Quais são considerados equipamentos que são utilizados por sistemas invasivos?

Marcel Proust

"Las grandes mentes tienem propositos, las otras solo tienen deseos".

Contribui��es da biomec�nica para o esporte

    O corpo humano � um dos principais objetos de estudo do homem. � busca por compreender o seu funcionamento, contrap�e-se a sua complexidade, levando cientistas e estudiosos a aprofundar cada vez mais os seus estudos (...). No s�culo XX ocorreram grandes avan�os tecnol�gicos que se refletiram nos m�todos experimentais usados em praticamente todas as �reas de atua��o cient�fica, incluindo a Biomec�nica, ocasionando um grande avan�o nas t�cnicas de medi��o, armazenamento e processamento de dados, fatos estes que contribu�ram para o estudo e melhor compreens�o do movimento humano (1).

    A Biomec�nica estuda diferentes �reas relacionadas ao movimento do ser humano e animais, incluindo: (a) funcionamento de m�sculos, tend�es, ligamentos, cartilagens e ossos, (b) cargas e sobrecargas de estruturas espec�ficas, e (c) fatores que influenciam a performance (1).

    Biomec�nica � uma disciplina, entre as ci�ncias derivadas das ci�ncias naturais, que se ocupa com an�lises f�sicas de sistemas biol�gicos, conseq�entemente, an�lises f�sicas de movimentos do corpo humano. Estes movimentos s�o estudados atrav�s de leis e padr�es mec�nicos em fun��o das caracter�sticas espec�ficas do sistema biol�gico humano, incluindo conhecimentos anat�micos e fisiol�gicos (2). No sentido mais amplo de sua aplica��o, ainda � tarefa da biomec�nica das atividades esportivas a caracteriza��o e otimiza��o das t�cnicas de movimento atrav�s de conhecimentos cient�ficos que delimitam a �rea de atua��o da ci�ncia, que tem no movimento esportivo seu objeto de estudo (...) (3).

    A Biomec�nica se consolidou [principalmente] ancorada pelas demandas do esporte de rendimento, seja sob o ponto de vista da fundamenta��o cient�fica para o desempenho esportivo (4), seja sob a forma da produ��o de materiais esportivos (...) (5).

    O atual desenvolvimento da Biomec�nica � expresso pelos novos procedimentos e t�cnicas de investiga��o, nos quais podemos reconhecer a tend�ncia crescente de se combinar v�rias disciplinas cient�ficas na an�lise do movimento. Nos �ltimos anos, o progresso das t�cnicas de medi��o, armazenamento e processamento de dados contribuiu enormemente para a an�lise do movimento humano. � claro que nenhuma disciplina cient�fica se desenvolve por si mesma. Para a sua forma��o, a Biomec�nica recorre a um complexo de disciplinas cient�ficas, fato este que consolida a depend�ncia multidisciplinar na forma��o de um dom�nio de conhecimento com estreitas rela��es interdisciplinares (2).

    A Biomec�nica do esporte integra outras �reas da ci�ncia que, possuem igualmente no movimento esportivo, a defini��o do seu objeto de estudo (3). No Brasil, os resultados das pesquisas em Biomec�nica t�m influenciado diretamente na Medicina, Ergonomia, fabrica��o de equipamentos esportivos e muitos outros aspectos da vida humana (1). Atualmente existem centenas de estudiosos interessados em Biomec�nica. Os resultados das suas pesquisas contribuem grandemente para aumentar a compreens�o sobre os limites do corpo humano. As suas aplica��es ao n�vel da Medicina, Ergonomia, Desporto e equipamentos, s�o in�meras (6).

    Atrav�s da Biomec�nica e de suas �reas de conhecimento correlatas podemos, portanto, analisar as causas e fen�menos vinculados ao movimento. Para que possamos entender melhor a complexidade do movimento humano e explicarmos suas causas, � necess�rio que outros aspectos da an�lise multidisciplinar sejam tamb�m considerados (2).

    Estes exemplos ilustram a diversidade da pesquisa Biomec�nica e as diferentes contribui��es que os biomec�nicos podem dar ao conhecimento do movimento e da performance humana (7). Ela tamb�m pode auxiliar na produ��o de conhecimento para aquisi��o de compet�ncias tecno-motoras, que levam em considera��o as caracter�sticas dos participantes, do contexto e sua organiza��o, possibilitando uma efetiva aprendizagem (1).

