Que palavras e expressões foram usadas na comparação citada na questão 1?

Baixe Questões de Língua Portuguesa e outras Provas em PDF para Língua Portuguesa, somente na Docsity! LÍNGUA PORTUGUESA Voltar IM PR IM IR INTERPRETAÇÃO DE TEXTO I FUNÇÕES DA LINGUAGEM E LINGUAGEM FIGURADA VOCABULÁRIO FONOLOGIA, ACENTUAÇÃO, ORTOGRAFIA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS ARTIGOS, SUBSTANTIVOS, ADJETIVOS VERBOS E ADVÉRBIOS PRONOMES NOÇÕES DE LITERATURA HUMANISMO, QUINHENTISMO, BARROCO E ARCADISMO ROMANTISMO LITERATURA NO PERÍODO COLONIAL CLASSICISMO INTERPRETAÇÃO DE TEXTO II FIGURAS DE LINGUAGEM PERÍODOS SIMPLES E COMPOSTO PONTUAÇÃO CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA REALISMO/ NATURALISMO PRÉ-MODERNISMO/ MODERNISMO PARNASIANISMO/ SIMBOLISMO CRASE FUNÇÕES DE “QUE” E “SE” Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 1 LÍNGUA PORTUGUESA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO I 1. U. Católica de Brasília-DF Assinale V, para os itens verdadeiros, e F, para os falsos. ( ) A figura ao lado trata-se de uma charge, cujo tema versa sempre sobre algum acontecimento que já foi veiculado na mídia. Dessa forma a charge não é responsável por uma nova notícia, mas é uma releitura de uma notícia ou de um fato. ( ) Observando os elementos que compõe a charge, é correto afirmar que ela se refere a alguma notí- cia sobre aviação. Isso é comprovado pelos elementos icônicos, pois nenhum ele- mento verbal faz referência à aviação. ( ) O verbo ter, utilizado na fala do passageiro, poderia ser substituído pelo verbo haver, o que configuraria o uso do nível formal da linguagem. ( ) A opção de reserva de um lugar na caixa-preta, que em caso de sinistro com a aeronave, é um instrumento que pode ajudar a identificar as causas, é a responsável pelo humor na charge e, ao mesmo tempo, permite inferir que a charge foi feita depois de algum desastre aéreo. ( ) As palavras “algum”, “vago” e “caixa-preta” são respectivamente, adjetivo, advér- bio, adjetivo e substantivo. ( ) Caixa-preta, sob o ponto de vista de sua estrutura, contém dois radicais, por isso, quanto ao processo de formação, é considerada uma palavra derivada. 2. Analise a charge que segue, publicada na revista Veja, de 07. jun. 2000. A leitura da charge permite as seguintes afirmações: ( ) nos desenhos humorísticos, a caricatura é uma representação gráfica de uma pes- soa ou situação que explora aspectos ridículos ou grotescos. ( ) a legenda, texto curto que, às vezes, acompanha o desenho, tem a finalidade de determinar para o leitor o sentido da charge. ( ) o cartunista interpreta uma idéia presente no imaginário do torcedor brasileiro: os técnicos de futebol, quando cometem erros, são chamados de burros. ( ) a frase “O técnico Wanderley Luxemburgo examina as condições do gramado” funciona de modo redundante, visto que repete o significado contido no desenho. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 4 8. U.F. Goiânia-GO Leia as tiras do cartunista Angeli, publicadas no caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo, em 29. jul. 1999. Depois assinale V, para os itens verdadeiros, e F para os falsos. Sansão e Dalila são personagens do universo gráfico de Angeli. Eles formam um casal sem charme, cujo cotidiano é retratado de forma ridícula pelo cartunista. De acordo com os elementos que constituem as tiras acima: ( ) as expressões crak, flap e tuf! são consideradas onomatopéias, porque procuram representar, na escrita, sons naturais. ( ) a falta de diálogo entre o casal, durante a refeição, indica uma vida monótona, propensa às explosões agressivas. ( ) a sigla TPM – que significa tensão pré-menstrual – opõe-se à expressão kung fu, arte marcial desenvolvida na antiga China. ( ) o humor das tiras tem função social, pois procura descontrair o leitor, com a repre- sentação caricaturesca de cenas do cotidiano dos personagens. 9. UFMS Observe a tira humorística que segue e marque a(s) opção(ões) verdadeira(s). URBANO, o aposentado A.Silvério Globo, 22/09/2000. 01. A frase apresentada no balão 3 pode ser associada à profissão da personagem que a enuncia. 02. Atribui-se a uma dada estação do ano a capacidade de influenciar o estado de alma das pessoas em geral. 04. Em Todos mesmo (balão 4), o advérbio em negrito é usado como reforço, indicando que não há exceção à regra. 08. O uso do artigo definido em a outra metade (balões 1 e 3) está equivocado, uma vez que se trata de referentes que aparecem pela primeira vez no texto. 16. Os enunciados Encontrei a outra metade da minha laranja! (balão 1) e Encontrei a outra metade do meu comprimido! (balão 3) retomam, através de figuras distintas, o enunciado mais genérico “Encontrei a companheira ideal.” 32. O efeito humorístico da tira advém do fato de que se a personagem hipocon- dríaca leva sua obsessão às últimas conseqüências, associando-a inclusive ao campo amoroso. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 5 10. UFMA Jaguar. Na tira acima, o autor: a) trabalha a fala das personagens no contexto, relacionando termos que não possuem nada em comum; b) subverte a lógica homonímica através da utilização de um jogo de palavras marcado pela sonoridade, num tom de humor; c) aproxima palavras heterógrafas (termos de grafias diferentes) e heterófonas (termos de sons diferentes) que, apesar de sugerirem humor, não subvertem a lógica homoní- mica; d) usa sua criatividade e faz uma brincadeira lingüística com Há fogo / Afogo para de- monstrar que ambos os termos possuem o mesmo significado; e) considera os termos grifados acima como palavras sinônimas que não possuem outra relação a não ser a própria referência. 11. UFMA Revista Veja, de 19/04/2000. Sobre a propaganda acima, é correto inferir que: a) inanição gera morte e morte gera imobilidade. Logo, os usuários da Internet estão condenados a morrer; b) ir ao supermercado implica, infelizmente, em deslocamento e deslocamento implica em não morrer de fome. Logo, sem se mexer, a Internet é a solução; c) não comer implica em não se mexer e não se mexer implica em não sair de casa. Logo, para não morrer, é preciso ir ao supermercado; d) a Internet possibilita a compra e a compra implica em deslocamento. Logo, é preciso se mexer para não morrer de inanição. e) para consultar a fatura da compra pela Internet, é preciso se mexer e se mexer implica em ir ao supermercado. Logo, o ideal é não acessar a Internet. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 6 12. UFMG “Com o Document Centre a Xerox reinventa a copiadora O mercado evolui. A Xerox revoluciona. Todo o poder da tecnologia digital chega ao seu escritório com o mais avançado sistema de processamento de documentos: Do- cument Centre. Uma copiadora que também é impres- sora, fax e scanner, com capacidade de realizar as opera- ções simultaneamente. Para você copiar, imprimir, rece- ber, enviar, criar, transformar, alterar, arquivar e recupe- rar documentos com mais facilidade, menor manuseio de papel e maior segurança. O novo software Centrewa- re permite explorar e gerenciar o equipamento de acor- do com as suas necessidades, a partir do seu computa- dor, via rede e até mesmo via Internet. Document Centre é tudo isso e mais a garantia e a assistência técnica que só a Xerox pode lhe oferecer.” AO VIVO E EM CORES NA DOCUWORLD. Visite a feira de tecnologia avançada, dias 13 e 14 de maio, no Hotel Transamérica - SP. Todas as afirmativas apresentam recursos lingüísticos que estão presentes nesse texto de propaganda, exceto: a) Articulam-se a linguagem verbal e a não-verbal. b) Impessoaliza-se o tratamento do leitor. c) Enumeram-se cumulativamente as características do produto. d) Recorre-se não só à conotação, mas também à denotação. 13. UERJ Ziraldo, Jornal do Brasil, 11/11/1999. Na tira de Ziraldo, os personagens mudam de atitude do primeiro quadrinho para o se- gundo. Pelo terceiro quadrinho, pode-se deduzir o que não está escrito: um pensamento teria provocado a mudança. Esse pensamento poderá ser traduzido como: “E se os caras dentro do espelho... a) ...estivessem rindo deles?” b) ...fossem reais e eles o reflexo?” c) ... pudessem trocar de lugar com eles?” d) ... duvidassem da realidade do mundo?” Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 9 18. UFPB-PSS Texto I “Diogo Mainardi Índios furibundos invadiram o Congresso Nacional para protestar contra as comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil. Paramentados com seus tradicionais cocares, calções de banho e tênis Nike, foram até o senador Antonio Carlos Magalhães e apontaram-lhe uma lança. Foi bonito ver todos aqueles índios lutando juntos – 500 anos atrás, eles provavelmente estariam devorando uns aos outros. Pois eu concordo com os índios: não há o que comemorar. Em 500 anos de História, não fizemos nada que justificasse uma festa. A meu ver, deveríamos ficar recolhi- dos num canto, chorando pelo joelho de Ronaldinho. Foi o que fiz.” Texto II Lendo o texto I e relacionando-o com a charge (texto II), conclui-se: a) O selvagem da charge não é o índio, mas sim a respeitável autoridade brasileira. b) Os índios continuavam lutando entre si. c) O índio da charge é mais autêntico porque não usa tênis Nike e veste calça comprida. d) O objetivo de Mainardi e Chico é o mesmo: registrar a política favorável do Congres- so Nacional às causas indígenas. e) As comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil representaram um mo- mento de alegria para os índios. 19. UFMA “O chinês anônimo desafia os tanques Nunca se soube o nome daquele jovem alto e ma- gro vestido como milhões de chineses, de camisa bran- ca e calça de tergal. Ninguém ouviu sua voz. Jamais se soube o paradeiro do solitário rebelde que barrou uma coluna de 17 tanques naquela manhã de junho de 1989. Sozinho, nas fotografias e no balé diante das câmeras de vídeo – os tanques se deslocavam e a silhueta se movia, simultaneamente, para a esquerda e para a direita – o chinês anônimo fez mais, em seu grande momento, do que muitos líderes revolucio- nários do milênio. É certo que foi visto por mais gen- te, nas telas de TV, dentro dos lares, do que persona- lidades como o mongol Kublai Khan, o francês Maximilien de Robespierre ou o mexicano Emiliano Zapata.” Depreende-se da compreensão do texto acima que há uma gradação ascendente do per- sonagem envolvido, que assim passa do anonimato de um momento para a fama de um milênio. Isso fica evidente através dos seguintes itens lexicais: a) jovem alto e magro solitário rebelde silhueta líder revolucionário personalidade; b) silhueta solitário rebelde sem paradeiro sozinho personalidade; c) jovem alto e magro sem voz solitário rebelde líder revolucionário sozinho; d) sem paradeiro silhueta solitário rebelde chinês anônimo líder revolucionário; e) solitário rebelde líder revolucionário sozinho personalidade chinês anônimo. 5 de julho de 1989. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 10 20. UERJ Leia a piada reproduzida a seguir. Vinha o motorista dirigindo o seu carro, quando se deparou com uma placa de sinalização: Imediatamente, ele acelerou o seu veículo. Logo depois, voltou a pé para o local da placa e nela escreveu, para corrigi-la: Como muitas piadas, esta se baseia em um equívoco. O comportamento do motorista que explica mais adequadamente o efeito cômico da piada é: a) voltar a pé ao local da placa para efetuar uma correção; b) ler a mensagem da placa como uma ordem para acelerar; c) corrigir a mensagem da placa para retificar informação incompleta; d) imprimir maior velocidade ao carro para escapar dos quebra-molas. Texto para as questões 21 e 22. “Homem Primata Desde os primórdios Até hoje em dia O homem ainda faz O que o macaco fazia 5 Eu não trabalhava, eu não sabia Que o homem criava e também destruía. Homem primata Capitalismo selvagem Ô, ô, ô 10 Eu aprendi A vida é um jogo Cada um por si E Deus contra todos Você vai morrer e não vai pro céu 15 É bom aprender, a vida é cruel. Homem primata Capitalismo selvagem Ô, ô, ô Eu me perdi na selva de pedra 20 Eu me perdi, eu me perdi” BRITTO, Sérgio, FROMER, Marcelo, REIS, Nando, PESSOA, Ciro. Do CD Cabeça de dinossauro. 21. UFR-RJ No texto Homem Primata, a comparação estabelecida entre o homem e maca- co alude: a) a uma das teorias sobre a origem da espécie humana; b) ao comportamento irracional do homem na sociedade moderna; c) às semelhanças biológicas entre os dois seres; d) ao bom relacionamento entre homem e macaco; e) ao capitalismo selvagem da sociedade contemporânea. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 11 22. UFR-RJ A oposição entre os quatro primeiros versos de Homem primata e o texto Pecados do século XXI (questões 101 a 103) envolve, respectivamente, os antônimos: a) lentidão X velocidade; b) atraso X progresso; d) estagnação X mudança; c) santidade X pecado; e) passado X presente. Instrução: Responder às questões de 23 a 25 com base no texto. JAGUAR. Átila, você é barbaro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 166-167. 23. PUC-RS Instrução: Responder à questão analisando a veracidade das afirmativas abaixo. 1. A absolescência das armas utilizadas pelo homem levam-no a um final trágico. 2. As armas apresentam-se em gradação ascendente quanto ao seu poder letal. 3. O militarismo, simbolizado pelos uniformes que os personagens vestem, é causa prin- cipal do desfecho presente no cartum. 4. A vestimenta dos personagens ilustra cronologicamente o desenrolar dos fatos apre- sentados. 5. Os itens 2 a 5 do cartum apresentam o homem como o responsável pelas ações bélicas, enquanto nos itens 6 a 10 essa responsabilidade é atribuída apenas aos ar- mamentos. Conclui-se que a alternativa que apresenta a numeração correspondente às afirmativas corretas é: a) 1 e 2. b) 1, 2 e 4. c) 2 e 4. d) 3 e 5. e) 3, 4 e 5. 24. PUC-RS Instrução: Responder à questão com base nas afirmativas a seguir. I. A estrutura narrativa e as ilustrações têm efeito argumentativo marcante. II. As ilustrações são um recurso para chamar a atenção do leitor, e poderiam ser retira- das sem prejuízo para a clareza do texto. III. Os itens 1 e 2 apresentam ao leitor os personagens, enquanto o 9 prepara-o para o desfecho da história. IV. A simplicidade da linguagem contrasta com a seriedade do tema. Concluí-se que as afirmativas corretas encontram-se na alternativa: a) I e II. b) I, III e IV. c) I, II, III e IV. d) II, III e IV. e) III e IV. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 14 Leia atentamente o texto abaixo para responder às questões de 31 a 33. “Consoada Quando a Indesejada das gentes chegar O meu dia foi bom, pode a noite descer. (Não sei se dura ou coroável), (A noite com seus sortilégios.) Talvez eu tenha medo. encontrará lavrado o campo, a casa limpa, Talvez eu sorria, ou diga: A mesa posta, – Alô, iniludível! Com cada coisa em seu lugar.” Manuel Bandeira. In: Os melhores poemas de Manuel Bandeira. São Paulo: Global,1984. 31. Uniube-MG Para o poeta a palavra Indesejada se refere à: a) Amada. b) Visita. c) Morte. d) Noite. 32. Uniube-MG Por que o poeta cumprimenta a Indesejada das gentes, chamando-a de iniludível? a) Porque ela é fácil de se enganar. c) Porque aparece toda noite. b) Porque não poupa ninguém. d) Porque é amiga do poeta. 33. Uniube-MG Com relação à estrutura, o poema pode ser dividido em duas partes: I. a primeira, que mostra incerteza do poeta, expressa pelos advérbios de negação e dúvida, e a segunda, que apresenta certeza expressa pelo tom afirmativo dos verbos; II. a primeira, que revela segurança e certeza quanto ao futuro, e a segunda, que apresen- ta dúvida e descontrole emocional; III. a primeira, que mostra coragem e segurança para enfrentar o desconhecido, e a se- gunda, que revela a felicidade de um dia de trabalho; IV. a primeira, que mostra o poeta despreparado para o que lhe espera, e a segunda, que revela sua ousadia e destemor diante da vida. O item que melhor caracteriza essa divisão é: a) I. b) II. c) III. d) IV. 34. Univali-SC Compare os versos de Manual Bandeira e Vinícius de Moraes, sobre o tema: Mulheres. “Mulheres Como as mulheres são lindas! Inútil pensar que é do vestido... E depois não há só as bonitas: Há também as simpáticas. E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto: Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha. Como deve ser bom gostar de uma feia!” BANDEIRA, Manuel. In: Libertinagem. “Receita de mulher As muito feias que me perdoem Mas beleza é fundamental. É preciso Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso. (...) Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e Seja leve como um resto de nuvem...” Vinícius de Moraes. Sobre os textos, pode-se afirmar que: a) os dois textos são ambíguos na abordagem do tema; b) ambos os textos vêem apenas belezas, embora diferentes, nas mulheres; c) enquanto o primeiro texto fala só na beleza infantil, o segundo aborda a beleza da mulher madura; d) embora falem sobre o mesmo assunto, os dois textos revelam posicionamentos antagônicos; e) os textos abordam temáticas diferentes. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 15 35. PUC-PR “Nada mais diferente (...) entre o biscoito de Proust e o embrulho do pai. A madeleine trouxe o gosto que leva ao passado geral, ao passado anterior ao passado, ao passado depois do passado, ao passado ‘ao lado’ do passado. O biscoito abriu as portas do tempo – do tempo perdido. Ora, o meu caso, ou melhor, o ‘meu’ embrulho não abre nada, muito menos o tempo. Se abria alguma coisa era o espaço – até então, nunca pensara organizadamente na única pessoa, no único personagem, no único tempo de um homem que, não sendo eu, era o tempo do qual eu mais participara.” Assinale a alternativa que identifica e explica a referência feita ao episódio da “ma- deleine” na obra de Proust, criando uma relação com Quase memória, de Carlos Heitor Cony: a) É uma similaridade e provoca a percepção de que tempo e espaço são valores diferentes. b) É uma comparação que demonstra as leituras do autor. c) É um caso de intertextualidade e serve para estabelecer relações na cadeia de leituras e de escrita literária. d) É um caso de referencialidade porque faz referência a um livro do passado. e) É um caso de associação de idéias, pois a noção de passado é a mesma nos dois autores. O texto publicitário que você lerá abaixo foi extraído de Isto é, de 7 jun. 2000. As ques- tões 36 e 37 referem-se a ele. “Quando a gente deixa as crianças experimentarem, se sujarem, elas aprendem mais e se desenvolvem melhor. É por isso que estamos lançando o novo Omo Multi Ação. Uma fórmula inovadora que age nos primeiros instantes da lavagem, removendo manchas de gordura como nenhum outro. Omo Multi Ação está ainda mais eficiente porque sabe, assim como você, que seu filho precisa de liberdade para aprender. Novo Omo Multi Ação. Porque não há aprendizado sem manchas.” 36. UFGO Além de veicular informações sobre o produto, a linguagem publicitária procu- ra persuadir o consumidor. Com base nessa informação e na leitura do texto, pode-se afirmar que: ( ) liberdade de ação e aprendizagem infantil, idéias deduzidas do início do texto, estabelecem relação de causa e conseqüência. ( ) o vocábulo outro, em “como nenhum outro”, refere-se a um elemento extratextual, pois não remete a nenhum termo explicitamente presente no texto. ( ) a palavra ainda, em “Omo Multi Ação está ainda mais eficiente”, indica que, só a partir de agora, o produto foi aprovado pelo consumidor. ( ) o vocábulo manchas aparece no texto com dois sentidos diferentes, ou seja, o pri- meiro é denotativo e o segundo, conotativo. 37. UFGO Acerca da organização das frases, é possível afirmar que: ( ) o trecho “removendo manchas de gordura como nenhum outro” NÃO pode ser substituído por “que remove manchas como nenhum outro”, pelo fato de causar incoerência. ( ) o segmento “Quando a gente deixa as crianças experimentarem, se sujarem”, apre- sentado na abertura do texto, serve para destacar a atitude desejável de um consu- midor ideal. ( ) os vocábulos “elas” e “se”, apresentados no primeiro período do texto, remetem à expressão “as crianças”. ( ) a oração “Porque não há aprendizado sem manchas” estabelece uma relação de dependência com frase “Novo Omo Multi Ação”. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 16 INSTRUÇÃO: A partir da leitura do texto, julgue os itens da questão 38. “TOURO De 21/4 a 20/5 Você está curando suas velhas feridas e aprendendo a confiar de novo na vida. A dinâmi- ca do mês é o aprofundamento das relações e a expressão das emoções. Você poderá con- tribuir com o parceiro, ampliando a intimidade e a cumplicidade do casal. Vida íntima em alta: dê vazão à sua sensualidade. Com Marte transitando em seu signo, este é um mês de ação e decisões: hora de colocar projetos em prática, o que lhe trará entusiasmo. Para isso, conte com os amigos. É tempo também de investir “no social”: lute com a velha preguiça de sair e vá ao encontro das pessoas. Terá que enfrentar algum mal-estar passageiro que a obrigará a ter mais cuidado com a saúde. No trabalho, confusão: espere até poder expres- sar suas idéias.” Marie Clarie, maio de 1998. 