Quem controlou a exploração do ouro?

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

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Não é possível falar na exploração do ouro no Brasil sem falar no papel dos bandeirantes paulistas. Desde a chegada em terras brasileiras a coroa portuguesa buscava por minérios. No século XVII as expedições dos bandeirantes estavam em busca de indígenas para escravização e de metais preciosos, e encontram as terras dos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Há diversas homenagens a bandeirantes por todo país, especialmente no estado de São Paulo. Raposo Tavares dá nome à famosa rodovia estadual e Borba Gato tem sua imponente estátua na cidade de São Paulo. Mesmo com a escravização e o massacre indígena de que foram responsáveis os bandeirantes ainda recebem homenagens no país. É preciso lembrar que as expedições envolveram violência e genocídio da população indígena e que o processo de exploração do ouro envolveu o trabalho escravo.

Ao chegarem ao interior do país a desconfiança de encontrar minérios é confirmada. Em 1695, em Sabará e Caeté são feitas as primeiras descobertas de ouro – atribuídas a Borba Gato. Os metais encontrados trouxeram grandes impactos na colônia e na metrópole. Nesta, ocasionou uma primeira corrente imigratória para a América Portuguesa, a chamada corrida pelo ouro. Além disso o ouro serviu para aliviar os problemas financeiros de Portugal em constante dependência da Inglaterra. Assim, o desequilíbrio da balança comercial foi compensado pelo ouro vindo do Brasil.

A exploração do ouro trouxe riqueza para a América Portuguesa, especialmente na região das Minas, garantiu as obras do reinado de D. João V e possibilitou a acumulação de capital pela Inglaterra, onde hoje se encontra a maioria do ouro extraído nas Minas.

O trabalho nas minas aumentou o preço da mão de obra escrava, mas, as condições de trabalho eram bastante precárias. Em Ouro Preto ainda sobrevivem algumas minas de exploração do ouro, como a Mina Jejê e a Mina de Chico Rei, abertas à visitação. Por elas é possível ter uma breve noção do árduo trabalho nas suas galerias. Com a exploração aurífera o eixo da colônia, até então centrado no Nordeste e na produção açucareira, desloca-se para o centro-sul.

Para garantir o lucro com a exploração do ouro a arrecadação de tributos foi constante, na tentativa de acabar com o contrabando e aumentar a arrecadação. Para isso impostos como o Quinto foram criados. Este estabelecia que a quinta parte do ouro extraído pertencia ao rei e as formas de cobrança desse imposto foram bastante violentas. Para garantir a ordem ouvidores foram nomeados para vigiar e julgar a arrecadação deste imposto. O quinto passou a ser associado à expressão “quinto dos infernos” até hoje utilizada na linguagem popular.

Era preciso arrecadar impostos e organizar essa sociedade que vivia em torno da exploração do ouro. Em 1711 Ouro Preto e Sabará são reconhecidas como Vilas e a atual cidade de Mariana é a primeira a se transformar em cidade.

A sociedade aurífera envolvia um grande número de ofícios e fazeres: mineradores, comerciantes, advogados, fazendeiros e padres conviviam com a exploração do ouro e boa parte dela vivia. Na base desta pirâmide estão os escravizados. Submetidos inicialmente à extração na beira dos rios, passam a trabalhar nas galerias subterrâneas conforme o ouro acabava nas partes de mais fácil acesso. Neste cenário mortes por acidentes eram corriqueiras.

A exploração do ouro conheceu seu apogeu entre 1733 e 1748 e vilas as como Ouro Preto eram bastante populosas e atrativas. Foi por conta dessa atividade que Aleijadinho desenvolveu suas obras nas Igrejas mineiras, tão importantes para o barroco brasileiro. Com a escassez do minério a produção aurífera rareava e já no século XIX pouco representava na economia.

Referência:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/ciclo-da-exploracao-do-ouro/

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No Brasil, uma das primeiras atividades desenvolvidas foi a mineração, por parte dos europeus que quando aqui chegaram já conheciam as técnicas deste ofício, e ao verem tanta terra inexplorada encontraram a oportunidade de lucrar bastante com a extração dos recursos naturais.