    O objetivo principal da Biomec�nica no desporto � analisar o gesto t�cnico desportivo e seus detalhes mais espec�ficos, descobrir poss�veis falhas existentes na execu��o deste gesto e possibilitar a melhoria do desempenho atl�tico atrav�s da corre��o e/ou adapta��o da t�cnica desportiva para uma t�cnica mais eficaz.

    Um professor [ou t�cnico] bem sucedido deve t�o somente conhecer a proposta do movimento que est� sendo analisado, mas tamb�m conhecer os fatores que contribuem para uma excuss�o habilidosa do movimento. Uma t�cnica defeituosa impedir� que o atleta coloque suas potencialidades f�sicas (for�a, flexibilidade, resist�ncia, etc.) crescentes a servi�o de uma performance espec�fica superior (6).

    Visto que o conhecimento de uma t�cnica espec�fica necessariamente precede qualquer tentativa de ensinar ou treinar outros a mais altos n�veis de conhecimento, desta forma, admite-se que o conhecimento de Biomec�nica deva ser de capital import�ncia (4). Precisa-se entender que os m�todos tradicionais de ensino e treinamento mostram o que e como ensinar, enquanto a Biomec�nica permite entender porque determinadas t�cnicas s�o mais apropriadas do que outras (1).

    Qualquer pessoa interessada nos conhecimentos acerca do mundo da atividade f�sica humana encontrar� na Biomec�nica um meio para compreender melhor esta �rea, j� que usufrui n�o s� de conhecimentos, mas tamb�m de diferentes t�cnicas de medida, registro e avalia��o do movimento humano (8).

    No trabalho com o movimento humano, os biomec�nicos examinam a cinem�tica [cinemetria] (estudo da descri��o do movimento incluindo considera��es de espa�o e tempo) do movimento, a t�cnica ou a forma desempenhada pelo praticante. Uma abordagem biomec�nica tamb�m envolve quest�es concernentes � cin�tica [dinamometria] (estudo das for�as causadoras ou resultantes do movimento), como a produ��o de certa quantidade de for�a pelos m�sculos que seja apropriada ao prop�sito intencional do movimento (7, 2).

    Tendo em vista a utiliza��o da Biomec�nica para o estudo e melhoria da t�cnica desportiva, vale ressaltar que esta tamb�m traz muitas outras contribui��es ao esporte. Dentre essas contribui��es, podemos citar: preven��o de les�es, desenvolvimento de equipamentos esportivos, controle de cargas sobre o atleta e desenvolvimento de m�todos de medida e avalia��o. A Biomec�nica ainda pode contribuir para o �aperfei�oamento do processo de treinamento, aperfei�oamento e adapta��es ambientais, aperfei�oamento do mecanismo de controle de cargas internas do aparelho locomotor, aperfei�oamento de sistemas para simula��o de movimentos, aperfei�oamento tecnol�gico instrumental para aquisi��o e processamento de sinais biol�gicos e ao aperfei�oamento de sistemas (hardware e software) para an�lises de movimentos e conseq�entes aplica��es pr�ticas� (1).

Par�metros biomec�nicos e sua influ�ncia no rendimento esportivo

    Quando nos referimos ao movimento esportivo, como objeto de estudo nesta rela��o das depend�ncias m�ltiplas de fen�menos para a sua interpreta��o, devemos salientar que isto ocorre em fun��o da natureza complexa dos multielementos que interferem na sua composi��o e, conseq�entemente, influenciam no comportamento e rendimento deste mesmo movimento. Procura-se definir atrav�s de m�todos e princ�pios biomec�nicos os par�metros que caracterizam a estrutura t�cnica fundamental do movimento humano (3).

    Para a investiga��o deste movimento em Biomec�nica, torna-se necess�rio, pela complexidade estrutural do mesmo, a aplica��o simult�nea de m�todos de mensura��o nas diversas �reas do conhecimento da ci�ncia (3). Na complexa an�lise do movimento humano, estes m�todos, dependendo do tema estudado, podem ser utilizados isoladamente ou em conjunto, mediante sistemas que possibilitam aquisi��o de dados de forma sincronizada (6).

    Todo estudo biomec�nico depende da determina��o de grandezas mec�nicas (qualitativas ou quantitativas) (...). Dessa forma, as t�cnicas de medi��o de grandezas f�sicas aplicadas ao corpo humano, s�o essenciais para o estudo tanto na Biomec�nica externa quanto na Biomec�nica interna. Medir uma grandeza f�sica significa estabelecer uma rela��o entre esta e uma grandeza-unidade de mesma natureza (3).

