17 de novembro de 2017 – A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) apresentou nesta sexta-feira (17) um panorama do 3º Desafio Global para Segurança do Paciente.
A iniciativa Global Patient Safety Challenge on Medication Safety busca reduzir pela metade, nos próximos cinco anos, os danos graves e evitáveis associados a erros de medicação. A apresentação foi feita durante o I Congresso Pan-Americano e o VI Congresso Brasileiro sobre o Uso Racional de Medicamentos, que acontece até sábado (18), em Foz do Iguaçu, Paraná,
Brasil. Segundo Felipe Carvalho, consultor de desenvolvimento e inovação tecnológica em saúde da Representação da OPAS/OMS no Brasil, os erros de medicação, além de causarem danos ao paciente, prejudicam os orçamentos de saúde. “Os custos relacionados a erros de medicação representam 42 bilhões de dólares [cerca de R$ 136 bilhões] por ano. E isso é o que conhecemos, a ponta o iceberg. Imagina o que não conhecemos, o que está subnotificado. Essa estimativa da OMS foi feita com base em
informações de países que têm esses dados. E esses países são também os que monitoram melhor a segurança do paciente. Então, sabemos que o problema no mundo é ainda maior”, afirmou. Além disso, estima-se que os erros de medicação causam pelo menos uma morte todos os dias. Somente nos Estados Unidos, aproximadamente 1,3 milhão de pessoas são prejudicadas anualmente por esses equívocos. Tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes podem cometer erros que resultam em danos
graves, como prescrever, dispensar, preparar, administrar ou consumir a medicação errada ou de forma inadequada, o que pode resultar em danos graves, deficiência e até mesmo morte. A maior parte dos danos advém de falhas na maneira como o cuidado é organizado e coordenado, especialmente quando vários provedores de saúde estão envolvidos no cuidado do paciente. Uma cultura organizacional que implementa rotineiramente as melhores práticas e que evita a culpa quando os erros são cometidos é o
melhor ambiente para cuidados seguros. Desafio Esse é o terceiro desafio global da OMS para a segurança dos pacientes. O primeiro foi sobre higienização adequada das mãos (“Clean Care is Safe Care”), em 2005, e o segundo tratava de procedimentos necessários para cirurgias seguras (“Safe Surgery Saves Lives”), em 2008. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o desafio global de Medicamentos Sem Danos. Sua meta é reduzir em 50% os eventos adversos graves, decorrentes de erros de medicação, nos próximos cinco anos. Na verdade, esse é o terceiro desafio global proposto pela OMS, como parte do Desafio pela Segurança do Paciente. Anteriormente, foi lançado o
desafio Cuidado Limpo é Cuidado Seguro (2005) e o desafio Cirurgia Segura Salva Vidas (2008). O desafio global de Medicamentos sem Danos está direcionado para uma das maiores fraquezas dos sistemas de saúde: os erros de medicação. Tais eventos provocam uma morte por dia e prejudicam aproximadamente 1,3 milhões de pessoas anualmente nos Estados Unidos. Além disso, o
custo global dos erros de medicação foi estimado em US $42 bilhões ao ano, representando 1% do gasto com saúde. Adicionalmente, países em desenvolvimento carecem de estatísticas precisas, porém há indícios que os danos causados sejam ainda maiores. Por outro lado,
de acordo com a filosofia da segurança do paciente, os erros de medicação podem ser evitados. Grande parte desses eventos adversos podem ser prevenidos pela reorganização dos sistemas de saúde e implementação de boas práticas de cuidado. A maioria dos erros de medicação provém de falhas nos sistemas e na forma como são organizados e coordenados. Nesse contexto, profissionais da saúde e
pacientes podem cometer erros durante o processo de indicação, prescrição, dispensação, preparo, administração ou consumo. Para mudar esse cenário, é preciso assumir que o erro é inerente à condição humana e reconhecer que é passível de prevenção. O desafio global, portanto, é buscar estratégias para evitar erros de medicação e/ou minimizar sua frequência e impacto. O objetivo deste conteúdo é apresentar as principais diretrizes propostas pela OMS para que a meta de redução de erros
de medicação pela metade possa ser alcançada até 2022. O objetivo geral do desafio global da OMS pelos Medicamentos Sem Danos é aprimorar cada etapa do ciclo de utilização de medicamentos. Ou seja, o desafio inclui ações voltadas à indicação, prescrição, dispensação, administração, monitoramento e uso de medicamentos. Nesse sentido, a OMS propôs uma série de diretrizes e ferramentas para
fortalecer os sistemas de saúde e diminuir os danos relacionados ao uso inadequado de medicamentos. O desafio global inclui cinco objetivos específicos, a saber:
Todos estes objetivos giram em torno de uma estrutura estratégica, que foi desenvolvida especificamente para este desafio global. Estrutura estratégica do desafio global pelos Medicamentos sem DanosA Estrutura Estratégica do Desafio Global pelos Medicamentos Sem Danos contém quatro domínios: (1) pacientes e o público; (2) profissionais de saúde, (3) medicamentos e sistemas; e (4) práticas de medicação. Cada domínio, por sua vez, é dividido em quatro subdomínios. Por último, no centro do diagrama, estão as três áreas prioritárias de ação – polifarmácia, situações de alto risco e transição de cuidados. Estas áreas são relevantes para cada um dos quatro domínios e, por isso, ocupam a região central da estrutura. Confira o diagrama oficial da estrutura estratégica do desafio pelos Medicamentos sem Danos, na figura reproduzida a seguir: Fonte: WHO, 2017 Na sequência, conheça cada um desses domínios do desafio global e suas respectivas áreas de atuação. Os quatro domínios do desafio global pelos Medicamentos Sem Danos
