Qual continente mais se destacou na produção científica Nesse período 2010

Qual continente mais se destacou na produção científica Nesse período 2010

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2.1. A ciência

  • 65 MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos: fundamentos y aplicación al análisis de la c (...)

1Desde o século XX em diante, é um facto que a ciência tem adquirido uma crescente importância nas sociedades do mundo contemporâneo, influenciando o desenvolvimento económico, político e cultural dos países. Maltrás Barba vai mais longe ao situar este fenómeno em plena Época moderna: “la ciência es el fenómeno cultural y social más importante de los últimos quatro siglos.”65 Contudo, como menciona o autor, terá sido apenas na centúria de novecentos que a ciência se converte na instituição social mais dinamizadora, em que os seus efeitos se repercutem nas inovações tecnológicas e nas próprias bases das sociedades hodiernas.

  • 66 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica mediante indicadores bi (...)

2Neste contexto, mereceu especial destaque a publicação da obra The Social Function of Science, da autoria do cientista irlandês John Desmond Bernal, em 1939. Esta obra representou um importante marco no que respeita ao entendimento da estreita relação entre ciência e sociedade, influenciando muitos outros investigadores, entre os quais Price, na obra Litttle science, big science (1963)66.

  • 67 Para uma visão aprofundada do designado «processo de matematização das ciências», leia-se: GORBEA P (...)

3Uma outra característica da ciência contemporânea é a que Gorbea Portal designa como «processo de matematização das ciências» e que se traduz na aplicação sistemática de métodos estatísticos e matemáticos aos mais distintos campos da ciência, inclusive às Ciências Sociais e às Humanidades. De acordo com o autor, este fenómeno resulta da constante interdisciplinaridade que caracteriza o desenvolvimento científico dos nossos dias e que potenciou o incremento das especialidades métricas, tais como a econometria, a biometria, a psicometria, entre outras67. Como constatamos, o caminho percorrido pela bibliometria, enquanto disciplina integrante das CID, é idêntico ao de outras especialidades métricas, concretizando-se, no seu caso, pela aplicação de técnicas matemáticas e estatísticas às características bibliográficas dos documentos.

  • 68 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica a (...)

4A partir dos anos 60 do século XX, surgiu a chamada «ciência da ciência», resultante da confluência da documentação científica, da sociologia da ciência e da história social da ciência, com a finalidade de estudar a atividade científica como fenómeno social através de indicadores e modelos matemáticos. Este domínio originou o que, hoje em dia, designamos como «Estudos da ciência» ou «Estudos sociais da ciência», área do conhecimento profundamente interdisciplinar, na qual também se insere a bibliometria68.

  • 69 Cf. SPINAK, Ernesto — “Indicadores cienciométricos”. Ciência da informação. Vol. 27, n.º 2 (1998), (...)

5De acordo com Spinak, podemos considerar a ciência como um sistema de produção de informação, em concreto informação sob a forma de publicações. Por conseguinte, este sistema pressupõe a existência de recursos (inputs) e de resultados (outputs). A medição destas duas categorias constitui a base de partida para a construção dos chamados indicadores científicos, isto é, dos parâmetros que são utilizados para avaliar qualquer atividade69.

6Ainda sobre esta questão, Sancho Lozano afirma que o processo científico pode ser considerado como um balanço custo/benefício ou inversão/resultado (input/output), portanto, como se de um modelo económico se tratasse:

  • 70 SANCHO LOZANO, Rosa — Directrices de la OCDE para la obtención de indicadores de ciencia y tecnolog (...)

“Los costes o inversiones en ciencia son tangibles y se miden con los mismos patrones que otras actividades, es decir, en términos de recursos financieros aportados, gastos originados y recursos humanos disponibles. Por el contrario, los resultados o beneficios de la ciencia, son intangibles, multidimensionales, y prácticamente imposibles de cuantificar en términos económicos. Téngase en cuenta que lo que se trata de medir es la producción y el aumento del conocimiento y éste es un concepto intangible y acumulativo. Además, estos beneficios de la ciencia se revelan sólo indirectamente, y a menudo, con mucho retraso, por lo que el costo-beneficio de la ciencia no se puede estimar según modelos convencionales.”70

7De facto, como bem assinala Sancho Lozano, não é tarefa fácil medir os resultados da ciência, pois trata-se de um sistema complexo, dinâmico e multidimensional, no qual intervêm diversos fatores, não existindo ainda um consenso internacional sobre esta matéria. Neste sentido, uma das possibilidades encontradas foi a aplicação sistemática da estatística à ciência e também à tecnologia. Esta prática remonta à década de 50 do século XX, nomeadamente aos países com economias baseadas no mercado livre, pois, devido ao aumento sucessivo de recursos canalizados para atividades de I&D, estes países começaram a reunir dados através de métodos estatísticos.

8Desde então, algumas organizações internacionais passaram a dedicar-se à complexa tarefa de elaboração de indicadores válidos e comparáveis internacionalmente, com o objetivo de medir os resultados da investigação científica de cada país, entre as quais se evidenciam a OCDE e o Eurostat (Gabinete de Estatísticas da União Europeia).

  • 71 Para uma visão mais aprofundada destes manuais, leia-se: SPINAK, Ernesto — “Indicadores cienciométr (...)

9O desenvolvimento de metodologias por parte destas organizações efetiva-se, entre outras formas, pela elaboração de manuais de referência, entre os quais salientamos os três mais significativos: Manual de Frascati (1.ª ed., 1963), Manual de Oslo (1.ª ed., 1990) e Manual de Camberra (1ª ed., 1995)71.

  • 72 Aceda-se em www: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE

10Em Portugal, é o Instituto Nacional de Estatística (INE) o organismo oficial responsável por produzir e difundir informação estatística oficial de excelência. As operações estatísticas do INE são realizadas tendo como base os padrões internacionais estabelecidos, de forma a garantir a qualidade da informação estatística produzida72.

2.2. Política científica e avaliação da ciência e tecnologia

11Partindo da premissa de que a ciência é uma atividade social, a sua avaliação é basilar. Conforme afirma López Yepes, avaliar é valorizar, mostrar o valor de algo, sendo que, no contexto da avaliação da ciência, a aceitação de verbos como calcular e apreciar corroboram a existência de uma avaliação de aspetos quantitativos e de aspetos qualitativos:

  • 73 LÓPEZ YEPES, José — “La evaluación de la ciencia en el contexto de las Ciencias de la Documentación (...)

“[…] la evaluación es, en suma, la valoración cualitativa y cuantitativa y la crítica objetiva de todos los elementos que constituyen el proceso de la investigación científica con la ayuda de métodos adecuados.”73

  • 74 Sobre a importância da disciplina de Documentação no contexto da avaliação da atividade científica, (...)

12Neste contexto, as Ciências da Documentação, como as designa o autor, desempenham, pela sua estreita vinculação à ciência, uma função crucial no processo de avaliação científica, essencialmente devido a três funções que lhe são inerentes: função de produção e crescimento dos saberes; função de comunicação; e, por último, função de avaliação dos mesmos. Por outras palavras, a Documentação intervém em todas as fases do processo de investigação, ou seja, nos sujeitos de investigação, no objeto de investigação e nos seus resultados, daí a posição privilegiada que detém para apoiar o próprio processo de avaliação científica74.

13Retomemos à ciência como atividade social. Atualmente, é ponto assente que a sociedade investe um conjunto de recursos muito diversificados, que tenciona ver corretamente geridos e potenciados e que garantam, em última análise, o crescente desenvolvimento científico e tecnológico. Deste modo, a avaliação pode recair sobre investigadores, grupos, centros de investigação ou organismos, possibilitando a correta atribuição de fundos à investigação, dado que adquire ainda uma maior relevância quando se trata do investimento de recursos públicos.

14Para além disso, a avaliação permite conhecer melhor o sistema científico dos países, evidenciando os seus pontos fortes e os seus pontos fracos, de molde a melhorá-lo. Dentro dos sistemas científicos, não esqueçamos ainda os próprios investigadores que, através da avaliação, podem monitorizar a sua atividade científica, respetivos resultados e impacto da mesma.

  • 75 Acerca da relevância e objetivos da avaliação da ciência, v.: MORAVCSIK, M. J. — “Como evaluar la c (...)

15Por fim, o processo de avaliação da ciência e da tecnologia facilita um ajustado planeamento das políticas científicas, apoiando também a tomada de decisões neste domínio75.

  • 76 Cf. ID., ibid., pp. 315 e 316.

16Moravcsik aponta, ainda, três outras razões pelas quais é necessário avaliar a ciência: 1) a ciência encontra-se relacionada com a tecnologia, que, por sua vez, melhora a vida material das sociedades; 2) a ciência assume-se como uma aspiração geral da humanidade, que traduz progresso e prestígio para os países que a fomentam e a lideram; 3) a ciência contribui grandemente para moldar a visão que os indivíduos possuem do mundo76.

  • 77 Cf. SPINAK, Ernesto — “Indicadores cienciométricos”…, p. 44.

17De acordo com Spinak, a avaliação da ciência e da tecnologia é fundamental à construção do potencial científico e tecnológico dos países, permitindo, por um lado, aferir se as investigações cumprem as metas sociais e económicas a que se propõem e, por outro, averiguar a existência de infraestruturas adequadas e reconhecer programas que garantam a sustentabilidade das futuras gerações de investigadores77.

18Neste sentido, para Spinak, a verdadeira essência da avaliação científica consiste no seguinte:

  • 78 ID., ibid., p. 45.

“[…] el proceso de evaluación debe distinguirse de la recolección de datos o indicadores científicos. La recopilación y tabulación de los datos cualitativos y cuantitativos, así como el monitoreo de las actividades son sólo componentes de la evaluación. […]. La cuestión fundamental […] es si el esfuerzo de investigación y publicación científica resulta en una contribución real al progreso científico de esa sociedad [..] o, si por lo contrario, el esfuerzo es redundante y sin utilidad significativa.”78

  • 79 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 15.
  • 80 Aceda-se em www: http://socialsciences.leiden.edu/cwts/news/11th-international-conference-on-sti-cw (...)

19Por estas razões, a avaliação da ciência e da tecnologia é já uma prática comum, não só entre os países desenvolvidos mas também entre os países em vias de desenvolvimento, que reveem nesta tarefa uma forma de incrementar e afinar as suas políticas científicas e de desenvolvimento nacional79. Neste contexto, destacamos a realização periódica da International Conference on Science and Technology Indicators, a última das quais, a 18.ª, teve lugar em Berlim (Alemanha), em setembro de 2013. Estas conferências são demonstrativas da relevância que detêm os indicadores de ciência e tecnologia como um importante instrumento de avaliação da política científica e de monitorização da investigação à escala internacional80.

20Todavia, a avaliação necessita de produtos, ou seja, de publicações, que constituem o canal privilegiado para a comunicação e a divulgação científicas. Esta problemática conduz-nos ao sistema de publicação da ciência, largamente estudado por Maltrás Barba, que o descreve do seguinte modo:

  • 81 MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos…, p. 17. Na mesma obra, cf. especialmente a p (...)

“[…] conjunto de elementos y pautas que sostienen, regulan y perpetúan el proceso por el que los investigadores hacen accesibles de modo ‘oficial’ al resto de la comunidad científica sus pretensiones de contribuir al acervo científico. El fruto de este sistema es la ‘literatura científica’, ese agregado de documentos pertenecientes a una clase muy particular que delimita el escenario de los debates científicos y que hace posible que la ciencia sea una empresa colectiva.”81

21De facto, a comunicação é o âmago da ciência e o seu objetivo último, permitindo tornar públicos os resultados da investigação. Ora, um dos canais de comunicação mais utilizados pela comunidade académica é a revista científica, que, pelas suas características, facilita o processo de discussão e de divulgação dos resultados da investigação. Atualmente, é bastante notória a preferência dos investigadores pela publicação dos seus trabalhos em revistas científicas internacionais com fator de impacto (FI), conceito que exploraremos mais adiante.

  • 82 Cf. ID., ibid., p. 97.

22Desta forma, a revista científica assume-se como um objeto da maior importância no âmbito da análise bibliométrica devido a três razões fundamentais: em primeiro lugar, revela o conjunto de documentos cujo conhecimento é indispensável; em segundo lugar, faculta critérios para a distribuição temática e padrões de referência ajustados; e por último, possibilita efetuar estimativas sobre a qualidade de conjuntos documentais82.

  • 83 A DGEEC substituiu o Gabinete de Estratégia, Planeamento, Avaliação e Relações Internacionais (GPEA (...)

23Em Portugal, é a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC)83, sob tutela do Ministério da Educação e Ciência (MEC), o organismo responsável pela produção de estatísticas de ciência e tecnologia, designadamente sobre as seguintes questões: 1) inovação; 2) investigação e desenvolvimento; 3) orçamento de ciência e tecnologia; 4) produção científica; 5) recursos humanos em ciência e tecnologia.

  • 84 Mais adiante, exploraremos em detalhe o conceito de «indicador bibliométrico», pelo que neste ponto (...)
  • 85 Aceda-se em www: http://www.dgeec.mec.pt/np4/home

24No contexto desta investigação, interessam-nos, sobretudo, os relatórios com dados de produção científica que incluem indicadores bibliométricos84 e as séries estatísticas da produção científica portuguesa, disponíveis para os anos de 1981-2010 e 1990-2010, respetivamente, tendo por base os dados existentes na plataforma InCites, da Thomson Reuters. Esta plataforma é constituída a partir de informação disponível na base de dados da Web of Science (WOS) e compreende todos os registos bibliográficos publicados em revistas internacionais de referência, indexadas pela Thomson Reuters, que contenham pelo menos um autor com filiação institucional portuguesa85.

  • 86 As séries estatísticas fornecidas pela DGEEC abrangem, em alguns casos, o período de 1990-2010, o q (...)

25Por conseguinte, podemos retirar das séries estatísticas sobretudo informações de caráter genérico, tais como dados estatísticos sobre a produção científica portuguesa para o período em análise86, em particular na área das Humanidades, já contemplada nestas séries, e que nos interessam especialmente. Assim sendo, atendendo às séries estatísticas, podemos extrair as seguintes informações:

  • Em 2005 e em 2010, o número de publicações por cada milhão de habitantes em Portugal é de 506 e 832, respetivamente;

  • A taxa de crescimento do número de publicações em Portugal, entre 2000-2010, é de 159%, colocando o nosso país na segunda posição face aos restantes países europeus;

  • Entre 2005-2010, a taxa de crescimento do número de publicações por cada milhão de habitantes em Portugal é de 61%;

  • número de publicações portuguesas por área científica, entre 1990 e 2010, revelou-se maior na área das Ciências Exatas, seguindo-se, por ordem decrescente, as Ciências Médicas e da Saúde, as Ciências Naturais, as Ciências da Engenharia e Tecnologias, as Ciências Agrárias, as Ciências Sociais, as Humanidades e, por fim, as Multidisciplinares;

  • Entre 1990 e 2010, o número de publicações na área científica das Humanidades (geral), salvo algumas oscilações, evoluiu positivamente. O mesmo sucedeu para as áreas da História e Arqueologia, que evidenciam um crescimento gradual, alcançando a segunda posição no contexto da produção científica em Humanidades, cabendo o primeiro lugar às línguas e às Literaturas;

  • Entre 2005 e 2010, a taxa de crescimento do número de publicações por área científica foi maior nas Humanidades, atingindo um valor de 207%, seguindo-se as Ciências Sociais com 151%; as Ciências Médicas e da Saúde com 114%; as Ciências Agrárias com 71%; as Ciências Naturais com 62%; as Ciências da Engenharia e Tecnologias com 42%; e, por fim, as Ciências Exatas com 39%;

  • número de publicações por tipo de documento, entre 1990 e 2010, atinge o maior valor no artigo científico, cerca de 67% face à totalidade das restantes tipologias documentais;

    • 87 Relativamente a estas informações e a outras de âmbito mais genérico sobre a produção científica po (...)

    Relativamente à colaboração internacional na área das Humanidades, verificamos que esta tem vindo a crescer de forma progressiva entre 1990-2010 e que os países que mais colaboram com Portugal são os Estados Unidos da América, com uma taxa de 50%, a Espanha (44%), o Reino Unido (39%), a França (37%) e o Brasil (12%)87.

26Importa ainda apresentar alguns dados sobre as dotações orçamentais para C&T (Ciência e tecnologia) e I&D. O orçamento de C&T é uma ferramenta de planeamento e de gestão da política científica nacional que tem como finalidade alcançar informação sobre o financiamento público nacional em atividades de I&D.