    Os m�todos utilizados pela Biomec�nica para abordar as diversas formas de movimento s�o cinemetria, dinamometria, antropometria e eletromiografia. �Utilizando-se destes m�todos, afinal, o movimento pode ser descrito e modelado matematicamente, permitindo a maior compreens�o dos mecanismos internos reguladores e executores do movimento do corpo humano� (3).

Cinemetria

    A cinemetria consiste em um conjunto de m�todos que busca medir par�metros cinem�ticos do movimento, isto �, a partir da aquisi��o de imagens durante a execu��o do movimento, realiza-se o c�lculo das vari�veis dependentes dos dados observados nas imagens, como posi��o, orienta��o, velocidade e acelera��o do corpo ou de seus segmentos (2). A cinemetria constitui a �rea de avalia��o biomec�nica que se preocupa, fundamentalmente, com a descri��o dos movimentos (deslocamentos), independente das for�as que os produziram (6).

    A cinemetria � composta por procedimentos de natureza �ptica. Onde as medidas s�o realizadas atrav�s de indicadores indiretos obtidos atrav�s de imagens. Inicialmente, podemos consider�-la como um m�todo que permite an�lises qualitativas, a partir da observa��o das imagens obtidas atrav�s de fotografia, filme ou pel�cula. Por�m, a partir da mensura��o do deslocamento de segmentos, representados pelos pontos selecionados no corpo humano; do tempo, atrav�s da freq��ncia de aquisi��o; e da massa, por procedimentos da antropometria, podemos derivar grandezas cinem�ticas (...). Assim, sob um outro enfoque, a cinemetria pode contribuir para uma an�lise biomec�nica quantitativa dos movimentos humanos (2).

Dinamometria

    Atrav�s da dinamometria, que engloba todos os tipos de medidas de for�a e ainda a distribui��o da press�o, podem-se interpretar as respostas de comportamento din�mico do movimento humano. Al�m desses par�metros para interpreta��o da for�a de rea��o externa, a dinamometria preocupa-se em entender como a for�a de intera��o entre o corpo e o meio ambiente � distribu�da. A distribui��o da for�a na superf�cie plantar, ou seja, na �rea da base de sustenta��o do p� durante v�rios movimentos, tem sido estudada atrav�s de instrumentos dedicados e adaptados � anatomia do p� humano (2).

    A partir dos fen�menos dos fen�menos determinantes da sobrecarga do aparelho locomotor, passamos a interpretar as vari�veis, dentro do dom�nio da Biomec�nica, que possam ser controladas com a natureza do movimento, principalmente os aspectos da estrutura externa da t�cnica de execu��o do movimento, que interferem, em �ltima an�lise, na determina��o e controle da sobrecarga mec�nica (2).

Eletromiografia

    A eletromiografia (EMG) � um m�todo de estudo que tem ocupado um papel importante nos �ltimos 40 anos em diferentes �reas de investiga��o que t�m atividade neuromuscular como objeto. O termo eletromiografia explicita, por si s�, o fundamento deste m�todo de estudo da atividade neuromuscular: a representa��o gr�fica da atividade el�trica do m�sculo. A EMG significa o registro gr�fico da atividade el�trica no m�sculo quando realiza contra��o, motivada pelo impulso nervoso (6).

    A EMG � tamb�m considerada uma �rea importante de avalia��o biomec�nica, por ser o �nico meio de que dispomos atualmente para medir, ainda que indiretamente, as for�as produzidas pelos grupos musculares, entrando assim, no �mbito da Biomec�nica interna. A utiliza��o desta �rea da avalia��o biomec�nica pressup�e que aceitemos que os m�sculos superficiais s�o os mais importantes para o aspecto em estudo. Para al�m disso, s�o os �nicos medi�veis sem recurso � m�todos invasivos. Da� se destinge EMG superficial de profunda (6).

    A EMG de superf�cie utiliza el�trodos que s�o colocados sobre a pele limpa. Os potenciais que ocorrem no sarcolema das fibras ativas s�o conduzidos pelos tecidos e fluidos envolventes at� a superf�cie da pele. Se os el�trodos forem colocados sobre a pele, permitir�o o registro da soma de atividades el�tricas de todas as fibras musculares ativas. Da� as rela��es que podem estabelecer-se entre a representa��o gr�fica obtida e as caracter�sticas da contra��o da globalidade do m�sculo (6).