As três áreas prioritárias de atuação do desafio globalSituações de alto riscoAs situações de alto risco são aquelas em que o impacto dos erros de medicação é maior. Nesses casos, o risco aumentado pode estar relacionado à maior gravidade dos quadros clínicos e/ou ao uso de regimes medicamentosos mais complexos. Assim, pacientes internados têm maior risco do que pacientes ambulatoriais. Crianças menores de dois anos, idosos, portadores de insuficiência hepática ou renal são mais suscetíveis a erros de medicação envolvendo dose, via de administração ou falha de monitoramento. Felizmente, existem várias ferramentas tecnológicas para auxiliar os profissionais, sobretudo na utilização dos chamados medicamentos de alto risco. Tais ferramentas também podem melhorar o nível de conhecimento sobre esses produtos, rumo à meta de Medicamentos sem Danos. PolifarmáciaPolifarmácia é o uso rotineiro e concomitante de quatro ou mais medicamentos por um paciente. Esse fenômeno aumentou juntamente com a elevação da expectativa de vida, que resultou em maior número de pessoas convivendo com várias doenças crônicas. O problema é que a polifarmácia aumenta as chances de desenvolvimento de efeitos colaterais e interações medicamentosas e dificulta a adesão ao tratamento. Dessa forma, é preciso adotar estratégias para reduzir os riscos e maximizar os benefícios da farmacoterapia adotada. Dentre as estratégias de ação, merece destaque a adoção de protocolos padronizados para as prescrições iniciais e as revisões periódicas de tratamento. Além disso, os pacientes podem colaborar se tiverem acesso à informação e tecnologias auxiliares para tomada de decisões. Transição de cuidadoA transição de cuidado ocorre quando o paciente é transferido de unidade, setor ou equipe. Tais momentos aumentam a possibilidade de falhas na comunicação que, por sua vez, podem desencadear erros de medicação com graves consequências para o paciente. Em suma, a boa comunicação é fundamental para o cuidado seguro, incluindo a reconciliação medicamentosa (comparação de medicamentos prescritos antes e após a assistência). Destaca-se também a participação dos pacientes, mantendo consigo uma lista atualizada dos medicamentos em uso. Os cinco passos para atingir as metas do desafio global pelos Medicamentos sem DanosO caminho indicado pela OMS para atingir a meta redução dos erros de medicação em 50% nos próximos anos é o seguinte:
Esses cinco passos dependem de liderança política, compromisso e apoio de todas as partes envolvidas no sistema de saúde. Adicionalmente, para fomentar essa mudança, a ação global da OMS pretende:
Participe do desafio global pelos Medicamentos Sem DanosA Organização Mundial da Saúde convoca os serviços de saúde a apostarem nos Medicamentos sem Danos, investindo nos quatro domínios apresentados. A redução sustentada da gravidade de danos evitáveis dependerá do grau de comprometimento das lideranças locais. Erros de medicação têm múltiplas origens, incluindo fadiga, sobrecarga de trabalho, falta de treinamento e falhas na comunicação. O caminho para o cuidado seguro, entretanto, é um só: modificar a cultura organizacional e investir na revisão dos processos de cuidado. Nesse sentido, sabendo que os erros de medicação são evitáveis, podem-se introduzir barreiras para impedir que cheguem ao paciente. Com isso, aumentam as chances dos pacientes certos receberem o medicamento certo, na dose certa, pela via certa e no momento certo. Enfim, zelar pelos Medicamentos sem Danos produz impactos positivos na qualidade do cuidado. Para aceitar este desafio global proposto pela OMS priorize as ações direcionadas às situações de alto risco, transições de cuidado e polifarmácia. O primeiro passo é o planejamento: De que forma essas ações podem ser implementadas na sua organização? Pense nisso! Aproveite para conhecer também os seis Protocolos do Programa Nacional de Segurança do Paciente. Márcia Rodriguez Vásquez PauferroFarmacêutica Hospitalar Farmacêutica formada pela USP, especialista em Farmácia Hospitalar e Qualidade e Segurança no Cuidado ao Paciente, Mestre em Bioética. Qual o principal objetivo do Desafio Global?A meta desse desafio é reduzir em 50% os danos graves e evitáveis relacionados a medicamentos, ao longo dos próximos cinco anos, a partir do desenvolvimento de sistemas de saúde mais seguros e eficientes em cada etapa do processo de medicação: prescrição, distribuição, administração, monitoramento e utilização.
Quais os desafios globais para Segurança do Paciente?O Desafio Global para Segurança do Paciente, lançado em março deste ano pela OMS, convoca os países a tomarem medidas prioritárias para abordar os seguintes fatores-chave: medicamentos com alto risco de dano se usados indevidamente; pacientes que tomam múltiplos medicamentos para diferentes doenças e condições; e ...
Qual o principal objetivo da Segurança do Paciente?A segurança do paciente abrange as ações voltadas à redução do risco de dano no cuidado com a saúde. O objetivo é diminuir as ameaças a um mínimo aceitável, especialmente, no que se refere a: infecções hospitalares; eventos adversos de intervenções médicas (como procedimentos, cirurgias e medicações);
Qual é o primeiro desafio global de segurança do Paciente?O Primeiro Desafio Global para a Segurança do Paciente está focado na prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), sob o lema “Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura”, envolvendo ações relacionadas à melhoria da Higienização das Mãos em Serviços de Saúde.
|