Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?
Por MARCOS CLAIR BOVO

Professor colaborador do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maring�, Coordenador Pedag�gico de Geografia da Secretaria Municipal de Maring�, mestre em Geografia pela UEM.

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Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?
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Marcos Clair Bovo

Resumo:

Este artigo tem por finalidade apresentar uma reflex�o sobre a interdisciplinariedade e transversalidade como dimens�es pedag�gicas da a��o docente. Na primeira parte, discutiremos a interdisciplinaridade procurando contextualiza-l� no ambiente escolar. Em seguida daremos, �nfase � transversalidade sugerida pelos PCNs e suas propostas para o trabalho do professor, na vis�o de diferentes estudiosos.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade, transversalidade. Par�metros Curriculares Nacionais.

Abstract

This article is aimed at reflecting on the intedisciplinarity andon the transversality as pedagogical dimensions of the teaching action. At firstt, we argue about interdisciplinarity and we try to contextualize it in the school environment. Secondly, we argue about the Par�metros Curriculares Nacionais (National Curricular Parameters) and their proposals to help teachers improve  their teaching. These Parameters are based on different scientists points of view. 

Key words: interdisciplinarity, transversality, National Curricular Parameters

In�meras vezes, na atividade educacional, temos feito refer�ncias � interdisciplinaridade[1] e � transversalidade, principalmente por ocasi�o da elabora��o dos planejamentos escolares anuais. Falamos na integra��o de disciplinas. Todavia, nunca chegamos a um consenso. Quase sempre a n�o efetiva��o dessas pr�ticas decorre do equ�voco na interpreta��o dos PCNs e dos conceitos de interdisciplinaridade e transversalidade. Para discutir essas duas dimens�es do conhecimento, apresentaremos este cap�tulo em duas partes. Na primeira parte, discutiremos a interdisciplinaridade, procurando contextualiz�-la dentro do ambiente escolar. No segundo momento, daremos �nfase � transversalidade sugerida pelos Par�metros Curriculares Nacionais e suas propostas para o trabalho do professor.

Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade surgiu no final do s�culo XIX, pela necessidade de dar uma resposta � fragmenta��o causada pela concep��o positivista, pois as ci�ncias foram subdivididas surgindo, v�rias  disciplinas. Ap�s longas d�cadas convivendo com um reducionismo cient�fico, a id�ia de interdisciplinaridade foi elaborada visando restabelecer um di�logo entre as diversas �reas dos conhecimentos cient�ficos.

No livro �Pr�ticas Interdisciplinares na Escola�, organizado por Ivani Fazenda (1993), Ferreira ressalta que no idioma latino

O prefixo �inter� dentre as diversas conota��es que podemos lhes atribuir, tem o significado de �troca�, �reciprocidade�, e �disciplina�, de �ensino�, �instru��o�, �ci�ncia�. Logo, a interdisciplinaridade pode ser compreendida como sendo a troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou ci�ncias, ou melhor �reas do conhecimento. (FEREIRA in FAZENDA, 1993, p. 21-22)

Podemos, entretanto, perceber que a interdisciplinaridade pretende garantir a constru��o de conhecimentos que rompam as fronteiras entre as disciplinas. A interdisciplinaridade busca tamb�m envolvimento, compromisso, reciprocidade diante dos conhecimentos, ou seja, atitudes e condutas interdisciplinares.

No entanto, para que o trabalho interdisciplinar possa ser desenvolvido pelos professores, h� que se desenvolver uma metodologia de trabalho interdisciplinar que implica: na integra��o dos conhecimentos; passar de uma concep��o fragmentada para uma concep��o unit�ria de conhecimento; superar a dicotomia entre o ensino e pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa a partir da contribui��o das diversas ci�ncias e um processo de ensino aprendizagem centrado numa vis�o de que aprendemos ao longo da vida.