Antropometria

    A antropometria se preocupa em determinar caracter�sticas e propriedades do aparelho locomotor como as dimens�es das formas geom�tricas de segmentos corporais, distribui��o de massa, bra�os de alavancas, posi��es articulares, etc., definindo ent�o, um modelo antropom�trico contendo par�metros necess�rios para a constru��o de um modelo biomec�nico da estrutura analisada (2).

    A antropometria biomec�nica visa o desenvolvimento de modelos antropom�tricos que sirvam � Biomec�nica, por forma que, a partir dos movimentos dos segmentos ou dos corpos, possamos inferir as for�as que lhes deram origem (din�mica inversa) e estimar o centro de massa (para tal, necessitamos de conhecer a massa dos corpos e segmentos, o que nos � dado pela antropometria) (6).

    A antropometria busca, portanto, modelos que possam ser utilizados para representar o corpo humano. Para isso, � necess�rio obter medidas m�dias de densidade corporal por segmentos, assim como o tamanho e propor��o m�dia dos segmentos corporais (2).

Controle de cargas, les�es e equipamentos esportivos

    A Biomec�nica procura (...) explicar o porqu� ou em que se baseiam uma s�rie de movimentos, isto �, pode indicar algo acerca da maneira de realiz�-los o mais eficazmente poss�vel, ou simplesmente orientar acerca da correta realiza��o de alguns exerc�cios para eliminar o risco de les�es (8). Para Nasser (apud Teixeira & Mota), a Biomec�nica tem acompanhado o ensino das t�cnicas associando a preven��o m�sculo-esquel�tica do indiv�duo nas a��es cotidianas, evitando assim que certos esfor�os desnecess�rios possam danificar suas estruturas e que sua a��o motora seja racionalizada. Outra preocupa��o dos biomec�nicos � reduzir as les�es do esporte, atrav�s tanto da identifica��o de pr�ticas perigosas quanto do projeto de equipamentos e aparelhos seguros (7).

    O controle das cargas mec�nicas aplicadas aos atletas � importante para se ter uma real no��o de que tipo de carga est� sendo aplicada em determinado local e momento. Assim, o objetivo principal dos estudos com controle de cargas � identificar a atua��o das for�as durante o exerc�cio e evitar a aplica��o de uma carga excessiva e, conseq�entemente, um poss�vel aumento da probabilidade do risco de les�es. Neste contexto, os equipamentos esportivos t�m papel fundamental, pois s�o desenvolvidos, dentre outras coisas, para aumentar a prote��o do praticante e diminuir o risco de les�es.

    O estudo e desenvolvimento de novos materiais, utens�lios e m�quinas permite, al�m da apari��o de novas pr�ticas, mas seguran�a nestas (com a conseq�ente diminui��o do risco de les�es) e um maior rendimento, quer seja educativo, no deporto de elite ou simplesmente no prazer do esporte para todos (8).

    Com a populariza��o e conseq�ente pr�tica massiva de algumas atividades desportivas, (...) aparece uma conflu�ncia de interesses comerciais em torno destas pr�ticas, o que favorece a investiga��o e o desenvolvimento de novos materiais (8). Mais recentemente, na d�cada de 90, as demandas das f�bricas de material esportivo orientaram a forma��o da Biomec�nica. Os estudos realizados no �mbito de P�s-Gradua��o, assim como as pr�prias linhas de pesquisas dentro da universidade, acabaram sendo conduzidas por esse tipo de demanda (5).

    As contribui��es feitas pela Biomec�nica desportiva s�o amplamente proclamadas, entretanto, geralmente supervalorizadas, ou mesmo distorcidas, a fim de aumentar as vendas do produto que est� sendo divulgado e s�o, pois, virtualmente, como que uma medida do impacto que a Biomec�nica desportiva tem tido na pr�tica (4).

    Os biomec�nicos reconhecem que a superf�cie onde � praticado o esporte, o cal�ado e o corpo humano comp�em um sistema de intera��o (7). De acordo com Aguado J�dar (8), s�o poucas as situa��es esportivas que n�o se utilize algum tipo de instrumento ou de utens�lio. Inclusive em provas como as corridas a p�, os atletas cal�am t�nis que facilitam alguns aspectos, como a fric��o com o solo, a impuls�o, que lhes protegem das for�as de impacto, de uma prona��o excessiva, etc.

