Qual a rota mais aceita pelos cientistas da chegada dos seres humanos na América?

Ainda hoje, o processo de ocupação do continente americano é um tema que desperta o interesse de vários membros da comunidade científica. A chegada dos primeiros grupos à América é um assunto repleto de novas descobertas, hipóteses e divergências que atingem a curiosidade dos vários profissionais e curiosos interessados por essa questão. Uma das mais controversas questões gira em torno de uma datação mais exata sobre a presença humana nesta região do planeta.

A discrepância entre os dados é tanta que enquanto algumas pesquisas trabalham com 12 mil anos, outras admitem essa mesma chegada por volta de 60 mil anos atrás. Contudo, apesar de todo o desacordo, é fascinante pensar sobre a desafiadora tarefa que o Homo sapiens moderno teria enfrentado ao se lançar em terras completamente desconhecidas. Como se não bastassem todas essas especulações, temos ainda outro intenso debate sobre a origem dos primeiros grupos que ocuparam a América.

Em geral, existem três hipóteses que tratam a esse respeito. A primeira delas sugere que os primeiros homens americanos teriam surgido na própria América. Apesar de plausível, uma parcela inexpressiva de arqueólogos, antropólogos e paleontólogos acreditam nessa teoria. Tal refutação se sustenta no simples fato de que, até hoje, nunca fora encontrado um único fóssil sequer de hominídeos anteriores ao próprio Homo sapiens no continente.

A mais conhecida teoria de ocupação foi realizada a partir de uma série de pesquisas desenvolvidas no sítio arqueológico de Clóvis, nos Estados Unidos. Segundo essa tese, a ocupação teria acontecido há cerca de 11.500 anos, momento em que a diminuição do nível do mar permitiu emersão de uma faixa de terras que ligaria a Sibéria ao Alasca por meio do Estreito de Bering. Dessa forma, essa teoria defende a ideia que os primeiros ocupantes da América teriam vindo da Ásia.

Durante vários anos essa hipótese foi amplamente aceita na comunidade científica, até que a descoberta de fósseis mais antigos abriu caminho para outra possibilidade. Ao que consta, essa nova teoria se sustenta na presença de fósseis humanos tão ou mais antigos do que aqueles que foram inicialmente descobertos na porção norte do continente americano. A partir dessa constatação, uma incógnita se abriu em relação à hipótese da teoria que explica a chegada do homem pelo Estreito de Bering.

Para resolver essa diferença temporal dos fósseis do norte e do sul, abriu-se caminho para uma nova teoria que supõe que os primeiros homens teriam vindo de pequenas ilhas da Polinésia ou da Oceania. Supostamente, este deslocamento teria sido realizado em pequenas embarcações que possibilitariam a navegação de pequenas distâncias. A sugestão do uso de técnicas de navegação acabou despertando a incredulidade de muitos membros da comunidade científica.

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História

Em pesquisas realizadas principalmente no século XX, todos os fósseis humanos encontrados na América eram muito mais jovens que os encontrados nos outros continentes. Isso faz com que os cientistas acreditem que o homem americano não é oriundo da própria América (autóctone), mas que ele migrou de outras partes do planeta a partir de uma determinada época.

Existem algumas teorias que buscam explicar a chegada do homem à América. Uma delas, conhecida como Teoria Asiática, defende a tese de que os ameríndios vieram da Ásia, passando pela Sibéria e entrando na América pelo Estreito de Bering, entre 50 e 12 mil anos atrás. Essa teoria ganha sustentação quando se comparam semelhanças notáveis nos aspectos físicos e culturais dos primeiros moradores da América com os asiáticos.

Uma outra teoria bastante aventada por vários estudiosos diz que os primeiros moradores da América vieram dos arquipélagos da Polinésia e da Melanésia, entre 10 e 4 mil anos atrás. Diversas tribos da América usam armas como a zarabatana, usam tambores de pele, usam veneno para pescar e constroem casas sobre estacas e árvores, tais como muitos grupos nativos tanto da Polinésia como da Melanésia.

Segundo a Teoria Malaio-Polinésia, os polinésios e melanésios teriam vindo de ilha em ilha em canoas de pranchas, ao longo de várias gerações, até chegarem ao litoral americano e, daí, espalharam-se por todo o continente, adquirindo ou desenvolvendo aspectos culturais de acordo com as necessidades e peculiaridades da região habitada.

A mesma descrição da Teoria Malaio-Polinésia também é aceita para uma outra possível corrente migratória, que teria vindo pelas ilhas do oceano Pacífico, da Austrália para a América: trata-se da Teoria Australiana.

Qual a rota mais aceita pelos cientistas da chegada dos seres humanos na América?
Possíveis correntes migratórias para a América.

A bem da verdade, essas teorias, isoladas, talvez não deem conta de explicar a origem da presença humana na América, mas, quando as somamos, percebemos que o ameríndio pode ter chegado nesse continente por pelo menos três correntes migratórias diferentes. Esse é um assunto ainda em aberto, pois as pesquisas continuam sendo feitas. Mas uma coisa é certa: quando os europeus chegaram à América, ela já estava totalmente ocupada, no mínimo, há quatro mil anos.

Alguns povos que se concentravam principalmente nos atuais países do México e Peru, alcançaram o civilização com o surgimento de Estados, populações de dezenas de milhares, hierarquia de classes sociais, organização pública de serviços, clero profissional e especialistas de todos os trabalhos, desde manufatura até comércio, administração e governo. Veja sobre eles em: Maias, Incas e Astecas.

Quanto as tribos que se encontravam em áreas desérticas, frias e regiões que não estimulavam o extrativismo e, posteriormente, a agricultura, praticavam a caça e tímida coleta dos escassos recursos naturais como maneira de sobrevivência.

No ambiente de agricultura limitada da Floresta Amazônica, nasceu uma frágil civilização em povoamentos densamente habitados nas margens de rios, alimentando-se de peixes, tartarugas e do cultivo da mandioca brava. Essas tribos habitavam, em sua maioria, o território atualmente nacional.

Existem estimativas de que a população indígena no Brasil até a chegada dos portugueses era de mais de um milhão de nativos, distribuídos em diversos grupos. Veja sobre eles em: populações indígenas do Brasil.

Por: José Ferreira

Veja também:

  • Pré-história da América
  • O contato entre brancos e índios na América
  • Colonização da América Espanhola
  • Origem do Homem
  • Primeiros Povos da América

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As principais rotas do povoamento do continente americano foram da Península Ibérica até o Caribe e também da Inglaterra em direção ao ocidente, graças às correntes marítimas de "ida e volta" que passavam pela região.

Qual a rota mais provável da chegada mais antiga ao nosso continente?

Segundo essa teoria, a chegada do homem ao continente americano ocorreu há, aproximadamente, 50 mil anos, quando nômades asiáticos atravessaram o Estreito de Bering; que nesse período encontrava-se congelado em razão da era glacial, formando assim uma ponte natural entre os dois pontos.

Qual a rota mais aceita pelos historiadores para chegada dos primeiros grupos humanos a América?

A teoria mais aceita da ocupação da América, via Estreito de Bering, foi proposta em 1590 pelo historiador e jesuíta espanhol José de Acosto (1540-1600), no livro História Natural e Moral das Índias, de 1590.