Para Ivani Fazenda (1994), no seu livro �Interdisciplinaridade: Hist�ria, Teoria e Pesquisa�, a metodologia interdisciplinar requer:

uma atitude especial ante o conhecimento, que se evidencia no reconhecimento das compet�ncias, incompet�ncias, possibilidades e limites da pr�pria disciplina e de seus agentes, no conhecimento e na valoriza��o suficientes das demais disciplinas e dos que a sustentam. Nesse sentido, torna-se fundamental haver indiv�duos capacitados para a escolha da melhor forma e sentido da participa��o e sobretudo no reconhecimento da provisoriedade das posi��es assumidas, no procedimento de questionar. Tal atitude conduzir�, evidentemente, a cria��o das expectativas de prosseguimento e abertura a novos enfoques ou aportes. E, para finalizar, a metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade cient�fica, alicer�a-se no di�logo e na colabora��o, funda-se no desejo de inovar, de criar, de ir al�m e suscita-se na arte de pesquisar, n�o objetivando apenas a valoriza��o t�cnico-produtiva ou material, mas sobretudo, possibilitando um acesso humano, no qual desenvolve a capacidade criativa de transformar a concreta realidade mundana e hist�rica numa aquisi��o maior de educa��o em seu sentido lato, humanizante e libertador do pr�prio sentido de ser no mundo (FAZENDA, 1994, p. 69-70).

Nesse sentido, a a��o pedag�gica da interdisciplinaridade aponta para a constru��o de uma escola participativa, que deriva da forma��o do sujeito social, em articular saber, conhecimento e viv�ncia. Para que isso se efetive, o papel do professor � fundamental no avan�o construtivo do aluno. � ele, o professor, que pode perceber  necessidades do aluno e o que a educa��o pode proporcionar ao mesmo. A interdisciplinaridade do professor pode envolver e instigar o aluno a mudan�as na busca do saber.

A interdisciplinaridade perpassa todos os elementos do conhecimento pressupondo a integra��o entre eles. A interdisciplinaridade est� marcada, ainda por um movimento ininterrupto, criando ou recriando outros pontos para a discuss�o.

Diante disso, podemos afirmar que a �interdisciplinaridade n�o se ensina, n�o se aprende, apenas vive-se, exerce-se e por isso exige uma nova pedagogia, a da comunica��o� (FAZENDA, 1979, pp. 10-18), nessa perspectiva cabe ao professor, no momento certo articular teoria e pr�tica, numa forma interdisciplinar sem contudo perder os interesses pr�prios de sua disciplina.

Bellini e Ruiz (1998) em seu artigo �interdisciplinaridade e epistemologia: uma leitura pela ��tica� piagetiana�, analisam dois pensadores: Jean Piaget e Edgar Morin. Segundo os autores, para Piaget h� �interdisciplinaridade quando a solu��o de um determinado problema � buscada recorrendo-se a diversas disciplinas, ocorrendo reciprocidade capaz de gerar enriquecimento m�tuo� (BELLINI e RUIZ, 1998, p. 55). Na concep��o de Edgar Morin podemos entender que �interdisciplinaridade como decorrente de uma atitude intelectual n�o-simplificadora de abordagem da realidade. Essa atitude implica em admitir que em cada situa��o existem m�ltiplas vari�veis interferindo simultaneamente� (BELLINI e RUIZ, 1998, p. 55).

Os autores analisam os dois pensadores e procuram atrav�s da reflex�o, discutir as possibilidades e limites do pensamento interdisciplinar no ensino formal.

A reflex�o sobre a interdisciplinaridade na escola, precisa nascer do pensamento sobre o pensamento que orienta o fazer educacional. Identificando as cren�as epistemol�gicas que orientam o seu fazer e, nesse processo, buscar eliminar os procedimentos destinados a economizar pensamento, nascendo da�, talvez, uma cultura escolar que privilegie o direito de pensar (BELLINI e RUIZ, 1998, p. 63-64).

Nesse sentido, os autores questionam: �� poss�vel a interdisciplinaridade na escola?� Para Ruiz e Bellini � poss�vel, mas o principal problema � a cultura escolar, na qual o educando aprende do mais simples para o mais complexo, com avan�os lentos que exigem pouco pensamento. Ent�o � necess�rio superar essa cultura, ter uma vis�o mais ampla, e n�o fragmentada, para isso � preciso que a escola torne-se um espa�o de pensamento, acabando com a fragmenta��o do conhecimento, pois somente assim teremos uma cultura interdisciplinar.