    Sobre o meio terrestre, as sapatilhas constituem o material mais utilizado em todo tipo de atividade f�sica. Existe no mercado uma enorme oferta que permite escolher cal�ados diferentes em fun��o da atividade que se vai praticar, das caracter�sticas da pessoa (antropom�trica e t�cnicas), do meio onde se vai desenvolver a atividade e do n�vel em que se vai realizar (aquecimento, treinamento, competi��o) (8).

    O cal�ado desempenha um papel n�o apenas de amortecer o impacto das for�as contra o corpo, mas tamb�m influencia a cinem�tica do movimento corporal (...). Cal�ados para a dan�a aer�bica s�o confeccionados para acolchoarem o arco metat�rsico do p�. Cal�ados de futebol para serem usados na grama artificial s�o confeccionados para minimizar o risco de les�o de joelho. Cal�ados de corrida s�o �teis para a pr�tica de exerc�cios, corrida de velocidade e corrida sobre a neve ou o gelo e para indiv�duos que t�m os p�s pronados, isto �, rota��o medial do p� em contato com o solo (7).

    Por exemplo, correr ou praticar exerc�cios aer�bios em uma superf�cie dura, como o cimento, provavelmente aumenta o risco de fraturas de estresse dos membros inferiores. Capacetes de prote��o s�o projetados para garantir que suas caracter�sticas de resist�ncia a impactos ofere�am seguran�a adequada sem restringir, excessivamente, a vis�o perif�rica do usu�rio. V�rios modelos de joelheiras s�o projetados para fornecer prote��o e estabilidade lateral extras aos joelhos dos atletas, particularmente os jogadores de futebol [e voleibol]. Os esquis de neve podem agora ser liberados automaticamente, durante uma situa��o potencial de acidente, gra�as a um sistema de ligas controlado por microcomputador (7).

Atualidade, perspectivas e desafios da Biomec�nica

    Apesar de a Biomec�nica ser muito importante para o esporte, principalmente o de alto rendimento, esta ainda sofre com uma vis�o um pouco err�nea que fazem a seu respeito. Parte desta vis�o que � transmitida est� correta e parte desta mesma vis�o � supervalorizada.

    A Biomec�nica ainda � encarada por muitos alunos e professores (�) como uma disciplina a ser estudada e compreendida [apenas] por t�cnicos que lidam com o desporto de alto rendimento ou por profissionais que tenham profundo conhecimento de F�sica e Matem�tica. Esse conceito infelizmente permeia o meio acad�mico da Educa��o F�sica e, por sua pr�pria id�ia limitada, afasta grande n�mero de profissionais do contato mais direto com a disciplina (6).

    Mas esse entendimento inadequado da biomec�nica est� presente em diversos setores da Educa��o F�sica [escolas, universidades, etc.] (...). Com isso, muitos (...) ainda v�em esta disciplina como um conjunto de f�rmulas matem�ticas e de equa��es que de nada acrescentam ao conhecimento necess�rio para a interven��o profissional (...) (6).

    O panorama atual da Biomec�nica passa cada vez mais pelo recurso aos m�todos formais avan�ados das disciplinas b�sicas, nomeadamente, Matem�tica, f�sica, Programa��o e pela sua combina��o com as ci�ncias biol�gicas, Anatomia, Fisiologia, Neurofisiologia, etc. Este � um passo natural e necess�rio no desenvolvimento desta �rea, j� que ap�s o ganho descritivo sobre o movimento, a fase seguinte ser� retirar conseq��ncias. Verifica-se na atualidade tamb�m, a introdu��o paulatina de m�todos matem�ticos que combinam aproxima��es funcionais e estoc�sticas os quais, no futuro, provavelmente ser�o extensivamente usados. Isto deve-se ao fato do movimento humano, na globalidade, ser ca�tico e n�o linear (6).

    Outra caracter�stica da Biomec�nica atual, devido � multidisciplinaridade do movimento humano, passar�, no nosso entender, pelo desenvolvimento de linhas de investiga��o que combinem conhecimentos provenientes de �reas adjacentes, tais como Controle Motor, Fisiologia muscular, Neurofisiologia, Morfologia, Rob�tica e Mec�nica. As a��es que os atletas executam no desenvolvimento de uma determinada tarefa motora, por exemplo, resultam, entre outros aspectos, de uma combina��o de caracter�sticas biomec�nicas e de Controle motor. Isto conduz a outro passo importante no desenvolvimento da Biomec�nica, que consiste na combina��o desta com o Controle Motor (6).