38. UFMT ( ) A organização desse texto se calca em conselhos, ora implicitamente ora direta- mente. ( ) Há no texto uma única marca lingüística que mostra ser o interlocutor você feminino. ( ) O lugar comum investir no social tem o sentido usual reiterado por referir-se a conselho. Texto para as questões 39 e 40. “Língua Gosto de sentir minha língua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E quem há de negar que esta lhe é superior E deixa os portugais morrerem à mingua Minha pátria é minha língua Fala Mangueira Fala! Flor do Lácio sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua (...) A língua é minha Pátria E eu não tenho Pátria: tenho mátria Eu quero frátria” VELOSO, Caetano. Língua. Velô-Caetano e a Banda Nova. PolyGram, 1984. 39. UFPE Leia as afirmativas abaixo sobre as idéias apresentadas no texto. 1. Em “Gosto de ser e de estar”, a idéia de plenitude, desejada pelo autor, é expressa com os verbos “ser” e “estar”, que implicam o aspecto do ser permanente e do ser transitório. 2. Utilizando a expressão “Fala mangueira”, grito de guerra de uma escola de samba, o autor alude à idéia de que, sendo “pátria”, uma língua expressa os valores culturais de seu povo. 3. O verso “Lusamérica latim em pó” alude não só à pulverização do latim que deu origem às línguas latinas como à divisão-união de Portugal e Brasil. 4. Os neologismos “mátria” e “fátria” disfarçam o sentimento de união que o autor pre- tende esteja envolvido na sua percepção de “língua”. Está(ão) correta(s) apenas: a) 1, 2 e 3. d) 2. b) 1, 3 e 4. e) 3 e 4. c) 2 e 4. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 19 Instrução: Responder às questões de 45 a 46 com base nos textos 1 e 2. TEXTO 1 “A vida em Barretos nunca mais foi a mesma depois que peão de boiadeiro virou caubói e música caipira passou a ser chamada de country. Integrada ao calendário das maiores comemora- ções nacionais, a 44ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos está para abrir as porteiras, estilizan- do a rotina do campo para o fascínio de legiões urbanas. (...) É uma multidão de turistas vestidos a caráter e apelidados de “peões de butique”. Chegam de todos os cantos do país, enfiados em calças jeans, imaculadas botas de couro, cintos e chapéus vistosos. Os boiadeiros urbanos capri- cham na indumentária (chegam a importá-la) e vivem uma fantasia que só fica a dever ao Carna- val carioca em termos de público e opulência. No Carnaval, reis e princesas sonham até a Quarta- feira de Cinzas. Em Barretos, imagina-se domar perigosos touros e potros ariscos.” Adaptado de: Época – Especial “Nós, brasileiros”, 24/05/99, p. 102. TEXTO 2 Charge de lotti, Zero Hora, Porto Alegre, 24/01/99. 45. PUC-RS A problemática comum aos textos 1 e 2 é: a) a crescente valorização da vida rural no Brasil; b) o obstinado apego do homem do campo às suas tradições; c) a evidente influência do que vem de fora sobre o brasileiro; d) a pacífica convivência entre o antigo e o novo Brasil moderno; e) a saudável popularização dos costumes gaúchos em outros centros do Brasil. Instrução: Responder à questão 15 analisando as afirmativas sobre os textos 1 e 2. I. A charge (texto 2) destina-se a um público mais restrito, pois faz alusão a um fato recente de repercussão regional. II. Para uma adequada compreensão do texto 2, é necessário levar em conta dados con- textuais, como veículo de divulgação, local e data. III. Enquanto o texto 1 visa principalmente a informar o leitor, o texto 2 pretende mobi- lizar seu humor, a partir de uma informação que esse já tem. IV. Apesar de não utilizar frases exclamativas como o gaúcho da charge, o autor do texto 1 expressa um grau de indignação equivalente. 46. PUC-RS A alternativa que contém apenas afirmativas corretas é: a) I e II. d) I, II e III. b) I e III. e) I, II, III e IV. c) II e IV. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 20 Texto para a questão 47. “TESTE Avalie suas chances de obter um emprego. Existem vários fatores que fazem uma pessoa ter maior ou menor facilidade para encontrar um bom emprego. Assinale o número de pontos que você tem em cada fator e some tudo no final para obter sua pontuação no teste. CURSOS COMPLEMENTARES Você fez... • pós-graduação lato-sensu; • mestrado; • doutorado; • um curso de especialização. CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA Seu domínio é... • bom – 15 pontos • médio – 8 pontos • ruim – zero FORMAÇÃO ACADÊMICA Você completou... • até o ensino médio – 40 pontos • até a faculdade – 60 pontos INGLÊS Sua fluência é... • boa – 15 pontos • média – 8 pontos • ruim – zero Caso você fale uma terceira língua, acrescente 20 pontos se tem um bom domínio dela, ou 10 pontos, se tem um domínio regular. Sua imagem perante os colegas de trabalho é... • boa – 30 pontos • média – 15 pontos • ruim – zero Seus conhecimentos técnicos dentro da profissão... • bons – 25 pontos • médios – 13 pontos • ruins – zero” 47. UnB-DF Julgue se os itens a seguir apresentam, por meio de estruturas gramaticalmen- te corretas, informações coerentes com o teste do texto. ( ) quem tiver cursos complementares de pós-graduação será menos valorizado no mercado de trabalho. ( ) Conhecimentos de inglês são importantes, mas se forem substituídos por outro idioma – como, por exemplo, espanhol – a valorização será maior. ( ) Todo candidato que tiver conhecimentos técnicos ruins e domínio de informática médio terá “pontuação no teste” inferior a dez. ( ) A pontuação atribuída a uma boa imagem perante os colegas de trabalho corres- ponde: a de um curso de mestrado ou a de uma boa fluência em inglês acrescida da de um bom domínio de conhecimentos de informática. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 21 Texto para as questões 48 e 49. “Às vezes, gosto de viabilizar o Universo como a superfície de uma lagoa, cheia de vitórias- régias, as belas plantas flutuantes que aparecem em bandos, arquipélagos de ilhas verdes de tamanhos e formas variados. Cada planta é uma galáxia, e cada grupo de plantas é um agregado de galáxias. Claro, esse é um modelo bidimensional do Universo, pois estou me restringindo a visualizar a superfície da lagoa. Uma outra diferença importante é que o Universo está em expan- são, as distâncias entre galáxias e seus aglomerados, sempre aumentando, enquanto, em geral, lagoas não costumam estar em expansão. De qualquer forma, a imagem vale, senão pela sua precisão, pelo seu poder evocativo.” GLEISER, Marcelo. “As maiores estruturas do Universo”. In: Folha de S. Paulo, 27 ago. 2000. p. 29. Mais! 48. U. Salvador-BA A confissão do autor tem por objetivo revelar: a) uma grande sensibilidade, ao englobar duas realidades antagônicas na busca da har- monia universal; b) um momento de percepção da realidade, através de um discurso poético, meta- fórico; c) a emoção em face da semelhança entre o mundo da fantasia e o real; d) a preocupação com questões de ordem ecológica e transcendental. e) a exuberante natureza amazônica. 49. U. Salvador-BA Por inferência, o texto permite afirmar: a) Há múltiplas formas de enxergar o mundo. b) O espaço físico do mundo palpável é uniforme. c) As lagoas e as vitórias-régias são a síntese de um universo delimitado. d) A amplitude do universo é inversamente proporcional à imaginação do homem. e) O cosmo é constituído de espaços específicos para serem contemplados pelo artista. 50. Unifor-CE “Uma nova carta de Caminha Senhor, Posto que outros escreveram a Vossa Excelência sobre a nova do achamento dessa vossa terra nova, não deixarei também de dar conta disso a Vossa Excelência, o melhor que eu puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba fazer pior que todos. Tome Vossa Excelência minha ignorância por boa vontade e creia bem por certo que, para alindar ou afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu. A terra em si é de muitos bons ares. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, é só estimular o turismo. Hotéis não há muitos, mas os poucos que existem são confortáveis, especialmente o que nos foi oferecido. E que não houvesse mais que uma pousada, isso bastaria.” SCLIAR, Moacyr. Folha de S. Paulo. 17/05/99. Considere as seguintes afirmações: I. Há, no primeiro período, considerando-se o uso atual, uma infração à norma culta, quanto à relação entre o pronome possessivo e o pronome de tratamento. II. Registra-se um propósito do narrador no sentido de se ater a um relato fiel a suas constatações e impressões pessoais. III. No segundo parágrafo, há uma referência nova, ausente no relato da carta original de Pero Vaz de Caminha. Está correto, em relação ao texto, o que se afirma em: a) somente II. b) somente I e II. c) somente I e III. d) somente II e III. e) I, II e III. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 24 Texto para as questões 56 e 57: “A carta de Pêro Vaz de Caminha Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pêro Vaz de Caminha descreve como foi o contato entre os portugueses e os tupiniquins, que aconteceu em 24 de abril de 1500: “O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés de uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, muito grande, ao pescoço (...) Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a ninguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata, e assim mesmo acenava para a terra, e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata! (...) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço, e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenou para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se davam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que não lho havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de esconder suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam raspadas e feitas. O Capitão mandou pôr por baixo de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava- se por não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e, consentindo, aconchegaram-se e adormeceram.” COLEÇÃO BRASIL 500 ANOS. Fasc. I, Abril, SP, 1999. Vocabulário: Alcatifa – tapete, carpete. Fanadas – murchas. Coxim – almofada que serve de assento. 56. UFSC De acordo com o texto, assinale a(s) proposição(ões) verdadeira(s). 01. Pêro Vaz de Caminha, um dos escrivães da armada portuguesa, escreve para o Rei de Portugal, D. Manuel, relatando como foi o contato entre os portugueses e os tupiniquins. 02. Em E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao capitão, nem a ninguém, fica implícito que os tupiniquins desconheciam hierarquia ou cate- goria social lusitanas. 04. O trecho ... e acenou para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se davam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos, evidencia que havia problemas de comunicação entre portugue- ses e tupiniquins. 08. Nada, na embarcação portuguesa, pareceu despertar o interesse dos tupiniquins. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 57. UFSC A propósito do texto, é correto afirmar que: 01. A expressão ...folgou muito com elas... pode ser substituída por divertiu-se muito com as contas do rosário. 02. Os tupiniquins, bastante comunicativos, falaram aos marinheiros que havia muita riqueza na terra descoberta. 04. Pelo trecho ...E também olhou para um castiçal de prata, e assim mesmo acena- va para a terra... entende-se que os tupiniquins estavam dentro da embarcação portuguesa. 08. Os tupiniquins ficaram constrangidos com a presença dos portugueses e logo aban- donaram o navio. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 25 Texto para as questões 58 e 59. “A história oficial tem sido contada do ponto de vista dos dominadores e não dos dominados. Essa perspectiva se inverte na entrevista abaixo, publicada na revista Isto é (21/7/99, p. 7-11), em que o índio tapuia Kaká Werá Jecupe analisa os 500 anos do descobrimento do Brasil, sob a ótica dos que habitavam o Novo Mundo quando os colonizadores europeus aqui chegaram, e fala do seu livro A terra dos mil povos. Apresentamos, a seguir, trechos dessa entrevista. ISTOÉ - O Brasil está se preparando para comemorar seus 500 anos. Para os povos indígenas, são anos de descoberta ou de invasão? Kaká - De desencontro. Desencontro que provocou e continua provocando situações gravíssi- mas. A realidade atual indígena não é fácil. Ainda hoje, em grandes áreas do País, é na base do tiro. Os interesses que provocam essas ações continuam os mesmos interesses econômicos: Hoje há um elemento a mais que são as indústrias farmacêuticas multinacionais que estão praticando a biopirataria, roubando todo o conhecimento ancestral que os povos indígenas detêm a respeito de ervas medicinais. ISTOÉ - E qual é a razão desse desencontro? Kaká - A semente desse desencontro está na sociedade que tem na sua estrutura de cultura a questão do ter e encontrou uma cultura aqui voltada para o ser. ISTOÉ - Os europeus chegaram trazendo o progresso, trataram aqui como primitivos. Como você pensa essa relação? Kaká - Para quem fundamenta a sua cultura no teor, a noção de progresso está a ver ao seu redor o acúmulo de bens materiais. A noção de progresso dos indígenas está em desenvolver a sua capacidade criativa, a sua expressão no mundo. É preciso que a civilização olhe para os índios com menos prepotência, até para perceber que ela está em colapso. (...) ISTOÉ - Nesses 500 anos, com o desaparecimento de centenas de etnias, qual foi o maior patrimônio que o Brasil já perdeu? Kaká - O patrimônio da sabedoria. O brasileiro não sabe da sua própria cultura. Tem todo um modelo insistindo no imaginário que vê o índio como um pobre coitado. Esses 500 anos oferecem a possibilidade de rever as suas raízes, ter a percepção desse patrimônio. ISTOÉ - Há um trecho em seu livro, A terra dos mil povos, em que você escreve: “De acordo com a nossa tradição, uma palavra pode proteger ou destruir uma pessoa. Uma palavra na boca é como uma flecha no arco.” O que significa exatamente a palavra para o índio? Kaká - Para o tupi-guarani, ser e linguagem são uma coisa só. A palavra tupuy designa ser. A própria palavra tupi significa em pé. Nosso povo enxerga o ser como um som, um tom de uma grande música cósmica, regida por um grande espírito criador, o qual chamamos de Namandu-ru- etê, ou Tupã, que significa o som que se expande. Um dos nomes da alma é neeng, que também significa fala. Um pajé é aquele que emite neeng-porã, aquele que emite belas palavras. Não no sentido de retórica. O pajé é aquele que fala com o coração. Porque fala e alma são uma coisa só. É por isso que os guaraniscayowas, por ilusão dessas relações com os brancos, preferem recolher a sua palavra-alma. Se matam enforcados (como vem acontecendo há cerca de dez anos, em Dourados, em Mato Grosso do Sul) porque a garganta é a morada do ser. Por aí você pode ver que a relação da linguagem com a cultura é muito profunda para o tupi-guarani. (...)” 58. UFMS Marque a(s) proposição(ões) verdadeira(s), de acordo com os trechos da entre- vista que você acabou de ler. 01. Para Kaká Jecupe, a tensão entre índios e brancos é um problema deste final de século, motivado pelo acirramento de interesses econômicos. 02. A biopirataria mencionada na entrevista consiste no roubo de ervas medicinais indí- genas pelas indústrias farmacêuticas multinacionais. 04. A base do desencontro entre índios e brancos está nos valores assumidos por cada uma dessas culturas, que são respectivamente o ter e o ser. 08. A noção do progresso relacionada ao ser desloca a questão do acúmulo de bens materiais para a do aprimoramento da criatividade. 16. Na opinião do escritor tapuia, ver o índio de forma menos prepotente levaria a civi- lização atual a voltar o olhar sobre si mesma para avaliar sua própria situação. 32. A representação do índio como “pobre coitado” é um dos estereótipos cultivados pelo imaginário nacional. 64. Os 500 anos de Brasil significam, para as etnias indígenas desaparecidas, a oportuni- dade de resgatar sua raízes culturais dilapidadas pelo progresso. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 26 59. UFMS-MS Com base no trecho em que se discorre sobre a linguagem na visão do ín- dio, é correto afirmar que: 01. a linguagem, enquanto som, e o ser são elementos distintos, mas que se combinam harmoniosamente na constituição da “grande música cósmica”. 02. palavra, em tupi, significa “som em pé”. 04. na tradição indígena, a palavra é vista como uma forma de poder nas relações interpessoais. 08. o termo “neeng-porã” não significa “belas-palavras” enquanto mero ornamento do discurso, tendo a ver com sentimento, emoção. 16. entendendo alma e fala como “uma coisa só”, os guaranis-cayowas da região de Dourados, em Mato Grosso do Sul, vêem no gesto de pôr fim à vida a forma de fazer calar a palavra-alma. 32. a principal causa apontada por Kaká para justificar os suicídios ocorridos em Doura- dos é o desencanto que os índios passam a ter com sua própria língua e cultura, depois do contato com a língua e a cultura do homem branco. 64. na frase “Uma palavra na boca é como uma flecha no arco.”, a metáfora usada cria um efeito de sentido de realidade ao identificar a linguagem com uma arma de caça e guerra. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Texto para as questões 60 e 61. Também o compositor Geraldo Espíndola retrata os fatos a partir do ponto de vista do índio na canção “Quyquyho” (LP Prata da Casa, 1982), cuja letra reproduzimos abaixo. “Quyquyho nasceu no centro entre montanhas e o mar Quyquyho viu tudo lindo tudo índio por aqui Indiamérica deu filhos foi Tupi foi Guarani Quyquyho morreu feliz deixando a Terra para os dois Guarani foi pro Sul, Tupi foi pro Norte e Formaram suas tribos cada um no seu lugar Vez em quando se encontravam pelos rios da América E lutavam juntos contra o branco em busca de servidão E sofreram tantas dores acuados no sertão Guarani foi pro Sul Tupi entrou no Amazonas Quyquyho na lua cheia Quer Tupi quer Guarani Quyquyho na lua cheia Quer Tupi quer Guarani.” 60. UFMS Os aspectos apontados, a seguir, podem ser encontrados em “Quyquyho”, exceto: 01. menção à origem comum das tribos Tupi e Guarani. 02. alusão ao deslocamento geográfico das duas tribos, provocado pela discórdia. 04. oposição índio feliz, nos primeiros tempos, versus índio sofredor, a partir da rela- ção com o branco. 08. noção que a terra pertence aos indígenas, pois a eles foi legada. 16. sugestão de uma relação harmoniosa entre a terra e o índio, ilustrada pela aglutina- ção dos termos índio e América. 32. presença de um forte sentimento ufanista. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 61. UFMS Reconheça abaixo o(s) item(ns) que representa(m) pontos comuns entre os tex- tos 1 (entrevista) e 2 (letra de música). 01. Referência à violência praticada pelo branco contra o índio. 02. Alusão ao “grande espírito” criador do Universo, denominado Namandu-ru-etê ou Tupã, e Quyquyho. 04. Uso da narração como forma de estruturação das idéias no texto. 08. Emprego de termos de origem indígena. 16. Indicação da(s) razão(ões) que explica(m) as divergências entre brancos e índios. 32. Visão ingênua e idealizada do índio. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 29 69. UERJ O narrador de um conto assume determinados pontos de vista para conduzir o seu leitor a observar o mundo sob perspectivas diversificadas. No conto de Nelson Rodrigues, a narrativa busca emocionar o leitor por meio do seguin- te recurso: a) expressa diretamente o ponto de vista do personagem milionário; b) expressa de maneira indireta o ponto de vista da personagem chinesa; c) alterna o ponto de vista do personagem milionário com o do narrador; d) alterna o ponto de vista do personagem milionário com o da personagem chinesa. 70. Univali-SC “Agonia pública Na cama, de olhos semicerrados, a boca aberta no esforço desesperado por ar, a cabeça sem cabelos, os olhos salientes pela magreza do doente terminal. No colo dele, uma fotografia tirada apenas dois meses antes daquele momento final. Na imagem, um homem robusto, musculoso e de farta cabeleira loira aparece com o filho pequeno nos braços. A divulgação das fotos chocantes foi o último desejo do moribundo, Bryan Lee Curtis, um americano de 34 anos devastado pelo câncer nos pulmões. O motivo para tornar pública a própria agonia foi a esperança de servir de alerta sobre os malefícios do cigarro. Enquanto agonizava, em 3 de junho, sua mãe ligou para o St. Petersburg Times, jornal da cidade de St. Petersburg, na Flórida, pedindo a presença de um fotógrafo. Às 11h56, Bryan morreu em casa, ao lado da mãe, da mulher, Bobbie, e do filho Bryan Jr., de 2 anos. Em poucos dias, o retrato de sua morte espalhou-se pelo mundo. (...)” Revista Veja, 30 de junho de 1999. Sobre o texto acima pode-se afirmar: a) Observa-se a predominância de figuras de linguagem que realça a narrativa. b) É um texto poético com intuito de relatar o drama vivido por um paciente terminal. c) É um texto jornalístico com elementos descritivos para caracterizar a situação do doente. d) É um pequena dissertação argumentativa contra o uso do tabaco. e) É pura e simplesmente uma narração. 