomendadas para os profissionais da área da saúde estão: vacinas contra hepatite A e B, contra difteria, tétano e coqueluche, varicela, influenza, antimeningocócica C conjugada e tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola).

Quais são as vacinas que devem ser mantidas em dia pelo profissional da saúde?

Primeira visita: Hepatite B + SCR (Sarampo, Caxumba, Rubéola) + DT (Difteria,Tétano) 2 meses após a 1ª visita: Hepatite B + DT (Difteria, Tétano) 4 meses após a 1ª visita: Hepatite B + DT (Difteria, Tétano) Reforço a cada 10 anos: DT (Difteria, Tétano)

Quais vacinas são indicadas para o profissional da saúde acordo com a NR 32?

Sobre esse assunto, a NR 32 estabelece que: a) a todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

Quais vacinas fazem parte do calendário de vacinação brasileira?

IDADE
VACINAS
DOSES
15 meses
DTP (tríplice bacteriana)
1º reforço
4 - 6 anos
DTP (tríplice bacteriana
2º reforço
SRC (tríplice viral)
reforço
10 anos
Vacina contra febre amarela
reforço
Calendário Básico de Vacinação (PNI)pni.datasus.gov.br › calendario_vacina_Infantilnull