A partir do século XVI, expedições portuguesas partiam da Bahia para o interior do país, com o objetivo de encontrar minas de prata. No século seguinte, Fernão Dias foi de São Paulo a Sabará, em busca de prata e esmeraldas. Já no final do século XVII foram encontradas as minas de ouro na região da atual Minas Gerais. A atividade de mineração viria a crescer e ser ainda mais valorizada na segunda década do século XVIII, quando foram descobertas as minas de diamante. A partir de então, a mineração passou a ser a atividade econômica mais importante da colônia. Foram descobertas minas de ouro também em Mato Grosso e em Goiás, ainda na primeira metade do século XVIII.

Nesta época, a economia estava abalada por conta do declínio do açúcar, o que fez com que o governo iniciasse a procura por ouro no sertão. Com a notícia de que tais minas haviam sido encontradas, chegavam pessoas de Portugal, do sul do Brasil e de outras regiões em busca de ouro. Os paulistas e os forasteiros iniciaram, então, uma verdadeira disputa pelo ouro, o que resultou na “Guerra dos Emboabas”, entre 1708 e 1709.

O governo controlava rigidamente a exploração do ouro, e retinha parte do ouro encontrado: a quinta parte de todo o outro produzido nas minas era destinada ao governo. Este imposto ficou conhecido como “o Quinto”. A mineração tomou o lugar do açúcar, era o ciclo do ouro! Portugal encontrou uma nova fonte de recursos, porém acabou perdendo boa parte desta riqueza para a Inglaterra.

No país, o eixo da economia mudava, e assim também a capital, que se transferia da Bahia para o Rio de Janeiro. A sociedade mineradora, diferente da açucareira, era um povo mais urbano e diversificado, composto pelos donos das minas, pelos funcionários da Coroa, pelos chamados homens livres (profissões de prestígio como advogados, médicos, religiosos e militares), pela classe dos trabalhadores (profissões mais populares como sapateiros, alfaiates, etc.) e pelos escravos.

A região das Minas ficou repleta de índios, escravos, bandeirantes, colonos, dentre outras pessoas. Os negros escravos escondiam o ouro e compravam sua liberdade, ou então fugiam rumo aos quilombos.

Na segunda metade do século XVIII as minas começaram a se esgotar e a mineração iniciou sua decadência no Brasil. Novas técnicas foram trazidas, em busca de modernizar a mineração, porém o investimento trouxe apenas prejuízos. E eis que o ciclo do ouro chegaria ao seu fim, já no século XIX, o que resultou em uma grave crise econômica para o país, que só foi interrompida com a atividade de exportação do café.

Fontes:
http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/08/09/ci-promove-terceiro-painel-de-ciclo-sobre-mineracao
http://www.clickescolar.com.br/ciclo-da-mineracao.htm
http://prof-ferdinando.blogspot.com.br/2012/10/ciclo-da-mineracao-no-brasil.html
http://dorasiqueira.files.wordpress.com/2013/03/o-ciclo-da-minerac3a7c3a3o-e-a-sociedade-mineradora.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_ouro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Minera%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/ciclo-da-mineracao-no-brasil/

Quem controlava o ouro no Brasil?

O governo controlava rigidamente a exploração do ouro, e retinha parte do ouro encontrado: a quinta parte de todo o outro produzido nas minas era destinada ao governo. Este imposto ficou conhecido como “o Quinto”. A mineração tomou o lugar do açúcar, era o ciclo do ouro!

O que Portugal fez para controlar a exploração do ouro no Brasil?

Em 1702, a metrópole oficializou a criação da Intendência das Minas, órgão que deveria administrar as regiões auríferas respondendo pelo policiamento, a cobrança de impostos e julgamento dos crimes ocorridos nessas localidades.

Como Portugal controlava o ouro?

Entre 1717 e 1719 o governo português com o intuito de evitar o contrabando de ouro criou as Casas de Fundição. Nestes locais as autoridades recolhiam o quinto e transformavam o ouro em barras, gravadas com o selo real.

Quem realizava a extração do ouro?

Na mineração, isto é, na extração do ouro nas minas, utilizava-se o trabalho dos negros escravizados trazidos da África. As minas correspondiam ao local no qual os escravos eram mais vigiados por seus senhores, que visavam evitar o contrabando de ouro.