71. Univali-SC “A reconstrução de Anita Ana Maria de Jesus Ribeiro mudou de nome e carimbou seu passaporte para a História aos 18 anos, quando abandonou o primeiro marido, um sapateiro, para embarcar no navio comandado pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibáldi (1807–1882). Virou Anita. Dez anos depois, em 4 de agosto de 1849 – há exatos 150 anos –, com a cabeça a prêmio e perseguida pelo Exército austríaco, morreu nos braços de Garibáldi, numa fazenda em Mandriole, 400 quilômetros ao nordeste de Roma, na Itália. Lá, é venerada como heroína da unificação. Mas, no Brasil, onde nasceu e combateu ao lado de rebeldes republicanos na Revolução Farroupilha (1835–1845), é quase desconhecida. Tanto que só passou a existir, oficialmente, há três meses. Só no último dia 11 de maio, o cartório de Laguna, em Santa Catarina, por iniciativa da Câmara Municipal, expediu o chamado mandado de registro de nascimento tardio. O documento afirma que Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu em Laguna, em 30 de agosto de 1821. Ninguém sabe se a data e o local estão corretos. Naquela época não existia certidão de nascimento e o chamado “assento de batismo” jamais foi encontrado.” MARKUN, Paulo. Superinteressante, agosto de 1999. Observe as afirmações abaixo: I. O autor isenta-se de opinar a respeito do assunto. II. O autor chama a atenção para a desvalorização em relação à história de Anita Garibáldi. III. O texto é um relato poético da vida de Anita Garibáldi. IV. Este trecho sintetiza um pouco a vida heróica de Anita. V. Os parágrafos narram a trajetória da heroína catarinense Anita Garibáldi. Estão de acordo com o texto: a) somente a II. d) II, IV e V. b) I e III. e) somente a V. c) somente a III. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 30 72. Univali-SC “As armadilhas da lógica (...) Ele lecionava lógica de segunda a sábado para uma turma, digamos, efervescente. Aborre- cido com o mau desempenho de seus discípulos, um dia perdeu a paciência: “A partir de agora, vocês terão uma prova toda semana”, anunciou peremptoriamente. E ressaltou: “Como na vida o tempo é escasso e bem determinado, eu só avisarei de véspera que o teste será realizado. Assim, os senhores terão no máximo 24 horas para se preparar, e nada mais”. Assustados, os jovens se remexeram em suas carteiras. Um deles, porém, manteve a impassividade de quem tinha a certeza de ter encontrado uma brecha lógica. Depois de esperar que o evidente mau humor do mestre passasse, o jovem ponderou: “Profes- sor, rigoroso, porém justo e lógico como o senhor tem sido, quero acreditar que nunca poderá nos dar tal prova”. Antes que todos saíssem do estado de curiosidade e espanto, emendou. “O se- nhor, para ser coerente, nunca poderá reservar o sábado para nos testar, pois, como ele é o último dia com aulas na semana, ao terminarmos as aulas da quinta-feira e percebermos que não nos avisaram da prova da sexta-feira, então saberemos com 48 horas de antecedência que ela só poderá ser no sábado, contrariando sua própria norma de termos no máximo um dia de preparo”. “Parece-me justo”, afirmou o professor, que podia ser rigoroso mas não impermeável a um bom argumento. O estudante, no entanto, ainda não tinha terminado. “Se o senhor concorda, então, que o sábado está descartado, isso significa que sexta-feira é o último dia para aplicar o teste”, racioci- nou. “Assim, ao terminar a nossa aula de quarta-feira, se o senhor não nos avisar do teste na quinta, logo descobriremos, com 48 horas disponíveis, que a prova será na sexta-feira, contrarian- do mais uma vez a regra imposta”. Não foi necessário prosseguir. O mestre percebeu que havia caído numa armadilha da lógica ao formular uma regra impossível de ser coerentemente seguida. Pelo mesmo critério, ficariam preju- dicados os demais dias da semana. (...)” Luiz Barco. Após a leitura do trecho acima, retirado da revista Superinteressante de maio de 1999, pode-se pressupor que o autor pretende: a) fazer que os professores não se utilizem da “prova” para forçar seus alunos a estudar; b) mostrar que há lógica matemática até em pequenas situações do dia-a-dia; c) reafirmar que o “aluno sempre tem razão”; d) provar que o cálculo realizado pelo aluno está equivocado; e) chamar a atenção para a lógica como armadilha, portanto, não deve ser usada em todos os casos. 73. Unb-DF O texto poético pode servir de base ao texto publicitário; porém, às vezes, é este que fundamenta aquele. Relacionando essa observação ao texto acima, julgue os itens que se seguem. ( ) O texto é uma paródia da embalagem original de um produto. ( ) O modo como foi desenhada a letra inicial de “Clichetes” permite a leitura musi- cal, financeira e política da mensagem. ( ) No texto, “MASCARAR” está para mascar assim como “MENTAL” está para menta. ( ) Esse é um texto característico da literatura que se propagou no Brasil a partir de 1922 como uma espécie de crítica ao imperialismo norte-americano. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 31 74. UFGO O poema abaixo é de José Paulo Paes. “À IMPROPRIEDADE De cearense sedentário De carioca cerimonioso baiano lacônico gaúcho modesto mineiro perdulário paulista preguiçoso Deus nos guarde. Deus nos livre e guarde.” Interpretando-se os sentimentos do poema, pode-se afirmar que: ( ) em seu sentido global, o poema reafirma os estereótipos a respeito dos diversos tipos de brasileiro. ( ) o poema construído com antíteses parcialmente implícitas: ao conceito de “cearen- se sedentário”, por exemplo, opõe-se “cearense migrante”. ( ) o poema é bem-humorado por causa das inversões de sentido utilizadas pelo autor. ( ) o título “À impropriedade” funciona como um ornamento dispensável ao texto, sem manter assim relações de sentido com o poema. INSTRUÇÃO: Leia atentamente o texto e julgue os itens das questões de 75 a 77. “UM DIA QUALQUER - 66583624 (Chico Amaral) Na espuma das ondas As meninas se lançam As cadeiras redondas Onde as ondas se amansam Todo dia é na praia Todo minuto é pra um Todo dia é todo o tempo O tempo todo, tempo algum Eu passei lá na vila Ele é de Vila Isabel Meu nego meu jongo Hoje eu chego na barra do céu Você me entenda Dança de Oxum é assim Se joga no mundo Cai nas ondas e volta para mim Hoje é final de século Hoje é um dia qualquer Você vai ao cinema Ou toma um foguete, ou toma um café Hoje bobagem, drama Hoje é um dia comum Você deita na cama Com os pés no século vinte e um Então corre pra ver Então fica para ver Então corre pra ver Beleza do mundo descer Toda rua começa Onde acaba o meu mal De conversa em conversa Eu já passei da capital Era um filme domingo Penas do paraíso Eu só guardo o que me ensinou que tocar é preciso” (CD–SKANK) 75. UFMT ( ) Lendo somente as palavras em negrito, pode-se perceber que a imagem de vida do eu lírico permanece inalterada mesmo com a proximidade do século vinte e um. ( ) No texto, predomina a narração com a manutenção da unidade temática. ( ) A linguagem do texto é marcada pela logicidade e linearidade. ( ) O texto ressalta a uniformidade da formação cultural brasileira: branca, européia e cristã. 76. UFMT ( ) Na primeira estrofe, concretiza-se uma paródia do célebre poema de Bandeira: “a onda anda/aonde anda/a onda?”. ( ) Há também na primeira estrofe um traço erotizante traduzido pela imagem ...ca- deiras... onde as ondas se amansam. ( ) O espraiar das ondas é sugerido pela reiteração de fonemas nasais em toda a estrofe primeira. ( ) A última linha do texto estabelece intertextualidade com os versos “Navegar é preciso/ viver não é preciso”, revelando, assim como estes, o sentido da vida para o eu lírico. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 34 85. Univali-SC “A Tecnologia aproxima os empresários Telefone e Internet são importantes ferramentas na hora de fechar negócios. As novas tecnologias da informação têm modificado a forma de os empresários apresentarem seus produtos ao mercado potencial e fecharem negócios. Os almoços e jantares com clientes são cada vez menos freqüentes, sendo substituídos por apresentações e reuniões na empresa do futuro cliente. “Hoje em dia muitos negócios são fechados por telefone, fax ou e-mail”, garante o sócio gerente da Mega Sul Informática, empresa especializada em sistemas de automação co- mercial, Ingo Tirgarten. (...) A Mega Sul costuma apresentar seu produto na empresa do cliente em potencial e, a partir daí, o e-mail, o fax e o telefone são usados para manter contato permanente até o fechamento do negócio. (...) O presidente da empresa de seguros ADD Makler, Hans Dieter Didjurgeit, afirma que jantares e almoços funcionam com mais eficiência no pós-venda (...)” A idéia central do texto está na opção: a) Não se fazem mais negócios pelos métodos antigos, como almoços e jantares com o cliente em potencial. b) O telefone, o fax e o e-mail têm substituído muitos encontros com o cliente para fechamento de negócios. c) Há novas tecnologias no mercado que substituem o e-mail, o fax e o telefone. d) Todos os empresários, atualmente, sempre utilizam a tecnologia (telefone e internet) na hora de fechar negócios. e) A apresentação dos produtos que serão vendidos aos clientes devem ser apresentado via e-mail, fax ou telefone. 86. Univali-SC “Atenção ao estresse! Mas será que isso leva ao estresse? Estatísticas confiáveis dizem que pelo menos 30% dos brasileiros sofrem de estresse, uma das tantas doenças modernas. A psicóloga Marilda Lipp afir- ma: “Sob tensão pesada, o ser humano rende maravilhosamente durante algum tempo. Depois capota”. Uns dizem que o culpado é o trabalho. Será que é mesmo? Será que não é o resultado de uma certa maneira de viver? O homem, afirma Aldo Colombo, trocou o dia pela noite, aboliu o Domin- go, inventou a Internet, o celular..., e não desliga mais, é uma máquina nunca desligada: isto provoca circuito e, por vezes, desliga mesmo! O homem desaprendeu a viver; não sabe mais distribuir corretamente as 24 horas, fazendo uma coisa de cada vez, mantendo assim o humor e a alegria de viver. Os pobres humanos que estão no limiar do terceiro milênio devem reaprender a viver para não prepararem, para o Terceiro Milênio, uma sociedade totalmente estressada. É mais um desafio!” Missão Jovem, agosto de 1999. Observe as afirmações: I. 30% dos brasileiros sofrem de estresse. II. O estresse é uma doença moderna. III. A culpa para o estresse é não saber fazer uma coisa de cada vez. IV. O homem é uma máquina que nunca desliga. V. O desafio para o Terceiro Milênio é reaprender a viver. As idéias contidas no texto estão nos itens: a) I, II e IV. d) I, II e III. b) II, IV e V. e) todos os itens. c) II, III e V. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 35 87. UFPR Leia com atenção esta passagem introdutória de A Lógica da Investigação Cien- tífica (1934), de Karl Popper. “Costuma-se chamar de “indutiva” a uma inferência se ela passa de enunciados singulares (também chamados, algumas vezes, enunciados “particulares”), tais como as descrições dos resultados de observações ou experimentos, a enunciados universais, tais como hipóteses ou teorias. Ora, de um ponto de vista lógico, está longe de ser óbvio que se justifique inferir enunciados a partir dos singulares, por mais elevado que seja o número destes últimos; pois qualquer conclusão que obtemos dessa maneira pode acabar sendo falsa: não importa quan- tas ocorrências de cisnes brancos possamos ter observado, isto não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos.” Segundo Popper, “indução” é: marque V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) A passagem de enunciados particulares a universais através de um inferência. ( ) Um método físico para o exame tanto das partículas quanto do universo. ( ) Um raciocínio cuja justificação lógica não é evidente. ( ) Um método impróprio no caso da zoologia, mas não das demais ciências. ( ) Um método lógico que nos permite concluir com segurança se certas teorias são validadas pela observação. 88. Univali-SC “No antigo Egito, o gato foi honrado e enaltecido. Sendo considerado como um animal santo. Nesta mesma época, a gata transformou-se na representação da deusa Bastet, fêmea do deus sol Rá. (...) Na Europa, o gato se desenvolveu com as conquistas romanas. Ele foi admirado por sua beleza e dupla personalidade (ora um selvagem independente, ora um animal doce e afável), e apreciado ainda no século XI quando o rato negro invadiu a Europa. No século XIII desenvolveram- se as superstições e o gato passou de criatura adorada a infernal, associada aos cultos pagãos e à feitiçaria. A igreja lhe virou as costas. (...) No século XVIII ele voltou majestoso e em perfeito acordo com os poetas, pintores e escritores que prestam homenagem à sua graça e à beleza de seu corpo.” Revista DC – Diário Catarinense – 25 de abril de 1999. São idéias presentes no texto: I. Enaltecer a figura do gato no mundo atual. II. Descrever a história dos gatos ao longo dos tempos. III. Justificar a importância dos gatos e dos ratos. IV. Citar superstições acerca dos gatos. V. Exemplificar as várias concepções a respeito dos gatos. VI. Metaforizar sobre os poderosos nos dias atuais. Dos itens acima, os que realmente caracterizam o texto são: a) II, IV e V. d) I, III e IV. b) I, II, III e VI. e) todos os itens. c) I, III e VI. 89. UFMT ( ) Ações corriqueiras são usadas no texto (estrofes 5 e 6) com intenção de apontar as alterações provocadas pela chegada do novo século. ( ) Os sentidos das estrofes 6 e 7 contradizem a postura revelada até então pelo eu lírico de atribuir desimportância à mudança de século. ( ) Na estrofe 6, o verso Com os pés no século vinte e um revela o jogo feito ao longo do texto entre mudanças e não-mudanças pelo passar do século. ( ) Uma leitura possível dos versos Era um filme domingo/Penas do paraíso volta-se aos filmes vistos aos domingos que versavam sobre a dualidade sofrimento e feli- cidade. ( ) Na estrofe 8, percebe-se a preocupação do produtor do texto em registrar o sentido literal das palavras e expressões. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 36 Texto para as questões 90 e 91. “OUTRO BRASIL QUE VEM AÍ (Gilberto Freyre) 1 Eu ouço as vozes 2 eu vejo as cores 3 eu sinto os passos 4 de outro Brasil que vem aí 5 mais tropical 6 mais fraternal 7 mais brasileiro. 8 O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados 9 terá as cores das produções e dos trabalhos. 10 Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças 11 terão as cores das profissões e regiões. 12 As mulheres do Brasil em vez das cores boreais 13 terão as cores variamente tropicais. 14 Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil 15 todo brasileiro e não apenas o bacharel e o doutor, 16 o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco. 17 Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil 18 lenhador 19 lavrador 20 pescador 21 vaqueiro 22 marinheiro 23 funileiro 24 carpinteiro 25 contanto que seja digno do governo do Brasil 26 que tenha olhos para ver pelo Brasil, 27 ouvidos para ouvir pelo Brasil, 28 coragem de morrer pelo Brasil, 29 ânimo de viver pelo Brasil, 30 mãos para agir pelo Brasil, 31 mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis. 32 ............... 33 Mãos todas de trabalhadores, 34 pretas, brancas, pardas, roxas, morenas, 35 de artistas 36 de escritores 37 de operários 38 de lavradores 39 de pastores 40 de mães criando filhos 41 de pais ensinando meninos 42 de padres benzendo afilhados 43 de mestres guiando aprendizes 44 de irmãos ajudando irmãos mais moços 45 de lavadeiras lavando 46 de pedreiros edificando 47 de doutores curando 48 de cozinheiros cozinhando 49 de vaqueiros tirando leite das vacas chamadas comadres de homens. 50 Mãos brasileiras 51 brancas, morenas, pretas, pardas, roxas 52 tropicais 53 sindicais 54 fraternais. 55 Eu ouço as vozes 56 eu vejo as cores 57 eu sinto os passos 58 desse Brasil que vem aí.” Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 39 95. UFSE-PSS “O avestruz está em alta. A fazenda Chalé da Serra, no município de Simião Dias, interior de Sergipe, sempre teve como carro-chefe a criação de gado. Mas, nos últimos cinco anos, bois e vacas começaram a dividir espaço com exóticos exemplares de um novo investimento: a estrutio- cultura (é assim que se chama a criação de avestruzes). Já são 800 animais, cujo preço varia de 1.500 reais, o filhote, a 8.000 reais, o adulto – dezesseis vezes mais que o preço de uma vaca. Compridos e desengonçados, os animais são um negócio de altíssimo rendimento. Uma fêmea começa a produzir aos 3 anos e é tratada apenas com capim e ração à base de soja e milho. Até vinte avestruzes podem ser criados no espaço de um hectare, área ocupada por um único boi na pecuária extensiva. Além disso, cada fêmea gera em média quinze filhotes por ano, número idên- tico ao de toda a vida produtiva de uma vaca – e o período de fertilidade de um avestruz é superior a trinta anos. Nascido de um ovo que pesa aproximadamente 1,5 quilo, o avestruz atinge o peso de abate, em torno de 110 quilos, no prazo de doze meses.” Adaptado, Veja, 18 out. 2000, p. 77. Avestruz. Ave estrutioniforme, com seis espécies conhecidas. Tem as asas atrofiadas, apenas dois dedos em cada pé e é onívora; vive em zonas semidesérticas, na Arábia e na África. Atual- mente é a maior das aves. Com base no texto, assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação corre- ta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. ( ) A função da linguagem, em ambos os textos, é a mesma: predominantemente referencial. ( ) O segundo texto, parte de um verbete de dicionário, é eminentemente descritivo. ( ) Os dois segmentos introduzidos por um travessão são exemplos de oralidade, já que correspondem a explicações inseridas pelo autor do texto. ( ) Negócio e fêmea são palavras que recebem acento gráfico pela mesma razão gramatical. ( ) A fertilidade de um avestruz é, em muito, superior a de uma vaca. – Não é necessá- rio o emprego do sinal de crase na palavra em negrito. 96. U. Potiguar-RN “Uma galinha Era uma galinha de domingo. Estava viva ainda porque não passava de nove horas da manhã. Tinha a aparência de estar calma, pois desde o sábado se encolhera num canto da cozinha. Foi uma surpresa quando os elementos da casa viram a galinha abrir as asas de curto vôo e alcançar a murada do terraço e fugir vacilante para a liberdade. A cozinheira deu um grito e o dono da casa levado pela necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar começa a captura da galinha. O animal estava sozinho no mundo, fugindo sem saber pra onde. Até que finalmente foi alcan- çado: entretanto logo que foi levado de volta para a cozinha põe um ovo. Uma pequena menina nota o fato e começa a gritar: — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer nosso bem! Diante do fato novo, todos rodearam-na com uma atenção especial, a menina prometia nunca mais comer galinha, caso aquela fosse morta, depois do acontecido. A mãe é vencida pela filha e a galinha foi deixada viver. Entretanto, passadas algumas semanas, já esquecidos do fato, a família, indiferente, mata e come a galinha.” No texto “Uma galinha”, de Clarice Lispector, analisando as características estilísticas, percebe-se claramente que: a) Os referentes semânticos e os signos estéticos são portadores de sons e formas que se desvendam. b) Perfeito domínio do Português arcaico e contemporâneo. c) A tendência regionalista acaba assumindo a característica de experiência estética uni- versal, compreendendo a fusão entre o real e o mágico. d) Mostra a personagem disposta numa determinada situação cotidiana que se prepara para um evento pressentido até ocorrer o desfecho, no qual se considera a situação da vida da personagem, após o evento. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 40 Compare os textos 1 e 2 e responda às questões de números 97 e 98. TEXTO 1 “Olhava eu o meu avô como se fosse ele o engenho. A grandeza da terra era a sua grandeza. Fixara-se em mim a certeza de que o mundo inteiro estava ali dentro. Não podia haver nada que não fosse do meu avô. Lá ia o gado para o pastoreador, e era dele; lá saíam os carros-de-boi a gemer pela estrada ao peso das sacas de lã ou dos sacos de açúcar, e tudo era dele; lá estavam as negras da cozinha, os moleques da estrebaria, os trabalhadores do eito, e tudo era dele. O sol nascia, as águas do céu se derramavam na terra, o rio corria, e tudo era dele. Sim, tudo era do meu avô, o velho Bubu, de corpo alto, de barbas, de olhos miúdos, de cacete na mão. O seu grito estrondava até os confins, os cabras do eito lhe tiravam o chapéu, o Dr. José Maria mandava buscar lenha para a sua cozinha no Corredor, e a água boa e doce nas suas vertentes. Tudo era do meu avô Bubu, o “Velho” da boca dos trabalhadores, o Cazuza da velha Janoca, o papai da Tia Maria, o meu pai da Tia Iaiá. A minha impressão firme era de que nada havia além dos limites do Corredor. Chegavam de longe portadores de outros engenhos. Ouvia apitar o trem na linha de ferro. Apesar de tudo, só havia de concreto mesmo o Engenho Corredor. (...)” LINS DO REGO, José. “Meus verdes anos”. In: Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976. TEXTO 2 “A bem dizer, sou Ponciano de Azeredo Furtado, coronel de patente, do que tenho honra e faço alarde. Herdei do meu avô Simeão terras de muitas medidas, gado do mais gordo, pasto do mais fino. Leio no corrente da vista e até uns latins arranhei em tempos verdes da infância, com uns padres-mestres a dez tostões por mês. Digo, modéstia de lado, que já discuti e joguei no assoalho do Foro mais de um doutor formado. Mas disso não faço glória, pois sou sujeito lavado de vaidade, mimoso no trato, de palavra educada. Já morreu o antigamente em que Ponciano mandava saber nos ermos se havia um caso de lobisomem a sanar ou pronta justiça a ministrar. Só de uma regalia não abri mão nesses anos todos de pasto e vento: a de falar alto, sem freio nos dentes, sem medir consideração, seja em compartimento do governo, seja em sala de desembargador. Trato as partes no macio, em jeito de moça. Se não recebo corte- sia de igual porte, abro o peito: – Seu filho da égua, que pensa que é? Nos currais do Sobradinho, no debaixo do capotão de meu avô, passei os anos de pequenice, que pai e mãe perdi no gosto do primeiro leite. Como fosse dado a fazer garatujações e desabu- sado de boca, lá num inverno dos antigos, Simeão coçou a cabeça e estipulou que o neto devia ser doutor de lei: – Esse menino tem todo o sintoma do povo da política. É invencioneiro e linguarudo. (...)” CARVALHO, C. J. O coronel e o lobisomem. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. 97. UERJ Identifique o foco narrativo adotado nos textos. 98. UERJ Estabeleça uma comparação entre os textos quanto ao tratamento dado ao tema. Com base no texto 2, responda às questões de números 99 e 100. 99. UERJ Transcreva a passagem do texto em que o personagem-narrador informa que fi- cou órfão. 100. UERJ Descreva a caracterização que o texto faz da autoridade. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 41 Leia o texto a seguir e responda às questões. “Pecados do Século XXI As versões modernas para a luxúria, a inveja, o orgulho, a ira, a avareza, a preguiça e a gula. Os setes pecados capitais do cristianismo – inveja, avareza, gula, preguiça, ira, orgulho e luxúria – adquiriram novas versões neste final de século. A maioria movida a compulsões por trabalho, consumo, sucesso, prazeres e lucro, valores de uma sociedade que trocou a existência natural pelo acúmulo de sensações e de bens materiais. (...) O psicanalista Eduardo Losicer, um dos membros do Aspas (Associação de Pesquisadores e Analistas da Subjetividade), que está à frente da pesquisa sobre as novas psicopatologias, explica que o indivíduo contemporâneo obedece essencialmente a ordens externas, enquanto suas de- mandas internas caem no vazio e dão origem às compulsões: – O paraíso atual é obrigatório. Não há mais a moralidade do pecado, na qual o pecador vivia um conflito interno entre ceder ou não à tentação. Não há possibilidade de escolha entre o céu e o inferno. Vivemos sob a moralidade dos mandados. São ordens que devem ser obedecidas, sob pena de exclusão do sistema. Esta é a ameaça. Vivemos hoje como se cada indivíduo fosse apenas um conjunto de leis, um superego. (...) Os indivíduos contemporâneos vêm sofrendo de ausência cada vez maior de vida interior. – Este vazio na alma dá origem a condutas compulsivas para preencher este vazio afetivo com dinheiro, roupas, trabalho, imagens de jornais, cinema e TV, bebida ou drogas pesadas. É preciso preencher um vazio existencial e afetivo. Para o antigo pecado capital da avareza, temos hoje o seu avesso: o consumismo desenfreado e compulsivo do perdulário contemporâneo, para quem o que importa não é ser alguém, mas ter tudo e, se possível, todos à sua volta. A criativa preguiça, tão elogiada pelos defensores da vida contemplativa, prazerosa e lúdica, transformou-se em mania de trabalho. O pecado da luxúria, que levava homens e mulheres a pensar ou a fazer sexo em excesso, é hoje um hábito do telespec- tador: o voyeurismo. Quem tem ódio do Governo, do time rival ou do parceiro que lhe deu um fora debocha, ironiza e ridiculariza estes desafetos. Já não há mais lugar para a ira. O orgulho está em baixa. Pouca gente se orgulha de si mesmo ou da vida que leva (...) todo mundo sabe que hoje em dia é fundamental se autopromover. Não resistir ao apelo de uma caixa de bombons importa- dos... Este era o pecado da gula, praticamente superado por uma legião de mulheres que buscam um corpo cada vez mais magro e mais jovem. A aparência do bom moço, adotada por ídolos do esporte, executivos de empresas e apresentadores de TV, encobre um sujeito dissimulado que cumpre um papel preestabelecido. É a nova versão do invejoso, que já não deseja ser o outro, mas algo imaginário e, portanto, irreal.” CEZIMBRA, Márcia - O Globo, 16/05/99. 101. UFR-RJ No texto “Pecados do século XXI”, o autor pretende: a) expressar suas opiniões pessoais sobre a pesquisa desenvolvida pelo psicanalista Eduar- do Losicer; b) levar o receptor (leitor) a rejeitar as opiniões do pesquisador Eduardo Losicer; c) informar o receptor (leitor) sobre o trabalho do psicanalista Eduardo Losicer, relatan- do suas conclusões; d) refletir sobre a natureza do código lingüístico, bem como sobre sua relevância na caracterização do homem do século XXI; e) elaborar uma mensagem rica em musicalidade e figuras de linguagem. 102. UFR-RJ Os valores dos indivíduos contemporâneos, segundo o texto, estão sendo de- terminados pelo(a): a) conflito interno entre ceder ou não à tentação; b) compulsão cada vez maior pela vida interior; c) Associação de Pesquisadores e Analistas da Subjetividade; d) determinação de alcançar o paraíso celeste; e) sensação de um vazio existencial e afetivo. 103. UFR-RJ A pesquisa do psicanalista Eduardo Losicer, à qual o artigo se refere, atesta que: a) o homem contemporâneo se empenha em mudar os valores do século passado; b) a grande ameaça da sociedade está na subversão dos valores individuais; c) a punição da modernidade é a exclusão do sistema, equivalente ao inferno; d) a modernidade se caracteriza por ser um paraíso, sem noção de valores materiais; e) as novas versões para os sete pecados capitais apenas se explicam no campo do ima- ginário. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 44 Texto para as questões de 110 a 113. “A Janela e o Menino (Resumo dos anos mais antigos do passado) A casa tinha um jardim e três janelas que davam para a rua. Duas ficavam fechadas, só se abriam aos domingos, ou em dias especiais. A outra dava para um aposento que era uma espécie de hall, não era sombrio como a outra sala que só se abria quando havia visitas, ou quando alguma coisa de extraordinário acontecia no mundo ou dentro da própria casa. O menino descobriu a janela e a escolheu como seu lugar predileto. Podia ficar ali, era uma forma de estar metade protegido pela casa, metade envolvido com o mundo. Pelas manhãs, via passar o leiteiro, o homem que afiava tesouras e facas, os outros meninos que iam para a escola levando merendeiras – ele invejava as merendeiras dos outros meninos, imaginava o que elas continham. Um dia, quando crescesse, levaria sempre uma merendeira consigo. Ao meio-dia, passava a leprosa que pedia esmolas. Tinha um lenço encardido em volta do rosto, escondendo o nariz deformado. O menino tinha pavor da leprosa, mas ficava fascinado pela pontualidade com que ela ia ao portão e apanhava a moedinha que o pai sempre deixava para ela, numa reentrância da grade. À tarde, passava o sorveteiro. À noite, quando todos começavam a ir para a cama, passava o moleque vendendo amendoim torradinho, a lata que servia de fogareiro despejando fagulhas, como as estrelinhas de São João. Era da janela que o menino via o mundo e dele participava sem se contaminar. O menino gostava, mas tinha medo da rua, do bonde que cortara a perna do seu Almeida, do homem que deu um tiro na mulher que o traíra, da carrocinha de cachorro, dos mascarados do Carnaval. Da janela, ele sabia de tudo, mas nada tinha a ver com ele. Como a baratinha que encontrou o dinheiro e foi para a janela, ele gostava de ficar ali, vendo a vida passar. Um dia o menino cresceu, mas continuou na janela, esperando a hora em que avisassem que era tarde e o chamassem para dentro.” CONY, Carlos Heitor. In: Os anos mais antigos do passado – crônicas. 3. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1999. p. 250-1. 110. Uneb-BA Identifique as afirmativas verdadeiras referentes ao primeiro parágrafo do texto. I. O narrador restringe a utilidade de duas das três janelas. II. Os moradores da casa são sistemáticos e conservadores quanto à vida social. III. A casa focalizada é apresentada como uma realidade física, tão-somente no seu cará- ter externo. IV. A alternância de hábitos dentro da casa é proporcionada por acontecimentos de rotina. A alternativa em que todas as afirmativas indicadas são verdadeiras é: a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV. 111. Uneb-BA No segundo parágrafo, o menino mostra-se: a) realista quanto a seu futuro; b) revoltado com a sua condição de aprisionado; c) inseguro de seu objetivo, ao escolher o seu espaço; d) imprudente na escolha da realidade a ser observada; e) auto-suficiente para definir sua relação com a realidade circundante. 112. Uneb-BA Sobre o menino, pode-se afirmar: a) Ele não interage com o mundo real. b) A janela tem uma função unilateral em sua existência. c) A violência da rua acaba inviabilizando a sua vida de reclusão. d) O seu caráter questionador leva-o a ser incompreendido por todos. e) A sua forma de agir sobre o mundo se modifica quando ele se torna adulto. 113. Uneb-BA A expressão “vendo a vida passar”, em relação ao menino, revela: a) medo. b) alienação. c) passividade. d) deslumbramento. e) comprometimento. Na tradução do relacionamento do menino com o mundo, os termos que semanticamente se aproximam são: a) “descobriu”, “invejava” e “crescesse”; d) “tinha”, “gostava” e “cresceu”; b) “protegido”, “imaginava” e “levaria”; e) “fascinado”, “continuou” e “esperando”. c) “envolvido”, “via” e “participava”; Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 45 As questões de números 114 a 116 referem-se ao texto que segue. “Sobre a formação de técnicos Interessado em se fazer profissional, o cidadão, atualmente, busca cursos oferecidos pelas esco- las técnicas, ora premido pelas circunstâncias imediatas da vida, ora movido pelos sonhos do mercado: uma vez profissional, torna-se mais leve a luta pela sobrevivência em face da “compe- tência técnica” que um curso de formação proporcionaria. Afinal, diz-se, a mão-de-obra não- especializada sofre não só os baixos salários, mas também as primeiras dispensas quando os “movimentos na economia” provocam cíclicas retrações do sistema de produção. Profissional especializado, sonha o estudante de agora com um futuro se não promissor, no mínimo menos perigoso. E, entrando para a escola, ei-lo às voltas com estudos que o distanciam de seus interesses imediatos: são as chamadas disciplinas técnicas, de preferência ministradas diretamente nas ofici- nas, que mais lhe interessam. O resto... bom, o resto é apenas um obstáculo a mais na maratona sempre perigosa do viver: passa-se pelas chamadas disciplinas de “humanidades” para satisfazer exigências formais de uma formação que se quer técnica. Formação técnica X Formação humanística. Tecnologia X Humanismo. Seriam efetivamente formações distintas?” GERALDI, João W. Linguagem e ensino. Campinas: Mercado de Letras, 1996. p. 117-8. 114. Unifor-CE I. O texto deixa em aberto a questão da integração entre formação técnica e formação humanística. II. As condições oferecidas pelas escolas técnicas não correspondem às expectativas do estudante. III. O avanço atual da tecnologia explica o especial interesse do estudante pelas escolas técnicas. A respeito dos enunciados acima, está de acordo com o texto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 115. Unifor-CE Quanto à estrutura, o texto organiza-se como: a) simples narração de fatos; b) exposição argumentativa de idéias; c) exposição descritiva de idéias; d) integração descritivo-narrativa; e) descrição argumentativa. 116. Unifor-CE A coesão do segundo parágrafo decorre: a) do uso de reticências; b) da ligação adequada das orações; c) da ausência de conectivos; d) da freqüência de preposições; e) do emprego de orações reduzidas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 46 117. U. Alfenas-MG “Brito, em seu depoimento, disse que recebeu autorização de Pitta para responder às reporta- gens que tratavam da não aplicação dos 30% em Educação, mas apontou o então chefe da Assessoria de Imprensa da Prefeitura, Henrique Nunes, como autor da nota. Nunes teria ditado o texto para Brito que, apesar de subscrevê-lo, não interessou-se em saber onde seria publicado, nem quanto custaria. ’Eu não sabia de que maneira isso seria feito‘, disse Brito ao juiz. ’E desco- nhecia que a resposta implicaria gastos públicos.‘” O Estado de S. Paulo, 30/1/98, C1. ‘Para dar-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de personagens reais ou fictícios, dispõe o narrador de três moldes lingüisticos diversos conhecidos pelos nomes de discur- so direto, discurso indireto e discurso indireto livre.’ No texto, o repórter fez uso do discurso direto nos períodos: a) 1 e 4. b) 2 e 3. c) 1 e 2. d) 3 e 4. e) 2 e 4. 118. Univali-SC “A hora de dizer não Há quem afirme que a atual geração de filhos vem recebendo dos pais uma educação mais conservadora do que estes receberam dos avós. Pais e educadores estão redescobrindo a dimensão educativa de uma palavra antipática e ne- cessária: não! Ainda é recente o grito de libertação: É proibido proibir! No entanto, hoje, existe quase um consenso: é preciso proibir. Os jovens libertários da década de 70, que pregavam o amor livre, os trajes nem sempre asseados, a desobediência civil e o consumo de drogas, são pais que optam por uma educação mais conservadora. São estes pais que reclamam dos filhos: eles não aceitam ouvir um “não”, estão sempre de mau humor, são agressivos, não sabem o que querem, passam horas falando ao telefone ou na Inter- net, estão sempre desafiando os limites... Os filhos, por sua vez, reclamam dos pais: os pais não confiam neles, só sabem dar broncas e impor regras, implicam com sua maneira de falar, de trajar e com suas amizades, só vêem o erro e não os acertos, não entendem seus problemas e tratamos como crianças diante dos amigos. Educação – ontem, hoje e sempre – implica conjugar liberdade e responsabilidade. Implica amor e firmeza. Quando apenas um dos termos vale, criam-se distorções. Educar é trazer para fora as possibilidades existentes na criança e no adolescente. Educar é ensinar que existem limites, horá- rios e deveres. Educar é também conceder liberdade, para que o jovem forme seu caráter e suas convic- ções. Mas isto deve ser progressivo. Porque experientes, os pais conhecem os erros que eles mesmos cometeram e querem evitar que isso aconteça aos filhos. Educar é, sobretudo, exer- citar o diálogo.” Missão Jovem, agosto de 1999. Deduz-se do texto que: a) “É proibido proibir” era o grito de libertação dos jovens da década de 70. b) “Uma educação mais conservadora” significa mais proibições. c) “Educação” diz respeito à Educação Infantil, ao Ensino Fundamental e Ensino Médio. d) “Exercitar o diálogo” subentende-se discutir o problema entre duas pessoas. e) Só liberdade e só responsabilidade produzem jovens mais livres e responsáveis. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 49 124. UnB-DF “A formiga e a cigarra Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra muito amigas. Durante todo o outono, a formigui- nha trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno. Não aproveitou nada do Sol, da brisa suave do fim da tarde nem do bate-papo com os amigos ao final do expediente de trabalho, tomando uma cervejinha. Seu nome era “trabalho” e seu sobrenome, “sempre”. Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e nos bares da cidade; não desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o Sol, curtiu para valer, sem se preocupar com o inverno que estava por vir. Então, passados alguns dias, come- çou a esfriar. Era o inverno que estava começando. A formiguinha, exausta, entrou em sua singela e aconchegante toca repleta de comida. Mas alguém chamava por seu nome do lado de fora da toca. Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu: sua amiga cigarra, dentro de uma Ferrari, com um aconchegante casaco de visom. E a cigarra falou para a formiguinha: — Olá, amiga, vou passar o inverno em Paris. Será que você poderia cuidar da minha toca? — Claro, sem problema! Mas o que lhe aconteceu? Como você conseguiu grana pra ir a Paris e comprar esta Ferrari? — Imagine você que eu estava cantando em um bar, na semana passada, e um produtor gostou da minha voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer shows em Paris... A propósito, a amiga deseja algo de lá? —Desejo, sim. Se você encontrar um tal de La Fontaine por lá, manda ele pro DIABO QUE O CARREGUE! MORAL DA HISTÓRIA: Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só traz benefício em fábulas do La Fontaine.” Fábula de La Fontaine reelaborada. http://www.geocities.com/soho/Atrium/8069/Fabulas/fabula2.html (com adaptações). Em relação ao texto acima, julgue os itens a seguir. ( ) Considerando que, na fábula original, escrita por La Fontaine, a formiga é vista como uma trabalhadora-modelo, enquanto a cigarra é considerada como boa-vida, verifica-se que, nesta versão, reelaborada, o ensinamento principal mudou, pois mudou a maneira de se enxergar a relação lazer/trabalho. ( ) Nas linhas 8 e 9, as relações semântico-sintáticas estão organizadas de tal forma que a vírgula é desnecessária ( ) Na linha 10, a significação de “o que” está expressa depois dos dois-pontos. ( ) O emprego dado ao pronome “ele”, último período do texto, apesar de usual na lín- gua falada, não atende às exigências da escrita culta: para tal, esse pronome deveria ser substituído por “o”, fazendo-se o ajuste devido entre o pronome e o verbo. ( ) O gênero fábula é uma narrativa breve tradicional que apresenta duas característi- cas básicas: personificação ou antropomorfismo, já que dá a animais ou a seres inanimados voz e comportamento similares aos humanos, e intenção de transmitir um ensinamento, um preceito ou uma lição de vida. INSTRUÇÃO: Leia o texto de Clarice Lispector e jugue os itens da questão 125. “Atenção ao Sábado Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas. No sábado é que as formigas subiam pela pedra. Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho. De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana. Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não? No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, de súbito, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde. Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais. Então eu não digo nada, aparentemente submissa. Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. Domingo de manhã também é a rosa da semana. Não é propriamente rosa que eu quero dizer.” LISPECTOR, Clarice. Os melhores contos de Clarice Lispector. Seleção de Walnice Galvão, São Paulo, Global, 1997. 125. UFMT ( ) A apresentação das ações respeita uma ordem cronológica e espacial. ( ) São claros os limites entre eventos vividos e a reflexão sobre eles. ( ) A personagem é caracterizada por traços realistas visando retratar a realidade brasileira. ( ) A modalidade discursiva utilizada é o monólogo interior. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 50 INSTRUÇÃO: Leia atentamente o texto a seguir e julgue os itens da questão 126: “Eiros A leitora Elza Marques Marins me escreve uma carta divertida estanhando que “brasileiro” seja o único adjetivo pátrio conhecido em “eiro” que, segundo ela, é um sufixo pouco nobre. Existem suecos, ingleses e brasileiros, como existem médicos, terapeutas e curandeiros. (...) É a diferença entre jornalista e jornaleiro ou entre músico ou musicista e roqueiro, timbaleiro ou seres- teiro. Há o importador e há o muambeiro. “Se você começou como padeiro, açougueiro ou carvoeiro” – escreve Elza – “as chances são mínimas de acabar como advogado, empresário, grande investidor ou latifundiário, a não ser que se dê o trabalho de ser político antes”. Aliás, há políticos e politiqueiros. (...)” VERÍSSIMO, Luís Fernando. Jornal do Brasil, 7/10/95. 