27Nas dotações orçamentais são considerados os organismos públicos executores e/ ou financiadores de atividades de I&D, agrupados do seguinte modo: laboratórios do Estado; organismos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (atual MEC) de coordenação e financiamento do sistema nacional de C&T; organismos do ensino superior (universidades e institutos superiores politécnicos); outros organismos ou programas executores e/ou financiadores de atividades de I&D tutelados por outros ministérios.

28Apresentamos de seguida alguns indicadores síntese atinentes às dotações orçamentais iniciais (em milhões de euros) para C&T e I&D, entre 2009-2011, que traduzem uma tendência em crescendo, ainda que de forma bastante gradual:

  1. I&D: 1 552, 1 765, 1 820, entre 2009 e 2011, respetivamente;

  2. C&T: 1 655, 1 822, 1 867, entre 2009 e 2011, respetivamente;

  3. I&D/PIB (Produto Interno Bruto): 0,92%, 1,02%, 1,03%, entre 2009 e 2011, respetivamente;

    • 88 Sobre estes indicadores síntese, v.: PORTUGAL. Ministério da Educação e da Ciência. Gabinete de Est (...)

    C&T/PIB: 0,99%, 1,06%, 1,06%, entre 2009 e 2011, respetivamente88.

  • 89 A respeito do IPCTN, aceda-se em www: http://www.dgeec.mec.pt/np4/206

29Ainda no contexto das atribuições da DGEEC, assinalamos a importância da publicação anual de documentos metodológicos, entre os quais o Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN). O IPCTN recolhe informação oficial, ao nível nacional, que permite a construção de indicadores estatísticos de caracterização e evolução do sistema científico e tecnológico nacional, por meio do levantamento dos recursos humanos e financeiros em atividades de I&D nas unidades de Estado, do ensino superior e nas instituições privadas sem fins lucrativos. Para além disso, este inquérito visa quantificar o número de investigadores e de unidades de I&D em Portugal. Até à data, foram divulgados os resultados provisórios do IPCTN relativo a 201289.

  • 90 Aceda-se em www: http://www.ricyt.org

30A finalizar, referimos a Rede de Indicadores de Ciência e Tecnologia (ibero-americana e interamericana) — RICYT —, na qual participam os países do continente americano e também Portugal e Espanha. A RICYT tem como finalidade a elaboração e promoção de instrumentos de medição e avaliação da ciência e da tecnologia, nomeadamente de indicadores que possibilitem a comparação e o intercâmbio de informação entre os diferentes países cooperantes. Esta rede disponibiliza várias tipologias de indicadores, atualizados periodicamente, a saber: de contexto; de recursos (financeiros e humanos); do ensino superior; de patentes; e bibliométricos90. É ainda de assinalar que estes indicadores têm auxiliado na execução dos relatórios para o IPCTN elaborados pela DGECC, em concreto através do fornecimento de dados sobre o total nacional da despesa em I&D.

31Porém, tal como assinalou Sancho Lozano, pelo facto dos resultados em ciência serem intangíveis e multidimensionais, é bastante difícil a determinação e o estabelecimento de métodos de avaliação claros, objetivos e unânimes. Tendo isto em conta, a avaliação da atividade científica e tecnológica deve realizar-se sob diversas perspetivas, que combinem vários indicadores, evitando, portanto, análises redutoras que conduzam a resultados pouco consistentes e deturpadores do universo em estudo. Só assim é que a avaliação consegue alcançar os seus objetivos de forma eficaz e fiável, permitindo uma adequada atribuição dos recursos e auxiliando o processo de tomada de decisão no âmbito da política científica. Acrescenta-se, ainda, que os indicadores normalizados são fundamentais à elaboração e afinação da política científica e tecnológica e à inovação.

32No âmbito do presente estudo, oferece particular interesse a avaliação efetuada no contexto das instituições de ensino superior. Como sabemos, este desempenha um papel fundamental nos sistemas nacionais de ciência e tecnologia, contribuindo, grandemente, para o avanço do conhecimento científico e para a inovação enquanto instrumentos estratégicos de desenvolvimento dos países.

33Atualmente, a atividade científica do ensino superior caracteriza-se pela sua multidimensionalidade. Neste processo, intervêm diversas variáveis, entre as quais a formação, a investigação, a inovação e a divulgação.

34Partindo desta premissa, numa comunicação recente no âmbito da problemática da avaliação da qualidade do ensino superior e da investigação, Sanz Casado et al. sugeriram a utilização de indicadores complementares aos tradicionalmente utilizados. Para os autores, a avaliação do ensino superior não deverá partir somente da produção científica concretizada pelos seus investigadores (publicações e respetiva visibilidade), devendo recorrer-se a outro tipo de indicadores, designadamente a:

  • Projetos de investigação;

  • Corpo docente permanente;

  • Reconhecimento científico;

  • Projetos nacionais e da União Europeia;

  • Formação de investigadores, em concreto através de formação avançada (teses de doutoramento).

  • 91 Para uma visão mais aprofundada da investigação realizada pela equipa do Laboratório de Estudos Mét (...)

35A utilidade de recorrer simultaneamente a todos estes indicadores reside no facto de a perspetiva obtida através da sua combinação ser multidimensional, possibilitando uma análise mais completa e profunda da atividade científica do ensino superior91.

  • 92 De entre os estudos de Godin relativos à problemática das universidades enquanto principais centros (...)

36Neste contexto, importa ainda referir uma outra característica do atual ensino superior que é a sua estreita relação com os demais sistemas de produção do conhecimento, nomeadamente com laboratórios governamentais, institutos de I&D (públicos e privados), indústrias e hospitais. Não obstante, tem surgido alguma literatura da especialidade que defende a existência de um progressivo descentramento dos centros de produção do conhecimento das universidades para outros sistemas de investigação, como os atrás assinalados. Esta perspetiva é contraposta pelos trabalhos de Godin que sustentam a tese de que embora seja um facto os centros de produção do conhecimento se encontrarem num processo de diversificação, são ainda as universidades a permanecerem como os principais focos de produção científica, embora incrementem permanentes mecanismos de colaboração que, em última análise, enriquecem e desenvolvem o conhecimento científico e tecnológico92.

37Presentemente, no que respeita ao caso português, a avaliação do ensino superior encontra-se sob a tutela de diversos organismos.

  • 93 Aceda-se em www: http://www.a3es.pt/pt
  • 94 Entre os principais indicadores de desempenho, contam-se os três atuais ciclos de ensino, a investi (...)

38Em primeiro lugar, destacamos a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, instituída pelo Estado através do Decreto-Lei n.º 369/2007, de 5 de novembro93. Este organismo disponibiliza estudos e documentos de trabalho elaborados no âmbito das suas competências e atribuições, entre os quais um completo relatório com os indicadores de desempenho para apoiar os processos de avaliação e acreditação de cursos do ensino superior português, datado de abril de 201094.

  • 95 Aceda-se em www: http://www.crup.pt/pt
  • 96 Para uma visão mais completa deste estudo, consulte-se o respetivo documento eletrónico disponível (...)

39Em segundo lugar, salientamos o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP)95, criado em 1979, conforme estipulado pelo Decreto-Lei nº 107/1979, de 2 de maio. Este organismo divulgou recentemente os resultados de um estudo da responsabilidade da rede «Universitas 21» designado U21 Ranking of National Higher Education Systems 2012. Este estudo desenvolveu um ranking de sistemas de ensino superior, com a finalidade de comprovar a mais-valia da criação de contextos fortes para que as instituições de ensino superior possam colaborar no desenvolvimento económico e cultural dos respetivos países. Este estudo teve em conta 48 países, selecionados com base na lista de países mais bem classificados nos rankings de resultados de investigação do National Science Foundation. Entre outras conclusões a que este estudo permitiu chegar, pode aferir-se que existe uma proporcionalidade direta entre recursos disponibilizados e resultados obtidos, sendo que os países com mais resultados são, por norma, os que recebem também mais recursos. No ranking geral, Portugal ocupa o 23.º lugar, cabendo os lugares cimeiros aos sistemas de ensino superior de maior qualidade, que pertencem aos Estados Unidos, à Suécia, ao Canadá, à Finlândia e à Dinamarca96.

  • 97 Aceda-se em www: http://www.fct.pt

40Hoje em dia, a instituição que coordena e regula por excelência o sistema científico e tecnológico português e respetiva política científica é a FCT, tutelada pelo MEC, aos quais já nos reportámos. A FCT foi criada em 1997 e sucedeu à Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica97. A sua missão é promover o conhecimento científico e tecnológico em Portugal, com o objetivo de atingir os mais elevados padrões internacionais de criação do conhecimento, estimulando a sua difusão.

41No âmbito da avaliação das candidaturas e financiamentos de I&D propostos à FCT, esta assume duas responsabilidades fundamentais: por um lado, repartir os fundos públicos que se encontram sob a sua responsabilidade de forma justa, equilibrada e transparente; por outro, aperfeiçoar os métodos de reconhecimento e promoção da investigação com potencial, relevância e mérito científicos. Neste sentido, avaliação e financiamento são indissociáveis.

  • 98 Retomaremos em detalhe o conceito de «revisão por pares» (peer review) mais adiante.
  • 99 Sobre a avaliação levada a cabo pela FCT no âmbito da investigação científica e tecnológica, aceda- (...)

42Para garantir uma avaliação dentro dos moldes atrás mencionados, a FCT recorre à avaliação por pares (peer review), constituída por avaliadores e painéis, nacionais e internacionais98. Para além de informação relativa aos financiamentos atribuídos, a FCT disponibiliza igualmente informação sobre os processos de avaliação, em concreto dados quantitativos, publicados regularmente99.

  • 100 Aceda-se em www: http://www.adi.pt
  • 101 Aceda-se em www: http://www.cienciaviva.pt/home
  • 102 Aceda-se em www: http://www.fccn.pt/pt
  • 103 Aceda-se em www: http://www.gpeari.mctes.pt
  • 104 Aceda-se em www: http://www.umic.pt

43Paralelamente à FCT, existem em Portugal outros organismos governamentais que apoiam as atividades de I&D, entre os quais referimos: Agência de Inovação100; Ciência Viva — Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica101; Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN)102; DGEEC, já mencionada103; e Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC)104.

2.3. Métodos de avaliação da atividade científica

  • 105 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…” (...)

44A avaliação científica necessita de métodos e de técnicas para cumprir os seus objetivos. Na literatura da especialidade, a avaliação da investigação reparte-se por dois grupos, em função da metodologia adotada: um primeiro grupo, focado nos aspetos qualitativos da investigação científica; um segundo grupo, que mede os aspetos quantitativos da mesma. Enquanto o primeiro avalia a qualidade científica das publicações, o segundo mede a produtividade ou quantidade das mesmas105.

45Em seguida, abordaremos dois métodos da avaliação da atividade científica: a avaliação por pares — comummente designada por peer review — e a avaliação através dos indicadores bibliométricos.

2.3.1. Avaliação por pares (peer review)

46A avaliação por pares (peer review), também designada por arbitragem científica, é um dos sistemas de avaliação da atividade científica com maior tradição e que tem vindo a ser utilizado de forma sistemática desde os anos 60 do século XX, assumindo-se, desde então, como um elemento fundamental para o controlo de qualidade e de adequação aos cânones impostos pela comunidade científica internacional. De acordo com Borges, a avaliação por pares pode entender-se do seguinte modo:

  • 106 BORGES, Maria Manuel — A esfera: comunicação académica e novos media. Coimbra: [s.n.], 2006, p. 29.

“[…] sistema de filtragem que permite controlar a qualidade das publicações para eleição dos itens de informação importantes daquela área do conhecimento. O processo de filtragem é fundamental para a ciência, já que o seu crescimento depende, em última análise, deste processo: quanto mais selectivo for, maior o abrandamento no crescimento da literatura.”106

  • 107 Para uma visão genérica das características da avaliação por pares, leia-se: LASCURAIN SÁNCHEZ, Mar (...)

47Por outras palavras, a avaliação por pares consiste em solicitar uma opinião a um grupo de especialistas em determinada matéria sobre a qualidade de uma dada atividade científica, relativamente a uma instituição, grupo de investigação ou indivíduos. A avaliação pode recair sobre diferentes objetos, entre os quais a produção bibliográfica, os projetos de investigação, a capacidade docente, prémios recebidos ou méritos de investigação reconhecidos. Assim, a avaliação pode servir diversas finalidades, tais como a seleção de trabalhos para sua posterior publicação; a admissão de comunicações em congressos; a nomeação de projetos de investigação para financiamento; e, ainda, para a própria avaliação de desempenho das universidades e seus departamentos, enquanto focos privilegiados de desenvolvimento, consolidação e difusão da ciência107.

  • 108 Cf. BORGES, Maria Manuel — A esfera…, p. 29.

48Como bem assinala Borges, a certificação do controlo de qualidade apresenta uma dupla dimensão: por um lado, ela é útil para o utilizador, já que a seleção prévia, conseguida através da revisão por pares, permite publicar os trabalhos mais significativos e de maior qualidade; por outro, para o autor, ela significa o reconhecimento da qualidade do seu trabalho108.

  • 109 Cf. MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos…, pp. 46-49.
  • 110 Para uma noção sistematizada das possíveis variações do sistema de revisão por pares, cf.: BORGES, (...)

49De acordo com as mais recentes investigações de Maltrás Barba, o processo de avaliação por pares pode resumir-se a três conceitos: o primeiro é o de paridade, que se refere ao facto de a revisão dever ser realizada por colegas do autor, isto é, por pessoas da mesma condição: os pares; o segundo é o de pluralidade, que se relaciona com a necessidade de a avaliação ser efetuada por mais do que um avaliador em simultâneo; e, o terceiro, é o de anonimato, que se traduz em manter oculta a identidade não só dos autores dos trabalhos mas também dos pares nomeados para os avaliarem109. Todavia, é de notar que, durante estes últimos anos, o sistema de anonimato na revisão por pares tem coexistido com outras práticas, nas quais o conhecimento que autor e avaliador têm um do outro não é necessariamente o desconhecimento mútuo110.

  • 111 Relativamente às limitações metodológicas do sistema de revisão por pares, v.: MALTRÁS BARBA, Bruno (...)

50Porém, a avaliação por pares apresenta algumas limitações metodológicas que têm vindo a ser assinaladas na literatura da especialidade, tais como111:

  1. Pressão social e política no seio da comunidade científica, que pode afetar a avaliação dos investigadores pelos seus pares;

  2. Parcialidade dos árbitros, motivada por relações pessoais;

  3. «Efeito halo», por meio do qual os cientistas mais prestigiados têm mais possibilidades de receber uma avaliação positiva;

  4. «Efeito Mateus», termo introduzido por Merton em 1968, que se refere à tendência de os investigadores de topo poderem obter um reconhecimento desproporcionadamente maior quando comparado com o dos seus colegas;

  5. Elevados custos financeiros e temporais implicados na utilização deste método.

  • 112 Sobre as alternativas ao sistema de revisão por pares, leia-se: CAMPANARIO, José Miguel — “El siste (...)

51Na tentativa de superar as limitações atrás descritas, uma alternativa que tem vindo a receber opiniões favoráveis é a da «revisão aberta», na qual autor e avaliador conhecem a identidade mútua, tornando o processo de avaliação mais transparente e justo. Outra das propostas possíveis é a disponibilização eletrónica da produção científica, nomeadamente das revistas, para que os próprios leitores acrescentem os seus comentários, numa fase prévia à sua publicação na Internet112.

52Podemos, pois, concluir que o sistema de revisão por pares, pese embora as suas limitações, representa um mecanismo fiável e eficaz para avaliar a atividade científica, colocando-a em discussão e filtrando-a. O resultado visível da revisão por pares é a publicação oficial de documentos científicos de qualidade. Este método deve ser combinado com outras formas de avaliação da atividade científica, de que são exemplo os denominados «indicadores bibliométricos», que podem apoiar as decisões dos avaliadores pelo fornecimento de dados quantificáveis e objetivos. É o que observaremos de seguida.

2.3.2. Os indicadores bibliométricos

53Tal como já constatámos, a avaliação científica necessita de métodos e de técnicas que garantam a prossecução dos seus objetivos de forma eficiente e credível. Ora, esses métodos e técnicas consistem em indicadores que possibilitam examinar determinados domínios da atividade científica, bem como estabelecer critérios de comparação que auxiliem a tomada de decisões no âmbito da política científica. Para além da revisão por pares, a que já nos referimos, existem outros sistemas de avaliação da atividade científica complementares que permitem atenuar o grau de subjetividade deste método de avaliação. Reportamo-nos aos indicadores quantitativos, que, com a sua objetividade, atenuam a parcialidade inerente aos juízos de valor dos pares.