    No processo de investiga��o do movimento em Biomec�nica, busca-se a defini��o de um m�todo para a orienta��o da an�lise experimental, procedimento este que poder� envolver uma ou um conjunto de t�cnicas que permitir�o o esclarecimento de problemas na estrutura da investiga��o e assim o primeiro passo � o estabelecimento de objetivos para o desenvolvimento da an�lise do movimento humano (3).

    Para al�m dos modelos te�ricos, a investiga��o no terreno continua [e continuar�] a ser uma prioridade na investiga��o. O conhecimento cada vez mais profundo da atividade muscular dos seres vivos ser� necess�rio. A forma��o de equipes multidisciplinares para a realiza��o de estudos conducentes � avalia��o do trabalho mec�nico muscular articular em movimentos naturais, com registro simult�neo do metabolismo muscular, fluxo sangu�neo perif�rico, etc., ser� necess�ria (6).

    Outro aspecto muito importante em estudos biomec�nicos � o desenvolvimento de uma ampla base de dados relativa a informa��es acerca do movimento humano. Ainda temos necessidade de aumentar os grupos de estudos e assim ampliar nossa base de refer�ncia, acompanhando o desenvolvimento de t�cnicas e procedimentos que os avan�os tecnol�gicos e de instrumenta��o proporcionam na Biomec�nica. A possibilidade de intensificar as interpreta��es estat�sticas de modelos biomec�nicos depende, em primeiro lugar, da extens�o dos par�metros e vari�veis do movimento nesta ampla base de dados, que devemos buscar atrav�s de estudos experimentais e demais registro sobre informa��es de testes em Biomec�nica (2).

    Alguns professores de Educa��o F�sica cr�em que a Biomec�nica � muito importante, ainda que sirva para muito pouco. Provavelmente v�em esta disciplina como portadora de complexas t�cnicas de an�lise no estudo de t�cnicas mais eficazes (8). � t�pico que os indiv�duos que conhecem muito pouco do ramo cient�fico, afirmem que o mesmo s� presta para um determinado fim. Afirma��es como essa, se tomadas como verdade dificultam a compreens�o das reais possibilidades de aplica��es das informa��es oriundas de qualquer tipo de conhecimento cient�fico. Por isso � de fundamental import�ncia que argumenta��es simplistas sejam examinadas quanto ao seu grau de veracidade, antes de serem adotadas como v�lidas de formas a evitar tanto quanto uma ado��o precoce quanto uma rejei��o incondicional (1).

    Em certos pontos, as pessoas que afirmam isso t�m certa raz�o, o estudo da Biomec�nica, de maneira geral, � um estudo que tem uma certa complexidade; outro grande problema � relativo aos materiais, os materiais mais sofisticados utilizados e necess�rios para estes estudos (plataforma de for�a, aparelhos eletromiogr�ficos, softwares, etc.) s�o geralmente caros e requerem muito investimento. Entretanto, isto n�o deve ser usado como argumento para se deixar de lado o seu estudo e/ou a sua import�ncia. Esta disciplina � muito �til para o esporte.

    Para muitos treinadores, a Biomec�nica ter� um significado parecido ao que tem para os professores de Educa��o F�sica: uma ci�ncia importante, mas pouco �til. Capaz de proporcionar muitos n�meros, mas dif�ceis de interpretar e pouco utiliz�veis [na pr�tica] para a melhoria de seus atletas. Entretanto, o treinador � mesmo sem saber � atua como biomec�nico; talvez n�o o ensinaram suficiente, mas seu n�vel pr�tico ser� indiscut�vel. O treinador est� constantemente analisando o movimento e corrigindo os erros detectados mediante seu acertado olho cl�nico; talvez seus conhecimentos sejam em grande parte autodidatas, e talvez n�o seja capaz de transmiti-los, mas o seu trabalho de constante avalia��o da t�cnica � ainda que n�o use m�todos de laborat�rio complexos � tem muito a ver com a Biomec�nica (8).