Como sabemos, os PCNs diferenciam a transversalidade e a interdisciplinaridade.

A interdisciplinaridade � definida nos PCNs como a dimens�o que

(...) questiona a segmenta��o entre os diferentes campos do conhecimento produzida por uma abordagem que n�o leva em conta a inter-rela��o e a influ�ncia entre eles, questiona a vis�o compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como � conhecida, historicamente se constituiu (BRASIL, 1998, p. 30).

J� a transversalidade diz respeito a:

... � possibilidade de se estabelecer, na pr�tica educativa uma rela��o entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as quest�es da vida real e de sua transforma��o (aprender a realidade da realidade) (BRASIL, 1998, p. 30).

Se tomarmos as afirma��es de Japiassu (1976), como refer�ncias veremos que a interdisciplinaridade consiste em um trabalho comum, tendo em vista a intera��o de disciplinas cient�ficas, de seus conceitos b�sicos, dados, metodologias, com base na organiza��o cooperativa e coordenada do ensino. Trata-se do redimensionamento epistemol�gico das disciplinas cient�ficas e da reformula��o total das estruturas pedag�gicas de ensino, de forma a possibilitar que as diferentes disciplinas se interajam em um processo de intensiva reflex�o.

Essa concep��o pressup�e educadores imbu�dos de um verdadeiro esp�rito cr�tico, aberto para a coopera��o, o interc�mbio entre as diferentes disciplinas, o constante questionamento ao saber arbitr�rio e desvinculado da realidade. Por outro lado, exige a pr�tica de pesquisa, a troca e sistematiza��o de id�ias, a constru��o do conhecimento, em um processo de indaga��o e busca permanente. Mas, acima de tudo, pressup�e a clareza dos fins, a certeza dos objetivos da interdisciplinaridade. � medida que fica claro o seu sentido com a pr�tica que possibilita a escola investir coletivamente na elabora��o de conhecimentos significativos, torna-se poss�vel uma nova atitude pedag�gica e a luta pela reformula��o das estruturas de ensino.

Portanto, a transversalidade e a interdisciplinaridade s�o nesse sentido, modos de trabalhar o conhecimento que visam reintegra��o de dimens�es isoladas uns dos outros pelo tratamento disciplinar. Com isso, pretendemos conseguir uma vis�o mais ampla da realidade que, tantas vezes, aparece fragmentada pelos meios de que dispomos para conhec�-la.

A interdisciplinaridade permite questionar a fragmenta��o dos diferentes campos de conhecimento. Nessa perspectiva, procuramos tecer os poss�veis pontos de converg�ncia entre as v�rias �reas e a rela��o epistemol�gica entre as disciplinas. Com a interdisciplinaridade adquirimos mais conhecimentos dos fen�menos naturais e sociais, que s�o normalmente complexos e irredut�veis ao conhecimento obtido quando s�o estudados por meio de uma �nica disciplina. As interconex�es que acontecem nas disciplinas facilitar� a compreens�o dos conte�dos de uma forma integrada, aprimorando o conhecimento do educando.

Existem temas cujo estudo exige uma abordagem particularmente ampla e diversificada, que foram denominados temas transversais que tratam de processos que est�o sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas fam�lias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano. S�o discutidos em diferentes espa�os sociais, em busca de solu��es e de alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto em rela��o a interven��o no �mbito social mais amplo quanto a atua��o pessoal. S�o quest�es urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que est� sendo constru�da e que demandam transforma��es macro-sociais e tamb�m atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conte�dos relativos a essas duas dimens�es. Estes temas envolvem um aprender sobre a realidade e da realidade, destinando-se tamb�m a um intervir para transform�-la. Na verdade, os temas transversais prestam-se de modo muito especial para levar � pr�tica a concep��o de forma��o integral da pessoa.