Propostas de definição

54A bibliometria tem centrado esforços no sentido de criar indicadores objetivos da atividade científica, que designamos por «indicadores bibliométricos». As definições oferecidas pela literatura científica para este conceito são muito variadas, cabendo-nos apresentar algumas das mais significativas.

55Para Sancho Lozano (1990), os indicadores bibliométricos definem-se como:

  • 113 SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos utilizados en la evaluación de la ciencia y la te (...)

[…] los parámetros que se utilizan en elproceso evaluativo de cualquier actividad. Normalmente, se emplea unconjunto de ellos, cada uno de los cuales pone de relieve una faceta del objeto de la evaluación.”113

56Por sua vez, Gómez Caridad e Bordons Gangas (1996) descrevem os indicadores bibliométricos da seguinte forma:

  • 114 GÓMEZ CARIDAD, Isabel; BORDONS GANGAS, María — “Limitaciones en el uso de los indicadores bibliomét (...)

[…] datos estadísticos deducidos de las publicaciones científicas. Su uso se apoya en el importante papel que desempeñan las publicaciones en la difusión de los nuevos conocimientos, papel asumido a todos los niveles del proceso científico. Estos indicadores son válidos en aquellos contextos en que los resultados de investigación dan lugar a publicaciones científicas, lo cual es habitual en las áreas científicas más básicas.”114

  • 115 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…” (...)

57Na linha de pensamento de Bordons Gangas e Zulueta García (1999), nos nossos dias, os indicadores bibliométricos ou de produção científica, também assim denominados pelas autoras, assumem-se como indicadores válidos para avaliar os resultados da investigação, juntamente com outros indicadores, de que são exemplo as patentes ou, ainda, novos produtos das áreas mais tecnológicas, tais como os relatórios115.

58Do ponto de vista de Sanz Casado e de Martín Moreno (1997), podemos entender os indicadores de tipo bibliométrico como:

  • 116 SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas aplicadas a los estudios de us (...)

“[...] datos numéricos extraídos de los documentos que publican los investigadores o de los que utilizan los usuarios, y que permiten analizar distintas características de su actividad científica, vinculadas, tanto a lo su producción como a su consumo de información.”116

59Para Maltrás Barba (2003), os indicadores bibliométricos apresentam-se enquanto:

  • 117 MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos…”, p. 121.

“[...] medidas, basadas habitualmente en recuentos de publicaciones, que persiguen cuantificar los resultados científicos atribuibles bien a unos agentes determinados, bien a agregados significativos de esos agentes.117

60A este propósito, o autor acrescenta ainda que o universo de publicações observado pertence à literatura científica, o que garante a sua coesão formal e de conteúdo. Por conseguinte, os indicadores bibliométricos a calcular podem ter como alvo investigadores, instituições, regiões, países e disciplinas.

  • 118 Cf. RUEDA-CLAUSEN GÓMEZ, Christian [et al.] — “Indicadores bibliométricos: origen, aplicación, cont (...)
  • 119 Em relação às novas propostas metodológicas introduzidas por RUEDA-CLAUSEN GÓMEZ et al., consulte-s (...)

61Numa investigação mais recente (2005), na qual se efetua um estado da arte sobre os indicadores bibliométricos, Rueda-Clausen Gómez et al. apontam o ano de 1885 como a data em que os métodos matemáticos foram utilizados pela primeira vez para avaliar a ciência. Referem-se à investigação de Alphonse de Condolle, Historie des Sciences et des Sçavants depuis Deux Siècles, que estuda a comparação das publicações científicas em 14 países europeus e dos Estados Unidos da América. De acordo com estes autores, atualmente, os indicadores bibliométricos correspondem a ferramentas de grande utilidade para medir a qualidade e o impacto da produção científica e afirmam-se como um dos sistemas mais válidos da avaliação, qualificação e comparação da ciência118. Neste estudo, Rueda-Clausen Gómez et al. salientam que, não obstante a aceitação dos indicadores bibliométricos ser global no contexto da investigação científica, estes não estão livres de controvérsia, sobretudo no que respeita à sua independência, validade e representatividade. Neste sentido, de acordo com os autores, é premente a construção e o desenvolvimento de novos indicadores bibliométricos que possibilitem uma avaliação clara e isenta de todos os processos científicos, não fosse esta uma das finalidades máximas da bibliometria119.

  • 120 Cf. SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, p. 843.

62Os indicadores bibliométricos permitem determinar, fundamentalmente, os seguintes aspetos120:

  1. Crescimento de qualquer área da ciência, de acordo com a variação cronológica do número de trabalhos nela publicada;

  2. Envelhecimento dos campos científicos segundo a “vida média” das referências das suas publicações;

  3. Evolução cronológica da produção científica, segundo o ano de publicação dos documentos;

  4. Produtividade dos autores ou das instituições, medida pelo número dos seus trabalhos;

  5. Colaboração entre os académicos e instituições, calculada pelo número de autores por trabalho ou centros de investigação com os quais colaboram;

  6. Impacto ou visibilidade das publicações no contexto da comunidade científica internacional, medido pelo número de citações recebidas através de trabalhos posteriores;

  7. Análise e avaliação das fontes difusoras dos trabalhos, mediante indicadores de impacto das fontes;

  8. Dispersão das publicações científicas entre as diversas fontes.

Características dos indicadores bibliométricos

  • 121 Cf. MARTIN, B. R. — “The use of multiple indicators in the assessment of basic research”. Scientome (...)

63Os indicadores bibliométricos apresentam um conjunto de características que são da máxima importância conhecer. Também sobre esta questão, as opiniões dos especialistas divergem. Focamo-nos nos trabalhos de Martin, para quem essas características se resumem aos seguintes aspetos121:

  1. Parcialidade: os indicadores são dados parciais, pois cada um deles traduz um aspeto da avaliação que está a ser efetuada;

  2. Convergência: todos os indicadores convergem na finalidade de proporcionar um bom conhecimento da atividade em avaliação, de preferência de forma globalizante. Por esta razão, é aconselhada a utilização de diversos indicadores em simultâneo, não fosse a atividade científica multidimensional, o que não permite a sua caracterização a partir de um único indicador isolado;

  3. Relatividade: a informação oferecida pelos indicadores é sobre a disciplina em observação, mas essa mesma informação não pode ser estendida a outras áreas do saber, na medida em que os hábitos de trabalho dos investigadores divergem de acordo com a disciplina em causa.

Tipologia de indicadores bibliométricos

  • 122 BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…”, p. (...)

64Os indicadores bibliométricos já conheceram várias divisões na literatura da especialidade. Para Bordons Gangas e Zulueta García, os principais indicadores bibliométricos podem dividir-se em dois grandes grupos: por um lado, os indicadores quantitativos da atividade científica, que integram a análise do número de publicações (a linha de investigação em que se insere o presente estudo); por outro, os indicadores de impacto, baseados no número de citações que recebem os trabalhos, aos quais atribuem relevância em função do reconhecimento concedido por outros investigadores122.

  • 123 SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos utilizados en la evaluación de la ciencia y la te (...)

65Já Sancho Lozano, numa revisão bibliográfica acerca dos indicadores bibliométricos, sugere uma divisão mais estruturada, agrupando-os da seguinte forma123:

  1. Indicadores de qualidade científica (avaliação por pares — peer review — ou arbitragem científica);

  2. Indicadores de atividade científica, que possibilitam contabilizar a atividade científica desenvolvida, particularmente o número e a distribuição dos trabalhos publicados, a produtividade dos autores e a colaboração na autoria das contribuições, entre outros;

  3. Indicadores de impacto científico, subdivididos em dois tipos: por um lado, indicadores de impacto dos trabalhos (número de citações recebidas, provenientes de outras publicações posteriores); por outro, indicadores de impacto das fontes (fator de impacto das revistas, o índice de citação imediata — ou índice de imediatismo — e a influência das revistas);

  4. Indicadores de associações temáticas, aplicados a estudos relacionados entre si, quer os que incluem referências bibliográficas comuns (análise de referências comuns), quer aqueles que são citados simultaneamente pelo mesmo trabalho (análise de citações ou análise de cocitações). Outro exemplo deste tipo de indicadores é, também, a análise de palavras comuns, baseada no estudo da coocorrência de palavras-chave utilizadas na indexação de documentos.

66Por fim, evidenciamos os estudos de Sanz Casado e de Martin Moreno, que propõem, à semelhança de Bordons Gangas e Zulueta García, uma dupla classificação, mas baseada nas técnicas estatísticas aplicadas em cada caso: indicadores unidimensionais e indicadores multidimensionais.

67Os indicadores unidimensionais utilizam as técnicas da estatística univariada e foram os primeiros a serem criados e desenvolvidos, sendo, por isso, os mais utilizados na avaliação da atividade científica. Estes indicadores, de maior tradição, estudam apenas uma característica dos documentos, sem considerar possíveis vínculos comuns entre eles.

  • 124 Cf. SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, pp. 47 e 61. Sobre as m (...)

68Ao invés, os indicadores multidimensionais (ou relacionais), mais recentes, empregam as técnicas da estatística multivariada e permitem considerar, de forma simultânea, as distintas variáveis ou as múltiplas inter-relações que podem existir nos documentos e, ainda, nas necessidades e hábitos de informação dos utilizadores. As diversas características em observação e suas respetivas conexões podem representar-se graficamente através dos chamados «mapas bibliométricos», que refletem os dados respeitantes às relações cognitivas (palavras-chave, classificações, etc.) e sociais (autores, instituições e países) em observação124. Sobre este tipo de indicadores debruçar-nos-emos mais adiante.

69Conforme Sanz Casado e Martín Moreno, os indicadores bibliométricos unidimensionais que se obtêm habitualmente para a análise da ciência e da tecnologia repartem-se em três grupos: 1) indicadores de produção; 2) indicadores de impacto; e 3) indicadores de colaboração.

70Os indicadores de produção. Estes indicadores fornecem os seguintes dados:

    • 125 Sobre as investigações de Price, leia-se: LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la activi (...)
    • 126 Cf. ID, ibid., p. 15.

    Número e distribuição de publicações: este indicador bibliométrico é o mais básico e intuitivo de se calcular. Trata-se do cômputo do número de publicações (livros, artigos, patentes e relatórios técnicos, entre outros) de uma disciplina, grupo de investigação, instituição ou país e seu respetivo crescimento ao longo de um determinado período de tempo. São simples de calcular e servem para medir, sobretudo, resultados de caráter quantitativo, ignorando questões como a qualidade.
    A este propósito, Price introduziu o conceito de «desenvolvimento acelerado» e estabeleceu a designada «Lei de crescimento exponencial da ciência», a partir dos quais o autor concluiu que a informação científica cresce muito rapidamente, atingindo um expoente, a partir do qual terá de decair e parar, iniciando um novo ciclo. No fundo, para Price, o crescimento da ciência corresponde a uma curva logística125.
    Outra questão relacionada com a produção científica é o designado «Envelhecimento ou obsolescência da literatura científica», calculado através de dois indicadores: a «Vida média», criado por Burton y Kleber (1960), e o «Índice de Price» (1961).
    O primeiro refere-se ao tempo em que foi publicada metade da literatura ativa em circulação durante um determinado período de tempo; o segundo mede a percentagem de documentos referenciados numa bibliografia com cinco ou menos anos de antiguidade. Estes indicadores são complementares, utilizados, muito frequentemente, em atividades relacionadas com a gestão bibliotecária126.

    • 127 Cf. SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, pp. 849 e 850.

    Produtividade dos autores: este indicador resulta da conjugação de uma série de variáveis que se podem sistematizar em duas categorias: por um lado, características pessoais (inteligência, perseverança e capacidade); por outro, meio ambiente ou situação do autor (relação com colegas prestigiados; facilidade em adquirir informação; disciplina que integra; prestígio da instituição e capacidade económica da mesma). As primeiras investigações sobre este indicador foram efetuadas por Lotka, tal como já referimos, e continuadas por muitos outros autores. Todas elas aconselham que a bibliografia em análise seja o mais exaustiva possível e cubra um período de tempo suficientemente alargado127.

    • 128 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 16.

    Temática da produção: este indicador possibilita determinar as áreas que constituem uma disciplina e a sua evolução no tempo, assim como as demais ciências que com ela se relacionam e, por conseguinte, o grau de interdisciplinaridade existente entre elas128.

    • 129 Cf. ID., ibid., p. 17.

    Tipologia documental: é o indicador empregue para conhecer o tipo de documentos que os investigadores preferem para divulgar os resultados das suas investigações. É utilizado tanto para diferentes grupos de investigadores como para especializações dentro de uma mesma linha de trabalho129.

    • 130 Cf. ID., ibid., p. 16.
    • 131 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, p. 97.

    Capacidade idiomática: é o indicador que permite saber qual a língua mais frequente em que são publicadas as investigações, o que permite chegar a padrões de preferência em termos de idioma. Este indicador denuncia, ainda, eventuais barreiras linguísticas dos académicos perante a informação. Por investigações recentes, sabemos que a língua inglesa substituiu as línguas francesa e alemã, pelo menos na transferência de informação científica130.
    Para aferir o grau de utilização de bibliografia nacional pelos investigadores, é utilizado o «Indicador de isolamento», obtido pela percentagem da bibliografia do país face à totalidade da bibliografia citada nos seus trabalhos. Quanto maior for o valor obtido, menor é a influência da investigação estrangeira na produção científica nacional. Certamente, países com um desenvolvimento científico médio ou baixo dependem, em grande medida, das investigações de outros países mais desenvolvidos científica e tecnologicamente. O inverso também é verdadeiro, o que demonstra, no entanto, desinteresse por parte dos investigadores em conhecer o trabalho realizado pelos seus pares noutros países131.

    • 132 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, pp. 15 e 16.

    Indicador de dispersão: é um dos indicadores mais utilizados nos estudos bibliométricos e tem como objetivo identificar as revistas nas quais se publicaram trabalhos científicos. Calcula-se a partir da «Lei de Bradford» (1948), a que nos reportámos previamente e que incide sobre a distribuição da literatura científica. As revistas constituem-se como uma fonte de dados muito proveitosa para o conhecimento da concentração da produção científica, podendo este indicador fornecer os títulos preferenciais para a difusão dos resultados dos trabalhos dos investigadores132.

71Os indicadores de impacto. Estes indicadores servem para medir a visibilidade e a utilidade das fontes e calculam-se através do designado «Fator de impacto» (FI) das revistas. Este fator é determinado através do número de citações recebidas pela revista em apreciação, durante um determinado período de tempo, pressupondo que as que têm uma maior visibilidade para os utilizadores são as que recebem um maior número de citações e, por conseguinte, as que têm também maior impacto entre a comunidade científica. Desta forma, para calcular o FI de uma publicação periódica num determinado ano, divide-se o número de citações dos artigos nela publicados durantes os dois anos imediatamente anteriores pelo total dos artigos publicados nesses dois anos.

  • 133 Cf. ID., ibid., pp. 53 e 54, e SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, pp. 853-855.
  • 134 SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, p. 54.

72Mediante este indicador, podemos, assim, conhecer a rapidez com que a informação contida nas publicações periódicas consultadas pelos utilizadores é de novo incorporada na atividade científica133. Não obstante, Sanz Casado e Martín Moreno alertam para o facto de este indicador dever ser interpretado com alguma cautela, pois o FI varia de disciplina para disciplina, nas quais os hábitos de citação são bastante diversos. Segundo estes autores, apenas deverão estabelecer-se comparações entre revistas que tenham em comum as mesmas temáticas, isto é, comparações intradisciplinares134.

73O FI das revistas é calculado através de bases de dados que se assumem como importantes ferramentas bibliométricas, muito úteis ao conhecimento da atividade científica sob as mais diversas perspetivas. Entre as mais relevantes, listam-se a WOS, da Thomson Reuters, e a Scopus, da Elsevier, que adiante exploramos mais em detalhe.

  • 135 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, p. 39 e LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — (...)