    Talvez aos atletas, que habitualmente seguem planos de treinamento estabelecidos, n�o lhes pare�a muito �til esta disciplina (...). Para eles, entretanto, uma Biomec�nica composta por uma s�rie de simples princ�pios poderia contribuir a selecionar seu melhor plano de treinamento e sua melhor t�cnica desportiva, como conseguir melhores marcas. Mesmo assim, estes conhecimentos poderiam ajudar-lhes a evitar algumas les�es, freq�entes no desporto de alto n�vel (8).

    A capacidade de analisar eficazmente uma habilidade motora requer um conhecimento da natureza e do prop�sito em quest�o. Sem o entendimento correto da habilidade, os professores [e t�cnicos] podem ter dificuldades em identificar os fatores que contribuem para o desempenho e podem interpretar mal o movimento (6).

    Tanto o professor de Educa��o F�sica como o treinador, o atleta ou o praticante de qualquer esporte ou atividade f�sica necessitam de uma Biomec�nica que lhes seja �til, n�o excessivamente te�rica nem baseada unicamente na F�sica, na Medicina ou na Matem�tica. Esta Biomec�nica n�o pode esquecer as particularidades das pr�ticas f�sicas, nem as caracter�sticas de t�cnicas desportivas, regulamentos, t�ticas, nem de numerosas habilidades e destrezas (8).

    Em resumo, a Biomec�nica tem tido uma influ�ncia muito maior nas pr�ticas de Educa��o F�sica do que geralmente se reconhece ou anuncia. Professores, t�cnicos e atletas freq�entemente encontram-se na situa��o de fazer uma escolha entre duas t�cnicas destinadas a obter uma mesma finalidade. Sem d�vidas a Biomec�nica pode contribuir para a efetiva��o de processos educativos, que envolvam comportamentos corporais, mais conscientes e, conseq�entemente, marcados por concretas responsabilidades intencionalmente pedag�gicas (1).

    Apesar de ser uma disciplina relativamente nova, a Biomec�nica, pela import�ncia que tem, pela sua utilidade pr�tica (n�o s� para o desporto de rendimento, mas para a vida cotidiana dos praticantes de atividades f�sicas) e pelo muito que j� evoluiu, precisa de mais algumas reformula��es e de uma melhor abordagem sobre seu conte�do para que esta vis�o (que em muitos casos n�o � correta) possa ser mudada e sua import�ncia reconhecida de fato. �Novos passos na busca de solu��es tecnol�gicas que conciliem fatores de seguran�a e de otimiza��o do desempenho se fazem necess�rios e devem ser dados em um futuro pr�ximo� (2).

Bibliografia

  1. TEIXEIRA, Clarissa S.; MOTA, Carlos B. A biomec�nica e a Educa��o F�sica. Revista Lecturas Educaci�n F�sica y deportes, Buenos Aires, ano 12, n. 113, out. 2007. http://www.efdeportes.com/efd113/a-biomecanica-e-a-educacao-fisica.htm.

  2. AMADIO, Alberto C.; DUARTE, Marcos. (Coords). Fundamentos biomec�nicos para an�lise do movimento. S�o Paulo: Laborat�rio de Biomec�nica da USP, 1996.

  3. AMADIO, A. C.; COSTA, P. H. L.; SACCO, I. C. N.; SERR�O, J. C.; ARA�JO, R. C.; MOCHIZUKI, L.; DUARTE, M. Introdu��o � Biomec�nica para an�lise do movimento humano: descri��o e aplica��o dos m�todos de medi��o. Revista Brasileira de Fisioterapia, S�o Paulo, v. 03, n. 02, p. 41-54, 1999.

  4. HAY, James G. Biomec�nica das t�cnicas desportivas. 2 ed., Rio de Janeiro: Ed. Interamericana, 1981.

  5. NOZAKI, Hajime T. Biomec�nica. In: GONZ�LEZ, Fernando J.; FENSTERSEIFER, Paulo E. (orgs). Dicion�rio cr�tico de Educa��o F�sica. Iju�: Ed. Uniju�, 2005.

  6. GRAZIANO, Alberto da C. L. Biomec�nica: fundamentos e aplica��es na Educa��o F�sica Escolar. Porto: EDUCA, 2008.

  7. HALL, Susan J. Biomec�nica B�sica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.

  8. AGUADO J�DAR, Xavier. Eficacia y t�cnica deportiva: an�lisis del movimiento humano. Barcelona: Inde Publica��es, 1993.

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