Ao referirmos ao ensino de Geografia no final do s�culo XX e in�cio do s�culo XXI, esta vem deixando de ser uma ci�ncia de s�ntese e vem buscando a interdisciplinaridade com outras ci�ncias sem perder sua identidade. Nesse sentido o Par�metro Curricular Nacional de Geografia ressalta que ao pretender o estudo das paisagens, territ�rios, lugares e regi�es, o professor poder� exercer uma rela��o da Geografia com a Literatura, proporcionando um trabalho que provoca interesse e curiosidade sobre a leitura desse espa�o. Dessa forma podemos aprender Geografia mediante a leitura de autores brasileiros consagrados (�rico Ver�ssimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Guimar�es Rosa e outros), cujas obras retratam diferentes paisagens do Brasil, em seus aspectos sociais, culturais e naturais. Tamb�m as produ��es musicais, a fotografia e at� mesmo o cinema s�o fontes que podem ser utilizadas por professores e alunos para obter informa��es, comparar, perguntar e inspirar-se para interpretar as paisagens e construir conhecimentos sobre o espa�o geogr�fico.

A Geografia ao trabalhar no��es e conceitos de natureza e sociedade poder� articul�-los por meio da interdisciplinaridade, pois n�o � muito correta a separa��o entre ci�ncias do homem e da natureza, pois o homem, como animal, faz parte da natureza em que vive, lutando permanentemente com ela, transformando-a de acordo com os seus interesses. Nesse sentido cabe um trabalho relacionando Geografia F�sica e Geografia Humana.

Al�m disso, a Geografia pode articular de forma interdisciplinar com a Hist�ria e Economia, para tratar de quest�es ligadas aos processos da forma��o da divis�o internacional do trabalho e da forma��o dos blocos econ�micos. O estudo da espacializa��o dos problemas ambientais possibilita uma intera��o com a Biologia, Qu�mica, Economia, Ecologia etc. Nesse sentido percebemos que a Geografia � uma disciplina que tem um car�ter interdisciplinar, que a relaciona �s demais ci�ncias, pois o espa�o � interdisciplinar.

Transversalidade

O Minist�rio da Educa��o e Desporto (MEC) do Brasil, est� promovendo desde 1995 um debate a n�vel nacional referente aos Par�metros Curriculares Nacionais (PCNs), que � uma  proposta de conte�dos que referenciem e orientem a estrutura curricular do sistema educacional do pa�s.

A maior �nfase desse documento s�o os �Temas transversais�[2]: �tica, Meio Ambiente, Educa��o Sexual, Pluralidade Cultural, Sa�de, Trabalho e Consumo. No livro �Temas Transversais em Busca de uma Nova Escola� de Rafael Yus, (1998) p. 17, encontramos a seguinte defini��o de temas transversais:

Temas transversais s�o um conjunto de conte�dos educativos e eixos condutores da atividade escolar que, n�o estando ligados a nenhuma mat�ria particular, pode se considerar que s�o comuns a todas, de forma que, mais do que criar novas disciplinas, acha-se conveniente que seu tratamento seja transversal num curr�culo global da escola. (YUS, 1998, p. 17)

Sendo assim, esses temas expressam conceitos e valores fundamentais � democracia e � cidadania e correspondem a quest�es importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob v�rias formas na vida cotidiana. S�o amplos o bastante para traduzir preocupa��es de todo o pa�s, s�o quest�es em debate na sociedade atual.

Diante desse contexto optou-se por integr�-las no curr�culo por meio do que se chama transversalidade[3], ou seja, pretende-se que �esses temas integrem as �reas convencionais de forma a estarem presentes em todas elas, relacionando-os �s quest�es da atualidade e que sejam orientadores tamb�m do conv�vio escolar� (BRASIL, 1998, p. 27).

O que significa trabalhar transversalmente esses temas?

Na apresenta��o do seu livro �Temas Transversais em Educa��o: bases para uma forma��o integral� de Maria Dolors Busquets, o educador Ulisses Ferreira de Ara�jo ressalta que:

... entende que os conte�dos curriculares tradicionais formam um eixo longitudinal do sistema educacional e, em torno dessas �reas de conhecimento, devem circular, ou perpassar, transversalmente esses temas, mais vinculados ao cotidiano da sociedade. Assim, nessa concep��o, se mant�m as disciplinas que estamos chamando de tradicionais do curr�culo (como a Matem�tica, as Ci�ncias e a L�ngua), mas os seus conte�dos devem ser impregnados com os temas transversais (BUSQUETS, 2000, p. 13).