74Não obstante as inúmeras vantagens destas bases de dados, é de notar que estas não apresentam uma cobertura total das revistas científicas publicadas na atualidade, o que limita, à partida, o conhecimento deste indicador para determinadas áreas do conhecimento (nomeadamente para as Ciências Sociais e as Humanidades), bem como para algumas regiões geográficas, sobretudo os países não anglo-saxónicos. Pelas razões apresentadas, o FI deverá ser utilizado com moderação, caso contrário, poderá conduzir a apreciações demasiado simplistas sobre a avaliação da atividade científica135.

  • 136 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”; SANZ CASADO, Elias; (...)

75Relacionado com o FI, encontra-se o designado «Índice de imediatismo» ou «Índice de citação imediata». Este indicador é bastante utilizado pelos serviços de informação para compreender o impacto ou visibilidade das publicações utilizadas pelos seus utilizadores, assim como para conhecer aquelas que contêm informação mais atualizada sobre determinado campo científico e, consequentemente, avaliar o grau de pertinência no contexto em que atuam. Obtém-se, também, a partir das citações e possibilita conhecer o tempo que decorre entre a publicação de um trabalho numa revista científica e a sua respetiva utilização por outrem. Neste caso, as citações consideradas são apenas aquelas que o trabalho teve durante o primeiro ano de publicação. Assim sendo, quanto menor for o tempo que medeia entre a publicação de um documento e a sua citação, maior será o seu valor, significando, pois, que a comunidade científica depressa o incorporou nas suas tendências de investigação, transformando-o em novo conhecimento136.

  • 137 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 94 e 95.

76Para calcular o índice de imediatismo de uma publicação periódica, basta dividir o número total de citações que receberam os artigos nela publicados durante o último ano, pelo número total de artigos nela publicados durante esse mesmo ano. O resultado obtido a partir deste indicador permite aferir quais as fontes que oferecem informação mais atual sobre uma determinada disciplina ou especialidade. À semelhança do que ocorre com o FI, devemos ter presente que o índice de imediatismo não funciona da mesma forma para todos os campos do conhecimento e que, mesmo no contexto da mesma disciplina, o tipo de investigação pode ser diferente, o que condiciona, naturalmente, os resultados obtidos com o emprego deste indicador137.

  • 138 ID., ibid., pp. 94 e 95. Salientamos ainda que data de há pouco tempo, precisamente de 2012, a cria (...)

77Por último, o indicador «Influência das revistas», que se baseia na premissa de que cada revista, por um lado, oferece referências bibliográficas e, por outro, recebe citações. No caso de o número de citações recebidas ser superior ao número de referências oferecidas, então isso significa que a sua influência é positiva e que se repercute no meio científico138.

  • 139 A par destas duas bases de dados, referenciamos ainda a mais recente ferramenta bibliométrica que é (...)
  • 140 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 94 e 95. Mais recentemente, em 20 (...)

78O impacto ou a visibilidade dos autores é outra das dimensões que pode ser conhecida através das citações, a partir da denominada «Análise de citações», que consiste na contabilização das citações que recebem os autores nos seus trabalhos. A este propósito, há que ter em conta que os resultados obtidos através da análise de citações se revelam ainda muito parciais, pois os índices de citações disponíveis são poucos (bases de dados WOS e Scopus139) e apresentam algumas limitações, tais como a cobertura temática e idiomática. Apesar disso, as citações permitem uma aproximação qualitativa à investigação científica — o que não implica que um trabalho não citado não tenha qualidade140.

  • 141 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 95 e 96.

79Ainda neste contexto, importa aferir em que medida utilizam os investigadores os seus trabalhos prévios para gerar novos conhecimentos. O indicador relativo a este aspeto é o «Índice de autocitações», de interpretação ambígua, pois em muitos casos constatamos um excesso do uso do mesmo. Porém, este indicador facilita a análise de grupos de investigação e a sua consolidação, refletindo, portanto, a estabilidade e a continuação de linhas de trabalho141.

80Por último, Sanz Casado e Martín Moreno apontam ainda os indicadores de colaboração. Estes indicadores compreendem duas vertentes: a colaboração entre autores e a colaboração entre instituições.

81Nestes últimos anos, a colaboração científica tem-se assumido como um elemento fulcral do desenvolvimento da investigação, permitindo o cruzamento de sensibilidades e a partilha de experiências entre diferentes países, regiões, disciplinas e investigadores. Advém ainda a crescente complexidade e especialização que caracteriza a ciência atual, envolvida por um fluxo de informação sem precedentes, o que obriga os vários campos do saber a alargarem o seu espectro a investigadores com distintas competências.

  • 142 Nos últimos anos, tem-se assistido a um incremento significativo do número de investigações bibliom (...)

82Consequentemente, têm proliferado na literatura da especialidade os estudos relativos às mais diversas vertentes da colaboração científica e que têm como enfoque países, regiões geográficas ou disciplinas; questões organizativas; fatores impulsionadores de colaboração e eventuais vantagens para a atividade científica, entre outros142.

  • 143 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 16; SANCHO LOZANO (...)

83A colaboração entre autores é calculada através do «Índice de coautoria», encontrado pela média do número de autores que assinam um trabalho, o que permite conhecer a dimensão dos grupos de investigação. Já a colaboração entre instituições determina não somente o nível de colaboração mas também o seu tipo, isto é, nacional e internacional. Neste contexto, apresentam especial interesse a «taxa de colaboração nacional», a «taxa de colaboração internacional» e o «índice de internacionalização»143.

  • 144 Cf. SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, p. 58.

84Sanz Casado e Martín Moreno realçam a importância de uma interpretação correta do índice de coautoria, muito suscetível de ser corrompido por fatores artificiais, tais como a necessidade de melhorar os currículos dos investigadores que integram o grupo ou, ainda, a necessidade de alcançar bolsas e ajudas de investigação. Nestes casos, de acordo com os autores, a coautoria é injustificada144.

  • 145 Cf. KATZ, J. S.; MARTIN, B. R. — “What is research collaboration?”. Research policy. Volº 26, n.º 1 (...)

85Não obstante, assinalamos algumas das importantes vantagens apontadas por Katz e Martin relativamente aos benefícios da colaboração científica, entre as quais se destacam145:

  • Otimização de recursos intelectuais, materiais e técnicos;

  • Transferência de aprendizagem de conhecimentos e competências;

  • Aumento da criatividade e estímulo à investigação;

  • Ampliação das redes de coautoria e, por conseguinte, da visibilidade dos trabalhos;

  • Acréscimo da eficiência da investigação.

86Os indicadores bibliométricos multidimensionais. Tal como enunciámos anteriormente, este tipo de indicadores implica a utilização das técnicas da estatística multivariada, a partir das quais é possível elaborar mapas que representem graficamente diferentes vertentes da atividade científica, como, por exemplo, os temas em estudo por diversas instituições, as relações entre investigadores ou as publicações periódicas que são utilizadas para publicar os resultados da investigação, entre outras.

87As três representações gráficas mais utilizadas são a análise de cluster, o escalado multidimensional e a análise de correspondências. Nestas representações podem descrever-se indivíduos ou variáveis. Qualquer análise deve ser precedida da seleção das variáveis a utilizar para identificar os grupos em estudo e, ainda, da seleção da medida de proximidade entre autores, instituições, temas ou revistas. Dependendo das variáveis em análise, efetuam-se dois tipos de estudo:

    • 146 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 98-100.

    Mapas obtidos a partir da análise de citações: servem-se das citações que recebem os autores, os documentos ou as publicações periódicas, podendo ser representadas redes cognitivas demonstrativas da sua evolução. Estes mapas possibilitam representar graficamente as tendências de pesquisa dos investigadores ou instituições com os quais estes colaboram, da mesma forma que podem traduzir as publicações periódicas representativas de uma determinada disciplina e respetivas relações existentes entre elas146.

    • 147 Cf. ID., ibid., pp. 98-102.

    Mapas obtidos a partir da análise da coocorrência de palavras (co-word): também designados como mapas cognitivos, constroem-se a partir da ocorrência das mesmas palavras numa dada amostra documental, que poderão ser as palavras-chave atribuídas pelos autores às suas produções científicas. São mais vantajosos face aos mapas de análise de citações, pois a recolha de dados para a sua construção não se encontra limitada às bases de dados do ISI, podendo alargar-se a outras bases que também utilizam vocabulários controlados para indexar os documentos nelas contidos147.

Vantagens e limitações dos indicadores bibliométricos

  • 148 Relativamente às vantagens da utilização dos indicadores bibliométricos, cf.: SANZ CASADO, Elias — (...)

88Pelo facto de possuírem um caráter matemático e preciso, os indicadores bibliométricos apresentam algumas vantagens quando comparados com outros métodos de avaliação da atividade científica — como, por exemplo, a revisão por pares —, entre as quais destacamos as seguintes148:

  1. É um método objetivo — os seus resultados advêm de dados quantitativos e verificáveis por outros investigadores, tornando-os válidos;

  2. seu desenvolvimento e a sua aplicação implicam um menor custo económico e um menor consumo de tempo, uma vez que não pressupõem a organização de grupos de investigadores e demais despesas implicadas para proceder à avaliação científica;

  3. Permitem distinguir objetivamente novas áreas do conhecimento e respetivos investigadores emergentes, o que se torna mais difícil no sistema de revisão por pares, no qual os dados não são objetivos, assistindo-se, por vezes, à prevalência de posições pessoais e corporativistas entre os avaliadores;

  4. Facilitam a perceção de questões menos visíveis da atividade científica, de que são exemplo as redes de investigadores ou os designados «colégios invisíveis», e permitem aprofundar a análise dos processos de investigação, observando, por exemplo, as estratégias de publicação ou os hábitos de colaboração dos investigadores;

  5. Possibilitam a avaliação de um grande volume de dados (instituições, países, entre outros), o que garante a obtenção de resultados significativos no âmbito de estudos estatísticos;

  6. Facultam o conhecimento objetivo dos pontos fortes e dos pontos fracos da ciência, assim como as mais-valias científicas de centros de investigação e, até mesmo, de regiões ou países;

  7. Permitem compreender as evoluções ocorridas nos diferentes campos do conhecimento, nas coleções bibliográficas dos serviços de informação e documentação e no domínio editorial, entre outros.

  • 149 Cf. SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, pp. 857-859.

89No entanto, os indicadores bibliométricos também apresentam algumas limitações que condicionam, naturalmente, o alcance dos seus resultados. Observemos algumas dessas limitações apontadas por Sancho Lozano149:

  1. Carência de uma base teórica para o desenvolvimento e análise de indicadores, já assinalada em 1984 no relatório elaborado por especialistas do Comité das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia, que colocou em causa a validade e a veracidade dos indicadores existentes até essa data. Este mesmo relatório assinalou a importância de completar todos os dados necessários para alterar a situação, apesar do elevado custo a ela associado;

  2. Limitação face ao coletivo científico a analisar, uma vez que os indicadores bibliométricos privilegiam os investigadores e as instituições para os quais a autoria e a publicação constituem dois importantes objetivos. Este facto implica a não inclusão de certas indústrias comerciais, de defesa ou militares, nas quais a confidencialidade é obrigatória, o que impede a publicação dos resultados, e que, quando esta é permitida, não se realiza de forma imediata. Para além disso, há que ter ainda em consideração os diferentes hábitos de publicação e de produtividade dos autores nas diferentes áreas do conhecimento (Ciências naturais e experimentais; Engenharia; Tecnologia; Ciências Sociais e Humanidades) e, ainda, dentro de cada uma delas, nas diferentes disciplinas que as compõem;

  3. A sua aplicação confine-se aos aspetos quantitativos da investigação, não sendo, portanto, adequados ao estudo dos aspetos qualitativos, tais como a própria qualidade intrínseca da investigação. Desta forma, revela-se uma mais-valia a combinação dos indicadores quantitativos com indicadores de impacto e/ ou com a revisão por pares;

  4. Baseiam-se na investigação publicada e compilada, preferencialmente nas bases de dados bibliográficas, que não garantem a exaustividade das fontes, pois muitas delas privilegiam os artigos científicos, em detrimento das monografias, congressos, obras coletivas, entre outros. Acrescenta-se ainda o facto de estas bases conterem erros (por exemplo, a ausência de normalização dos nomes dos autores, das instituições ou das revistas, entre outros) que deveriam ser eliminados numa fase anterior à constituição dos indicadores bibliométricos.

90Neste contexto, salientamos também as investigações de Gómez Caridad, Bordons Gangas e Zulueta García, que assinalam ainda limitações na utilização dos indicadores de impacto, tais como as citações e o FI, enquanto indicadores de qualidade. É sabido que fatores como o prestígio do autor, da sua instituição ou do seu país e, ainda, a atualidade do tema de investigação inflacionam o número de citações, pelo que estas devem ser analisadas com cautela no momento da interpretação dos resultados. O mesmo ocorre com o hábito de elaborar citações pelas diversas disciplinas científicas, que depende de diversos fatores, como a área temática, a extensão da comunidade científica e o caráter analítico ou descritivo da mesma.

  • 150 Cf. GÓMEZ CARIDAD, Isabel; BORDONS GANGAS, María — “Limitaciones en el uso…”, pp. 21-24; BORDONS GA (...)

91As autoras apontam ainda o facto de os resultados da investigação científica serem preferencialmente publicados em revistas de caráter internacional cobertas pelas bases de dados bibliográficas internacionais, entre as quais se destacam as produzidas pelo ISI, que anualmente produz dados estatísticos sobre a produção científica nelas contidas. Não obstante, estas bases bibliográficas cobrem preferencialmente produção científica anglo-saxónica e oriunda das áreas básicas da investigação, deixando de parte bastantes publicações nacionais de países mais periféricos, bem como áreas de estudo de índole local150.

  • 151 Cf. GÓMEZ CARIDAD, Isabel; BORDONS GANGAS, María — “Limitaciones en el uso…”, pp. 25 e 26.

92Os limites assinalados para a análise de citações são extensíveis ao FI, calculado, como vimos, em função do número de citações que recebem as revistas. Assim, de acordo com as autoras, o FI apresenta também valores muito diversos entre as diferentes áreas do saber, sendo que, por norma, as áreas com um rápido envelhecimento da bibliografia apresentam valores altos de fator de impacto e vice-versa151.

Níveis de aplicação dos indicadores bibliométricos

  • 152 Cf. VINKLER, P. — “An attempt of surveying and classifying bibliometric indicators for scientometri (...)

93A avaliação científica baseada em indicadores bibliométricos incide sobre várias unidades de análise, às quais se aplicam esses mesmos indicadores. Desta forma, podemos avaliar diferentes níveis de agregação, tais como países, universidades ou departamentos universitários, grupos de investigação e disciplinas e, até mesmo, investigadores a título individual. Por esta razão, na literatura bibliométrica distinguem-se três níveis de aplicação dos indicadores bibliométricos, sistematizados por Vinkler (1988)152 em função da amplitude do objeto de estudo, a saber:

    • 153 V., a título exemplificativo, as seguintes investigações: SCHUBERT, A.; GLÄNZEL, W.; BRAUN, T. — “S (...)

    Nível macro: neste item incluem-se todas as análises que se centram em grandes unidades, como países, disciplinas científicas e conjuntos globais de artigos. Os indicadores bibliométricos aplicados a este nível apresentam uma grande fiabilidade, na medida em que se considera um volume avultado de informação, o que minimiza os erros dos cálculos estatísticos por omissão ou imprecisão de dados. São exemplo deste tipo de análise os estudos sobre a produção científica ao nível mundial153;

    • 154 Destacamos novamente como modelares os trabalhos de Vinkler: VINKLER, P. — “Evaluation of the publi (...)

    Nível médio: neste domínio enquadram-se os estudos que têm como finalidade a análise e a avaliação das unidades de amplitude média, tais como centros de investigação, departamentos universitários ou subdisciplinas científicas. Este tipo de análise é o mais comum na literatura bibliométrica, pois possibilita a aplicação das técnicas estatísticas com êxito pelo volume de dados a examinar154;

    • 155 Apesar das limitações e peculiaridades inerentes à elaboração de estudos bibliométricos ao nível mi (...)

    Nível micro: é o estádio mais baixo de agregação dos estudos bibliométricos e da avaliação científica, compreendendo o estudo de grupos de investigação, indivíduos, projetos e artigos. O grau de fiabilidade neste nível é menor, sendo necessária uma cautelosa análise dos resultados para a sua correta interpretação155.

  • 156 Sobre a interação dos diferentes níveis de aplicação dos indicadores bibliométricos, leia-se: VAN L (...)