126. UFMT ( ) Segundo a leitora, alguns morfemas funcionariam como indicadores de status. ( ) O jornalista apresenta argumentos que contrariam a hipótese levantada pela leitora. ( ) De acordo com o texto, suecos e ingleses estão para médicos e terapeutas, assim como brasileiros estão para curandeiros. ( ) A teoria da leitora ganharia força, caso se recorresse ao par banqueiro/bancário. ( ) Na opinião da leitora de Veríssimo, o ciclo da pobreza poderia ser rompido por meio da carreira política. Texto para as questões 127 a 129. “Disputam-se “play-offs”, atualmente, no campeonato nacional. “Play-off” é um termo importa- do do basquete americano que ultimamente passou a integrar o repertório da crônica esportiva. A Confederação Brasileira de Futebol, CBF, resolveu rotular as finais de “play-offs”, no regulamento do atual campeonato, e os basbaques foram atrás. A história do futebol, no Brasil, é, entre outras coisas, uma história de triunfo da língua portuguesa. O futebol, esporte inglês, introduzido por ingleses no país, no início era jogado em inglês. Entrava, em campo não o goleiro, mas o “goalkee- per” não o zagueiro, mas o “back”. A aclimatação deu-se às vezes por simples aportuguesamento das palavras, como no “goal” que virou “gol”. Algumas poucas palavras inglesas ainda não caíram em completo desuso, como “corner”, mas “corner” já está perdendo feio para “escanteio”. O triunfo da língua reflete o triunfo o futebol. Mostra que o futebol se enraizou a tal ponto, nestas terras, que o povo acabou por revesti-lo com o que tem de mais particular e íntimo, que é o idioma. Eis que agora se tenta entregar o futebol de volta à língua inglesa – e, por cúmulo, não à língua inglesa da Inglaterra, mas dos Estados Unidos, um dos únicos países do mundo que não tem nada a ver com futebol, e com termos emprestados de outro esporte, o basquete. (...) Isto se dá quando nem estão nos pedindo nada. Nós é que nos oferecemos, em virtude de irrefreável impulso de submissão. Seria um caso incurável de carência de colonizador. Não, não compli- quemos. Chamemos o fenômeno por seu nome. É bobeira mesmo.” TOLEDO, Roberto Pompeu. Entre a assistência e o play-off. Veja, 09/12/1998, p. 198. 127. UFPE No texto, o autor admite que os brasileiros: a) reagem contra todo tipo de submissão; b) rompem, facilmente, com a cultura colonizadora; c) acabaram por subverter, definitivamente, a imposição de estrangeirismos no campo do futebol; d) retrocederam na sua disposição de incorporar o vocabulário do futebol à língua portuguesa; e) rejeitam influências do inglês europeu sobre o vocabulário do futebol. 128. UFPE Leia os enunciados abaixo, referentes às idéias expressas no texto. 1. O tema da submissão brasileira à cultura estrangeira foi abordado sob o ponto de vista da prática esportiva. 2. A escolha de expressões como “um caso incurável de carência do colonizador” e “é bobeira, mesmo” confere um tom de repreensão, embora um tanto jocoso, ao texto. 3. Coube à Confederação Brasileira de Futebol a adaptação dos termos ingleses à língua portuguesa. 4. O texto demonstra que, ao longo de algum tempo, houve mudanças de atitude do brasileiro em relação ao uso de termos estrangeiros no futebol. Estão corretos apenas: a) 1, 2 e 4. b) 1, 3 e 4. c) 1 e 3. d) 2 e 3. e) 2 e 4. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 51 129. UFPE Assinale a alternativa em que se faz uma afirmação inaceitável em relação aos recursos gramaticais em negrito no texto. a) Na expressão ‘outro esporte’, a palavra em negrito constitui um recurso de coesão que relaciona o núcleo da expressão a ‘futebol’, referido anteriormente. b) Nesse trecho, o pronome de 1ª pessoa do plural, ‘nós’, tem como referente os brasilei- ros em geral. c) Em “Seria um caso incurável de carência de colonizador”, o verbo ser, no futuro do pretérito, indica que o autor preferiu não ser taxativo em sua apreciação. d) O verbo ‘chamar’ encontra-se no modo subjuntivo, indicando que o autor não tem certeza de que a ação possa realizar-se. e) Na última oração do texto, ‘mesmo’ foi aí inserido para reforçar a avaliação do autor. 130. Uneb-BA Este exercício, refere-se também ao texto “A Janela e o Menino” (das ques- tões de 110 a 113). “Nesta triste masmorra, de um semivivo corpo sepultura, inda, Marília, adoro a tua formosura. Amor na minha idéia te retrata; busca, extremoso, que eu assim resista à dor imensa, que me cerca e mata. Quando em meu mal pondero, então mais vivamente te diviso: vejo o teu rosto e escuto a tua voz e riso. Movo ligeiro para o vulto os passos: eu beijo a tíbia luz em vez de face, e aperto sobre o peito em vão os braços.” GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Círculo do Livro, s/d. p. 127. Relacionando-se as situações vividas pelo menino do texto de Carlos Heitor Cony e pelo eu-lírico do poema de Tomás Antônio Gonzaga, constata-se que: a) ambos se sentem aprisionados e tristes; b) os dois se mostram desiludidos em face da impossibilidade de amar; c) um e outro sofrem pela incapacidade de romper as barreiras que os isolam do mundo; d) a condição do menino é fruto de sua opção existencial, enquanto a do sujeito poético é resultado de uma imposição circunstancial; e) o menino vivencia uma experiência de opressão social; já o eu-lírico se sente subjuga- do pela tirania do amor. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 54 137. UFR-RJ Fica evidente a proposta de sermos sujeitos do nosso tempo em: a) “Recriar-nos e reapropriar-nos da realidade circundante (...).” b) “Há o jeito velho de empanturrar-se de carnes e doces (...).” c) “Olhamos para trás: a infância que resta na memória (...).” d) “Em política, tolerância é cumplicidade com maracutaias.” e) “Chegamos mais perto do fim do século XX e do início do terceiro milênio.” 138. UFF-RJ “Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas som- bras?...” Os dois pontos e o recurso gráfico do itálico no trecho acima permitem-nos a seguinte interpretação da frase “Aí vindes outra vez, inquietas sombras?...”: a) Indica a citação da obra “Fausto” escrita pelo poeta do trem. b) Refere-se a um desabafo proferido pelo narrador, ao se libertar de memórias antigas. c) Corresponde a uma explicação sobre o valor de uma narração literária. d) Trata-se de um meio de o poeta do trem se libertar da lembrança de outro poeta. e) Trata-se de uma citação de frase empregada anteriormente em obra literária. 139. Cefet-PR Leia o seguinte trecho, extraído de Machado de Assis, e depois responda: “Há dessas lutas terríveis na alma de um homem. Não, ninguém sabe o que se passa no interior de um sobrinho, tendo de chorar a morte de um tio e receber-lhe a herança. Oh, contraste maldi- to! Aparentemente tudo se recomporia, desistindo o sobrinho do dinheiro herdado; ah! mas então seria chorar duas coisas: o tio e o dinheiro.” A “luta terrível” na alma do sobrinho, de que fala o autor, consiste em: I. amaldiçoar a herança deixada pelo tio e recompor-se da perda o parente; II. lamentar a morte do tio e alegrar-se com a herança deixada por ele; III. desistir da herança e chorar a perda do tio. Sendo assim: a) apenas a afirmativa I está correta; d) estão corretas as afirmativas I e II; b) apenas a afirmativa II está correta; e) estão corretas as afirmativas I e III. c) apenas a afirmativa III está correta; 140. Univali-SC “Volta às aulas (...) Ensinar a pensar também não é tão fácil assim. Não é um curso de lógica nem uma questão de formar uma visão crítica do mundo, achando que isso resolve a questão. Sair criticando o mundo, contestando as teorias do passado forma uma geração de contestadores que nada cons- trói, que nada sugere. Minha recomendação ao jovem de hoje é para que se concentre em uma das competências mais importantes para o mundo moderno: aprender a pensar e a tomar decisões.” Stephen Kanitz, Veja, 16 de fevereiro de 2000. Leia as afirmações a respeito do texto. I. É impossível ensinar a pensar, nem um curso de lógica consegue formar jovens críticos. II. Só formar uma visão crítica do mundo não resolve, não constrói, nada sugere. III. Aprender a pensar e a tomar decisões é uma das competências mais importantes para o mundo moderno. Está de acordo com o texto a alternativa: a) I e II são corretas; d) somente a III é correta; b) somente a II é correta; e) II e III são corretas. c) somente a I é correta; Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 55 141. Univali-SC “Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha complacência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em prol da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma espécie. É preciso agir com espírito de abertura e criatividade, para enfrentar – com conhecimento, sensibilidade e altivez – a inevitável, e claro que desejável, interpe- netração cultural que marca o nosso tempo globalizante. Esse é o único meio de participar de valores culturais globais sem comprometer os locais. A propósito, Machado de Assis, nosso escri- tor, deixou-nos, já em 1873, a seguinte lição: ‘Não há dúvida que as línguas se aumentam e se alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes’. CASTRO, Álvaro. “Protegendo a língua nacional”. Jornal de Santa Catarina, 29/12/1999. Sobre o texto, está correta a alternativa: a) Certos modos de dizer, locuções novas e novas palavras são características do estilo de Machado de Assis, ao abordar o problema da globalização atual na língua pátria. b) As línguas mudam com o passar do tempo e o número de vocábulos aumenta, em decorrência do acréscimo de termos estrangeiros e das necessidades dos usos e costu- mes. c) Não é condenável praticar o xenofobismo ou a intolerância de qualquer espécie no que se refere à língua pátria, só com a abertura a todo e qualquer termo estrangeiro seremos capazes de acompanhar, com sucesso, a globalização. d) A língua portuguesa, segundo Machado de Assis, não pode parar no século passado, porque a América foi incapaz de produzir riquezas novas. É preciso inovar, a qualquer preço. e) É preciso acabar com a complacência que cerca a língua pátria, voltando a valorizá-la e eliminando as contribuições estrangeiras. 142. Univali-SC “Um investimento que vale a pena Sabe aquele funcionário que está sempre de bom humor, incentivando os colegas e chamando para si a responsabilidade de determinadas tarefas inclusive aquelas que ninguém se propõe a fazer? Pois é, esse funcionário está em alta nas empresas que pretendem sobreviver no próximo milênio. Por quê? Simplesmente porque investe no seu marketing pessoal. ‘Diferente do que muitas pessoas pensam, marketing pessoal não é tentar passar uma boa imagem daquilo que você não é, mas passar bem uma imagem daquilo que você realmente é’, afirma o gerente de marketing da Karsten e professor do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Santa Catarina (SENAC), Nelson Marinho Teixeira. Segundo ele, isso seria uma tarefa fácil se as pessoas não ficassem tentando imitar o modelo de outras pessoas, e tentassem descobrir as suas virtudes. ‘Cada um deve investir naquilo que faz e que os outros não fazem’, argumenta. ‘Se pensarmos bem, veremos que a vida é mais simples do que nós a encaramos e, muitas vezes, gastamos muito tempo em busca de sermos o que não podemos ser’. (...)” AVENDANO, Jaime, Jornal de Santa Catarina, 19 e 20 de setembro de 1999. A melhor interpretação para o texto é: a) O funcionário deve fazer só o que os outros não querem. b) Deve-se passar a imagem daquilo que se é ao invés de imitar outras pessoas. c) Investir no marketing pessoal é muito penoso, necessita de mudança de humor, fun- ção etc. d) O marketing pessoal deve ser uma preocupação na hora de procurar emprego. e) Pode-se ser tudo usando marketing pessoal. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 56 As questões de 143 a 145 baseiam-se no texto abaixo. Leia, atentamente, todo o texto antes de resolvê-las: “A importância do conto popular em nossa cultura é tão forte que precisamos ter muito claro o que se deve entender por popular, quando se trata de estudar gêneros literários. Geralmente se entende por popular um tipo de criação rústica, caracterizada pela simplicidade e pobreza expressiva. Talvez você mesmo pense assim. Mas, veja bem, se assim fosse, como se justificaria a influência que a tradição popular exerceu e continua exercendo sobre a literatura e as outras manifestações artísticas e culturais, inclusive aquelas de caráter eminentemente técnico? Se este legado existe, é porque a cultura popular é algo muito mais rico do que podemos imagi- nar. Popular é, portanto, uma manifestação cultural de caráter universal, nascida de modo espontâ- neo e totalmente indiferente a tudo que seja imposto pela cultura oficial. Também não pode ser entendido como sinônimo de regional, pois isto eliminaria a tendência universalizante das mani- festações populares. Quer dizer, as criações populares não conhecem normas nem limites. Elas estão acima de qualquer tipo de aprovação social. O conto popular, embora tenha um caráter universal, seja uma criação coletiva e tenha vivido muito tempo graças à transmissão oral, apresenta um modo narrativo que o singulariza diante de outros tipos de narrativas. Com isso, é possível dizer que o conto popular é um gênero narrativo que desenvolve traços que se repetem em histórias criadas nos mais variados locais e épocas. Suas características composicionais não conhecem fronteiras de tempo nem de lugar.” MACHADO, Irene. Literatura e redação. São Paulo, Scipione, 1994. p. 28. 143. UFMS Marque a(s) alternativa(s) que completa(m) corretamente a frase: O conto popular é um gênero narrativo que: 01. sobrevive até hoje apenas por força da transmissão oral; 02. desenvolve traços próprios que o distinguem de outros tipos de narrativas; 04. possui um caráter eminentemente regional; 08. não pode ser considerado como um gênero literário devido a sua simplicidade e pobreza expressiva. 16. apresenta características composicionais que variam no tempo e no espaço; 32. não se prende a um autor específico, já que se trata de uma criação coletiva. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 144. UFMS O termo popular, tal como aparece no texto, pode ser associado à(s) seguinte(s) características(s): 01. indiferença às imposições da cultura oficial; 02. tendência à universalização; 04. criação rústica; 08. manifestação culturalmente rica; 16. obediência às normas socialmente aprovadas; 32. caráter espontâneo. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 145. UFMS Em relação ao texto lido, é correto afirmar: 01. Trata-se de um texto literário, pois discorre sobre o conto popular. 02. Em alguns momentos, a autora estabelece uma interlocução com o leitor. 04. O texto utiliza uma linguagem informal, próxima da variante popular. 08. A autora se preocupa não apenas em definir o conto popular enquanto gênero narra- tivo, mas também em caracterizar o termo popular. 16. Quanto à estruturação formal, o texto segue o esquema básico introdução – desen- volvimento – conclusão. 32. O texto pode ser classificado como opinativo, visto que a autora apresenta seus pró- prios pontos de vista sobre o assunto. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 59 Texto II “Jesuítas e Frades Que o mundo antigo s’erga e lance a maldição Sobre vós... remembrando a negra Inquisição, A hidra escura e vil da vil Teocracia, O Santo Ofício, as provas, o azeite, a gemonia... Lisboa, Tours, Sevilha e Nantes na tortura, Na fogueira Grandier, João Huss na sepultura, Colombo a soluçar, a gemer Galileu... De mil autos-da-fé o fumo enchendo o céu... Que a maldição vos lance a pena do Gaulês Tendo por tinta a borra das caldeiras de pez... Que o Germano a sangrar maldiz em feros hinos. É justo!... (...) Oh! não! Mil vezes não! O poeta Americano Vos deve sepultar no verso soberano – Pano negro que tem por lágrimas de prata As lágrimas que a Musa inspirada desata!!! Se aqui houve cativos – eles os libertaram. Se aqui houve selvagens – eles os educaram. Se aqui houve fogueiras – eles nelas sofreram. Se lá carrascos foram – cá mártires morreram. Em vez de Inquisidor – tivemos a vedeta. Loiola – aqui foi Nóbrega, Arbues – foi Anchieta!” ALVES, Castro. In: Poesias completas de Castro Alves. 17. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. p. 145-6. (Coleção Prestígio). Texto III “ENCOURADO, de costas, grande grito, com o braço ocultando os olhos. Quem é? É Manuel? MANUEL Sim, é Manuel, o Leão de Judá, o Filho de Davi. Levantem-se todos, pois vão ser julgados. JOÃO GRILO Apesar de ser um sertanejo pobre e amarelo, sinto perfeitamente que estou diante de uma grande figura. Não quero faltar com o respeito a uma pessoa tão importante, mas se não me engano aquele sujeito acaba de chamar o senhor de Manuel. MANUEL Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me chamar também de Jesus, de Senhor, de Deus... Ele gosta de me chamar Manuel ou Emanuel, porque pensa que assim pode se persuadir de que sou somente homem. Mas você, se quiser, pode me chamar de Jesus. JOÃO GRILO Aquele Jesus a quem chamavam Cristo? JESUS A quem chamavam, não, que era Cristo. Sou, por quê? JOÃO GRILO Porque... não é lhe faltando com o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado. BISPO Cale-se, atrevido. MANUEL Cale-se você. Com que autoridade está repreendendo os outros? Você foi um bispo indigno de minha Igreja, mundano, autoritário, soberbo. Seu tempo já passou. Muita oportunidade teve de exercer sua autoridade, santificando-se através dela. Sua obrigação era ser humilde, porque quan- to mais alta é a função, mais generosidade e virtude requer. Que direito tem você de repreender João porque falou comigo com certa intimidade? João foi um pobre em vida e provou sua since- ridade exibindo seu pensamento. Você estava mais espantado do que ele e escondeu essa admi- ração por prudência mundana. O tempo da mentira já passou.” SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 9 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1972. p. 146-8. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 60 Os três textos, embora de épocas diferentes, interrelacionam-se, uma vez que focalizam a ação do clero na realidade do Brasil. Sobre eles, identifique as afirmativas verdadeiras. I. No Texto I, o pastor religioso é apresentado como um exemplo de comportamento mundano, distanciando-se, assim, de suas reais funções. II. No Texto II, a ação dos religiosos no continente americano é amaldiçoada devido ao seu caráter opressor. III. O Texto II evidencia um contraste entre as ações dos religiosos na Europa e na América. IV. No Texto III, a ação do representante terreno do clero é voltada para a defesa de valores essencialmente cristãos. V. Tanto no Texto I quanto no II, evidencia-se uma crítica à hipocrisia religiosa. VI. Os Textos I e III apresentam um ponto em comum: um enfoque crítico do comporta- mento dos representantes do clero. A alternativa em que todas as afirmativas indicadas são verdadeiras é: a) I e V; d) II, IV e V; b) II e III; e) II, III, IV e VI. c) I, III e VI; Texto para as questões 151, 152 e 153. “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos cam- pos santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa. Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior, é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal. Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos subúrbios menos seca que as memórias do padre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e datas como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar- me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras ?...” ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II, Rio de Janeiro: José Aguilar 1971, v. 1, p. 810-11. 151. UFF-RJ “A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira.” Em relação à posição do narrador, expressa no fragmento acima, conclui-se que: a) A narrativa é feita a partir das mesmas idéias sobre si que o narrador possuía no mo- mento mesmo em que os episódios da vida antiga ocorreram. b) O narrador aspira a uma reconstrução textual do passado, ignorando o ponto de vista do momento em que o texto é escrito. c) O julgamento sobre a vida antiga não é o mesmo que o narrador tinha, no tempo em que os eventos narrados ocorreram. d) O narrador, em determinado momento de sua vida, pretende reconstituir os eventos ocorridos em seu passado, tal como ocorreram então. e) A análise dos encantos da vida antiga parte dos mesmos pressupostos que o narrador tinha, na época em que antigamente vivia. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 61 152. UFF-RJ Uma das características da prosa de Machado de Assis é a presença de referên- cias ao leitor de seus textos. Identifique o fragmento em que o narrador emprega uma forma lingüística que expressa o leitor a quem se dirige: a) “Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui.” b) “Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente.” c) “Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim.” d) “Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa.” e) “Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na mocidade.” 153. UFF-RJ O narrador do texto pouco aparece e menos fala, não tem amigos de longa data, e tenta, com certo humor, “atar as duas pontas da vida”, em sua narrativa. Assinale a Opção em que, através de outra linguagem – o cartum –, percebe-se um certo humor semelhante ao que constitui o texto de Machado de Assis, sobretudo no seguinte trecho: “Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta.” a) b) c) d) e) Caulos. Só dói quando eu respiro. Porto Alegre: L&PM, sd. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 64 157. U.E. Maringá-PR Leia o texto a seguir: “Gênio da selva Apetite favorece a inteligência Quando se fala em bicho inteligente, a primeira palavra que vem à cabeça é o chimpanzé. Não é para menos. Parente mais próximo do homem, esse macaco africano consegue aprender por observação, usar ferramentas e se reconhecer no espelho. Os macacos-pregos pertencem a um grupo menos evoluído de primatas, o dos macacos do Novo Mundo. Apesar da distância, são muito mais parecidos com seus primos de terceiro grau da África do que com seus conterrâneos, como o macaco-aranha e o muriqui. “Eles podem andar sobre duas patas e também são perfeitamente capazes de aprender por observação”, ressalta o etólogo Eduardo Ottoni, da Universidade de São Paulo. As razões desse desenvolvimento cognitivo só começaram a ser compreendidas muito recente- mente. Duas delas são fisiológicas. A primeira é o tamanho do cérebro, proporcionalmente maior nesses micos do que nos outros macacos americanos. A outra é o chamado polegar pseudo- opositor, que dá uma destreza enorme ao animal. Ele consegue pescar, abrir latas e frutas e escavar a terra movido pelo ímpeto de encontrar comida. O apetite insaciável, aliás, é marca registrada dos espertos macacos-prego. Onívoros de carteiri- nha, eles são capazes de procurar comida nos lugares mais improváveis. Para comer coquinhos, seu prato preferido, usam uma ferramenta: ajeitam o fruto cuidadosamente numa pedra e jogam uma outra em cima, com força. Se não houver frutas nem insetos à mão, eles mudam a dieta e podem atacar plantações ou mesmo assaltar casas. Foi isso o que aconteceu em Fernandópolis, interior de São Paulo, em fevereiro de 1999. A população da cidade entrou em pânico com uma misteriosa quadrilha que aproveitava a ausência dos moradores para roubar comida. O caso foi resolvido em março, quando a Polícia Florestal prendeu, em flagrante, um bando bem organizado de 55 micos assaltantes. Os coitados haviam sido soltos numa mata na vizinhança da cidade, depois que o zoológico municipal fechou, e estavam com fome. Tiveram de apelar para o crime. A sociedade dos micos também é mais democrática que a média. Os outros primatas normal- mente se organizam em torno de um macho dominante que controla o abastecimento do grupo. Entre os macacos-prego o poder é diluído. “Não existe um único líder no bando. As chefias são formadas por até três animais”, diz Eduardo Ottoni. Os mandachuvas dividem a própria comida com os seus subordinados. “São os únicos, além do homem e do chimpanzé, capazes de partilhar alimento”, observa Ottoni. Sem precisar disputar o coquinho de cada dia a mordidas, sobra tempo para atividades sociais e para cultivar amizades. Com relações tão complexas, o macaco-prego só podia mesmo ser um sujeito muito esperto.” Superinteressante, julho/00, p.72. De acordo com o texto: 01. existem duas razões fisiológicas para o desenvolvimento cognitivo do macaco-pre- go; 02. o macaco-prego é o parente mais próximo do homem e pertence a um grupo menos evoluído de primatas; 04. o macaco-aranha e o muriqui são macacos africanos; 08. o macaco-aranha e o muriqui são espécies de macacos da América, da mesma forma que o macaco-prego; 16. diferente dos outros primatas, na sociedade dos macacos-prego não existe a noção de poder e liderança. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 65 158. Univali-SC “Maria Maria Maria, Maria Maria, Maria É um dom, uma certa magia, É o som, é a cor, é o suor. Uma força que nos alerta. É a dose mais forte e lenta Uma mulher que merece viver e amar De uma gente que ri, quando deve chorar, Como outra qualquer do planeta. E não vive, apenas agüenta.” Milton Nascimento e Fernando Brandt. A opção que melhor sintetiza o trecho da canção é: a) Todas as mulheres merecem ser amadas. b) A mulher, Maria, apenas suporta a dor de viver. c) Maria, a mulher da canção, é uma combinação de força e resistência, como são todas as mulheres do planeta. d) Maria, no texto, simboliza os seres humanos que lutam, sofrem e resistem à dor de viver. e) A mulher brasileira, representada pela Maria da canção, transforma a dor em alegria, a lágrima em riso, e segue sua vida. Texto para as questões 159 e 160. “A LÍNGUA NA LITERATURA BRASILEIRA (Machado de Assis) Entre os muitos méritos dos nossos livros nem sempre figura o da pureza da linguagem. Não é raro ver intercalados em bom estilo os solecismos da linguagem comum, defeito grave a que se junta o da excessiva influência da língua francesa. Este ponto é objeto de divergência entre os nossos escritores. Divergência digo, porque, se alguns caem naqueles defeitos por ignorância ou preguiça, outros há que os adotam por princípio, ou antes por uma exageração de princípio. Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. Há portanto certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade. Mas se isto é um fato incontestável, e se é verdadeiro o princípio que dele se deduz, não me parece aceitável a opinião que admite todas as alterações da linguagem, ainda aquelas que des- troem as leis da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influência popular tem um limite; e o escritor não está obrigado a receber e dar curso a tudo o que o abuso, o capricho e a moda inventam e fazem correr. Pelo contrário, ele exerce também uma grande parte da influência a este respeito, depurando a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão. Feitas as exceções devidas, não se lêem muito os clássicos no Brasil. Entre as exceções poderia eu citar até alguns escritores, cuja opinião é diversa da minha neste ponto, mas que sabem perfeitamente os clássicos. Em geral, porém, não se lêem, o que é um mal. Escrever como Azurara ou Fernão Mendes seria hoje um anacronismo insuportável. Cada tempo tem o seu estilo. Mas estudar-lhes as formas mais apuradas da linguagem, desentranhar delas mil riquezas que, à força de velhas, se fazem novas, – não me parece que se deva desprezar. Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos os modernos; com os haveres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum.” 159. AEU-DF Julgue os itens abaixo, em relação à compreensão e à interpretação do texto. ( ) Machado de Assis, em seu texto, propõe a mediação, por intermédio dos escritores, entre a tradição e a modernidade. ( ) Conquanto reconheça a necessidade de atualização da língua, o autor se opõe à tácita aceitação de modismos, principalmente por parte dos escritores. ( ) Machado, apesar de defender a preservação da essência lingüística do Português, não imputa aos literatos tal responsabilidade. ( ) Ele é de opinião que se pode muito bem prescindir do conhecimento dos clássicos para se saber corretamente a língua culta. ( ) É notória a sua preferência pelo aristocrático e o tradicional e o seu desprezo pelo popular e o moderno. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 66 160. AEU-DF Julgue os itens que seguem, em relação à teoria e aos estilos de época na Literatura Brasileira. ( ) De roupagem metalingüística, o texto lido pode ser classificado como crônica. ( ) Nele, Machado de Assis faz um ensaio crítico em que, após apresentação de uma tese, expõe os elementos que a compõem. ( ) Evitando o estilo fácil e superficial, o autor leva constantemente o leitor à reflexão, com sua dialética irresistível. ( ) Toda a fundamentação lingüística de Machado é profundamente influenciada pelas premissas saussurianas, que então vigoravam no Brasil do século XIX. 161. UnB-DF “Um grupo de alunos de uma escola de propaganda e marketing recebeu a tarefa de criar textos publicitários a partir de fragmentos de textos da literatura brasileira. Para isso, o grupo escolheu fragmentos que apresentam temáticas e enfoques diferenciados da realidade sociocul- tural, econômica ou política nacional, identificados abaixo.” Fragmento I Procuremos, porém, neste intricado caldeamento a miragem fugitiva de uma sub-raça, efêmera talvez. Inaptos para discriminar as nossas raças nascentes, acolhamo-nos ao nosso assunto. Defi- namos rapidamente os antecedentes históricos do jagunço. Ante o que vimos a formação brasileira do norte é mui diversa da do sul. As circunstâncias históricas, em grande parte oriundas das circunstâncias físicas, originaram diferenças iniciais no enlace das raças, prolongando-as até ao nosso tempo. A marcha do povoamento, do Maranhão à Bahia, revela-as. CUNHA, Euclides da. Os sertões. In: Obra completa. vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 162. Fragmento II “Quadrante que assim viemos, por esses lugares, que o nome não se soubesse. Até, até. A estrada de todos os cotovelos. Sertão, - se diz - o senhor querendo se procurar, nunca não encon- tra. De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão vem. Mas, aonde lá, era o sertão churro, o próprio, o mesmo. Ia fazendo receios, perfazendo indagação. Descemos por umas gro- tas, no meio de serras de parte-vento e suas mães árvores.” ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Apud SANTOS, Volnir e Adão E. Carvalho. Literatura brasileira. 3ª ed. porto Alegre: Sulina. 1997. p. 158. Fragmento III “E se eu lhe disser que vossa História está toda escrita, em magnífico resumo, na face e nas vidas das gentes que hoje se acham no réveillon do Comercial? E se eu vos assegurar que neste clube se agita uma espécie de microcosmo do Rio Grande? (...) Ali estão dois representantes do clã pastoril, os senhores de terras e gados, muitos deles descendentes dos primeiros sesmeiros...” VERÍSSIMO, Érico. O tempo e o vento. Apud Sergius Gonzaga. Manual de literatura brasileira, 5ª. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1989. p. 227. Fragmento IV “Agora estamos fartos de aventuras exóticas e mesmo de adjetivos clássicos e é possível dizer que este foi o último aventureiro exótico da planície. Um aventureiro que assistiu às notas de mil réis acenderem os charutos e confirmou de cabeça que a lenda requentou. Depois dele: o turismo multinacional.” SOUZA, Márcio. Galvez, o imperador do Acre. 12ª ed. Rio de Janeiro: Marco Zero. 1984. p. 13. Fragmento V “E mais! Um país de povo alegre, festeiro, que dribla todas as dificuldades com o célebre jeiti- nho, um país feliz! E mais! Um povo que nunca enfrentou guerras, nem pestes, nem vulcões, nem terremotos, nem furacões, nem lutas fratricidas. E mais! Um povo que convive em amenidade e cortesia, um povo prestativo, de coração bondoso, em que todas as cores e raças se misturam livremente, pois desconhece o preconceito racial, visto que aqui o preconceito é econômico.” RIBEIRO, João Ubaldo. Viva o povo brasileiro. Rio de Janeiro: Record. 1984. p. 626. Em cada um dos itens seguintes, julgue se o(s) fragmento(s) acima poderia(m) subsidiar a elaboração de um texto publicitário com a temática apresentada abaixo. ( ) fragmento II ( ) fragmento V ( ) fragmento I e III ( ) fragmento II e IV – integração nacional, pela abertura de rodovias. – divulgação de qualidades do país com vistas à atração de turistas para a festa de comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil. – valorização das idiossincrasias regionais. – lançamento de uma fábrica brasileira de cigarros. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 69 166. UFPB-PSS A respeito da manchete: Cabral descobre o caminho das Índias, é correto afirmar que o autor pretendia: a) dizer que havia muitas índias na terra descoberta; b) dizer que Cabral descobriu o caminho que o levaria para as Índias; c) usar a homonímia para causar um efeito humorístico; d) explorar a sinonímia das palavras; e) usar a paronímia a fim de confundir o leitor. As questões de números 167 e 169 referem-se ao texto abaixo. “É próprio da natureza humana olhar o passado com melancolia, como se o bom e o interes- sante não tivessem presente, nem futuro. Nessa operação mental, até o ruim de outrora ganha uma aura mágica, como demonstram os relatos das décadas de 60 e 70. Em suas reminiscências, a passagem do saudosismo para a mitificação é instantânea.” 167. Unifor-CE I. Os relatos das décadas de 60 e 70 limitam-se a um registro dos fatos sociais mais notáveis. II. Existe um tipo de operação mental capaz de transfigurar os acontecimentos do passado. III. Entre o saudosismo e a mitificação não há distância. A respeito dos enunciados acima, está correto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 168. Unifor-CE De acordo com o texto: a) as noções de presente, passado e futuro fundem-se simultaneamente na mente humana; b) é tendência própria da natureza humana a visão fantasiosa do passado; c) os relatos das décadas de 60 e 70 revelam uma nota da melancolia reinante na época; d) o saudosismo é sentimento característico daqueles que usufruíram de um passado agradável; e) o bom e o interessante representam-se como alvo permanente da ambição humana. 169. Unifor-CE A expressão aura mágica denota no texto um: a) passado feliz; d) sentimento saudosista; b) sentido excepcional; e) ar misterioso. c) halo de encantamento; 170. Unifenas “O Relógio Diante de coisa tão doída Ser é apenas uma face conservemo-nos serenos. Do não ser, e não do ser. Cada minuto de vida Desde o instante em que se nasce Nunca é mais, é sempre menos. já se começa a morrer.” Cassiano Ricardo. Considere as seguintes afirmações a respeito do texto: I. Os versos 3 e 4 expressam a idéia de que, a cada instante que passa, estamos mais próximos da morte. II. “Ser”, no verso 5, corresponde à nossa existência que é o estado transitório, ligado à classificação morfológica do verbo ser, que é de ligação. III. O relógio faz pensar na efemeridade de nossa existência na Terra. IV. Perpassam, em todo o poema, sentimentos de angústia, niilismo e revolta. Está correto o que se afirma apenas em: a) I e III. d) III e IV. b) II e IV. e) IV. c) II e III. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 70 As questões de números 171 a 173 baseiam-se no texto abaixo. “Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos – e, antes de começar, digo os motivos por que silenciei e por que me decido. Não conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas e, assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me afligiu a idéia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em história presumivelmente verda- deira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas? Restar-me-ia alegar que o DIP, a polícia, enfim, os hábitos de um decênio de arrocho, me impediram o trabalho. Isto, porém, seria injustiça. Nunca tivemos censura prévia em obra de arte. Efetivamente se queimaram alguns livros, mas foram raríssimos esses autos-de-fé. Em geral a reação se limitou a suprimir ataques diretos, palavras de ordem, tiradas demagógicas, e disto escasso prejuízo veio à produção literária. Certos escritores se desculpam de não have- rem forjado coisas excelentes por falta de liberdade – talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sinta- xe e acabamos às voltas com a delegacia de Ordem Política e Social, mas nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer. Não será impossível achar- mos nas livrarias libelos terríveis contra a república novíssima, às vezes com louvores de sus- tentáculos dela, indulgentes ou cegos. Não caluniemos o nosso pequenino fascismo tupinam- bá: se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito. De fato ele não nos impediu escrever. Apenas nos suprimiu o desejo de entregar-nos a esse exercício.” Graciliano Ramos. 171. Unifor-CE O autor enumera razões que justificam um silêncio de dez anos. Entre elas, é incorreta: a) existia uma censura prévia, que o impediria de publicar seu livro, caso o escrevesse; b) julgava-se incapaz de colocar num livro os acontecimentos que vivenciara; c) sentia-se desautorizado a relatar fatos sobre pessoas reais e identificá-las por seu ver- dadeiro nome; d) perdera as anotações que havia feito, com intenção de dar veracidade aos fatos; e) tencionava prender-se aos fatos, como realmente haviam ocorrido, sem romanceá-los. 172. Unifor-CE Infere-se do final do texto que: a) sempre há pessoas que aceitam a opressão política e se beneficiam dela, para publicar suas obras; b) a falta de liberdade política, em qualquer época ou lugar, inibe também a capacidade de criação literária; c) numa época de força policial, os civis não conseguem fazer-se ouvir pelas autoridades do poder; d) escrever romances só é possível em determinadas situações políticas, com o uso de pseudônimos ou de outros disfarces; e) sem liberdade de criação, o escritor é como um cego, ou alguém em quem não se pode confiar; 173. Unifor-CE O autor situa num mesmo plano, como limites à liberdade de expressão, principalmente escrita: a) os fatos reais em oposição à invenção literária; b) um depoimento verdadeiro, contra a existência de uma censura prévia; c) a força policial e a ausência de anotações que sirvam de apoio à narrativa; d) a impossibilidade de escrever com clareza, e a proibição de usar nomes verda- deiros; e) as normas gramaticais e as ações da força policial. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 71 Para responder às questões de números 174 a 175, considere o poema que segue. “Antes de lançares a semente no chão, antes de calculares os lucros da seara, e antes de somares o valor da jóia que vais dar a tua noiva, ou os cofres que tu vais encher e as coisas que tu vais transformar; vê através do pequeno embrião de árvore: a sombra, o pastor tocando a sua gaita e a virgem derrubada debaixo da fronde, e o neto do pastor subindo nos galhos à procura dos ninhos escondidos; e os ramos benfazejos descendo sobre novos berços. Vê o jovem enforcado num dos galhos sem folhas, e o Bem e o Mal sempre brotando da árvore; e as sementes, como nas parábolas sagradas dando de comer aos pássaros ou secando nas pedras; e sempre galhos subindo para a glória de Deus e sempre galhos descendo para a fome da terra.” LIMA, Jorge de. Poesias Completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974. v. 2, p. 57. 174. UFSE A idéia central do poema está em: a) Uma semente é a síntese da vida individual, familiar e do mundo todo. b) A árvore sempre foi e continuará associada à noção da bondade divina. c) A árvore que brota da semente é o símbolo da riqueza material. d) O Bem e o Mal fazem parte da vida, desde os tempos bíblicos. e) O cultivo da terra garante os alimentos de toda a população, no mundo inteiro. 175. UFSE Infere-se corretamente do poema que: a) os galhos de uma árvore podem simbolizar mais as coisas boas que as más, desde que eles estejam floridos; b) os pássaros, mesmo aqueles que prejudicam uma plantação comendo as sementes, são símbolos do poder divino; c) as crianças serão sempre mais felizes e saudáveis se crescerem em contato com a natureza; d) a simplicidade da vida campestre, no ritmo lento da natureza, induz a uma acomoda- ção do homem à rotina diária. e) a árvore é sinônimo de vida, tanto espiritual, por elevar seus galhos ao céu, quanto terrestre, por aquilo que produz. Texto para as questões 176 e 177. “Ciúme, como lidar com esse veneno Marido apaixonado desconfia que a mulher, linda, o trai com um amigo. A mulher é honesta, o amigo é sincero, mas o marido só enxerga à sua volta indícios da traição inexistente. Por fim, trans- tornado, mata a mulher e se mata. A tragédia, no seu cruel desenrolar, é velha como o mundo. Assim foi descrita magistralmente por William Shakespeare, no século XVII, no texto em que Otelo, o general mouro, mata a doce Desdêmona. Antes dele e depois dele, homens e mulheres mataram (e matam) pelo mesmo motivo: o ciúme, um sentimento insano, paranóico, doente, insuportável para quem sente e doído, perigoso, para quem é alvo dele. A morte é uma atitude extrema, mas as tragédias clássicas acabam sendo a melhor tradução para a força destruidora e devastadora desse sentimento. A realidade, o verniz civilizatório ou, simplesmente, a sobrevivência do bom senso mes- mo que o cotovelo doa colocam freios em boa parte das pessoas que dele sofrem – por isso, e só por isso, as ruas não estão coalhadas de corpos adúlteros ou apaixonados desprezados. (...)” Veja: 14/06/2000. 