Com base na cita��o anterior, o educador aborda tr�s formas diferentes de entender como deve ser a rela��o entre os conte�dos tradicionais e os transversais, que s�o:

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Entender que essa rela��o com os temas transversais deve ser intr�nseca, ou seja, n�o tem sentido existir distin��es claras entre conte�dos tradicionais e transversais;

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Entender que a rela��o com os temas transversais pode ser feita pontualmente, atrav�s de m�dulos ou projetos espec�ficos, ou seja, priorizando o conte�do espec�fico de sua �rea de conhecimento, mas abriria espa�o tamb�m para outros conte�dos;

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Conceber essa rela��o e integrar interdisciplinarmente os conte�dos tradicionais e os temas transversais. Nesse sentido a transversalidade s� faz sentido dentro de uma concep��o interdisciplinar do conhecimento.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Diante disso podemos perceber que h� diferentes formas de trabalhar com os temas transversais, mas o que h� em comum � que todas elas mant�m  disciplinas curriculares tradicionais como eixo principal dentro do sistema educacional, trabalhar os temas transversais em torno de cada �rea do conhecimento.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Nos Par�metros Curriculares s�o quatro as propostas quanto a organiza��o dos conte�dos a serem trabalhados na transversalidade, que s�o as seguintes:

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Os temas n�o constituem novas �reas, pressupondo um tratamento integrado nas diferentes �reas.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

A proposta de transversalidade traz a necessidade de a escola refletir e atuar conscientemente na educa��o de valores e atitudes em todas as �reas, garantindo que a perspectiva pol�tico-social se expresse no direcionamento do trabalho pedag�gico, influencia a defini��o de objetivos educacionais e orienta eticamente as quest�es epistemol�gicas mais gerais das �reas, seus conte�dos e, mesmo, as orienta��es did�ticas;

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

A perspectiva transversal aponta uma transforma��o da pr�tica pedag�gica, pois rompe o confinamento da atua��o dos professores �s atividades pedagogicamente formalizadas e amplia a responsabilidade com a forma��o dos alunos. Os Temas Transversais permeiam necessariamente toda a pr�tica educativa que abarca as rela��es entre os alunos, entre os professores e alunos e entre diferentes membros da comunidade escolar;

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

A inclus�o dos temas implica a necessidade de um trabalho sistem�tico e cont�nuo no decorrer de toda a escolaridade, o que possibilitar� um tratamento cada vez mais aprofundado das quest�es eleitas... (BRASIL, 1998, p. 28-29).

Tomamos como ponto de partida as id�ias de Moreno (in BUSQUETS, 2000, et al. p 39) que defende uma abordagem construtivista dos temas transversais. Para ela,

(...) o verdadeiro conhecimento � aquele que � utiliz�vel, � fruto de uma elabora��o (constru��o) pessoal, resultado de um processo interno de pensamento durante o qual o sujeito coordena diferentes no��es entre si, atribuindo-lhes um significado, organizando-as, relacionando-as com outros anteriores. Este processo � inalien�vel e intransfer�vel, ningu�m pode realiz�-lo por outra pessoa (MORENO in BUSQUETS et al. 2000, p. 39).

Neste contexto o ensino contribui para novos conhecimentos, facilita o acesso a novas aprendizagens e estrat�gias intelectuais que ser�o �teis para aprendizagens futuras, para a compreens�o de situa��es novas e de propostas para solu��es de problemas do educando.

Nessa perspectiva, MORENO (In BUSQUETS et al.,2000) comenta:

Os temas transversais, que constituem o centro das atuais preocupa��es sociais, devem ser o eixo em torno do qual devem girar a tem�tica das �reas curriculares, que adquirem assim, tanto para o corpo docente como para os alunos, o valor de instrumentos necess�rios para a obten��o das finalidades desejadas. (MORENO in BUSQUETS et al.,op.cit.,2000 p. 37)

Assim, Moreno (In BUSQUETS, op.cit.), prop�e um conceito totalmente diferente de ensino, que permitira encarar as disciplinas atualmente obrigat�rias do curr�culo n�o mais como fins em si mesmas, mas como �meio� para atingir outros fins, mais de acordo com os interesses e necessidades da maioria da popula��o. Os temas transversais seriam trabalhados nessa perspectiva.