94Esta tripartição não invalida a interação entre os distintos níveis de agregação enunciados. Assim, podemos distinguir os estudos top-down (de cima para baixo), nos quais se privilegia o nível macro na delimitação do campo de estudo, e os estudos bottom-up (de baixo para cima), que partem do nível micro, ou seja, de grupos de investigação e de indivíduos. Tal como já referimos, os estudos aplicados a este nível de agregação oferecem mais inconvenientes, pois, ao centrarem-se no plano individual, os resultados deverão apresentar um caráter provisório, caso contrário, em algumas situações, as consequências podem ser negativas para os investigadores avaliados156.

Fontes utilizadas para a construção de indicadores bibliométricos

95As fontes que frequentemente são utilizadas para a construção de indicadores bibliométricos são fontes bibliográficas e, por isso, utilizaremos a tipologia habitual para as classificar, isto é, abordaremos fontes primárias e fontes secundárias.

96As fontes primárias apresentam, em geral, informação nova e com caráter original. Fornecem informação completa, que não foi submetida a qualquer tipo de tratamento documental, dando resposta quase imediata às necessidades do utilizador. As principais fontes primárias para a obtenção de dados são: atas de congressos e encontros científicos; monografias; revistas científicas; projetos de investigação e teses de doutoramento; e, por fim, patentes.

  • 157 Sobre as fontes primárias e as fontes secundárias, cf.: SUBRAMANYAM, K. — “Scientific literature”. (...)

97Já as fontes secundárias são aquelas que fornecem informação a partir de outras fontes, em particular fontes primárias, aliás, resultam da sua análise e processamento. As fontes secundárias são fundamentais aos estudos bibliométricos, entre as quais se salientam as bases de dados bibliográficas; os CV; memórias e relatórios de gestão e de investigação; revisões (reviews) e revistas de indexação e resumos157.

98Por último, fazemos referência à Internet, que se situa na confluência das fontes primárias e das fontes secundárias.

99Vejamos então as fontes primárias.

100Atas de congressos e encontros científicos

  • 158 Cf. ID., ibid., pp. 432-439.

101Esta fonte abrange várias tipologias documentais (posters, comunicações) relativas a vários géneros de reuniões científicas (congressos, encontros, workshops, jornadas). Por vezes, esta fonte pode conduzir à duplicação de informação, visto que, muitas vezes, as comunicações são publicadas posteriormente em revistas158.

102Monografias

103Do ponto de vista da forma, podem apresentar-se em um ou mais volumes e, do ponto do conteúdo, caracterizam-se por serem estudos pormenorizados e completos. Geralmente, tendem a esgotar um tema, sem um intuito de continuidade. Nos estudos bibliométricos utilizam-se de acordo com o nível de obsolescência que representam para cada disciplina científica.

  • 159 Cf. ID., ibid., pp. 446-454.

104Desta forma, para as Humanidades, o seu uso é muito grande devido ao facto de se publicarem muitas monografias neste campo de saber; nas Ciências Sociais utilizam-se em menor medida; nas Ciências e Tecnologia, a sua utilização é bastante escassa devido ao elevado nível de obsolescência nestas áreas científicas159.

105Revistas científicas

106As revistas científicas são utilizadas em todas as disciplinas, caracterizando-se pelos seguintes elementos: alta especialização; sentido inovador; menor grau de obsolescência; rápida difusão; autoria múltipla.

  • 160 Cf. ID., ibid., pp. 461-474.

107A sua periodicidade é variada, mas é muito frequente que em cada área científica seja publicada uma revista de referência internacional com periodicidade anual. No campo das CID, destaca-se a Annual review of Information Sciences and Technology160.

108Projetos de investigação e teses de doutoramento

109Uma outra fonte alternativa para o estudo da atividade científica são os projetos de investigação e as teses de doutoramento, que, nos países europeus, como sabemos, são financiados na sua maioria por fundos públicos, quer nacionais, quer estrangeiros.

110Assim, os projetos de investigação podem fornecer dados muito importantes, tais como linhas de investigação emergentes ou, ainda, informação relacionada com os recursos humanos, as fontes de financiamento e os montantes económicos envolvidos na investigação científica de um país ou de uma disciplina em concreto.

  • 161 Acerca da FCT e suas principais áreas de intervenção no domínio das atividades de ciência e tecnolo (...)

111Em Portugal é a FCT, a que já aludimos, que financia a maioria dos projetos de investigação científica, em todos os domínios do conhecimento, subsidiados com fundos públicos. Deste modo, a missão da FCT concretiza-se pela concessão de financiamentos, tendo em conta o mérito das propostas de instituições, de equipas de investigação e de indivíduos apresentadas em concursos públicos abertos periodicamente à comunidade científica161. Este organismo estatal disponibiliza diversas bases eletrónicas (de projetos, de instituições e de equipamento) que funcionam como ferramentas facilitadoras do acesso a dados fundamentais para o estudo da atividade científica portuguesa. Ainda assim, devemos estar conscientes das limitações (cronológicas e temáticas) inerentes a estas bases de dados, que, em grande parte, não são vocacionadas para a realização de estudos bibliométricos, pelo que é fundamental a combinação com outras fontes complementares.

  • 162 Cf. FERNÁNDEZ CAÑO, Antonio [et al.] — “Análisis cienciométrico de las tesis doctorales españolas e (...)

112Mais recentemente, também as teses de doutoramento se assumem como outra importante ferramenta para o conhecimento da produção científica. Através deste tipo de fonte é possível, por exemplo, compreender o rumo da ciência de um país num determinado período de tempo, contabilizando as instituições envolvidas, os domínios temáticos mais investigados, as metodologias adotadas e, naturalmente, os autores. De acordo com Fernández Caño et al., este tipo de fonte pode fornecer indicadores muito proveitosos, especificamente: 1) produtividade, que se subdivide em produtividade diacrónica, produtividade dos orientadores de tese e produtividade institucional; 2) análise de citações; 3) classificação temática do conteúdo162.

  • 163 Aceda-se em www: http://www.proquest.com/en-US/catalogs/databases/detail/dai.shtml
  • 164 Aceda-se em www: http://www.opengrey.eu
  • 165 Aceda-se em www: http://www.dgeec.mec.pt/np4/39

113Para investigações deste âmbito, devemos recorrer a bases de dados especializadas em teses (de mestrado e de doutoramento), tais como o recurso eletrónico Dissertation Abstracts Internacional, gerido pela plataforma ProQuest163 ou, ainda, a base de dados Open Grey, que contém mais de 700 000 referências bibliográficas de literatura cinzenta produzida na Europa164. Para teses de doutoramento realizadas ou reconhecidas em universidades portuguesas, desde 1970 em diante, é aconselhada uma consulta da base de dados especializada da DGEEC165.

114Patentes

115As patentes constituem-se como uma outra importante fonte de informação para a construção de indicadores de ciência e tecnologia.

116Podemos definir uma patente como um documento que garante ao respetivo titular o direito exclusivo, por tempo limitado, de fabricar, utilizar ou de alienar a sua invenção (criação artística ou produto), bem como de impedir que outros o façam sem a sua autorização. No fundo, uma patente mais não é do que um documento legal de propriedade intelectual.

117As patentes são utilizadas para observar os resultados da produção tecnológica, pois fornecem informação sobre a tecnologia desenvolvida, para além do interesse económico que esta detém para a indústria.

  • 166 Atualmente, a base de dados das patentes norte-americanas encontra-se disponível no seguinte sítio (...)
  • 167 Acerca das patentes como fonte de informação para a construção de indicadores bibliométricos, leia- (...)
  • 168 Aceda-se em www: http://www.epo.org

118A utilização de patentes como fonte de informação para a obtenção de dados sobre a produção científica e tecnológica dos países remonta à década de 80 do século XX, época em que os Estados Unidos da América procederam à construção de bases de dados especializadas em patentes. As primeiras bases foram criadas por Narin, sob a chancela do National Science Foundation166, e recolhiam informação sobre a produção tecnológica de mais de 60 países167. Por conseguinte, muitos foram os outros países a seguir o exemplo, o que deu origem ao aparecimento de ferramentas semelhantes, das quais salientamos a base de patentes europeia produzida pelo European Patent Office168.

  • 169 Sobre este organismo, aceda-se em www: http://www.marcasepatentes.pt

119Em Portugal, o organismo responsável pela atribuição e regulação das patentes é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A atividade do INPI centra-se na atribuição e proteção de direitos de propriedade industrial, ao nível interno e externo, em colaboração com as organizações internacionais de que Portugal é membro; na difusão da informação técnica e científica patenteada; e na promoção da utilização do sistema de propriedade industrial, visando o reforço da capacidade inovadora e competitiva do país, a lealdade da concorrência e o combate à contrafação. O INPI disponibiliza uma base de dados de dados com as patentes portuguesas registadas169.

120Observemos agora às fontes de informação secundárias.

121Bases de dados bibliográficas

122As fontes de informação mais utilizadas para a construção de indicadores bibliométricos são as bases de dados bibliográficas nacionais e internacionais, que recolhem uma volumosa quantidade de informação, nomeadamente artigos publicados em revistas científicas. Estas bases permitem conhecer várias dimensões da atividade científica e avaliá-la com dados objetivos e quantificáveis.

123A origem destas bases de dados reside no crescimento exponencial da produção científica a partir da segunda metade do século XX em diante, que conduziu à criação de sistemas informáticos de gestão e de estruturação da informação que permitem a pesquisa de informação nas mais diversas áreas do conhecimento, em diferentes países e sobre as mais variadas temáticas. Ora, a agregação de todos estes recursos bibliográficos potenciou o desenvolvimento da investigação bibliométrica, que reviu nestas bases de dados uma fonte de informação privilegiada para a obtenção de indicadores.

  • 170 Aceda-se ao seguinte sítio web: http://thomsonreuters.com/
  • 171 Para uma descrição detalhada destes diferentes produtos e outros, consulte-se em www: http://thomso (...)

124Das bases de dados mais utilizadas contam-se as produzidas pela plataforma Thomson Reuters170 — em particular a WOS —, que recolhem informação contida em mais de 9000 revistas científicas, naturalmente as mais significativas no contexto da ciência internacional, designada pela comunidade científica como main stream science. Tal como já assinalámos, a criação destas bases de dados deve-se ao esforço de Garfield, cujas investigações para obter indicadores de produção científica e indicadores de impacto através da análise de citações levaram, em 1960, à criação doISI e seus respetivos produtos, entre os quais se destacam o Journal Citation Reports (JCR) e as bases de dados Science Citation Index, Social Science Citation Index e Arts and Humanities Citation Index171. Estas bases de dados podem ser consultadas a partir de CD-ROM ou online, através do recurso eletrónico WOS. As três bases de dados referidas recolhem informação contida em cerca das 12 000 revistas com maior impacto mundial, abarcando disciplinas desde as ciências experimentais, médicas e tecnológicas às Ciências Sociais e Humanidades.

  • 172 Aceder em www: http://www.elsevier.com/online-tools/scopus
  • 173 Aceder em www: http://www.scimagojr.com

125Igualmente relevante neste contexto é a Scopus, que se assume como a maior base de dados com resumos e com referências bibliográficas com arbitragem científica, produzida pela Elsevier. Contém cerca de 19 500 títulos, oriundos de mais de 5000 editoras de todo o mundo, possibilitando o acesso em texto integral a publicações exclusivamente eletrónicas como o ScienceDirect e o SpringerLink, entre outras172. Este recurso inclui o designado SCImago Journal & Country Rank, portal no qual podemos encontrar os indicadores de produção científica de inúmeras revistas, bem como dos próprios países, e que possibilitam a avaliação de diferentes domínios do conhecimento173.

126Existem ainda outras bases de dados multidisciplinares e de caráter internacional utilizadas no âmbito dos estudos bibliométricos, entre as quais enumeramos as seguintes:

    • 174 Aceder em www: http://www.inist.fr/spip.php?article11

    PASCAL: base de dados de Ciência, Tecnologia e Medicina, com especial incidência em literatura científica europeia, produzida pelo Institut de l’Information Scientifique, sediado em França. Inclui informação sobre mais de 8500 revistas científicas174;

    • 175 Aceder em www: http://www.proquest.com/en-US/catalogs/databases/detail/francis-set-c.shtml

    FRANCIS: base de dados criada pelo Centre National de la Recherche Scientifique (França). Reúne informação sobre a área das Humanidades e Ciências Sociais, com destaque para os domínios da Arqueologia, da Linguística, da Filosofia, da Religião e da Filosofia, em diversas tipologias documentais (artigos de revista, livros, atas de congressos e outros). É atualizada trimestralmente175.

127Para além das bases de dados multidisciplinares, existem ainda as bases de dados bibliográficas especializadas, tais como:

    • 176 Aceda-se em www: http://www.nlm.nih.gov/bsd/pmresources.html

    MEDLINE: base de dados especializada em Medicina, com uma cobertura de cerca de 4300 revistas científicas da especialidade. É produzida pela National Library of Medicine, dos Estados Unidos da América176;

    • 177 Aceda-se em www: http://www.proquest.com/en-US/catalogs/databases/detail/lisa-set-c.shtml

    LISA — Library and Information Science Abstracts: base de dados especializada na área das CID e vocacionada para profissionais da informação, sendo assegurada pela plataforma ProQuest. Contém resumos e indexa informação de cerca de aproximadamente 400 periódicos, de mais de 68 países e em mais de 20 línguas diferentes. É atualizada quinzenalmente, com entradas de mais de 500 registos177;

    • 178 Aceda-se em www: http://www.ebscohost.com/academic/library-information-science-technology-abstracts (...)

    LISTA — Library, Information Science & Technology Abstracts: base de dados assegurada pela plataforma EBSCO, igualmente especializada em CID, cobrindo assuntos relacionados com as áreas da catalogação, indexação, bibliometria e recuperação da informação. Indexa mais de 650 revistas científicas, além de monografias, atas de congressos e relatórios de investigação178;

    • 179 Aceda-se em www: http://bddoc.csic.es:8080/informacion.html;jsessionid=94E83B664C98E053F5DC6C4D404D (...)

    ICYT — Índice Español de Ciencia e Tecnología: base de dados referencial e bibliográfica, de caráter multidisciplinar, que recolhe literatura científica contida em publicações espanholas de ciência e tecnologia. Cobre mais de 792 publicações periódicas editadas em Espanha, monografias, atas de congressos, teses e relatórios. O início da sua cobertura remonta a 1979, sendo atualizada diariamente. Esta base de dados é produzida pelo Instituto de Estudios Documentales sobre Ciencia y Tecnología (IEDCYT)179;

    • 180 Aceda-se em www : http://www.cindoc.csic.es/servicios/dbinfo.htm

    ISOC — Ciencias Sociales y Humanidades: base de dados referencial e bibliográfica no campo das Ciências Sociais e Humanidades, igualmente produzida pelo IEDCYT. Recolhe informação de cerca de 3000 publicações periódicas editadas em Espanha. O seu período de cobertura data de 1960, sendo as atualizações diárias180;

    • 181 Aceda-se em www: http://www.b-on.pt

    B-on — Biblioteca do Conhecimento online: base de dados que tem como finalidade garantir à comunidade académica e científica portuguesas o acesso a algumas das mais importantes fontes internacionais do conhecimento (revistas científicas, livros eletrónicos, entre outros). A funcionar desde 2004, a sua coordenação e manutenção é garantida pela UMIC e pela FCCN181.

128Não obstante, e reconhecendo as potencialidades das bases de dados bibliográficas, a sua utilização não se encontra livre de controvérsia, tendo sobretudo em conta os limites de cobertura temática e idiomática que apresentam.

129Como sabemos, a representação de literatura científica de países não anglo-saxónicos e, também, de temas mais periféricos às grandes problemáticas da ciência internacional atual mostra-se ainda deficitária. Por conseguinte, as críticas focam-se, nomeadamente, na fraca representatividade de países menos desenvolvidos, cuja língua preferencial de publicação não é a língua inglesa, vendo estes, assim, afastada a sua produção científica dos meios de circulação internacional da ciência. Sobrevêm, ainda, os problemas de caráter técnico, como a falta de normalização dos nomes dos autores e das respetivas instituições. Neste contexto, importa assinalar que as bases de dados da Thomson Reuters são a única fonte normalizada de que dispomos para a elaboração de estudos comparativos à escala nacional e internacional.

130Por fim, assinalamos o facto de os mecanismos de produção e de difusão da ciência variarem de acordo com os campos disciplinares — a produção científica sob a forma de publicação escrita não é valorizada nem recompensada de igual modo para todos. Esta é uma premissa fundamental no momento de interpretar os resultados obtidos através dos indicadores bibliométricos.