176. UFR-RJ A narração que dá início ao texto aborda um tema: a) ausente nas obras clássicas; d) inerente a qualquer manifestação literária; b) recorrente na literatura universal; e) próprio da literatura socialmente engajada. c) cultivado pelas elegias pastoris; Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 74 183. UnB-DF Com relação ao texto e ao fragmento de texto acima, julgue os itens seguintes. ( ) Considerando que as expressões “faber” e “ludens” correspondem, respectivamen- te, a trabalho e divertimento, é correto concluir que a entrevistada admite que deixou de ser muito faber para se tornar mais ludens. ( ) Para que o fragmento de texto obedeça às exigências da norma culta formal, as expressões “levar o trabalho numa boa” e “cair fora” devem ser substituídas, res- pectivamente, por carregar bem o trabalho e precipitar-me. ( ) No fragmento de texto, o pronome pessoal “você” está empregado como indicador de um sujeito indeterminado, corresponde tanto a eu, Gisele Bündchen, como a qualquer pessoa nas mesmas circunstâncias. ( ) No fragmento do texto, pela significação textual, as expressões “Quero aprender” e “não me destruir” são empregadas como semanticamente equivalentes. Texto para a questão 184: “O trecho abaixo foi retirado dos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – ENSINO MÉDIO (Brasí- lia, DF: Ministério da Educação. 1999, p. 133-4). Leia-o, com atenção, e responda à questão proposta. Qualquer inovação tecnológica traz certo desconforto àqueles que, apesar de conviverem com ela, ainda não a entendem. As tecnologias não são apenas produtos de mercado, mas produtos de práticas sociais. Seus padrões são arquitetados simbolicamente como conteúdos sociais, para depois haver uma adaptação mercadológica. As tecnologias da comunicação e informação não podem ser reduzidas a máquinas; resultam de processos sociais e negociações que se tornam concretas. Elas fazem parte da vida das pessoas; não invadem a vida das pessoas. A organização de seus gêneros, formatos e recursos procura reproduzir as dimensões da vida no mundo moderno, o tempo, o espaço, o movimento: o mundo plural hoje vivido. Novos modos de sentir, pensar, viver e ser, construídos historicamente, se mostram nos proces- sos comunicativos derivados das necessidades sociais. Cabe à escola o esclarecimento das relações existentes, a indagação de suas fontes, a consciên- cia de sua existência, o reconhecimento de suas possibilidades, a democratização de seus usos.” 184. UFMS Assinale a(s) alternativa(s) que se mostra(m) ao texto lido. 01. Os padrões das inovações tecnológicas adaptam-se, em primeiro lugar, às exigências do mercado de consumo para, em seguida, atender às demandas sociais. 02. Embora hoje as tecnologias de comunicação e informática façam parte do cotidiano das pessoas, estas ainda resistem ao seu uso por falta de conhecimento sobre o assunto. 04. O sentimento experimentado por aqueles que ainda não entendem as inovações tec- nológicas é de desconfiança, já que estas representam o trato com o novo, com o desconhecido que amedronta. 08. Os processos comunicativos têm sua origem nas necessidades sociais e, portanto, espelham, na atualidade, os múltiplos aspectos que caracterizam a vida do homem. 16. As tecnologias em questão podem ser tomadas como máquinas, pois resultam de proces- sos históricos e sociais que, apesar de simbólicos a princípio, acabam por concretizar-se. 32. A escola não deve opor-se às tecnologias de comunicação e informática, mas utilizá- las, com cautela e moderação, adequando-as às suas possibilidades e às exigências do mercado de consumo. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 185. UFGO Leia a mensagem publicitária abaixo, publicada em O Popular, em 1º ago. 1999. DIA 9, SAIA DO STRESS A partir do dia 9, toda segunda-feira, você vai ficar mais relaxado e em boa companhia. Serão 16 sessões de uma análise completa e descom- plicada dos livros indicados para os vestibulares da Federal, da Católica e outras faculdades. É só ler e relaxar que você tira de letra qual- quer questão de literatura. Afinal, vestibulando e stress dão uma mistura explosiva. Fique esperto! Toda 2ª vai ter um novo livro pra você! Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 75 Considerando-se que, para o vestibular, a leitura obrigatória de livros da literatura brasi- leira tem um propósito pedagógico, é oportuno perguntar-se: no cumprimento desse de- ver que se impõe ao vestibulando? Analisando-se os efeitos de sentido que a linguagem permite criar no referido anúncio, pode-se afirmar que: ( ) se depreende do texto uma associação entre stress, vestibular e leitura dos livros; daí se sugere que, lendo o material anunciado, o vestibulando estará valendo-se de um meio de atenuação do stress decorrente das muitas exigências do vestibular; ( ) o canal, explicitado pela palavra você, recebe a ênfase nessa comunicação, devido à predominância da função fática; ( ) o vestibulando terá, não apenas de relaxar-se e ler a análise dos livros indicados, mas também de ler os próprios livros, para “tirar de letra qualquer questão de literatura”; ( ) a metonímia utilizada na última frase do texto pode induzir o leitor a um equívoco intelec- tualmente danoso; o de acreditar que a análise do livro dispensa a leitura do mesmo. Leia o texto que segue para responder a questão 186. “Faz parte de nossa tradição tomar mate. Chimarrão é o mate cevado, sem açúcar, regado a água quente. Tereré é o refresco, bem gelado. De acordo com o clima, passa-se do chimarrão ao tereré. Para tomar mate é necessário adquirir-se uma cuia, morena e matuta, uma bomba ou bombilha e a erva moída, tudo semelhante a “um coração verde com uma artéria de prata”, conforme poema do gaúcho Aparício Silva Rillo. O ideal é tomá-lo numa grande roda, sob um laranjal. Se houver os serviços de alguma bugra para “carregar mate”, ótimo. “Carregar mate” significa alguém ficar segurando a chaleira, passar a cuia de uma mão para a outra, de uma boca para a outra, respeitando a vez de cada um, a animação da prosa e o ritmo dos sorvos. Levar a chaleira lá dentro para esquentar de novo quando a água começar a esfriar, para não azedar o mate. É bom que haja no céu um sol bem vermelho e uma poeira cor-de-tijolo envolvendo tudo. Se for na hora do quiriri e algumas estrelas perfurarem a tarde com suas pontas de lata, a conversa será mais lenta. Se alguém falar alguma frase, alguma palavra em guarani, como chê-kambá ou cunhataí, dará mais sabor à erva. Importante mesmo é que haja um clima de comunhão, de cachimbo da paz, tudo muito morno e quente. (...)” NOVEIRA, Raquel. O arado e a estrela. Campo Grande, Ed. UCDB, 1996. p. 23. 186. UFMS Marque a(s) alternativa(s) que NÃO está(ão) de acordo com o texto. 01. O mate é o principal ingrediente tanto do chimarrão quanto do tereré. 02. As duas bebidas – o chimarrão e o tereré – são tomadas sempre durante o dia, com sol forte e poeira envolvendo tudo. 04. Os serviços de uma bugra para “carregar mate” são indispensáveis, senão a erva pode azedar. 08. A expressão na hora do quiriri, tal como aparece no 6º (sexto) parágrafo, pode ser associada à chegada da noite. 16. O uso de palavras ou expressões em guarani faz parte de um ritual mágico inerente à tradição. 32. O que importa realmente para quem toma mate não são as condições atmosféricas, mas o espírito de serenidade e união que se cria entre os participantes. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Texto para a questão 187. “O grafiteiro pixou no muro caiado: ‘Herrar é umano.’ Considere as seguintes atitudes: 1. Você corrige um erro. 2. Você corrige dois erros. 3. Você não corrige nada e elogia a criatividade do grafiteiro. 4. Você fica louco da vida, xinga o cara de ignorante e manda repintar o muro.” (Lourenço Diaféria) Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 76 187. UFMT Assinale V, para verdadeiro, e F, para falso: ( ) Na expressão pichar em muro caiado, contrapõem-se duas cores, literalmente, o preto e o branco. ( ) Escrever em muros e paredes e aplicar piche são acepções do verbo pichar e ambos cabem no texto. ( ) As opções 3 e 4 refletem posturas diferentes em face da escrita, uma de aceitação e outra de não-aceitação de problemas relativos à ortografia. ( ) O texto faz alusão à escola pela escolha tanto da forma de dizer quanto daquilo que diz. Leia os textos que seguem. Eles servirão de base para as questões 188 e 189: Texto I “(...) Esse negócio de língua estrangeira em país colonizado é fogo. A começar que a nossa língua oficial, o português, nós a recebemos do colonizador luso, o que foi uma bênção. Imagina se, como na África, nós tivéssemos idiomas nativos fixados em profundidade, ou, então, se fosse realidade a falada “língua geral” dos índios, que alguns tentaram, mas jamais conseguiram impor como língua oficial do brasileiro. Mesmo porque as tribos indígenas que povoaram e ainda rema- nescem pelos sertões, cada uma fala o seu dialeto; o pataxó, por exemplo, não tem nada a ver com o falar dos amazônicos; pelo menos é o que informam os especialistas. Mas, deixando de lado os índios que nós, pelo menos, pretendemos ser, falemos de nós, os brasileiros, com o nosso português adaptado a estas latitudes e língua oficial dos nossos vários milhões de nativos. Pois aqui no Brasil, se você for a fundo no assunto, toma um susto. Pegue um jornal, por exemplo: é todo recheado de inglês, como um peru de farofa. Nas páginas dedicadas ao show business, que não se pode traduzir literalmente por “arte teatral”, tem significação mais extensa, inclui as apresentações em várias espécies de salas, ou até na rua, tudo é show. E o leitor do noticiário, se não for escolado no papo, a todo instante tropeça e se engasga com rap, punk, funk, soap-opera, etc., etc. Cantor de forró do Ceará, do Recife ou Bahia só se apresenta com seu song book, onde as melodias podem ser originalmente nativas, mas têm como palavras-chave esse inglês bastardo que eles inventaram e não se sabe se nem os próprios americanos entendem. No esporte é a mesma coisa, ou pior. Já que os nossos esportes foram importados (até a palavra que os representa – sport – é inglesa). O meu querido ministro Pelé tenta descaracterizar o neolo- gismo, chamando-o de ‘desporto’. Mas não pega. Verdade que o jornalismo esportivo procura aclimatar o dialeto, traduzindo como pode os no- mes importados – goal keeper já é goleiro, back é beque, e há traduções já não tão assimiladas que ninguém diz mais senão “centroavante”, “meio-de-campo”, etc. Engraçado nós sermos um país tão apaixonado por esporte, especialmente o futebol (não mais foot-ball), e nunca fomos capazes de inventar nenhuma modalidade de peleja esportiva. Os índios têm lá os jogos deles, mas devem ser chatos ou difíceis, já que a gente não os conhece nem de nome. Ficamos nas adaptações tipo “futevôlei”, que, pelo menos, é engraçado.” Rachel de Queiroz. Texto II 188. UEMS No texto I, é possível inferir que: a) A autora defende a utilização de uma “língua geral” dos índios como língua oficial do brasileiro. b) O fato do inglês “rechear” os jornais, por exemplo, demonstra a intenção do jornalista em impor aquela língua. c) O português é língua oficial do Brasil e o inglês, por exemplo, é estrangeira imposta pelo colonizador. d) Os neologismos impostos pelos jornalistas esportivos deveriam ser banidos do nosso idioma. e) Palavras estrangeiras, como as do texto, permitem que o falante invente e importe as palavras que melhor lhe convier. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 79 Leia o texto abaixo para responder às questões de 194 a 196. “Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil; este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!” Carlos Drummond de Andrade. 194. U.F. Juiz de Fora-MG Assinale o verso que melhor o explica o título do poema: a) “Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.” b) “Noventa por cento de ferro nas calçadas.” c) “este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval.” d) “de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.” 195. U.F. Juiz de Fora-MG Assinale a alternativa que melhor expressa uma relação de causa e conseqüência: a) “Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira.” b) “Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!” c) “Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.” d) “Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público.” 196. U.F. Juiz de Fora-MG Assinale a única alternativa correta: a) no poema, delineia-se o impulso erótico que é, no entanto, reprimido; b) o orgulho faz com que o poeta renegue sua terra natal; c) o poeta, ao se tornar funcionário público, abandona a postura crítica; d) o poeta expressa seu entusiasmo por ser itabirano. 197. PUC-RJ Texto 1: “Já era tarde. Augusto amava deveras, e pela primeira vez em sua vida; e o amor, mais forte que seu espírito, exercia nele um poder absoluto e invencível. Ora, não há idéias mais livres que as do preso; e, pois, o nosso encarcerado estudante soltou as velas da barquinha de sua alma, que voou, atrevida, por esse mar imenso da imaginação; então começou a criar mil sublimes quadros e em todos eles lá aparecia a encantadora Moreninha, toda cheia de encantos e graças. Viu-a, com seu vestido branco, esperando-o em cima do rochedo, viu-a chorar por ver que ele não chegava, e suas lágrimas queimavam-lhe o coração.” MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. São Paulo: Ática. 1997 p. 125. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 80 Texto 2: “Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.” ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, p. 19. Em ambos os textos, percebe-se a utilização de uma mesma temática mas com tratamen- tos distintos. Explique, com suas próprias palavras, a concepção de amor presente nos textos de Joaquim Manuel de Macedo e de Carlos Drummond de Andrade. Texto para as questões de 198 a 201. “Campo de Flores Deus me deu um amor no tempo de madureza, quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme. Deus – ou foi talvez o Diabo – deu-me este amor maduro, e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor. 5 Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos e outros acrescento aos que amor já criou. Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou. Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia 10 e cansado de mim julgava que era o mundo um vácuo atormentado, um sistema de erros. Amanhecem de novo as antigas manhãs que não vivi jamais, pois jamais me sorriram. Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra 15 imensa e contraída como letra no muro e só hoje presente. Deus me deu um amor porque o mereci. De tantos que já tive ou tiveram em mim, o sumo se espremeu para fazer um vinho 20 ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo. E o tempo que levou uma rosa indecisa a tirar sua cor dessas chamas extintas era o tempo mais justo. Era tempo de terra. Onde não há jardim, as flores nascem de um 25 secreto investimento em formas improváveis. Hoje tenho um amor e me faço espaçoso para arrecadar as alfaias de muitos amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes e ao vê-los amorosos e transidos em torno, 30 o sagrado terror converto em jubilação. Seu grão de angústia amor já me oferece na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura e o mistério que além faz os seres preciosos 35 à visão extasiada. Mas, porque me tocou um amor crepuscular, há que amar diferente. De uma grave paciência ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia tenha dilacerado a melhor doação. 40 Há que amar e calar. Para fora do tempo arrasto meus despojos e estou vivo na luz que baixa e me confunde. ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. 32. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 161-3. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 81 198. UFBA No poema, o eu-lírico: 01. enfatiza a origem divina do amor, relativizando a força demoníaca com que ele atua; 02. articula sua experiência individual a outras vivências amorosas; 04. relata um desencanto amoroso passado que, no presente, tende a se repetir; 08. declara-se ansioso por recuperar o tempo perdido, na tentativa de atingir a plenitude amorosa. 16. esboça um projeto de vida voltado para a superação da amargura e do sofrimento que até então o haviam dominado. 32. passa de um estado contemplativo e melancólico para outro de renovação e de redes- coberta. 64. insere a sua realidade amorosa na realidade preexistente, dando-lhe, contudo, di- mensão nova. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 199. UFBA Constitui declaração comprovável no texto: 01. A racionalidade bloqueia a expectativa de eternizar o presente. 02. O tempo atual é de crescimento pessoal do sujeito poético, em relação ao tempo em que o sentimento amoroso estava hibernando em seu interior. 04. O sentimento amoroso submete o indivíduo a situações de caráter paradoxal. 08. O jogo do amor está ligado a questões essencialmente culturais. 16. A experiência do amor é diferenciada em função do momento da vida em que ela ocorre. 32. O título alegoriza um momento em que a vida pode brotar rejuvenescida pelo amor. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 200. Há uma explicação correta em: 01. “ou” e “ou” ligam idéias indicativas de situações contrastantes, decorrentes da ação do tempo. 02. “pois” introduz um enunciado de valor argumentativo. 04. “um amor” e “amor” referem-se, respectivamente, ao amor vivenciado pelo eu-lírico e ao sentimento amoroso sem objeto determinado. 08. “sou cada vez mais” conota um redimensionamento da capacidade de perceber o mundo. 16. “tive” expressa a indeterminação do sujeito, o que é um recurso do poeta para não se revelar amador. 32. “desgovernados” e “triunfantes” expressam estados de espírito experimentados pe- los que amam. 64. “há que” indica possibilidade com relação à declaração anterior. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 201. UFBA Com referência ao texto, é correto afirmar: 01. O período constituído pelos versos 5 e 6 é construído pelo processo de coordenação e subordinação; 02. O pensamento que se expõe do verso 9 ao verso 11 tem como declaração principal: “sou cada vez mais”; 04. O enunciado do verso 18 está constituído de idéias que se excluem; 08. “Onde não há jardim” determina o período em que as flores nascem; 16. “e”, no verso 26, relaciona enunciados sintaticamente equivalentes; 32. “ao vê-los amorosos e transidos em torno” indica circunstância de tempo; 64. “que baixa e me confunde” refere-se a “tempo”, servindo para especificá-lo. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 84 As questões 207 e 208 referem-se ao seguinte texto: “Nunca esteve tão bom para nós, mulheres. Nem tão difícil. Os salários não são iguais, as creches continuam insuficientes, o sexo é uma confusão total entre o agir e o sentir, o trabalho é complicadíssimo em termos psíquicos para a mulher: fonte de culpa e medos. Nunca foi tão difícil. Muito está colocado, mas tudo está por fazer. Esta é uma hora para se parar e pensar. Pensar pelo que brigamos até agora, o que conseguimos, onde fomos usadas pelo sistema, o que deu errado, o que fazer de agora em diante. Sinto que existe todo um trabalho a ser feito de conscientização feminina – pois o que se passa no Piauí não é o mesmo das grandes capitais – já que as lutas não serão primordialmente mais no nível do “queremos”, “exigimos”, das passeatas, mas da prática do obter e do ser. É uma luta mais intimista de um lado, fora dos jornais, mais difusa na realidade. A luta de base, de formiguinha, onde o confrontamento não será mais com a polícia e o gover- no somente, mas basicamente com os companheiros de trabalho, amigos e marido.” SUPLICY, Marta. Reflexões sobre o cotidiano. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1986. p. 124-5. 207. UFF-RJ Segundo o texto, a luta fundamental para as mulheres é: a) de cada mulher, para conscientizar os colegas, amigos e marido; b) de todas as mulheres, contra todos os governos que as oprimem; c) dos companheiros de trabalho, amigos e marido, por melhores salários; d) dos governos, pela melhoria das condições de vida das mulheres; e) das mulheres todas, para exigir seus direitos publicamente em passeatas. 208. UFF-RJ Assinale a opção que transcreve a passagem do texto, cujo sentido correspon- de ao fragmento de Marina Colasanti: “Culpadas estão quase todas as que trabalham. Porque não estão em casa, onde sempre lhes disseram que deveriam estar. Porque não estão coladas nos filhos. Porque não estão à disposição dos maridos. Porque, cumprindo a sua vida, não se sentem cumprindo à perfeição aquelas que são consideradas suas atribuições primordiais.” COLASANTI, Marina. Mulher daqui pra frente. São Paulo: Linoart, 1981. a) “Nunca esteve tão bom para nós, mulheres.” b) “o que se passa no Piauí não é o mesmo das grandes capitais” c) “Os salários não são iguais, as creches continuam insuficientes” d) “o trabalho é complicadíssimo em termos psíquicos para a mulher” e) “É uma luta mais intimista de um lado, fora dos jornais” As questões 209 e 210 referem-se ao texto “Natal 1961”, abordado nas questões de 62 a 64. 