Essas transforma��es da realidade escolar precisam passar necessariamente por uma mudan�a de perspectiva, na qual conte�dos escolares tradicionais deixem de ser encarados como �fins� na educa��o. Eles devem ser �meio� para a constru��o da cidadania e de uma sociedade mais justa. Esses conte�dos tradicionais s� far�o sentido para a sociedade se estiverem integrados em um projeto educacional que almeje o estabelecimento de rela��es interpessoais, sociais e �ticas de respeito �s pessoas, � diversidade e ao meio ambiente. Nesse sentido, comenta MORENO (In BUSQUETS et al.2000,) sobre o processo de aprendizagem.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

O ponto de partida, ou seja, as id�ias dos alunos e alunas t�m sobre a tem�tica a estudar e que constituem uma esp�cie de moldes atrav�s dos quais eles formam e d�o sentido �s novas informa��es.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

O caminho a seguir, constitu�do pelos diferentes passos ou processos na aprendizagem.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

A import�ncia de que os alunos atribuam um significado �s aprendizagens propostas que seja apreci�vel para eles. (MORENO In BUSQUETS et al., op.cit. p. 42)

O educando traz para a escola o seu pr�prio conhecimento de espa�o de sua viv�ncia. Ele � enriquecido das rela��es constru�das junto � fam�lia, ao grupo de amigos e � comunidade. Esse conhecimento deve ser trabalhado pelo professor como ponto de partida  nas diferentes �reas do conhecimento escolar.

Diante das pontua��es de MORENO (In. BUSQUETS et al op.cit.) � necess�rio dizer que � vital ao professor conhecer como as crian�as e jovens compreendem v�rias dimens�es de seu mundo. Como exemplo, podemos falar do relato que a autora faz sobre a compreens�o de um garoto do seguinte problema de Matem�tica.

Um senhor compra um terreno e constr�i uma casa em cima dele. O terreno custa R$ 6.882,00, e a casa seis vezes mais. Quanto gastou ao todo?� No dia seguinte, ela constata com desespero que s� um aluno conseguiu resolver corretamente o problema. Sua surpresa � grande, porque seus alunos e alunas resolviam com grande facilidade problemas de adi��o e, recentemente, tinham aprendido a resolver problemas de multiplica��o. Tratava-se apenas de combinar ambas as opera��es, e este t�o estrepitoso fracasso n�o tinha o porque ocorrer. Desolada, resolveu pedir ao �nico aluno que tinha acertado que explicasse para o resto da classe como tinha resolvido o problema, pensando que talvez ele saberia se fazer compreender melhor do que ela. O brilhante aluno aproximou-se da lousa e, segurando o giz, come�ou a explicar: �Era um homem que comprou uma vaca e construiu uma casa em cima dela...� Como, uma vaca?, interrompeu a professora assombrada. �Bem..., uma vaca ou um ternero[4], tanto faz, tanto faz...� O fato de se tratar de um �terrano� ou de um �ternero� carecia de import�ncia para aquele aluno, pois para ele ambas as coisas estavam enormementedistante da sua realidade cotidiana. Parecia ter desistido de aplicar a l�gica do bom senso, em prol do �pensamento acad�mico� que costuma conter tantos mist�rios para quem sente como vindo de fora... (MORENO In BUSQUETS et al., 2000, p. 48-49).

Esse exemplo demonstra que no ensino � preciso considerar a dupla ou mais dimens�es da aprendizagem de crian�as e jovens. A compreens�o, as no��es das realidades f�sicas e biol�gicas, social entre outras decorrem de uma constru��o temporal. Assim, a aprendizagem escolar � a aprendizagem do dia a dia do educando nas ruas, na fam�lia e em seu ambiente escolar devem ser levadas em considera��o pelo professor durante o ensino e aprendizagem.