Curriculum vitae

131Os CV são outra das possíveis fontes de informação para a obtenção de dados científicos. O CV, palavra de origem latina cujo significado é «curso de vida», é aqui entendido como um documento que reúne dados relevantes sobre uma pessoa, tais como habilitações, cargos desempenhados e produção intelectual. Para um investigador, mais do que para qualquer outro indivíduo, o CV acresce de importância, pois constitui-se como um meio privilegiado de refletir a sua carreira. Baéz et al. definem o CV do seguinte modo:

  • 182 BÁEZ, José Manuel [et al.] — “CVN: normalización de los currículos científicos”. El profesional de (...)

[…] un documento con información referente a los múltiples elementos de los que conforman el entramado de la ciencia: datos personales, resultados publicados de la producción científica, patentes, proyectos, grupos de investigación, organizaciones.”182

132Esta fonte tem especial interesse na presente investigação, uma vez que partimos também dos CV dos medievalistas para conhecer, a partir de uma análise bibliométrica, a produção científica universitária portuguesa sobre História medieval elaborada entre 2000 e 2010.

  • 183 Sobre o CV como fonte de obtenção de indicadores científicos, focamos os seguintes estudos: DIETZ, (...)
  • 184 Cf. GORBEA PORTAL, Salvador; CUBELLS-NONELL, Vicente — “Humanindex: el curriculum vitae como fuente (...)

133Nestes últimos anos, é notório o crescente interesse pela utilização dos CV em estudos de caráter bibliométrico, o que é evidenciado pelo surgimento de alguns trabalhos neste âmbito, que focam, entre outros aspetos, as potencialidades e limitações da utilização dos CV para a avaliação da atividade científica ou, ainda, as questões teóricas e metodológicas inerentes ao tratamento e uso dos mesmos, muitas vezes partindo de estudos de casos183. A este propósito, Gorbea-Portal e Cubells-Nonell, num artigo sobre o projeto Humanindex, referem como marco fundamental a realização do workshop Methodological Issues in Using CV for Research Evaluation, no âmbito da 11th Conference of theInternational Society for Scientometrics and Informetrics, realizada em Madrid (Espanha), em junho de 2007. Neste workshop foram claramente identificadas as potencialidades dos CV como fonte de informação para a obtenção de indicadores científicos e, ainda, o seu valioso contributo para a avaliação da ciência e para a análise da política científica184.

134Na verdade, este tipo de fonte permite diferentes enfoques de análise, que a seguir exploraremos, e que não são suscetíveis de serem recuperados através das bases de dados bibliográficas que apoiam, tradicionalmente, as investigações bibliométricas, sobretudo no campo das Ciências Sociais e Humanidades, na maioria das vezes com fraca cobertura nesses sistemas de informação.

135Uma das vantagens da utilização dos CV é a de que estes fornecem informação de caráter multidimensional:

  • 185 DIETZ, James S. [et al.] — “Using the curriculum vitae to study…”, pp. 420 e 421.

Whether viewed as a historical record, a marketing tool, or a scientific resource, it is a potentially valuable datum for persons interested in career trajectories, research evaluation, or, more generally, science and technology studies.”185

  • 186 Cf. ID., ibid., p. 421.

136Assim, os CV não só informam sobre a produção científica dos investigadores como também sobre as suas trajetórias profissionais, mobilidade geográfica e organizacional e, ainda, redes de colaboração académicas e sociais em que se inserem. De forma global, permitem o mapeamento e a visualização da ciência e são fundamentais à tomada de decisão em matéria de política científica e informacional. Para além disso, os CV, quando combinados com outras fontes de informação, tais como a análise de citações e o FI, convertem-se em ferramentas de avaliação científica extremamente válidas186.

  • 187 Cf. a tabela 1 deste artigo, que estabelece a relação entre a estrutura normalizada do CV, criada n (...)

137Conforme Gorbea-Portal e Cubells-Nonell, a estrutura de um CV condiciona o tipo de indicadores que dele se podem obter. Por exemplo, a partir dos dados gerais (pessoais e profissionais), é possível alcançarmos indicadores sociodemográficos e académicos que permitem compreender a demografia académica e a estrutura disciplinar. Os dados académicos conduzem a indicadores atinentes à formação, mobilidade científica, potencialidades e reconhecimento, cujos resultados são, entre outros, a perceção da colaboração científica e trans/interdisciplinaridade. Já os dados de produção científica permitem a construção de indicadores bibliométricos, infométricos e de monitorização científica, que traduzem o fluxo e as características da produção documental. Não menos importantes são os dados de formação de recursos humanos, que dão origem a indicadores como a transferência e a socialização do conhecimento, resultando na deteção de regularidades do processo de formação de recursos humanos. Por fim, os dados de origem tecnológica, que são fundamentais na elaboração de indicadores de investigação e de desenvolvimento187.

138Contudo, não nos podemos alhear das limitações que a utilização deste tipo de fonte pode trazer e que assentam, essencialmente, em questões metodológicas. A primeira prende-se com a disponibilização e obtenção dos CV, pois nem sempre o seu acesso se revela tarefa fácil, como à partida possa parecer. De facto, a Internet veio facilitar muito o acesso a este tipo de fonte, embora, por vezes, se revele um recurso insuficiente, tendo em conta que o volume e a variedade de dados neste tipo de estudo devem ser tão completos quanto possível.

139Em segundo lugar, os CV encontram-se frequentemente truncados e denunciam informação omissa, constando neles apenas dados relativos à produção científica dos investigadores, suprimindo questões referentes às trajetórias profissionais, projetos de investigação, prémios e distinções, entre outros aspetos.

140Em terceiro lugar, a codificação dos CV é bastante morosa e exige um trabalho de grande minúcia e rigor para evitar erros de fadiga e ou distração. Para superar esta limitação, os especialistas têm apostado em ferramentas informáticas, tais como bases de dados (ex. Access), bem como em novos métodos que facilitem o processamento dos dados.

  • 188 A respeito das limitações do uso dos CV enquanto fonte de informação para a construção de indicador (...)
  • 189 Aceda-se em www: http://europass.cedefop.europa.eu/pt/documents/curriculum-vitae

141Em quarto e último lugar, a ausência de normalização do formato dos CV, que se revelam muito díspares quer em extensão, quer no tipo de informação que proporcionam. No sentido de ultrapassar a inconsistência inerente a este tipo de documentos, são já várias as instituições públicas e privadas e, ainda, alguns organismos internacionais que criam normas e linhas orientadoras para a apresentação dos CV188. Indicamos, a título exemplificativo, no âmbito europeu, a criação do CV Europass, que teve como intuito proporcionar aos cidadãos europeus um instrumento através do qual estes pudessem, de forma clara e eficaz, apresentar as suas competências e qualificações, tendo em vista a aprendizagem e o trabalho na Europa189.

142Portugal também não foi exceção e, à semelhança de outros países europeus, procurou implementar medidas que permitissem a uniformização dos CV, nomeadamente no domínio da investigação científica e tecnológica. Foi neste sentido que a FCT e a DGECC, criaram, em 2008, a denominada «Plataforma DeGóis», que se define como:

  • 190 http://www.degois.pt/index.jsp?id=1

“Instrumento de recolha, disponibilização e análise da produção intelectual, científica e outras informações curriculares dos investigadores portugueses. Consiste num portal cujas principais funcionalidades são a gestão individual do curriculum por parte do utilizador, a consulta de indicadores e a visualização de curricula mediante pesquisas baseadas em critérios relacionados com o conteúdo do curriculum.”190

143Desde 2009, a plataforma DeGóis tem vindo a incrementar as suas funcionalidades, que contribuem de forma significativa para o processo de avaliação da atividade científica portuguesa, nomeadamente através da agregação normalizada de milhares de CV e, ainda, por meio da disponibilização de indicadores de produção científica. De entre as principais funcionalidades desta plataforma, evidenciamos as seguintes:

  • Possibilidade de as instituições aderentes poderem criar relatórios institucionais com base no número de citações da WOS;

  • Visualização automática da produção científica indexada na Scopus e o respetivo número de citações, bem como o FI das revistas indexadas no JCR;

    • 191 Sobre o projeto RCAAP, nomeadamente missão e objetivos, promotores, instituições participantes e se (...)

    Envio de documentos para os repositórios institucionais, funcionalidade resultante de uma parceria estabelecida com o Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)191.

144O CV Degóis pode ser utilizado nos projetos de investigação de ciência e tecnologia promovidos pela FCT, bem como nos concursos de atribuição de bolsas individuais de doutoramento e de pós-doutoramento apresentadas nesta mesma instituição.

145É ainda de salientar que esta plataforma permite o relacionamento de toda a produção científica com os domínios temáticos previstos na tabela Fields of Science, produzida pela OCDE, o que garante a comparação rigorosa entre as áreas científicas nacionais e as áreas científicas internacionais.

  • 192 Para todas as questões focadas relativamente à Plataforma DeGóis, aceda-se em www: http://www.degoi (...)

146Atualmente, a plataforma DeGóis conta com cerca de 15 000 CV, 70 instituições aderentes (universidades, institutos politécnicos e institutos de investigação) e 30 repositórios associados192.

  • 193 Sobre mais informações sobre o Sistema de Informação e Gestão da FCT, aceda-se em www: http://www.f (...)

147Para o caso português, salientamos também o Sistema de Informação e Gestão da FCT (FCT-SIG), plataforma que se destina a identificar os investigadores perante esta instituição, permitindo que estes reúnam informação útil e atualizada a respeito das atividades que desenvolvem e dos grupos de investigação a que pertencem. Este sistema contempla, entre outras valências, a possibilidade de preenchimento do CV de acordo com uma estrutura normalizada, semelhante à do CV Degóis193.

148Por todas as questões até aqui focadas, concluímos que os CV constituem uma ferramenta de grande utilidade na obtenção de indicadores bibliométricos, não obstante algumas das limitações que fomos listando. Talvez o maior desafio que se coloca, hoje em dia, aos gestores e responsáveis pelas políticas científicas é, de facto, a normalização da estrutura deste tipo de fonte, bem como a sua disponibilização em plataformas informáticas institucionais que garantam o seu livre acesso. Só assim os CV poderão contribuir para o conhecimento sistemático da atividade científica e suas inúmeras facetas e, ainda, contribuir para a correta e equilibrada monitorização da política científica.

Memórias e relatórios de gestão e de investigação

  • 194 Cf. SUBRAMANYAM, K. — “Scientific literature”…, pp. 454-457.

149As memórias e os relatórios possibilitam caracterizar a atividade científica de instituições ligadas à investigação e ou à docência, tais como departamentos universitários e centros de investigação. Devido à natureza da informação que recolhem, disponibilizam quer dados de input do processo científico (número de investigadores, número de alunos, dados orçamentais), quer dados de output (publicações, menções de qualidade, alunos graduados). O caráter periódico deste tipo de fonte permite a realização de estudos evolutivos194.

Revisões (reviews) e revistas de indexação e resumos

  • 195 Cf. ID., ibid., p. 495.

150Em ambos os casos, trata-se de recompilações bibliográficas numa determinada área do saber. As revisões efetuam uma análise da literatura publicada, enquanto as revistas de indexação e resumos são recompilações sistemáticas elaboradas a partir dos índices das próprias revistas que recompilam. Podem ainda integrar os resumos dos artigos que indexam. No fundo, a sua função corresponde hoje às atuais bases de dados bibliográficas, de que são exemplo a LISA e a LISTA, às quais já fizemos referência195.

Internet

151Por fim, referimos a Internet, que proporciona um conjunto de informações muito variado, sendo difícil de classificar esta fonte como primária ou secundária, permitindo o acesso a dados de ambas as categorias: por um lado, a revistas eletrónicas, e-prints e a repositórios institucionais e temáticos; por outro, a bases de dados, catálogos bibliográficos, motores de busca e diretórios. A Internet é uma fonte especialmente vocacionada para estudos no âmbito da cibermetria e da webometria, em particular a análise de páginas e sítios web.

152De todas as fontes de informação que referenciámos, podemos extrair dados relativos aos seguintes aspetos: autores; títulos de documentos; lugares de trabalho dos autores; anos de publicação; idiomas; tipos de documento; temáticas; resumos; referências bibliográficas, conducentes a referências relacionadas e a citações, entre outros.

  • 196 Cf. RUEDA-CLAUSEN GÓMEZ, Christian [et al.] — “Indicadores bibliométricos: orígen, aplicación”…, p. (...)

153Chegados a este ponto da investigação, concluímos que os indicadores bibliométricos se constituem como uma ferramenta útil e objetiva para avaliar e compreender a atividade científica, ao mesmo tempo que contribuem para uma adequada distribuição dos vários recursos destinados à ciência. Tal como anotam Rueda-Clausen Gómez et al., as próprias entidades governamentais e a indústria reconhecem na utilização dos indicadores bibliométricos um método fiável e normalizado para a tomada de decisões técnicas, administrativas e políticas no domínio da avaliação científica e seus respetivos grupos de investigação196.

  • 197 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…” (...)

154Os indicadores bibliométricos possibilitam igualmente conhecer a evolução e o impacto da atividade científica, seus veículos de transmissão de resultados e, ainda, os seus produtores e respetivos consumidores. Por fim, poderão também contribuir para a promoção profissional dos investigadores, visto que, ao privilegiar o número de publicações como indicador preferencial de atividade científica, conduzem à obtenção de reconhecimento entre a comunidade de investigação a que pertencem197.

155No entanto, os indicadores bibliométricos não podem constituir-se como fonte única para estudar os resultados da atividade científica, pelo contrário, deverão ser procurados outros métodos que os complementem, como a revisão por pares, ou, ainda, outros modelos de análise, por exemplo de caráter económico, sociológico, tecnológico ou do âmbito da política científica. Como sabemos, a ciência é uma atividade multidimensional, o que implica, inevitavelmente, a combinação de diferentes indicadores. A este propósito, revelam-se significativas as considerações de Bordons Gangas e Zulueta García:

  • 198 ID., ibid., p. 799.

La fiabilidad de los indicadores bibliométricos depende en gran medida del uso adecuado de los indicadores, que debe hacerse con conocimiento de sus limitaciones e de sus condiciones óptimas de aplicación. […] Asimismo se recomienda el uso de diversos indicadores complementarios, cuya convergencia aumenta la fiabilidad de los análisis y cuyo uso conjunto minimiza o riesgo de que los científicos puedan manipular los indicadores a su favor, con la consiguiente distorsión de la realidad y el riesgo de inhabilitación de los indicadores como instrumento de medida.”198

  • 199 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, p. 2.

156Acrescenta-se ainda a indispensabilidade da criação de novos indicadores bibliométricos, cada vez mais objetivos e fiáveis, que facilitem uma correta utilização da metodologia bibliométrica e, consequentemente, uma melhor e mais eficaz avaliação da atividade científica. Importa, por fim, referir o crescente interesse na aplicação dos estudos bibliométricos ao domínio das CID, o que tem permitido a esta disciplina relacionar-se de uma nova forma com os demais campos científicos que com ela interagem, dotando-a de uma metodologia quantitativa sem precedentes199.

2.4. A situação dos estudos bibliométricos em Portugal

157Quando comparados com os seus congéneres europeus, os estudos bibliométricos portugueses encontram-se ainda num estádio de desenvolvimento bastante embrionário. De facto, os trabalhos existentes caracterizam-se pelo seu caráter pontual e específico, escasseando, portanto, investigações de grande fôlego que impulsionem este campo de estudos em Portugal, nomeadamente dissertações de mestrado e teses de doutoramento. De certa forma, como já referimos na introdução, o presente estudo visa contrariar esta tendência e contribuir para o aprofundamento e avanço dos estudos bibliométricos no nosso país e, em última análise, elevar a investigação portuguesa no contexto das CID, ao nível nacional e internacional.

  • 200 Uma pesquisa pelas diversas instituições de ensino superior em Portugal com oferta formativa na áre (...)

158A escassez de estudos bibliométricos em Portugal deve-se, em parte, à quase ausência de unidades curriculares específicas constantes dos conteúdos programáticos dos diferentes níveis de formação em CID, o que inviabiliza, naturalmente, a aproximação e o conhecimento sistemático deste campo de estudos por parte da comunidade académica200. Muitas das vezes, o contacto com a bibliometria efetua-se apenas numa fase mais avançada da formação curricular, particularmente nos segundo e terceiro ciclos de ensino.