209. Unifor-CE No segundo parágrafo, a fala do dono do hotel e a menção ao congresso internacional de solidariedade articulam-se de modo a constituir uma: a) metáfora. b) ironia. c) metonímia. d) comparação. e) hipérbole. 210. Unifor-CE Há conotação em: a) “movimentos na economia” provocam cíclicas retrações no sistema de produção. b) Passa-se pelas chamadas disciplinas de “humanidades”. c) Ei-lo às voltas com estudos que o distanciam de seus interesses imediatos. d) Uma vez profissional, torna-se mais leve a luta pela sobrevivência. e) Um obstáculo a mais na maratona sempre perigosa do viver. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 85 211. UEPI Em: “Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluídas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras...” Encontra-se uma figura de linguagem, resultante do cruzamento de sensações, chamada: a) metáfora. d) sinestesia. b) metonímia. e) antonomásia. c) catacrese. 212. Unifor-CE Muitas vezes, no campo da concordância, opera-se uma integração entre os mecanismos gramaticais da Língua e a significação de palavras e expressões. Desse fato resulta a substituição da concordância formal pela concordância ideológica. Denomina- se silepse esse tipo de concordância. Assinale a alternativa que contém silepse. a) Alguém, participou do concurso e espera ser aprovado. b) Vossa Senhoria demonstra ser a mais preparada das concorrentes. c) Fomos ouvidos com atenção, o que nos deixa agradecidos. d) Todos farão o possível para que as realizações correspondam à esperança geral. e) Os escritores não desconhecemos as dificuldades daquele que escreve. 213. Unifor-CE O segmento em que uma metáfora está explicitada em outra metáfora é: a) A vida estoura em bombas como também em dádivas de toda natureza. b) O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália. c) Não corta na verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida. d) Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. e) Purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário. 214. UFMA Considere o trecho do ensaio “O fascínio do calendário”, publicado na Revista Época, de 20 de dezembro de 1999. “Eis uma definição ampla de tempo, extraída do Oxford English Dictionary: ‘Uma extensão finita de uma existência contínua’. O lapso de tempo corresponde à expectativa média de vida entre as mulheres (79 anos), por exemplo, ou do mosquito Anopheles (de 7 a 10 dias). ‘Uma das primeiras coisas de que tomamos consciência quando nos tornamos conscientes é a passagem do tempo’, diz David Ewing Duncan, autor de um livro sobre a evolução dos calendários. ‘A razão é simples: nascemos e depois morremos, somos seres lineares.’ E cedo cedo incorporamos a cons- ciência do tempo em nossa vida e em nossa cultura. Nosso linguajar cotidiano está cheio disto: tempo de vida, bons tempos, maus tempos, há muito tempo que não o vejo, o tempo trabalha a nosso favor, parece que foi ontem.” Pode-se observar, da leitura do fragmento acima, a presença de algumas das muitas ex- pressões lingüísticas nas quais o fator tempo aparece. É possível afirmar, com base nas expressões suscitadas nas três últimas linhas do trecho, que: a) “tempo de vida” e “o tempo trabalha a nosso favor” estão, ambas, no sentido denota- tivo. b) “há muito tempo que não o vejo” e “parece que foi ontem” estão, ambas, no sentido conotativo. c) “bons tempos” está no sentido denotativo e “parece que foi ontem” no sentido conota- tivo. d) “tempo de vida” está no sentido conotativo e “maus tempos” no sentido denotativo. e) “há muito tempo que não vejo” está no sentido denotativo e “bons tempos” no sentido conotativo. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 86 215. UFMA Considere o texto: “Fui fazer um samba Batulitrético Na mesa de um botequim Pratofinâmbolo Depois de umas e outras Calotolético O samba ficou assim Carambolâmbolo Estrambonático Posolométrico Palipopético Pratofilônica Cibalenítico Protopolágico Estapafúrdico Canecalônica Protopológico É isso aí Antropofágico É isso aí Presolopépico Ninguém entendeu nada Atroverático Eu também não entendi” “Idioma Esquisito”, de Nelson Sargento. Pode-se depreender que os termos selecionados: a) ligam-se ao movimento antropofágico da 1ª geração modernista, cujo expoente é Oswald de Andrade; b) são neologismos criados intencionalmente na língua e possuem comprovada signifi- cação, com claro conteúdo semântico; c) são palavras que fazem parte do cotidiano da língua e relacionam-se, na sua grande maioria, a nomes de medicamentos; d) ironizam a linguagem rebuscada de determinadas pessoas que utilizam uma fala em- polada no seu dia-a-dia. e) enfatizam o uso de vocábulos estranhos e esdrúxulos, preocupando-se com a tonicida- de e a economia das palavras. 216. UFF-RJ “Educai o coração da mulher, esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis e com a prática dos deveres, inspirando nela o deleite que se experimenta ao cumpri-los; purgai a sua alma de tantas nocivas frivolidades pueris de que se acha rodeada mal abre os olhos à luz. Cessai aqueles tolos discursos com os quais atordoais sua razão, fazendo-a crer que é rainha, quando nada mais é que a escrava dos vossos caprichos. Não façais dela a mulher da Bíblia; a mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela; nem muito menos a mulher da Idade Média: da qual estamos todas tão distantes que não poder-nos-ia servir de modelo; mas a mulher que deve progredir com o século dezenove, ao lado do homem, rumo à regeneração dos povos. Guarde-se bem o homem de ter a mulher para seu joguete, ou sua escrava; trate-a como uma companheira da sua vida, devendo ela participar de suas alegres e tristes aventuras; considere-a desde o berço até seu leito de morte, como aquela que exerce uma influência real sobre o destino dele, e por conseguinte sobre o destino das nações; dedique-lhe, por último, uma educação como exige a grande tarefa que ela deve cumprir na sociedade como o benéfico ascendente do coração; e a mulher será como deve ser, filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente mãe.” FLORESTA, Nísia. Cintilações de uma alma brasileira. Florianópolis / Santa Cruz: Ed. Mulheres / Ed. da UNISC, 1997 p. 115-7. A condição indispensável para que ocorra uma mudança no papel que a mulher exerce como “filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente mãe”, de acordo com o texto, é: a) o homem exercer uma influência real sobre o destino dela e sobre o destino das na- ções; b) o homem guardar-se de tratá-la como companheira da sua vida, joguete ou escrava; c) o homem vê-la como aquela que exerce uma influência real sobre o destino dela; d) o homem evitar vê-la como objeto e procurar tê-la como sua companheira de vida; e) o homem ser a fonte das alegrias e desventuras dela, desde o berço até o leito de morte. Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 89 221. UFR-RJ Paulo Freire, ao afirmar que “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e que a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”, nos diz que: a) quando se começa a ler a palavra não se pode deixar de ler o mundo, pois a leitura da palavra depende da leitura do mundo; b) quando se começa a ler o mundo não se pode deixar de ler a palavra, pois a leitura do mundo depende da leitura da palavra; c) quando se começa a ler a palavra não se pode deixar de ler o texto, pois a leitura do texto depende da leitura da palavra; d) quando se começa a ler a palavra não se pode deixar de ler o mundo, pois a leitura da palavra não depende da leitura do mundo; e) quando se começa a ler o texto não se pode deixar de ler cada palavra, pois a leitura de cada palavra depende da leitura do texto. Com base na foto abaixo, responda às questões de números 222 e 223. “O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado fez esta foto num campo de refugiados instalados em equipamentos ferroviários na fronteira da Croácia com a Sérvia e a Bós- nia, em 1994. Assim como textos, fotografias podem ser lidas: o menino que aparece no primeiro plano funciona como o tema da foto, enquanto o trem no segundo plano co- menta este tema.” SALGADO, Sebastião. Êxodos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 222. UERJ A escolha da figura humana no primeiro plano busca provocar no espectador a seguinte atitude: a) questionar a opção pelo tema; c) surpreender-se com o gesto do menino; b) admirar a composição com o fundo; d) refletir sobre o desamparo da criança. 223. UERJ O fotógrafo, ao enquadrar o trem parado ao fundo, onde os refugiados se encon- travam instalados, ressalta o contraste entre: a) o metal e a terra; c) o progresso e a guerra; b) o real e o imaginário; d) a infância e o mundo adulto. G A B A R IT O Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar Avançar 1 LÍNGUA PORTUGUESA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO I 1. V – F – V – V – F – F 2. V – F – V – F 3. b 4. c 5. c 6. e 7. c 8. V – V – F – V 9. 54 10. b 11. b 12. b 13. b 14. c 15. F – V – F – F – V – V 16. V – V – V – F – F 17. V – F – V – F – F 18. a 19. a 20. b 21. b 22. d 23. c 24. b 25. a 26. c 27. V – V – F – F – V 28. V – V – F – F – F 29. b 30. b 31. c 32. b 33. a 34. d 35. c 36. V – V – F – V 37. F – V – V – V 38. V – F – F 39. a 40. c 41. 56 42. d 43. d 44. c 45. b 46. c 47. F – F – F – V 48. 02 49. 01 50. e 51. a 52. e 53. c 54. d 55. d 56. c 57. 07 58. 56 59. 28 60. 34 61. 25 62. b 63. c 64. a 65. d 66. b 67. b 68. d 69. c 70. 05 71. c 72. d 73. V – V – V – F 74. V – V – V – F 75. V – F – F – F 76. F – V – V – V 77. a 78. b 79. e 80. a 81. d 82. a 83. e 84. b 85. d 86. b 87. b 88. e 89. V – V – F – F – V 90. V – V – F – V – F 91. V – V – F – V – F 92. V – V – F – V 93. V – F – V – F – V – F 94. V – V – F – F – V 95. V – V – F – V – F 96. d G A B A R IT O Língua Portuguesa - Interpretação de texto I IM PR IM IR Voltar Avançar 2 97. Uma dentre as formulações: • Os textos são ambos narrados em primeira pessoa. • O ponto de vista é interno à narrativa. 98. O primeiro texto apresenta um tom nostálgico e respeitoso diante do poder e da autorida- de do patriarca, avô do personagem-narrador. O segundo satiriza a família e os representantes da ordem social com quem o narrador travou contato. 99. Nos currais do Sobradinho, no debaixo do capotão de meu avô, passei os anos de peque- nice, que pai e mãe perdi no gosto do primeiro leite. 100. A autoridade se considera digna de trato respeitoso e cordial, e não impõe a si mesma limites para reagir ao que julgue falta de consideração, podendo ser caprichosa, arbitrá- ria e violenta. 101. c 102. e 103. c 104. 80 105. a 106. c 107. V – V – V – F 108. V – F – V – V 109. V – V – F – V 110. a 111. e 112. a 113. c 114. c 115. d 116. b 117. b 118. d 119. a) Narrativa. b) O(s) dono(s) do cachorro. - ou O ser humano. 120. a) Julgamento pela aparência. b) Uma dentre as frases: • E o homem continua achando que um banho, um secador de cabelos e um perfume disfarçam a hipocrisia, o animal desconfiado que tem dentro de nós. • Julgamos os outros pela aparência, mesmo que tenhamos que deixar esta aparência como melhor nos convier. • Maquiada. 121. a) Agora surgiu uma nova. - ou Agora apareceu uma nova. b) Uma dentre as reescrituras: • As crianças enterram-no no fundo do quintal. • As crianças o enterraram no fundo do quintal. • As crianças enterraram o coelho no fundo do quintal. 122. a 123. c 124. V – F – V – V – V 125. F – F – F – V 126. V – F – V – F – V 127. d 128. a 129. d 130. d 131. c 132. a 133. c 134. b Língua Portuguesa - Funções da linguagem e Linguagem figurada IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 2 Leia o texto a seguir e responda a questão. “Sem data Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. Agora à tarde lembrou-me lá passar antes de vir para casa. Fui a pé; achei aberta a porta do jardim, entrei e parei logo. ‘Lá estão eles’, disse comigo. Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois velhos sentados, olhando um para o outro. Aguiar estava encostado ao portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda, tinha os braços cruzados à cinta. Hesitei entre ir adiante ou desandar o caminho; continuei parado alguns segundos até que recuei pé ante pé. Ao transpor a porta para a rua, vi-lhes no rosto e na atitude uma expressão a que não acho nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser risonhos e mal se podiam consolar. Consolava-os a saudade de si mesmos.” ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. In: Obra Completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1989. 2. UFR-RJ Em “Consolava-os a saudade de si mesmos.”, o autor está empregando a lin- guagem: a) denotativa. b) coloquial. c) conotativa. d) paradoxal. e) sinestésica. 3. U.F. Pelotas-RS Leia atentamente o poema abaixo: “Lição sobre a água Este líquido é água. Quando pura é inodora, insípida e incolor. Reduzida a vapor, sob tensão e a alta temperatura, move os êmbolos das máquinas, que, por isso, se denominam máquinas de vapor. É um bom dissolvente. Embora com exceções, mas de um modo geral, dissolve tudo bem, ácidos, bases, sais. Congela a zero graus centesimais e ferve a 100, quando a pressão é normal. Foi nesse líquido que numa noite cálida de verão, sob um luar generoso e branco de camélia, apareceu a boiar o cadáver de Ofélia com um nenúfar na mão.” GEDEÃO, Antonio. Poesias completas (1956–1967). Lisboa, Portugália, 1972. p. 244-5. Após a leitura do poema, analise as seguintes afirmativas: I. No texto, há uma leitura denotativa da realidade (propriedade e funções da água, ciclo hidrológico) mesclada a uma leitura conotativa, pois na água também há um lugar para a tragédia humana. II. A mudança de tempo verbal na poesia simboliza a passagem de uma linguagem pretensamente denotativa para uma linguagem que relata ações humanas. III. Na segunda estrofe, há uma informação físico-química que, embora incorreta, per- mite constatar o descompasso existente entre o mundo da ciência e o mundo da poesia, lição pretendida pelo eu-lírico. Com relação às afirmativas acima, pode-se dizer que está(ão) correta(s): a) somente a afirmativa III; b) as afirmativas I e III; c) as afirmativas I e II; d) as afirmativas II e III; e) somente a afirmativa I. Língua Portuguesa - Funções da linguagem e Linguagem figurada IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 3 Texto para a questão 4: “A Paz 1. Vieram famintos, Desnudos, Cansados. Alforjes vazios, 5. Os olhos opacos, Sentaram-se à mesa. Vieram vestidos De linho, De seda. 10. Alforjes tão cheios Os olhos tão ávidos, Sentaram-se à mesa. E ele chegou. Na branca toalha, 15. Ao longo estendida, Nem vinho, nem peixe, Nem água, nem pão. Olhou-os nos olhos, Sentiu-lhes a fome, 20. Sentiu-lhes o frio, Chamou-os meus filhos, Serviu-lhes a paz.” Neusa Peçanha. 4. IESB Julgue os itens, segundo os critérios da leitura, compreensão e interpretação tex- tuais. ( ) Os dois primeiros movimentos do texto juntam indivíduos de diferentes classes sociais. ( ) olhos opacos (v.5) e olhos tão ávidos (v.11) configuram oposição em nível cono- tativo. ( ) O terceiro movimento da leitura do texto apresenta intertextualidade com o texto bíblico. ( ) Nos versos 16 e 17, ocorre a figura de construção chamada polissíndeto. ( ) O verso 21 poderia ser escrito assim: “Chamou-os de meus filhos”, sem incorrer em qualquer erro gramatical. Texto para a questão 5. “O sistema circulatório sangüíneo é um vasto e complexo circuito de vasos que tem como peça principal o coração, pois é do seu trabalho que resulta a força propulsora que impulsiona o sangue através de toda a rede vascular.” 5. U. Alfenas-MG Considere as seguintes afirmações a respeito do excerto acima. I. A função de linguagem predominante no excerto é a referencial. II. Predomina no texto o nível elevado de linguagem por situar-se acima da linguagem padrão. III. Na redação do texto, foi usada a linguagem de nível técnico, caracterizada por um léxico próprio das áreas da ciência e da filosofia, entre outras. IV. A palavra “pois” introduz oração que indica conclusão, conseqüência. Estão corretas as afirmações dos itens: a) I e III. b) I e II. c) II e IV. d) III e IV. e) I e IV. Língua Portuguesa - Funções da linguagem e Linguagem figurada IM PR IM IR Voltar GA BA RI TO Avançar 4 Leia o texto a seguir e responda a questão. “Esparadrapo Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Esparadrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido, que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, ‘incunábulo*’.” QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de Janeiro, Globo 1987 p. 83. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu: berço] Adj. 1 – Diz-se do livro impresso até o ano de 1500./S.m. 2 – Começo, origem. 6. UFR-RJ A expressão “quebrar a cara” é largamente empregada na língua portuguesa com sentido conotativo. O vocábulo que melhor traduz o emprego conotativo dessa expressão é: a) fracassar; d) desanimar; b) machucar-se; e) destruir. c) desistir; Texto para as questões 7 e 8. “Memórias de um Sargento de Milícias (fragmento) No capítulo XIII, intitulado Escapula, o Leonardo havia sido detido pelo Major Vidigal, mas, driblando a escolta, no caminho para a prisão, consegui fugir. O trecho abaixo reproduzido é parte desse capítulo e aborda, entre outras coisas, o sentimento do Major frente à situação. ‘O Major Vidigal fora às nuvens com o caso: nunca um só garoto, a quem uma vez tivesse posto a mão, lhe havia podido escapar, e entretanto aquele lhe viera pôr sal na moleira; ofendê-lo em sua vaidade de bom comandante de polícia, e degradá-lo diante dos granadeiros. Quem pregava ao Major Vidigal um logro, fosse qual fosse a sua natureza, ficava-lhe sob a proteção, e tinha-o consigo em todas as ocasiões. Se o Leonardo não tivesse fugido, e arranjasse depois a soltura por qualquer meio, o Vidigal era até capaz, por fim de contas, de ser seu amigo; mas tendo-o deixado mal, tinha-o por seu inimigo irreconciliável enquanto não lhe desse desforra completa. Já se vê pois que as fortunas do Leonardo redundavam-lhe sempre em mal; era realmente um mal naquele tempo ter por inimigo o Major Vidigal, principalmente quando se tinha, como o Leonardo, uma vida tão regular e tão lícita.’” ALMEIDA, Manuel A. de. Memórias de um Sargento de Milícias. São Paulo, FTD, 1992. 7. UFMS O texto literário utiliza a língua de maneira criativa e original; por isso, muitas vezes, uma leitura nos surpreende, pois certas palavras e expressões apresentam signifi- cados novos ou fora do comum, e devem ser entendidas no contexto em que se encon- tram, sob pena de a compreensão do texto como um todo ficar prejudicada. Nesse senti- do, a expressão fora às nuvens, na 1ª linha, indica que o Major ficara: a) indiferente. d) enfurecido. b) eufórico. e) meditativo. c) envaidecido. 8. UFMS Leia o texto abaixo, extraído de um ensaio sobre Memórias de um Sargento de Milícias. “Prodígio de humor e ironia, isento de qualquer traço idealizante, no romance não há lugar para as tintas sentimentais e heróicas nem para o abuso de peripécias inverossímeis, tão do gosto do romance romântico da época...” WALDMAN, Berta. O romântico fruto de uma pisadela e de um beliscão, em Memórias de um Sargento de Milícias, ed. citada. Identifique entre as alternativas abaixo, retiradas do fragmento transcrito do romance, a seqüência que apresenta sentido claramente irônico. a) se o Leonardo (...) arranjasse depois a soltura. b) em sua vaidade de bom comandante de polícia. c) uma vida tão regular e tão lícita. d) fosse qual fosse a sua natureza. e) inimigo irreconciliável.

Que palavras e expressões foram usadas para descrever as personagens femininas do romantismo?

Resposta. Termos como "Deusa", "Rainha" e "Sonho" eram recorrentes nesse periodo.

Que palavra expressão descrevem a paisagem após a tempestade?

Úmida, fria e um pouco nublada ainda.

Qual é a função de em outras palavras e expressões usadas no terceiro período do segundo parágrafo?

Resposta verificada por especialistas. A expressão "Em outras palavras" tem a função de reiterar o que havia sido dito antes. É sinônimo de: "ou melhor", "ou seja", "isto é".

Que relação existe entre o significado das palavras que formam o poema é a maneira como ela foi escrita?

Resposta: No poema pluvial a relaçao ha entre a forma e o conteudo do poema esta em como o autor se utiliza de conteúdo e forma para das destaque a obra; Conteúdo: refere-se ao assunto do poema, como por exemplo: natureza, amor, separação, tristeza, alegria, etc; Forma: diz respeito a como o poema foi escrito.