Na escola, se o professor conhece essa din�mica de constru��o do conhecimento, ele poder� intervir de modo a facilitar e ou ampliar o caminho de seus alunos. A sua a��o como docente poder� priorizar a descoberta, a d�vida, as perguntas, as formula��es e elabora��o intelectual e evitar a memoriza��o, a repeti��o de conte�dos esvaziados de significados. Nesse sentido os temas transversais podem proporcionar um v�nculo entre o cient�fico e o cotidiano.

Na concep��o de MORENO (In BUSQUETS et al., op. cit.) o conhecimento se d� por meio de uma aprendizagem que:

Caracteriza-se por desencadear processos mentais que ampliam a capacidade intelectual e de compreens�o do indiv�duo, assim, quando � dado e esquecido, a fun��o adquirida permanece, e, com ela, a possibilidade de readquiri-lo facilmente. Isso n�o significa, de modo algum, que rejeitamos a memoriza��o de certos dados necess�rios, pois tamb�m � importante exercitar esta fun��o, mas que devemos faz�-lo dentro de um contexto, porque os dados descontextualizados carecem de sentido e s�o esquecidos muito mais rapidamente do que o caso de fazerem parte de um conjunto organizado de pensamento, sendo muito deles infer�veis a partir do conjunto que lhe outorga um significado.(MORENO In BUSQUETS, et al 2000, p. 49)

As id�ias de MORENO (In BUSQUETS et al., op. cit.) indicam-nos que os temas transversais e o projeto curricular da escola devem estabelecer um tema eixo que nortear� todos os demais temas transversais bem como todas as �reas do conhecimento.

Em nossa perspectiva, entendemos que, no Brasil, a �tica[5], seria significativa como eixo norteador dos outros temas para serem trabalhados numa perspectiva transversal. Entretanto para transformar os temas transversais em eixos que estruturam a aprendizagem e a adequa��o dos objetivos dos conte�dos marcados pelo curr�culo em cada etapa da escola, � necess�rio considerar a realidade educativa, marcada pelo ambiente s�cio cultural predominante no meio onde os alunos est�o inseridos.

Segundo o PCN o �conv�vio social e �tica� surgem para reafirmar a fun��o social de a escola formar cidad�os capazes de intervir criticamente na sociedade. Para tal � importante que o curr�culo contemple temas sociais atuais e urgentes que n�o est�o, necessariamente, presentes explicitamente nas �reas tradicionais do curr�culo. Estes temas aparecem transversalizados nas �reas j� existentes, isto �, permeando-as no decorrer de toda a escolaridade obrigat�ria e n�o criando uma nova �rea (Brasil, 1997).

Na opini�o de Gonz�les Lucini (1994 apud YUS, 1998, p. 67)[6] � preciso um projeto a partir de valores como parte essencial do processo educativo da escola por meio de uma perspectiva moral e �tica. No projeto os temas justi�a, solidariedade, igualdade, vida, sa�de, liberdade, toler�ncia, respeito, paz e responsabilidade s�o valores presentes em todos os temas transversais, pois apresentam conte�dos atitudinais(valores, atitudes e normas).

Nos Par�metros Curriculares Nacionais, podemos dizer, que est�o sugeridos os temas Meio Ambiente, Orienta��o Sexual, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo, constitu�dos pela ��tica�. � nesse sentido que enfatizamos a �tica como tema transversal nuclear. A �tica � o tema transversal nuclear inseridos em todas as disciplinas e que impregna todos os demais temas transversais, contribuindo para a concretiza��o do ensino e da aprendizagem.

Podemos afirmar que em todos os temas transversais h�  dimens�o de valores. Diante dessa perspectiva, poder�amos propor um projeto de humaniza��o escolar ou seja, um projeto �tico para o presente e futuro de nossos alunos; compromisso ou desafio solid�rio e que seja compartilhado por toda comunidade educativa.