  • 201 Sobre estes estudos, cf.: UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA — Resultados da análise bibliométrica das pub (...)

159Uma pesquisa nos diversos catálogos bibliográficos de estabelecimentos do ensino superior português, bem como no RCAAP, permitiu-nos recolher algumas referências sobre a literatura científica produzida em Portugal no âmbito dos estudos bibliométricos. Os dados recuperados através dessa pesquisa foram bastante circunscritos, mas verificámos já uma preocupação, ainda que muito ténue, por parte das universidades no que respeita à avaliação da sua produção científica. Salientamos os estudos levados a cabo pela Universidade Nova de Lisboa e pela Universidade do Porto. Esperamos que este tipo de trabalhos se estenda a outros estabelecimentos do ensino superior português e que neles revejam uma útil ferramenta de gestão e avaliação da atividade científica201.

  • 202 A título exemplificativo, consulte-se: DONATO, Helena; OLIVEIRA, Carlos F. de — “Patologia mamária: (...)

160Realçamos também os estudos efetuados pelos Serviços de Documentação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com artigos relativos à produção científica portuguesa na área oncológica e da ginecologia e obstetrícia. Estes estudos revelam-se bastante completos, pois analisam em termos quantitativos não só a contribuição dos autores nacionais na produção científica internacional mas também o nível de colaboração e impacto das suas publicações202.

  • 203 COSTA, Teresa [et al.] — “A bibliometria e a avaliação da produção científica: indicadores e ferram (...)

161Registamos, ainda, uma comunicação de síntese relativa à bibliometria, suas potencialidades e limitações, elaborada em coautoria, no âmbito do 11.º Congresso de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 18-20 de outubro de 2012). Esta comunicação foi a única referente a estudos métricos no conjunto das demais apresentadas, devendo, por isso, ser por nós evidenciada203. Poderá, eventualmente, funcionar como alavanca a futuros trabalhos neste domínio investigativo.

  • 204 Sobre mais informações referentes a este programa, aceda-se em www: http://germanistik-portugal.org (...)

162Um dado interessante que recolhemos diz respeito à criação de um programa de incentivo à internacionalização sustentada da investigação, em especial em História, lançado pelo Instituto de Estudos Medievais (IEM/FCSH-UNL), associado a outros centros de investigação desta mesma faculdade. Este programa decorreu em várias sessões temáticas, que visaram não só questões genéricas relacionadas com a avaliação da produção científica mas sobretudo aspetos de teor prático, como por exemplo trabalhar com revistas indexadas e arbitradas ou saber consultar e utilizar as principais bases de dados de revistas204. A iniciativa evidencia-se no âmbito desta investigação, pois traduz a apreensão atual por parte da comunidade científica universitária face à necessidade de avaliação da disciplina da História, em particular na sua forma de implementação e na metodologia a seguir. Por conseguinte, esperamos que o presente trabalho venha contribuir nesse sentido, embora naturalmente circunscrito a uma das subdisciplinas da História, como é a História Medieval. O que propomos é a utilização da bibliometria e dos seus métodos e técnicas para avaliar a produção científica e apoiar o processo de gestão da política científica aplicada aos estudos medievais.

  • 205 Destacamos as dissertações de mestrado produzidas na Universidade do Porto, entre as quais: SILVA, (...)

163Pensamos que a integração de uma unidade curricular que contemple os estudos métricos da informação nos segundo e terceiro ciclos de ensino possibilitará, a médio prazo, a introdução efetiva e o florescimento deste campo de conhecimentos no panorama da investigação em CID no nosso país, sobretudo através da realização de dissertações de mestrado e teses de doutoramento, tendência que começa, gradualmente, a ganhar terreno nos meios universitários portugueses205.

  • 206 A este respeito, destacamos o Laboratorio de Estudios Métricos de Información (LEMI) do Departament (...)

164Outro fator que poderá incrementar o interesse pelos estudos bibliométricos em Portugal é a aposta na internacionalização da comunidade científica e da comunidade académica portuguesas, por exemplo mediante programas de formação avançada no estrangeiro e projetos de I&D e de docência, entre outros. Estas experiências revelam-se, por norma, muito enriquecedoras, pois permitem o contacto com as mais recentes linhas de investigação da ciência internacional, assim como a aproximação a escolas e equipas de investigação de excelência206.

Notes

65 MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos: fundamentos y aplicación al análisis de la ciencia. Gijón: Trea. 2003, p. 11.

66 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica mediante indicadores bibliométricos”. Bibliotecas. Vol. 24, n.ºs 1-2 (2006), p. 9.

67 Para uma visão aprofundada do designado «processo de matematização das ciências», leia-se: GORBEA PORTAL, Salvador — Modelo teórico…, sobretudo caps. 1 e 2, pp. 19-59.

68 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica a través de indicadores bibliométricos”. Revista española de cardiología. Vol. 52, n.º 10 (1999), pp. 790 e 791.

69 Cf. SPINAK, Ernesto — “Indicadores cienciométricos”. Ciência da informação. Vol. 27, n.º 2 (1998), p. 141.

70 SANCHO LOZANO, Rosa — Directrices de la OCDE para la obtención de indicadores de ciencia y tecnología [Em linha]. 2002, p. 1. [Consult. 13 jul. 2010]. Disponível em www:
http://ns.micit.go.cr/encuesta/docs/docs_tecnicos/ocde_directrices_para_indicadores_ciencia_y_tecnologia.pdf

71 Para uma visão mais aprofundada destes manuais, leia-se: SPINAK, Ernesto — “Indicadores cienciométricos”…, pp. 142 e 143, e SANCHO LOZANO, Rosa — Directrices de la OCDE para la obtención…, pp. 2-4.

72 Aceda-se em www: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE

73 LÓPEZ YEPES, José — “La evaluación de la ciencia en el contexto de las Ciencias de la Documentación”. Investigación bibliotecológica. Vol. 13, n.º 27 (1999), p. 203.

74 Sobre a importância da disciplina de Documentação no contexto da avaliação da atividade científica, cf.: LÓPÉZ YEPES, José — “La evaluación de la ciencia…”, pp. 201-203.

75 Acerca da relevância e objetivos da avaliação da ciência, v.: MORAVCSIK, M. J. — “Como evaluar la ciencia y a los científicos?”. Revista española de documentación científica. Vol. 12, n.º 3 (1989), pp. 313-325.

76 Cf. ID., ibid., pp. 315 e 316.

77 Cf. SPINAK, Ernesto — “Indicadores cienciométricos”…, p. 44.

78 ID., ibid., p. 45.

79 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 15.

80 Aceda-se em www: http://socialsciences.leiden.edu/cwts/news/11th-international-conference-on-sti-cwts.html

81 MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos…, p. 17. Na mesma obra, cf. especialmente a primeira parte, “El sistema de publicación en la ciencia”, pp. 15-117.

82 Cf. ID., ibid., p. 97.

83 A DGEEC substituiu o Gabinete de Estratégia, Planeamento, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI).

84 Mais adiante, exploraremos em detalhe o conceito de «indicador bibliométrico», pelo que neste ponto nos limitamos a mencioná-lo.

85 Aceda-se em www: http://www.dgeec.mec.pt/np4/home

86 As séries estatísticas fornecidas pela DGEEC abrangem, em alguns casos, o período de 1990-2010, o que implica, por vezes, recuarmos cronologicamente face ao período estabelecido para análise nesta investigação (2000-2010), a fim de obtermos mais alguns dados sobre a produção científica portuguesa.

87 Relativamente a estas informações e a outras de âmbito mais genérico sobre a produção científica portuguesa, cf.: PORTUGAL. Ministério da Educação e da Ciência. Gabinete de Estratégia, Planeamento, Avaliação e Relações Internacionais. Direção dos Serviços de Informação Estatística em Ciência e Tecnologia — Produção científica portuguesa, 1990-2010: séries estatísticas [Em linha]. Lisboa: Gabinete de Estratégia, Planeamento, Avaliação e Relações Internacionais, 2011. [Consult. 24 nov. 2011]. Disponível em www:
http://www.dgeec.mec.pt/np4/210/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=116&fileName=SE2010_05_2013_site.pdf

88 Sobre estes indicadores síntese, v.: PORTUGAL. Ministério da Educação e da Ciência. Gabinete de Estratégia, Planeamento, Avaliação e Relações Internacionais. Direção dos Serviços de Informação Estatística em Ciência e Tecnologia — Dotações orçamentais de C&T e I&D 2011 [Em linha]. Lisboa: Gabinete de Estratégia, Planeamento, Avaliação e Relações Internacionais, 2011. [Consult. 2 dez. 2011]. Disponível em www: http://www.dgeec.mec.pt/np4/209/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=115&fileName=Dota__esOrcamentais2011_SiteDGEEC.pdf

89 A respeito do IPCTN, aceda-se em www: http://www.dgeec.mec.pt/np4/206

90 Aceda-se em www: http://www.ricyt.org

91 Para uma visão mais aprofundada da investigação realizada pela equipa do Laboratório de Estudos Métricos de Informação (LEMI — Universidade Carlos III de Madrid), coordenada pelo seu diretor, o Prof. Dr. Elias Sanz Casado, cf.: SANZ CASADO, Elias [et al.] — “Propuesta de evaluación de la investigación de la universidad española a partir de indicadores complementarios”. In Foro sobre la Evaluación de la Calidad de Educación Superior e la Investigación, 5, San Sebastián, 2008 [Em linha]. [Consult. 3 ago. 2010]. Disponível em www: http://www.ugr.es/~aepc/Vforo/presentacion-Elias.pdf

92 De entre os estudos de Godin relativos à problemática das universidades enquanto principais centros de produção do conhecimento, leia-se: GODIN, Benoit; GINGRAS, Yves — “The place of universities in the system of knowledge production”. Research policy. Vol. 29, n.º 2 (2000), pp. 273-278.

93 Aceda-se em www: http://www.a3es.pt/pt

94 Entre os principais indicadores de desempenho, contam-se os três atuais ciclos de ensino, a investigação e o nível de recursos. Documento disponível em www: http://www.a3es.pt/pt/estudos-e-documentos/documentos/indicadores-de-desempenho-para-apoiar-os-processos-de-avaliacao-e-acreditacao-de-ciclo-de-estudo

95 Aceda-se em www: http://www.crup.pt/pt

96 Para uma visão mais completa deste estudo, consulte-se o respetivo documento eletrónico disponível em www: : http://www.crup.pt/images/documentos/notas_informativas/PB1228__Ranking_Universitas_21.pdf

97 Aceda-se em www: http://www.fct.pt

98 Retomaremos em detalhe o conceito de «revisão por pares» (peer review) mais adiante.

99 Sobre a avaliação levada a cabo pela FCT no âmbito da investigação científica e tecnológica, aceda-se em www: http://alfa.fct.mctes.pt/estatisticas/avaliacoes

100 Aceda-se em www: http://www.adi.pt

101 Aceda-se em www: http://www.cienciaviva.pt/home

102 Aceda-se em www: http://www.fccn.pt/pt

103 Aceda-se em www: http://www.gpeari.mctes.pt

104 Aceda-se em www: http://www.umic.pt

105 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…”, p. 791.

106 BORGES, Maria Manuel — A esfera: comunicação académica e novos media. Coimbra: [s.n.], 2006, p. 29.

107 Para uma visão genérica das características da avaliação por pares, leia-se: LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, pp. 11 e 12, e SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 81-84.

108 Cf. BORGES, Maria Manuel — A esfera…, p. 29.

109 Cf. MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos…, pp. 46-49.

110 Para uma noção sistematizada das possíveis variações do sistema de revisão por pares, cf.: BORGES, Maria Manuel — A esfera…, pp. 34 e 35.

111 Relativamente às limitações metodológicas do sistema de revisão por pares, v.: MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos…, pp. 49-54, e SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 81-84.

112 Sobre as alternativas ao sistema de revisão por pares, leia-se: CAMPANARIO, José Miguel — “El sistema de revisión por expertos (peer review): muchos problemas y pocas soluciones”. Revista española de documentación científica. Vol. 25, n.º 3 (2002), especialmente pp. 279-282.

113 SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos utilizados en la evaluación de la ciencia y la tecnología”. Revista española de documentación científica. Vol. 13, n.ºs 3 e 4 (1990), p. 843.

114 GÓMEZ CARIDAD, Isabel; BORDONS GANGAS, María — “Limitaciones en el uso de los indicadores bibliométricos para la evaluación científica”. Política científica. N.º 46 (1996), p. 21.

115 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…”, p. 791.

116 SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas aplicadas a los estudios de usuarios”. Revista general de información y documentación. Vol. 7, n.º 2 (1997), p. 46.

117 MALTRÁS BARBA, Bruno — Los indicadores bibliométricos…”, p. 121.

118 Cf. RUEDA-CLAUSEN GÓMEZ, Christian [et al.] — “Indicadores bibliométricos: origen, aplicación, contradicción y nuevas propuestas. Med UNAB. Vol. 8, n.º 1 (2005), pp. 29-36.

119 Em relação às novas propostas metodológicas introduzidas por RUEDA-CLAUSEN GÓMEZ et al., consulte-se: ID., ibid., pp. 33 e 34.

120 Cf. SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, p. 843.

121 Cf. MARTIN, B. R. — “The use of multiple indicators in the assessment of basic research”. Scientometrics. Vol. 36, n.º 3 (1996), pp. 343-362.

122 BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…”, p. 793. Para uma visão mais aprofundada dos indicadores quantitativos e dos indicadores de impacto, leia-se: ID., ibid., pp. 793-795.

123 SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos utilizados en la evaluación de la ciencia y la tecnología: revisión bibliográfica.” In Inteligencia competitiva: documentos de lecture. [Em linha]. Barcelona: Fundación per la Universitat Oberta de Catalunya, 2002, pp. 77-106. Disponível em www: http://www.tramasoft.com/documentos/I+D+i/UND2/Lecturas%20complementarias/79059.Inteligencia%2520Competitiva.Lecturas.pdf#page=77

124 Cf. SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, pp. 47 e 61. Sobre as mais recentes investigações relativas aos mapas bibliométricos, v.: VAN ECK, Nees [et al.] — “Automatic term identification for bibliometric mapping”. Scientometrics. Vol. 82, n.º 3 (2010), pp. 581-596. Para os autores, os mapas bibliométricos assumem-se como “[…] a powerful tool for studying the structure and the dynamics of scientic fields. Researchers can utilize bibliometric maps to obtain a better understanding of the field in which they are working. In addition, bibliometric maps can provide valuable insights for science policy purposes.” (p. 581).

125 Sobre as investigações de Price, leia-se: LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 15.

126 Cf. ID, ibid., p. 15.

127 Cf. SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, pp. 849 e 850.

128 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 16.

129 Cf. ID., ibid., p. 17.

130 Cf. ID., ibid., p. 16.

131 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, p. 97.

132 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, pp. 15 e 16.

133 Cf. ID., ibid., pp. 53 e 54, e SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, pp. 853-855.

134 SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, p. 54.

135 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, p. 39 e LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 17.

136 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”; SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, pp. 54 e 55; SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, p. 856.

137 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 94 e 95.

138 ID., ibid., pp. 94 e 95. Salientamos ainda que data de há pouco tempo, precisamente de 2012, a criação de outro indicador bibliométrico destinado a medir o prestígio e a credibilidade das revistas, designado como «Eigenfactor metrics», que calcula o número de citações recebidas por uma revista a partir de outras publicações. Para conhecer em pormenor o Eigenfactor, aceda-se em www: http://www.eigenfactor.org

139 A par destas duas bases de dados, referenciamos ainda a mais recente ferramenta bibliométrica que é o Google Scholar Metrics, lançado em abril de 2011, que fornece métricas de impacto de revistas científicas, obtidas a partir da contagem de citações. A principal vantagem desta base de dados é o seu acesso gratuito. Não obstante, têm sido apontadas algumas desvantagens à sua utilização, entre as quais: cobertura temporal limitada a artigos publicados nos últimos cinco anos (2007-2011); ausência de critérios relativos à seleção das fontes, juntando periódicos científicos avaliados por pares com working papers, por exemplo; desconhecimento da periodicidade da atualização dos dados. Para uma visão mais completa desta ferramenta, cf.: LÓPEZ-CÓZAR, Emilio; CABEZAS-CLAVIJO, Álvaro — “Google Scholar Metrics: an unreliable tool for assessing scientific journals”. El Professional de la información. Vol. 21, n.º4 (2012), pp. 419-425.