Nesse contexto podemos falar de temas transversais para verificar a presen�a da �tica como tema eixo. Por exemplo:

a)    Meio Ambiente. Para administrar a problem�tica do lixo, � necess�ria uma combina��o de metas, que v�o da redu��o dos rejeitos durante a produ��o, at� as solu��es t�cnicas de destina��o, como a reciclagem, a compostagem, o uso de dep�sitos, etc. Entretanto para que esse processo ocorra � preciso que condutas valorativas estejam presentes nos educandos e no educador para desenvolver atitudes de compromisso com o ambiente.

b)   Sa�de: A analise das condi��es de vida da popula��o brasileira a partir de informa��es como n�veis de renda, taxa de escolariza��o, saneamento b�sico, diversidade no acesso ao lazer e ao servi�o de sa�de � uma forma de verificar as associa��es entre qualidade de vida e sa�de. Nesse sentido tamb�m � preciso  ado��o de condutas �ticas nos educandos e no educador.

Ap�s termos estabelecido as prioridades a serem desenvolvidas com o projeto curricular da escola, devemos estipular as metas a curto e m�dio prazos para planejar a metodologia de trabalho docente.

MORENO (In BUSQUETS et al., 2000) salienta que os professores ao programarem suas aulas precisam desenvolver t�cnicas e procedimentos did�ticos que permitam levar � aprendizagem,

�(...) se os temas transversais forem tomados como fios condutores dos trabalhos da aula, as mat�rias curriculares girar�o em torno deles, desta forma transformar-se-�o em valiosos instrumentos que permitir�o desenvolver uma s�rie de atividades� (MORENO In BUSQUETS, et al., op. cit., p. 53).

Para uma melhor compreens�o de transversalidade � necess�rio uma an�lise do documento de cada um dos temas transversais, a fim de identificar elementos que possam ser instigadores, para o professor, no sentido do ensino do tema, bem como do seu trabalho ou, ao contr�rio, identificar elementos que possam atuar como limitadores do encontro desse sentido.

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[1] Para uma melhor compreens�o da interdisciplinaridade veja: Japiassu, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

[2] No documento de Introdu��o aos Par�metros Curriculares Nacionais encontram-se explicados a fundamenta��o e os princ�pios gerais dessa proposta. Nos documentos de �reas e Temas Transversais, essa quest�o reaparece na especificidade de cada um deles.

[3] Transversalidade diz respeito � possibilidade de se estabelecer, na pr�tica educativa, uma rela��o entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade). E a uma forma de sistematizar esse trabalho � inclui-lo expl�cita e estruturalmente na organiza��o curricular, garantindo sua continuidade e aprofundamento ao largo da escolaridade (PCN: Temas Transversais, p. 30).

[4] Ternero, em portugu�s, � bezerro. Manteve-se a palavra ternero no texto para que o leitor perceba as semelhan�as entre �ternero� e �terreno�.

[5] Na Espanha o tema eixo que norteiam todas as �reas do conhecimento e Educa��o Moral e C�vica e os temas transversais s�o: Educa��o Ambiental, Educa��o para a Sa�de e Sexual, Educa��o para o Tr�nsito, Educa��o para Paz, Educa��o para igualdade de oportunidades, Educa��o do consumidor, Educa��o Multicultural.

[6] Gonz�les lucini, F. (1994) Temas transversales y �reas curriculares, Madrid: Alauda.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais que orientam a aplicação da transversalidade?

Quais são os temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais?

O conjunto de temas transversais inclui ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde e orientação sexual. Desses, pelo menos os últimos três relacionam-se mais facilmente com a área de ciências e têm sido por ela abordados ao longo dos anos, segun- do organizações e ênfases diversas.

Quais são os quatro pilares dos temas transversais?

A proposta metodológica de trabalho com os TCTs é baseada em quatro pilares (Brasil, 2019a), sendo eles: problematização da realidade e das situações de aprendizagem; integração das habilidades e competências curriculares à resolução de problemas; superação da concepção fragmentada do conhecimento para uma visão ...

Quais são os temas transversais LDB?

Saiba o que são os temas transversais Por meio dessa proposta, as instituições de ensino devem abordar durante as aulas valores referentes à cidadania, como: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Trabalho, Consumo, Pluralidade e Cultura.

Quais são os temas transversais para o ensino fundamental I orientados pelo MEC?

O conjunto de temas aqui proposto (Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde e Orientação Sexual) recebeu o título geral de Temas Transversais, indicando a metodologia proposta para sua inclusão no currículo e seu tratamento didático2 .