140 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 94 e 95. Mais recentemente, em 2005, J. Hirch criou o denominado «h-index» ou «índice h», que se trata de um indicador destinado a quantificar a produtividade e o impacto dos investigadores, baseando-se nos seus artigos mais citados. Em termos práticos, corresponde ao número de artigos de um determinado autor com, pelo menos, o mesmo número de citações. Sobre o h-index, suas características, vantagens e limitações, leia-se: COSTAS-COMESAÑA, Rodrigo; BORDONS GANGAS, María — “The h-index: advantages, limitations and its relation with other bibliometric indicators at the micro level”. Journal of informetrics [Em linha]. Vol. 1 (2007), pp. 193-203. [Consult. 5 de agt. 2010]. Disponível em www: http://www.liquidpub.org/mediawiki/upload/1/11/Journal_of_Informetrics_1(3).pdf

141 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 95 e 96.

142 Nos últimos anos, tem-se assistido a um incremento significativo do número de investigações bibliométricas sobre questões relacionadas com a colaboração científica. V., a título exemplificativo, as seguintes teses de doutoramento: BONILLA CALERO, Ana IsabelLa colaboración y la visibilidad en las disciplinas de Física en Science Citation Index y arXiv (2000-2005). Getafe: Universidad Carlos III de Madrid, 2009; GARCÍA ZORITA, José Carlos — La actividad científica de los economistas españoles, en función del ámbito nacional o internacional de sus publicaciones: estudio comparativo basado en un análisis bibliométrico durante el periodo 1986-1995. Getafe: Universidad Carlos III de Madrid, 2000.

143 Cf. LASCURAIN SÁNCHEZ, María L. — “La evaluación de la actividad científica…”, p. 16; SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, pp. 850 e 851; SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, pp. 56-58.

144 Cf. SANZ CASADO, Elias; MARTÍN MORENO, Carmen — “Técnicas bibliométricas…”, p. 58.

145 Cf. KATZ, J. S.; MARTIN, B. R. — “What is research collaboration?”. Research policy. Volº 26, n.º 1 (1997-1998), pp. 8 e 9.

146 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 98-100.

147 Cf. ID., ibid., pp. 98-102.

148 Relativamente às vantagens da utilização dos indicadores bibliométricos, cf.: SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, pp. 86 e 87, e BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…”, pp. 791 e 792.

149 Cf. SANCHO LOZANO, Rosa — “Indicadores bibliométricos…”, pp. 857-859.

150 Cf. GÓMEZ CARIDAD, Isabel; BORDONS GANGAS, María — “Limitaciones en el uso…”, pp. 21-24; BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…”, pp. 795-798.

151 Cf. GÓMEZ CARIDAD, Isabel; BORDONS GANGAS, María — “Limitaciones en el uso…”, pp. 25 e 26.

152 Cf. VINKLER, P. — “An attempt of surveying and classifying bibliometric indicators for scientometric purposes”. Scientometrics. Vol. 13, n.ºs 5-6 (1988), pp. 239-259.

153 V., a título exemplificativo, as seguintes investigações: SCHUBERT, A.; GLÄNZEL, W.; BRAUN, T. — “Scientometric datafiles: a comprehensive set of indicators on 2649 journals and 96 countries in all major sciences fields and subfields: 1981-1985”. Scientometrics. Vol. 16, n.ºs 1-6 (1989), pp. 3-478; BRAUN, T.; GLÄNZEL, W.; GRUPP, H. — “The scientometric weight of 50 nations in 27 science areas, 1989-1993. Part II. Life Sciences”. Scientometrics. Vol. 34, n.º 2 (1995), pp. 207-237; BRAUN, T. [et al.] — “World science in the eighties. National performances in publication output and citation impact, 1985-1989 versus 1980-1984: Part II. Life sciences, engineering, and mathematics”. Scientometrics. Vol. 31, n.º 1 (1994), pp. 3-30; KING, D. A. — “The scientific impact of nations: what different countries get for their research spending”. Nature. N.º 430 (2004), pp. 311-316.

154 Destacamos novamente como modelares os trabalhos de Vinkler: VINKLER, P. — “Evaluation of the publication activity of research teams by means of scientometric indicators”. Current science. Vol. 79, n.º 5 (2000), pp. 602-612; VINKLER, P. — “Composite scientometric indicators for evaluating publications of research institutes”. Scientometrics. Vol. 68, n.º 3 (2006), pp. 629-642.

155 Apesar das limitações e peculiaridades inerentes à elaboração de estudos bibliométricos ao nível micro, nestes últimos anos, este tipo de análise tem despertado interesse no panorama dos estudos da especialidade, conduzindo à elaboração de algumas investigações de grande fôlego, designadamente teses de doutoramento. A este propósito, consulte-se: IRIBARREN MAESTRO, Isabel — Producción científica y visibilidad de los investigadores de la Universidad Carlos III de Madrid en las bases de datos del ISI: 1997 — 2003. Getafe: Universidad Carlos III de Madrid, 2006; COSTAS-COMESAÑA, Rodrigo — Análisis bibliométrico de la actividad científica de los investigadores del CSIC en tres áreas: Biología y Biomedicina, Ciencia de materiales y Recursos naturales. Una aproximación metodológica a nivel micro (Web of Science, 1994-2004). Getafe: Universidad Carlos III de Madrid, 2008.

156 Sobre a interação dos diferentes níveis de aplicação dos indicadores bibliométricos, leia-se: VAN LEEUWEN, T. N. — “Modelling of bibliometric approaches and importance of output verification in research performance assessment”. Research evaluation. Vol. 16, n.º 2 (2007), pp. 93-105.

157 Sobre as fontes primárias e as fontes secundárias, cf.: SUBRAMANYAM, K. — “Scientific literature”. In KENT, Allen; LANCOUR, Harold; DAILY, Jay E. (eds.) — Encyclopedia of Library and Information Science. New YorK; Basel: Marcel Dekker, 1979. Vol. 26, pp. 394-497.

158 Cf. ID., ibid., pp. 432-439.

159 Cf. ID., ibid., pp. 446-454.

160 Cf. ID., ibid., pp. 461-474.

161 Acerca da FCT e suas principais áreas de intervenção no domínio das atividades de ciência e tecnologia, consulte-se em www: http://www.fct.pt

162 Cf. FERNÁNDEZ CAÑO, Antonio [et al.] — “Análisis cienciométrico de las tesis doctorales españolas en Educación Matemática (1976-1998)”. Revista española de documentación científica. Vol. 26, n.º 2 (2003), p. 165.

163 Aceda-se em www: http://www.proquest.com/en-US/catalogs/databases/detail/dai.shtml

164 Aceda-se em www: http://www.opengrey.eu

165 Aceda-se em www: http://www.dgeec.mec.pt/np4/39

166 Atualmente, a base de dados das patentes norte-americanas encontra-se disponível no seguinte sítio web: http://www.uspto.gov

167 Acerca das patentes como fonte de informação para a construção de indicadores bibliométricos, leia-se: NARIN, F. — “Patent bibliometrics”. Scientometrics. Vol. 30, n.º 1 (1994), pp. 147-155.

168 Aceda-se em www: http://www.epo.org

169 Sobre este organismo, aceda-se em www: http://www.marcasepatentes.pt

170 Aceda-se ao seguinte sítio web: http://thomsonreuters.com/

171 Para uma descrição detalhada destes diferentes produtos e outros, consulte-se em www: http://thomsonreuters.com/products_services/science/science_products/a-z

172 Aceder em www: http://www.elsevier.com/online-tools/scopus

173 Aceder em www: http://www.scimagojr.com

174 Aceder em www: http://www.inist.fr/spip.php?article11

175 Aceder em www: http://www.proquest.com/en-US/catalogs/databases/detail/francis-set-c.shtml

176 Aceda-se em www: http://www.nlm.nih.gov/bsd/pmresources.html

177 Aceda-se em www: http://www.proquest.com/en-US/catalogs/databases/detail/lisa-set-c.shtml

178 Aceda-se em www: http://www.ebscohost.com/academic/library-information-science-technology-abstracts-lista

179 Aceda-se em www: http://bddoc.csic.es:8080/informacion.html;jsessionid=94E83B664C98E053F5DC6C4D404D25AA?estado_formulario=show&bd=ICYT&tabla=docu

180 Aceda-se em www : http://www.cindoc.csic.es/servicios/dbinfo.htm

181 Aceda-se em www: http://www.b-on.pt

182 BÁEZ, José Manuel [et al.] — “CVN: normalización de los currículos científicos”. El profesional de la información. Vol. 17, n.º 2 (2008), p. 214.

183 Sobre o CV como fonte de obtenção de indicadores científicos, focamos os seguintes estudos: DIETZ, James S. [et al.] — “Using the curriculum vitae to study the career paths of scientists and engineers: an exploratory assessment”. Scientometrics. Vol. 49, n.º 3 (2000), pp. 419-442; BÁEZ, José Manuel [et al.] — “CVN: normalización …”; CAÑIBANO, Carolina; BOZEMAN, Barry — “Curriculum vitae method in science policy and research evaluation: the state-of-the-art”. Research evaluation. Vol. 18, n.º 2 (June 2009), pp. 86-94; GORBEA PORTAL, Salvador; CUBELLS-NONELL, Vicente — “Humanindex: el curriculum vitae como fuente de información en la obtención de indicadores científicos en Humanidades y Ciencias Sociales”. Revista general de información y documentación. N.º 19 (2009), pp. 9-27.

184 Cf. GORBEA PORTAL, Salvador; CUBELLS-NONELL, Vicente — “Humanindex: el curriculum vitae como fuente…, p. 13.

185 DIETZ, James S. [et al.] — “Using the curriculum vitae to study…”, pp. 420 e 421.

186 Cf. ID., ibid., p. 421.

187 Cf. a tabela 1 deste artigo, que estabelece a relação entre a estrutura normalizada do CV, criada no âmbito do projeto Humanindex e os tipos de indicadores obtidos a partir de diferentes categorias de dados: GORBEA PORTAL, Salvador; CUBELLS-NONELL, Vicente — “Humanindex: el curriculum vitae como fuente…”, pp. 15 e 16.

188 A respeito das limitações do uso dos CV enquanto fonte de informação para a construção de indicadores científicos, leia-se: DIETZ, James S. [et al.] — “Using the curriculum vita to study…”, p. 421, e CAÑIBANO, Carolina; BOZEMAN, Barry — “Curriculum vitae method in science policy…”, pp. 89-91.

189 Aceda-se em www: http://europass.cedefop.europa.eu/pt/documents/curriculum-vitae

190 http://www.degois.pt/index.jsp?id=1

191 Sobre o projeto RCAAP, nomeadamente missão e objetivos, promotores, instituições participantes e serviços, aceda-se em www: http://www.rcaap.pt

192 Para todas as questões focadas relativamente à Plataforma DeGóis, aceda-se em www: http://www.degois.pt

193 Sobre mais informações sobre o Sistema de Informação e Gestão da FCT, aceda-se em www: http://www.fct.mctes.pt/fctsig/cv/presentation.pt/editCV.aspx

194 Cf. SUBRAMANYAM, K. — “Scientific literature”…, pp. 454-457.

195 Cf. ID., ibid., p. 495.

196 Cf. RUEDA-CLAUSEN GÓMEZ, Christian [et al.] — “Indicadores bibliométricos: orígen, aplicación”…, p. 29.

197 Cf. BORDONS GANGAS, María; ZULUETA GARCÍA, María Ángeles — “Evaluación de la actividad científica…”, p. 798.

198 ID., ibid., p. 799.

199 Cf. SANZ CASADO, Elias — Proyecto docente para la provisión…, p. 2.

200 Uma pesquisa pelas diversas instituições de ensino superior em Portugal com oferta formativa na área das CID, listadas no site da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, permitiu-nos verificar que apenas duas delas contemplam nos seus planos de estudo uma disciplina dedicada aos estudos métricos de informação (em concreto, bibliometria e cienciometria), a saber: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa. Consulta efetuada através do link http://www.apbad.pt/Formacao/formacao_cdisp.htm

201 Sobre estes estudos, cf.: UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA — Resultados da análise bibliométrica das publicações da UNL (2000-2006) indexadas à Web of Science [Em linha]. 2009 [Consult. 10 agt. 2010]. Disponível em www: http://www.unl.pt/investigacao/em-foco/wbiblio1; UNIVERSIDADE DO PORTO. Reitoria. Serviço de melhoria contínua — Produção científica da Universidade do Porto indexada na Web of Science 2003-2009 [Em linha]. 2008. [Consult. 10 agt. 2010]. Disponível em www: http://sigarra.up.pt/up/conteudos_geral.conteudos_ver?pct_pag_id=122350&pct_parametros=p_pagina=122350&pct_disciplina=&pct_grupo=895&pct_grupo=1005; v. o seguinte estudo, também elaborado pela Universidade do Porto, relativo à produção científica portuguesa: UNIVERSIDADE DO PORTO. Centro de Química — A produção científica portuguesa na Scopus: comparação com a ISI Web of Science: nota técnica. Research Methods nº 6 (2008) [Em linha]. [Consult. 10 agt. 2010]. Disponível em www: http://www.fc.up.pt/pessoas/jfgomes/documentos/Nota%20Tecnica%20N6_31out08_.pdf.

202 A título exemplificativo, consulte-se: DONATO, Helena; OLIVEIRA, Carlos F. de — “Patologia mamária: avaliação da atividade científica nacional através de indicadores bibliométricos (1995 a julho de 2005)”. Acta médica portuguesa. N.º 19 (2006), pp. 225-234, e ID. — “Bibliometria do cancro em Portugal: 1997 a 2006”. Acta médica portuguesa. N.º 22 (2009), pp. 41-50. Cf., ainda, um artigo bastante anterior atinente a um estudo bibliométrico sobre a psicologia da saúde: LOPES, Carlos; COUTO, Ezequiel — “A psicologia da saúde na revista Análise psicológica”. Análise psicológica. Vol. 17, n.º 3 (1999), pp. 457-470.

203 COSTA, Teresa [et al.] — “A bibliometria e a avaliação da produção científica: indicadores e ferramentas”. In CONGRESSO NACIONAL DE BIBLIOTECÁRIOS, ARQUIVISTAS E DOCUMENTALISTAS, 11, Lisboa, 2012 — Integração, Acesso e Valor Social [Em linha] Lisboa: BAD, 2012. [Consult. 2 nov. 2012]. Disponível em www: http://www.bad.pt/publicacoes/index.php/congressosbad/article/view/429

204 Sobre mais informações referentes a este programa, aceda-se em www: http://germanistik-portugal.org/iem/media-pdf/divulgacao-iem/programa-incentivo/programa

205 Destacamos as dissertações de mestrado produzidas na Universidade do Porto, entre as quais: SILVA, José Miguel Pereira da — O estado-da-arte da literatura em economia e gestão da inovação e tecnologia: um estudo bibliométrico. Porto: [s.n.], 2008. Temos ainda conhecimento da existência de outras investigações em curso no âmbito dos estudos bibliométricos, embora aqui não nos possamos referir a elas com maior precisão pelo facto de ainda não terem sido defendidas nem disponibilizadas. Salientamos igualmente as teses de doutoramento em curso na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em cotutela com a Universidade de Alcalá de Henares, sendo, até à data, a única defendida a seguinte: MARTINHO, Ana Maria de Sá Osório de Figueiredo — Contributo das revistas jurídicas para a comunicação e criação de conhecimento: uma perspetiva bibliométrica. Alcalá de Henares: Universidad de Alcalá, 2011.

206 A este respeito, destacamos o Laboratorio de Estudios Métricos de Información (LEMI) do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Carlos III de Madrid, grupo que centra a sua investigação na avaliação da atividade científica através da utilização das técnicas bibliométricas. Uma das vertentes de atuação deste grupo é o acolhimento de investigadores estrangeiros com o objetivo de estes adquirirem competências metodológicas e técnicas nas suas áreas científicas de interesse. Para mais informações acerca do LEMI aceda-se em www: http://lemi.uc3m.es

Qual o continente mais se destacou na produção científica?

Destaca-se que a maior produção científica advém do continente asiático, sobretudo da China, em que os profissionais de saúde de Wuhan contribuíram de forma significativa com o fornecimento de dados de pesquisa para a condução da assistência à saúde em todo o mundo.

Qual continente mais se destacou na produção científica Nesse período 2010

Resposta. Resposta: Estados Unidos ou EUA.